segunda-feira, 28 de abril de 2014

ANTÔNIO DE OLIVEIRA SALAZAR 1 e 1/4.





Deixei passar o dia de hoje, 28 de Abril de 2014, esperando que algum órgão de comunicação lembrasse que hoje transcorrem cento e vinte e cinco anos do nascimento do Dr. António de Oliveira Salazar, ditador de Portugal por muitas décadas. Nem uma só palavra encontrei na mídia sobre a matéria, o que causa espécie por ser a figura em causa determinante na vida atual dos portugueses, e como tal devera ser lembrada. Ainda passarão muitas décadas para que restituam a este senhor seu lugar na História, porém é sempre bom lembrar que a História não se apaga, que a História não é um papel que se rasga ou, como fizeram com nome do ditador que denominava a ponte sobre o Tejo, se derruba a poder de marretadas. A História é algo imutável e deve ser sempre lembrada, até para não ser repetida.

Transcorridas, três dias antes, quatro décadas do derrube do regime do qual este Senhor se tornou o rosto, dever-se-ia já ter-se perdido o medo de sua sombra distante, e ter-se registrado a ocorrência com inteira normalidade histórica, inclusive para denotar a normalidade democrática destes tempos, pelo menos na aparencia.

A anormalidade de não se registrar a data é uma evidência do pouco apego ao registro histórico que no país da censura, dos pouco mais de oito séculos e meio de existência, só, sabidamente, as últimas quatro décadas foram vividas sem ela. Os dois primeiros séculos não ostensivamente e, o que lá houve perde-se nas brumas do tempo, depois quase seis séculos de censura ostensiva, com  todos os meios e modos institucionalizados. O Autoritarismo da mesma maneira até 1834 que aí cessa com a ação libertadora de D . Pedro IV, salvo antes uns aninhos com D. João VI, para depois voltar por longo período republicano, até o 25 de Abril. Os atrasos de todas as ordens sempre existiram no país, ademais do analfabetismo e dos atrasos crônicos em quase todas as áreas, em que, salvo escapadas num e noutro sentido, só mesmo o Marquês de Pombal e Salazar fizeram alguma coisa continuadamente mais paupável antes do 25 de Abril. Pombal era fruto da vontade de D. José e Salazar fruto de uma ditadura que já existia na mão de incompetentes que levaram Portugal a bancarrota e que o Dr. Salazar rapidamente retirou dela, logicamente tornando-se a cabeça da ditadura.

No mais este senhor era um homem do sécuo XIX, com ideias deste século, fortalecidas pela sua formação seminarista, que tornou-se ditador de um Império Colonial, e, como é absolutamente lógico não queria abrir mão dele -Perguntem a Inglaterra se ela abre mão de Malta, das Malvinas ou de Turk and Caicos - e é a grande e democrática Inglaterra, porque haveria de ser diferente com Angola e Moçambique, e o pequenino e autoritário Portugal salazarista?

Não estou fazendo a defesa do dr. Salazar de quem não tenho procuração de espécie alguma, mas estou fazendo a defesa da História que não se deve tentar omitir, para o bem e para o mal, a História é a História e, como tal deve ser contada. Gostemos ou não gostemos dela, concordemos ou não com seus acontecimentos, eles permanecem imutáveis e só os devemos contar como se passaram, e não procurar branquiar fatos menos agradáveis por quaisquer razões. Se o dr. Salazar tivesse deixado o poder nos anos 50, talvez tivesse, ainda que ditador, uma estátua em cada vila deste país, entretanto passou seu tempo, os benefícios que fez a Portugal perderam-e no mar de malefícios de toda as ordens que causou, sobretudo nos meios que implantou para manter o império, vendo-se, apesar de lembrado, odiado por muitos pelo regime, no qual excedeu todos os propósitos para o manter, mas se muitos fazem o mesmo no tempo de uma legislatura, imaginem este senhor apegado à cadeira por uma dezena delas?

Muitos de  meus leitores ver-se-ão incomodados com este meu reparo, sinto muito. Porém como acho de meu dever registrar todos os eventos significativos respeitantes ao mundo em que vivo, e, particularmente às duas sociedades onde estou inserido, não poderia deixar passar em branco data tão significativa na memória nacional portuguesa como os cento e vinte e cinco anos de nascimento do Dr. Antônio de Oliveira Salazar.









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