quinta-feira, 12 de julho de 2018

MUDANÇA GEO-ESTRATÉGICA.





As políticas geo-estratégicas dividiram o mundo em zonas de influência, sobretudo militares, porque olhando o mapa-mundi, e o que se passou na segunda guerra mundial, que efetivamente foi global, porque os beligerantes tinham o poder e tecnologia para guerrearem pelo planeta fora, estabeleciam-se duas premissas fundamentais para a ação beligerante:1ª Como manter uma ação de guerra num determinado cenário sem apoio local? Onde ter-se-ia que levar em conta linhas de reabastecimentos e locais de posicionamento, o que levou a estabelecer a ideia central de que o amigo de meu inimigo, meu inimigo é, ou na sua fórmula mais sórdida: O inimigo de meu inimigo, meu amigo é. Nada mais importando para além dessa conveniência que dita a geo-estrategia, na qual podemos ver ao longo do tempo as alianças mais improváveis e os cenários mais dantescos. Só para nos fixarmos no período recente da 2ª grande guerra e seu posterior efeito, digamos desde Yalta à Síria de hoje em dia, com a Rússia a defendendo, e as nações ocidentais fazendo-se de cegas. Geo-Estratégia, é o nome que se deve dar a essa realidade. 2ª, Dentro da ideia da primeira premissa, temos os tempos de deslocamentos e as possibilidades de agressões diversas em determinado cenário que importam prevenir.  Quem lembra da guerra no Pacífico tem uma boa ideia disso, ou mais recentemente a querela Malvinas/Falklands, onde a Argentina pode fazer o que quis enquanto as frotas inglesas se deslocavam até lá para acabar com a brincadeira. Geo-estratégia, por essa razão a Inglaterra tem ilhas espalhadas pelo mundo fora, e os Estados Unidos, bases militares.

Tudo isso disperso ao longo do globo estabelecendo polígonos de influência onde se projetam as relações geo-estratégicas, ou seja os diversos pontos de apoio que se possa ter, e as diversas nações com que se possa contar num cenário de guerra estabelecido numa determinada região, desta forma em áreas sucessivas cobrindo todo o planeta. Ou seja existe um outro mapa do planeta configurado por zonas de influência, que é o verdadeiro mapa do poder global, porém pouca gente põe os olhos nele, e os que põe têm interesses bem definidos.

O mais expressivo desses polígonos é o que se estabeleceu no Atlântico Norte, onde, quando isso se deu, estava a esmagadora percentagem da riqueza do mundo. E para se protegerem criaram uma organização do tratado dessa região em que os 29 países membros conformam uma unidade bélica tão poderosa que nenhuma força ousaria desafiar, NATO de seu nome anglo-saxão, OTAN na sua designação latina. Tendo a nação militarmente mais poderosa à cabeça, os EUA, a NATO foi criada no pós guerra, e na época do começo da guerra fria, quando estabeleceu-se a ideia de Cortina de ferro para separar o inimigo, razão da criação da Aliança Atlântica, a URSS, o grande bloco soviético que também se formara nesse pós guerra, 1946.

Tudo isso teve e tem um custo altíssimo, que presentemente o atual presidente dos EUA, o Sr. Trump, por razões econômicas, as únicas que têm importância para ele, resolveu discutir num dia de mau humor  (uso essa expressão porque foi ele quem o disse, disse que estava chateado) e por isso quase acabou com a NATO, não sei se acabaria com algo que cuido que não exista ainda. Porém as relações multi-laterais dos países membros são enorme mais valia para a Europa, e entre os situados a boca do Médio-Oriente. A estupidez do Sr. Trump vai acabar jogando a Turquia nos braços da Rússia, que quer ampliar sua zona de influência cernado a Europa. Ou promoverá tal alteração geo-estratégica que os conceitos de multi-lateralidade, dificílimos de serem estabelecidos, se irão corroer. O fato é que a desarmonía está injetada, e pela pior via, a econômica, criando instabilidade progressiva.

Hoje, quando qualquer Coreia do Norte manda mísseis à toda parte do mundo, e que os tipos de armamento apontam para guerras cada vez menos convencionais, e quando também os tais polígonos de influência ganharam algumas componentes novas, sendo a mais preponderante a poderosíssima China, não sei mais se a suposta geo-estratégia estabelecida tem, ou terá, a configuração que se lhe atribuem. Poderá ser boa para vender armamento e equipamento militar, empreendimento muito lucrativo, e que estará um pouco, mais só um pouco, sujeito à primeira premissa, não se querendo equipar com armas sofisticadas aos potenciais inimigos, mas as regras do lucro têm outras perspectivas como temos visto, isso por um lado, e por outro temos que o verdadeiro empenho em se pagar quantias absolutamente astronômicas, que faltam na saúde, na educação, na pesquisa científica, nos salários, já sem o mito da guerra fria poder esquentar a qualquer momento, não encontra  mais facilmente fervorosos adeptos. O mundo mudou, a santa bomba atômica, santa porque coibiu durante décadas qualquer guerra que a pudesse usar, porque essa seria a derradeira, e ninguém até então quis experimentar a hipótese, pois essa bomba se espalhou por muitas mãos, tendo agora muitos sócios o dito clube atômico, alguns até sem carteirinha, havendo um poderoso esforço para contê-lo, que é o que se designa por não proliferação dos armamentos nucleares, proliferação que se dá todos os dias, sempre com nova alteração do cenário geo-estratégico. Portanto creio que o interesse da NATO é cada vez mais relativo, sua influência real cada vez mais diminuta, inclusive contra  o inimigo que a formou, pois vimos o Sr. Putin fazer o que quis e o que não quis, e não teve NATO que o impedisse.

A frase que fica dessa cimeira excepcional da NATO é de que dois dias depois de seu começo, estaria tudo mudado, haveria mais segurança, por terem chegado a acordo, não acredito! Penso que a cimeira e o suposto acordo para que os membros paguem mais, uns 4% de seus orçamentos é o desejado, 2% o admitido, e o que estava estabelecido desde 2014, mas não creio que um dia se vá atingir esses valores, dará breve resultados, as industrias americanas irão faturar, um pouco mais, enquanto todos vão se dando conta de que tudo mudou, e mudou. O problema é que para se cair na real, para que nos demos conta de que a vida que vivíamos já não existe, leva um tempo, e, presentemente, vivemos o tempo da MUDANÇA GEO-ESTRATÉGICA.

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