A situação do próximo e médio oriente estava mais ou menos adormecida até que um cretino chamado Bush desplotou a guerra no Iraque, e foi ali que tudo começou. Se o cretino é pai ou se o cretino é filho, a guerra foi a mesma, e a estupidez também. Atendendo aos interesses mais escusos destamparam uma situação que após a segunda guerra mundial tinha levado décadas a se estabilizar, agora convulsionada por todos os lados, com novas forças e pretensões atuando no terreno, com objetivos grandiosos, e movimentando populações inteiras para um projeto perigoso: Um califado islâmico armado que pretende estar em frequente expansão.
Nesta expansão pretendem, como aconteceu no primeiro milênio, tomar a Europa, assumir uma pujança que já lhes foi própria, com um plus que os diferenciará dos antigos, menos mouros e mais grãos turcos, a sede de sangue para impor sua Lei. Eu sempre achei que a idade média não podia conviver com a modernidade, quanto menos com o pós moderno em que nós encontramos, este fenômeno sociológico ganha uma dimensão inesperada como fenômeno histórico, porque o conflito que gera tem uma dimensão épica: Repetir a expansão 'moura'.
A culpa é toda da ganância, do egoísmo e da falta de perspectiva histórica das nações através dos homens que as governam. Então não sabiam que milhões e milhões de excluídos não iriam aceitar passivamente esta condição? Não sabem que uma situação sob pressão tem como única tendência explodir? Estamos vivendo a explosão! Inevitável explosão causada por longa repressão, que até concede algum reconhecimento no caso árabe, que só lhes é retirado pela forma sangrenta, injustificada, como atuam. Se tivessem critério e quisessem, ser pela guerra era inevitável, mas com imediata integração e respeito pelas populações conquistadas, fazer a expansão em que se encontram obstinados, haviam de ter até um reconhecimento histórico deste refluxo, o mesmo se deu no princípio com Bin Laden, que tinha a simpatia de muitos e perdeu-a pelos métodos empregados. Nunca tem graça assassinar civis indefesos, ainda que muitos se empenhem nisto.
A próxima vaga é a de África, onde todo o continente está posto sob a mesma condição de pressão que desencadeou a explosão do mundo árabe. Não esquecendo a condição islâmica de África, pronta para um contágio, não esquecendo que esta onda de barcos com gente fugindo à miséria que vêm dar à costa europeia, ou pulam as cercas espanholas no Magreb, em fuga ao pior dos terrores, trará outras consequências incontornáveis. Miserere mei, Deus Europa sucumbida em sua exclusão. Só os que se incluem têm alguma perspectiva, só os que incluem os demais em seu conforto têm alguma esperança de paz, porque exclusão é razão de guerra. As tenébras longas que se projetam sobre um futuro desesperançado pela presença desesperada dos excluídos, só podem ser evitadas com a inclusão. Se olharmos para África vemos um modelo, sua única exceção continental da desgraça, em seu extremo Sul , por obra de uma alma singular que operou um milagre, chamava-se Mandela e deixou um caminho a ser seguido: incluir! Quantos conseguem entender que não há direitos de, e a, exclusividades no planeta? Que ele pertence igualmente a todos?
Esta separação de mundos tem sido o imperativo histórico da desgraça. Que separação ainda se pode justificar num mundo globalizado? Quando vamos todos desfrutar da herança planetária de riqueza e fartura sem que uns tenham tudo para que outros nada tenham? Não existindo mais o distante, o inatingível, somos atingidos todos os dias pela realidade que nos entra pelos olhos a dentro nos noticiários e não nos damos conta do quão incômoda ela poderá ser se nos mantivermos nesta postura de exclusividade, mãe da exclusão, lembra-me que o princípio do Salmo 51 que evoquei, era também, na sua forma cantada, uma exclusividade para as matinas da Sistina, com imposições para se manter desta maneira, e que mesmo assim veio a ser pública. Nada se consegue manter exclusivo, porque tudo é de todos, e aquilo que não for oferecido, nos será retirado à força.
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