Sessenta e quatro anos depois o Brasil vai receber a disputa outra vez em seu território, algo muito desejado por todos os países do mundo, quanto mais aqueles que têm grande número de torcedores e nos quais o esporte das grandes emoções é uma paixão, e é o esporte nacional. Neste caso aumenta significativamente a importância do evento, sobretudo porque nestes países uma das pretenções é sagrar-se campeão em casa. No caso do Brasil estas condições atingem o mais alto grau de vivacidade, porque no Brasil o futebol não só é o esporte e a paixão nacional, com paixões ao rubro ("A copa do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa.") pode-se dizer que praticamenete todos os brasileiros são torcedores, e, também, que têm grande pretenção em ser campeões, pois sendo o Brasil o país que mais vezes ganhou a Copa, e sendo o único país que tem uma taça, a Jules Rimet, em caráter difinitivo, ganha na primeira disputa de taça do campeonato, e estando bem colocado para conquistar a segunda, a taça FIFA, tem desejo de que isto aconteça em casa, evidentemente. Este conquistar é simbólico posto que esta taça ja não mais pertencerá física e definitivamente a nenhum país, como aconteceu com a Jules Rimet, a atual sempre será da FIFA.
Ademais o país anfitrião ganha muito com promoção turistica do quase um ano que fica na mídia mundial, mostrando suas belezas naturais, seus estádios e suas possibilidades turísticas. É uma vitrine única a que todos os países almejam, por todas estas razões, mais as do orgulho e vaidades nacionais de receber um campeonato mundial de futebol.
O Brasil desperdiçou tudo isto. Mostrou-se incopetente, revelou-se inóspito, desqualificou-se como destino turístico. Jogou fora uma oportunidade única de se promover por todo o mundo como um destino turístico viável, fazendo esquecer a violência que retira milhões de turistas todos os anos ao Brasil, e com eles retitra centenas de milhões de dólares ao PIB, bem como retira milhares e milhares de empregos, e a oportunidade do Brasil se tornar opção como destino de férias, num mercado disputadíssimo como o turístico. Esta incompetência nacional a todos os níveis, este desperdiçar um evento que só pode ocorrer num país, com sorte, duas vezes à cada século, é a prova máxima desta incompetência e da imcompreensão de como as coisas funcionam no mundo globalizado, em que cada milímetro do espaço é, e será cada vez mais disputado. Roubam com isto ao Brasil a chance de entrar definitivamente para o rol das nações desenvolvidas, roubam a chance do país ser considerado viável para tudo, para investimentos, para outros eventos, para opções de negócios de toda ordem, e com isto roubam empregos, roubam o espaço do Brasil no mundo, roubam dignidade e orgulho aos brasileiros de o serem.. É uma vergonha, mas mais que isto é um crime, CRIME DE LESA PÁTRIA, e como tal devera ser punido.
O Campeonato Mundial de Futebol, esta invenção maravilhosa que, assim como as Olimpíadas é tetraenal, e, assim como as Olimpíadas, muda de país a cada evento, levando a este país uma grande festa e a possibilidade de se mostrar como nação na grande vitrine da mídia mundial, tem fortes ligações com todo o mundo e todos os países, inclusive aqueles onde o esporte não era tradição, que fizeram e fazem ações para acolher o esporte em seu país com vistas a promover um dia uma Copa, foi o que se passou com o Japão no final da década de oitenta e durante a de noventa, e acabou por acolher o campeonato em 2002.
Este é o vigésimo campeonato em oitenta e quatro anos de existência das copas, e em quase séulo e meio do desporto, e é um dado adquirido, que a intermitência é de décadas entre duas copas se realizarem num mesmo país, excessão feita ao México, exatamente pela competência na gestão de sua primeira copa. A primeira copa no Brasil foi do primeiro governo da segunda república, Dutra, como que quando voltaram a se realizar copas, após a segunda grande guerra mundial, que interrompeu a realização em duas vezes, quizessem premiar o Brasil que também deixava os longos anos da ditadura do Estado Novo, velho é que era, nada mais velho que uma ditadura na História da humanidade.
Pois o México, potência muito similar ao Brasil ( sendo ambos latinos, terceiro mundistas, atrasados, com enormes disparidades e injustiças, na mesma faixa de PIB entre 1 e 3 trilhões de dólares, com os mesmos problemas sociais, PIB per capta ainda mais próximo etc...) conseguiu cumprir as metas e receber duas vezes em menos de duas décadas a copa, explodindo como destino de turismo e negócios. O Brasil não tem justificativas para ter falhado, reunia e reune todas as condições, desde as indispensáveis, econômicas e humanas, técnicas e administrativas, até as espirituais e políticas, nada perdoará, aos responsáveis, este falhanço!
O Brasil desqualificou-se aos olhos do mundo, e, num mundo cada vez mais competitivo, vai demorar muito tempo a se requalificar. Não pensem que as coisas se resolvem pela alegria e boa disposição do povo brasileiro, não se resolve. E neste caso estas qualidades ainda estão por se verificar, indispostos como estão com a copa e o gasto excessivo de recursos. Recursos que poderiam em muito voltar com turismo e negócios, hipóteses que se distanciam pela má imagem que permanecerá pela falta de organização e cronogramas. O Brasil é rico, é verdade, mas não pode como nenhum país pode, dispensar as oportunidades que se apresentam. Viram a China o grande profissionalismo que demonstrou com as Olimpíadas, e o retorno, duplicou o afluxo turístico. Enquanto esta gente que se diz elite brasileira, a todos e qualquer nível, elite empresarial, elite administrativa, elite política etc..., não tiver em conta a grande responsabilidade que lhes apresentam as ocasiões que surgem num mundo com recursos cada vez mais escassos e caminhando para outra forma de economia e com outras formas de desenvolvimento, e que não podem perder estas oportunidades de forma alguma, porque elas representam o futuro do povo brasileiro, teremos a repetição deste triste espetáculo da copa, inquietando todo mundo e promovendo as manchetes mais desabonatórias nos jornais pelo mundo fora.
Aproveitemos para lembrar aqui a Constituição de artigo único sugerida para o Brasil por Capistrano de Abreu:
Artigo 1º -Todo o brasileiro deve ter vergonha na cara.
§ 1º - Revogam-se as disposições em contrário.
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