sábado, 29 de setembro de 2018

NEXO DE CASUALIDADE.






Não me digam que foi fortuito. Morreram 64 pessoas, certamente haverá uma razão para essas mortes além da simples coincidência ou da ocorrência inopinada. Haverá uma relação causal, cujo drástico efeito revela mais para além da ocorrência, revela incúria, falta de prevenção, falta de aplicação dos que têm a responsabilidade de prevenir situações dessas. Homessa, não haverá de faltar vínculos para estabelecer o nexo de causalidade mister a revelar essas responsabilidades, deixando-se ficar pela lógica que dá título à crônica, como se apenas se somassem fatores imprevisíveis para o acontecido.

Imprevistos foram, o que sempre será uma atenuante, mas que não eximem aos envolvidos (ora denunciados) da condição de responsáveis. A alegação, recurso da defesa, de que terão sido casuais os fatores que concorreram para semelhante tragédia, no que todos acreditamos, não retira a responsabilidade causal dos acusados por serem em última instância obrigados a dar resposta eficaz em tais circunstâncias casuais, para isso eles existem e são remunerados, resposta que evite mortes, que evite a tragédia, o que não aconteceu.

Com fatalidade, mas sem fatalismo, redundou na desgraça maior que pode ocorrer -Pôr em causa vidas humanas- não podendo ser excluída a responsabilidade que vincula toda e qualquer decisão inadequada. E inadequado é tudo que pode pôr em risco uma vida, apenas uma, quanto mais ceifá-la. E na origem dessas decisões estabelece-se o tão terrível nexo vinculativo, em desprezo de qualquer lógica fortuita. A pergunta que deve ser feita para estabelecer o vínculo pretendido, o dito nexo de causalidade, é a seguinte: O que levou, aos que morreram, a estarem naquela hora no lugar que teve as condições que os mataram? Mais simplesmente: Porque foram parar ali? E a resposta é só uma:  Foi não lhes ter sido oferecida outra alternativa, não lhes terem indicado outra solução. Fosse qual fosse, qualquer outra que não os matasse. (Ou por terem indicado aquela alternativa, ou por não terem indicado outra, são responsáveis.)

Não havendo nenhuma casualidade a ser invocada, fica clara a relação de causa e efeito que se estabelece, formando a culpa de quem lhes apontou o caminho da morte.

Sem comentários:

Enviar um comentário