quinta-feira, 3 de abril de 2014

Aristides de Sousa Mendes - nos 60 anos de sua morte.






«Qui sauve une vie, sauve un monde»

Em Viena, na primeira foto vê-se que é no bairro 22, Bezirk, Donaucity. Em Lisboa é em Telheiras, Carnide; no Porto no Nevogilde; em Coimbra onde viveu não há, e devia haver; no Rio de Janeiro não há uma rua com seu nome, pois ninguém o conhece. Em Bordeaux seu busto está na Esplanada Charles-de-Gaulle, tem seu nome em rua e numa escola, fotos acima. Porém em Portugal, seu país natal, o mais sintomático, passados hoje exatos sessenta anos de sua morte, é que seja com pouco destaque (o que denota pouco orgulho) que se lhe preservem a memória.

Entre as dezenas de milhares de almas que salvou do holocausto, curiosamente se encontravam Dali e Gala, e Robert Motgomery, o ator de Hollywood. Não teríamos tido o cowboy nem o maravilhoso pintor surrealista, sem a ação de Aristides. A conta disto passou privações, foi a sopa dos pobres em Lisboa, contou seus tostões para manter a sua numerosa família. Como uma praga bíblica, bem ao gosto dos judeus que salvava, estava conspurcado em seu país pelo ato que fizera. Insurgira-se contra a toda poderosa Alemanha nazi, e comprometera a neutralidade portuguesa, salvara tanta gente, mas pagaria o preço. 

Justo entre as nações. Quantos podem ser chamados assim? O Cônsul Aristides fora confrontado com o momento histórico e não fugira de dar a resposta mister, única resposta a qual um homem de bem não se furtaria e à qual um crente não se podia furtar. Num momento em que milhões foram testados, e, como ratos, meteram-se em seus buracos amedrontados, Aristides respondia com dar vistos até a exaustão, para salvar todos que pode salvar. Justo entre os Justos, não temeu o desafio.


O que distingue os homens não é sua aparência física, esta até os iguala, não é sua riqueza, esta até os diminui, não são suas vestes, estas até os normatizam, não são suas intenções, estas até são boas. O que distingue os homens é sua capacidade de fazer, mesmo quando não se os acreditem capazes disto, ou, para além de todas as possibilidades, não poderiam ter feito, o que deve ser feito.












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