O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quarta-feira, 26 de junho de 2019
Os traidores do The Times.
Há um propósito escondido nas ações do atual presidente dos EEUU.
Tive que ler duas vezes pra ver se lia bem. Traidores da América, o The Times? um jornal que já vai para dois séculos de serviço (porque jornalismo é serviço público da melhor qualidade) com dezenas de presidentes que foram criticados em suas páginas, lealmente, abertamente, honestamente, construtivamente, com milhares de artigos contestatários de pretensões, ou propostas várias, a muitos governos, e agora vem esta fina flor de cultura e capacidades, acusar o The Times de traição, nada menos?
O homem não merece qualquer reflexão, ou respeito, porque não se dá ao respeito, mas a altura do cargo que ocupa obriga-nos a pensar na gravidade da acusação. O seu editor, A. G. Sulzberger, deixou seu escritório, e foi para as páginas do Wall Street Journal, de outro grupo, responder, com o passado do The Times, o qual evoquei. Penso, por outro lado, que, quem já vai em onze mil mentiras documentadas, pode dizer o que quiser, que ninguém mais se importa. Mas será assim?
No capitalismo da Revolução 4.0, as fake news tornaram-se instrumento imprescindível para garantir a ascensão e sobrevivência política de grupos conservadores. Disseminar mentiras pelas redes sociais proporciona domínio sobre a formação de opiniões, levando milhões de pessoas a acreditar no teor falso das postagens. Essa tática vem pautando, por exemplo, a realidade histórico-social brasileira, e, como expressa o psicanalista argentino Ricardo Goldenberg, em seu livro No círculo cínico ou Caro Lacan, por que negar a psicanálise aos canalhas? (2002), pretender tirar proveito de todas as situações se tornou o Zeitgeist – palavra alemã que indica a atmosfera intelecto-cultural em um determinado tempo histórico –, graças ao modus operandi do capitalismo moderno. (Para quem souber e se lembrar, é a generalização da lei de Gerson.) Mais: se tornou a maneira de estabelecer vínculos sociais, a partir da manipulação da realidade, através do cinismo. Para Goldenberg, o cínico se relaciona com o inconsciente de forma tal que este só possui valência para os outros. Logo, ser cínico é ver a si próprio como ser soberano, frente aos ditames da civilização. É não reconhecer nas instituições a presença do superego que regula os marcos civilisatórios. É, em última análise, a partir da criação e uso de pós-verdades, tribalizar a civilização, impondo retorno à seus estágios mais infantis.
Independentemente dos processos psicológicos, reveladores de patologias, ou, no mínimo, distorções e disfunções que comprovam a perda de senso e de sentido, bem como a infantilidade inconsequente que reina no Universo Trump.
O fato é que temos uma administração anormal, com gente de baixa qualidade ocupando os cargos, para além dos membros da família Trump cuja única credencial para as nomeações, é serem da família. Por outro lado a permanência nos cargos, é muito breve, o que leva a enorme instabilidade. A forma como as pessoas atuam revela que há uma grande pressão sobre elas (or You're fired!) bem como uma grande desqualificação e dependência. Nenhum tem aquele brilho dos membros das outras administrações anteriores. Porque será? As medidas e projetos são todos tiros no escuro, tentativas pra ver o que dá. Ou seja a administração da poderosa América, se transformou numa brincadeira (De mal gosto, evidentemente.) E o que fazem na fronteira com o México? As maldades, as prisões, as torturas. (Os nomes estão bem empregados, o que fazem com as crianças, e as famílias, encarcerando-as, maltratando-as, afastando-as de seus pais, não passam de maldades e torturas. Tudo por ordem do sr. Trump, que retrocedeu, mas manteve as maldades já perpetradas, Tendo um nível de crueldade com as crianças migrantes, só igualado pelos nazis nos campos de concentração. Mas lá havia uma guerra, e nas fronteiras americanas, o que há?) A última ação que comprova claramente a nenhuma responsabilidade em relação aos atos que praticam, foi a do genro do sr. Trump. Lançou um acordo de paz Israelo-Palestiniano. O acordo do século, como foi intitulado. E afirmando que tudo iria ser resolvido. Convocou meio mundo para o lançamento da proposta, o local escolhido foi o Bahraim, onde compareceram numerosas delegações, porém faltaram os israelenses, e palestinianos. É incrível o amadorismo dos Trump. Parecem estar brincando com tudo, e com todos. Irresponsáveis que são. Ou, como no caso do acordo Israelo-Palestiniano, talvez acreditassem que tudo se ia resolver com uma montanha de dinheiro. Nunca ouviram falar em princípios, em valores, em dignidade. A administração Trump, na feição do homem da sala oval, acredita que tudo é uma questão de dinheiro, e que não mais há nenhum outro valor a ser considerado. Cegos em suas crenças e 'princípios', melhor será dizer falta de princípios, e será por isso que chamam aos do The Times, traidores.
Quando a América recobrar o juízo, e voltar à sua normalidade, e se contabilizarem os prejuízos, saberemos, afinal, quem são os traidores.
Veremos quem traiu as premissas dos founding fathers!
sexta-feira, 21 de junho de 2019
A Newspaper, like a person without sense of humor, is not trustable.
Somebody at The New York Times with good sense of humor, had chosen a portuguese cartoon to illustrate some page at The NYT. After that, somebody censored the cartoon. A bad attitude, a bad idea. Trump like a blind, what he is, leaded by a Bibi dog, it's so eloquent, that nobody can deny. But a respectable newspaper refusing the already published image, it's in some way a wrested idea, unacceptable to the free press, of that what somebody can understand to be free.
Censorship is always a bad idea, but is not about the idea my concern. It's about the attitude! In a marked where everybody is asking to nobody DO NOT TO TREMBLE AT THINGS, it's very dangerous if this marked, this area of human action, is using censorship to keep the head out of the water, above all if this area being the free press (or a press expected as such).
In my way of seeing and my sense of understanding, the politically correct can not strangle the right of expression. The politically incorrect have such power of expression, what make them, sometimes, much more important than any other form of tell things. Lost this is to loose the counterpoint of everything.
I feel very sorry for an amputated NYT.
Já começou 12- Num país sério era impensável Moro não se demitir.
Os 7 pecados capitais do ex-Juiz Moro:
1- Concertou-se com o Ministério Público. (*)
2- Concertou-se com um desembargador.
3- Evitou investigar um presidente de sua cor política.
4- Conluiou-se para eleger um presidente e fazer-se ministro.
5- Condenou um Presidente sem provas cabais.
6- Mentiu não reconhecendo a veracidade das conversas.
7- Fez politicagem para ter apoio político.
(*) Inequivocamente provada sua interferência, no caso da Procuradora
substituída para a audiência do Presidente Lula.
Os envolvidos referentes a cada um dos pecados/crimes.
1- Dallagnol. Cúmplice!
2- Leandro Paulsen. Cúmplice!
3- FHC. Favorecido!
4- Bolsonaro. Cúmplice!
5- Lula. Prejudicado!
6- Povo brasileiro. Enganado!
7- Tucanos. Cúmplices!
O dr. Moro usou o judiciário para fins políticos. Agora joga nos hackers a culpa. O fato é que não houve hacker algum, foi a empresa de mensagens, d' o Telegram, o aplicativo que usava o ex-juiz Moro. E mesmo se fosse obtida a informação através de algum hacker, o único que importa é ser verdade, ou não. E o cinismo e a mentira do dr. Moro não chegou ao ponto de negar o que se passou.
Há uma série de crimes, das mais variadas tipologias que emergem dessas denúncias. Que sejam apurados e incriminados todos os envolvidos para que sejam punidos.
Por fim, como sempre suspeitei, haverá uma super-estrutura que coordena isso tudo e tem interesses inconfessáveis, sobretudo o da guinada à direita para o Brasil. As ameaças de morte feitas ao jornalista Greenwald, responsável pela intercept, entidade que vem revelando todo esse comprometimento do "herói" Sérgio Moro, revelam bem com que tipo de gente estamos lidando.
No entanto ele já deveria ter se demitido do cargo de Ministro, para o qual está desqualificado face a substância das denúncias.
Por fim, como medida de mero bom senso, e absoluta Justiça:
Sugiro por fim a leitura do Editorial da carta Maior.
Depois de tudo isso o Sr. Moro fugiu, escondeu-se por uma semana, para ver se o assunto esfria.
quinta-feira, 20 de junho de 2019
"CONCUBINA FOGOSA DO UNIVERSO DISPERSO."
31/5/1819 - Nascimento de Walt Withman.
"Dançando o Universo na alma."
Nas comemorações do Bi-Centenário de nascimento do maior poeta e ensaísta norte americano, e um dos maiores do mundo, flor da sensibilidade humana, que dizer?
Seu escrito fundamental, o "Leaves of grass" viu a luz em 1855 com 12 poemas, edição paga pelo autor, pobre tipógrafo com o dom da escrita, convertido em editor, ao tempo em que esse ofício sujava a mão de tintas, na responsabilidade final do que se imprimia. Em 1856 sai a segunda edição já com 32 poemas, incluindo "O Canto de mim mesmo". Em 60 serão 154 poemas, tornara-se reconhecido. Em 67, 162, e em 1871 234, na quinta edição. A 6ª é de 76, e a 7ª de 1880, a que foi proibida pela promotoria pública por ser indecente, que acabará por sair em 82 com 254 poemas. A oitava é de 1889, e a 9ª de 92, ano de sua morte, sendo já uma edição post-mortem, apesar de Withman a ter deixado revisada. A completa, com os 'Maria Amelia poems', será a 10ª de 1897.
Para quem leu Withman, e mergulhou na universalidade cósmica de seu canto, não poderá ter deixado de escutar seus hinos louvando a vida, esse dom maravilhoso que nos é dado, e que nos envolve e completa na sua expressão absoluta em tudo que há vivo a nosso redor. Com a impenhorável substância que dá cor ao mundo, que de tão magnífico, basta ser admirado, e basta que expressemos esta admiração por muitos meios que possamos alcançar. Porém porque teimamos por desenganá-lo, ou destruí-lo, na exata dimensão da estupidez, ambas cumprindo o mesmo propósito destrutivo tão arraigado em nossa natureza, contra o qual nos alerta a poesia de Withman, palavras de luz, a tentar esclarecer-nos.
Impenhoráveis, porque as coisas absolutas não têm consistência material, e, como seu valor transcende, não servem para pagamento de dívidas, já que não podem afiançar, obrigar, ou garantir, seja o que for, absolutas que são. E nesta palavra 'impenhoráveis', o "insaisissable" da "Saudação a Walt Withman", na qual Pessoa transvestido, "com o casaco exageradamente cintado", se declara.
Convoco pois, para o mesmo fim, Álvaro de Campos, d'Aquém, ou d'Além, na encruzilhada dos mundos, transepto infinito de verdades percorridas e não cultuadas, sob a universal luz da verdade para auxiliar-me, como "Alcoviteiro de todo o Universo, Rameira de todos os sistemas solares, paneleiro de Deus", sendo que nesta última condição, exactamente como a propõe o hinduísmo, na acepção de plenitude em que propugna como absoluto, fazer sexo com Deus, se eu dissera fazer amor, ninguém se incomodava, mas sexo... E não é o sexo a manifestação material, carnal se preferem, do amor, para quem realmente atinge essa plenitude?
Pois agora, aqui, já com o Sr. Engenheiro Álvaro a meu lado, "sensacionista" ele, Withmaniano e pessoano, eu, podemos prosseguir a homenagem, porque já temos absolutamente o que dizer.
"Meu caro leitor, meu caro Walt,
Tu que compreendeste as transbordantes paixões que há em nós
Com a perfeição de quem as vive, na plenitude das sensações manifestas
Rompendo as frestas para a plena inundação da luz, já sem muros sequer
Revelando naturezas ocultas, sentimentos escondidos em retenções exageradas
Exacerbadas dissemelhanças, em que todos somos crianças, e das quais ninguém foge
Converge comigo, conosco, e dispara que 'Se fodam os preconceitos' "Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho !"
E assim, não mais sozinho, poderás resplandecer no infinito da verdade, que é reconhecer os próprios sentimentos, inevitáveis que são, mascará-los é morrer um pouco.
Transcenda da percepção, que pode ser enganosa, para a verdade consubstanciada no universo na alma, onde dançaremos juntos
E nosso bailado se converterá em jorros de alegria reconhecida. "Daqui p'ra fora, políticos, literatos, Comerciantes pacatos, polícias, meretrizes, souteneurs, Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá vida."
Expurgadas as coisas cúmplices desse mundo distorcido, restará nossa dança
Que revelará as coisas na sua essência mais dissoluta, porque só há inteireza na partícula
Tudo o mais é agregação temporária
Que, como tal, não merece consideração."
terça-feira, 18 de junho de 2019
UM PSICOPATA NA SALA OVAL.
É um grande problema para o mundo ter um psicopata naquele local, apesar do excelente 'staff' da Casa Branca, gente com a cabeça muito no lugar, apesar dos bloqueios com os quais aquilo tudo está montado, é uma situação miserável ter aquele desequilibrado lá.
Por outro lado um país com tanta gente qualificada, nas forças armadas, gente ponderada, gente com enorme capacidade analítica, gente altamente treinada em inúmeros setores para inumeráveis funções, terem que aturar e servir uma desgraça daquelas. Na Justiça a mesma coisa, e nas relações internacionais, onde os EEUU conseguiram acordos de toda ordem, visando a estabilidade no mundo. É uma situação muito incômoda para todos. Até os iranianos, todos, mostraram terem muito mais juízo no caso dos petroleiros, para poderem conviver com um monte de mentiras, mas a verdade é que esse senhor, no salão oval, não tem nenhuma credibilidade, tendo já mais de 10.000 mentiras contabilizadas desde que assumiu o cargo. Um país com enormes tradições, e por muitas razões dono do respeito e do apreço internacional, ser assim desacreditado, é uma vergonha para todos os norte americanos. É humilhante e vexante toda a administração de uma imensa potência, detentora das mais altas influências e respeitabilidade, estar exposta a indignidade de um desmiolado no supremo cargo da nação. Até quando? E desavergonhadamente, despudoradamente, inconscientemente, se re-candidata para outro período no cargo. É mesmo uma total falta de juízo.
Por outro lado é uma montanha de desinformação, ou contra-informação, que serve a 'seus' propósitos. Para mim fica cada vez mais claro que há uma agenda escondida, uma intencionalidade premeditada nas atitudes do Sr. Trump. E tudo isso em acordo com outros poderes, como a Rússia, mortinha de vontade de voltar a ser a URSS. Muitos pensarão que eu estou vendo chifre em cabeça de cavalo, creio que não, mas ainda iremos ver que unicórnio nos calhou.
E as atitudes ridículas no trato com os líderes mundiais, pequenos gestos revelando intimidade inadmissível, típica da classe média baixa, de gente vulgar, sem cultura, sem berço, sem mundo, sem chá. A visita de Estado a Inglaterra foi a demonstração rematada do provincianismo, da inadequação, da falta de vergonha, junto com um deslumbramento ridículo, transmitido minuto a minuto com fotos pelas redes sociais. Uma falta de vergonha na cara! Levou toda a família, só faltou o cão e o papagaio. Os primeiros farofeiros que houve em Buckingham.
Essa criatura sem qualidade acredita que a pompa, o respeito, o requinte e a grandiloquência das recepções, que lhe são dispensadas, são por sua causa, não se dando conta que essas acontecem por causa dos EEUU, que ele e sua troupe nunca seriam recebidos em Buckingham, no Eliseo, ou mesmo na Casa Rosada. Em minha casa certamente não.
Quem põe crianças em gaiolas, as afastas de seus pais, ou as deixam morrer, não tem perdão!
Este o retrato eloquente deste psicopata! >>>>Que mais se pode dizer?
domingo, 16 de junho de 2019
sábado, 15 de junho de 2019
Num mundo superpovoado, não pode haver vazios demográficos.
Excessão feita aos desertos, e às florestas, é mesmo assim... Porque os vazios demográficos existem num país em função de faltas populacionais específicas, em geral decorrências de baixa taxa de natalidade, podendo ocorrer por outras circunstâncias, geográficas, que vão desde razões específicas de pouca hospitalidade, ocasionadas por faltas hídricas, ou características várias do território, até às de ordem cultural, ou religiosa. No mais devemos entender que esses vazios são um convite a que ocorra uma invasão.
Hoje há enormes pressões demográficas em vários pontos do globo, onde ocorrem problemas de sustentabilidade para populações com altos índices positivos e negativos em várias áreas, porque os excessos e as faltas intensas geram desequilíbrio, ou onde haja falta de oportunidades (trabalho, escola, distribuição de bens) bem como das condições de salubridade (saúde, atendimento médico) e mesmo as condições que proporcionam atividades culturais de toda ordem, impulsionando a movimentação das populações, sobretudo as com excesso de gente, ou onde há manifesta miséria, ou guerras, ou ainda intolerância religiosa.
As pressões da superpopulação excitam dois movimentos consequentes, o primeiro a saída das gentes de seu território de origem, e o outro de atração para áreas onde hajam as oportunidades que buscam, sendo essas geralmente ricas e organizadas, bem como ainda outras onde haja necessidade de braços para o trabalho, porque a falta de gente, por alguma das razões que apontei, vai criando um movimento insurgente muitas vezes.
Com essas circunstâncias de desequilíbrio ocorrendo em vários pontos, os movimentos populacionais são cada vez mais frequentes hoje, muito diferentemente do que se passava até a primeira metade do século passado, onde as populações tendiam para a estabilidade, e para permanecerem em seu território geralmente, excessão feita a países colonizadores, e aos tradicionais exportadores de gente, cuja demografia se irá ressentir da perda populacional, mas os remanescentes mantêm seu padrão de vida à custa de não partilhar o bolo, em vez de o fazer crescer, empurrando para fora esses contigentes com as pessoas dispostas a abdicar de usas tradições, costumes e referências, para se irem lançar na aventura de novas terras e novas vidas, na ânsia de encontrar melhores condições, ou de simplesmente se afastarem dos perigos ou impedimentos que as tolhem. Nunca antes na História se ouviu falar tanto de migrantes (imigrantes e emigrantes) refugiados, deslocados e por aí afora.
Em países onde hajam esses espaços tão desejados, é mister que tomem consciência da pressão a que estarão sujeitos, e em vez de tentarem se opor a um fluxo imparável, buscando manter um afastamento obtuso, como se o problema não fosse com eles, e o problema é de todos nós, toca a todos nós, e num mundo globalizado todos devemos tomar nossa parte, acatar a situação, tentando pôr uma ordem conveniente no fluxo que se estabeleça, o que beneficiará as duas partes envolvidas (a que chega e a que a recebe). Primeiro porque se os países têm esses vazios demográficos, necessitam de gente que os preencha, mesmo que pensem que não, segundo porque a pressão não irá desaparecer, mesmo porque o movimento de saída das gentes que buscam novos territórios continuará, sempre enquanto não se extingam as causas que as impulsionam em seu primeiro movimento, o de se afastarem dos problemas que as incomodam, e terceiro porque sempre, ainda, haverá incompatibilidades e intransigências locais por muitas razões (culturais, religiosas, de costumes, etc...) e essas só não gerarão conflitos a jusante, se a recepção dos fluxos migratórios for acolhida de bom grado. E nessa ideia de acolher se encontra a de direcionar, de orientar, de ajudar e ordenar o que esteja acontecendo, em proveito de todos. Esses movimentos são sempre uma mais valia desde que conformemente aproveitados.
Toda e outra qualquer perspectiva é errada, para não dizer estúpida. O que fez a União Europeia de pagar a Turquia para reter o fluxo migratório que vem do oriente em sua direção, é um erro, o que pretende os EEUU com muros, ou com a pressão que coloca sobre o México para que esse contenha o fluxo que o atravessa rumo às fronteiras estadunidenses, é um equívoco, a violência que fez a Hungria, os desequilíbrios do estabelecimento de campos de concentração de refugiados nos países limítrofes a guerras, como ocorre com os fronteiriços à Síria (onde perto de meio milhão não conseguiu fugir e morreu lá) ao Afeganistão, ao Sudão, e ainda outros 50 países em conflito, bem como os sem recursos hídricos, em distúrbios climáticos, ou em condição de miséria ou desequilíbrio institucional, como a Venezuela, a Colômbia e as Filipinas, só agravam o conflito. E o estabelecimento de campos como em França e Itália, é só adiar o problema, porque ele não desaparecerá, e os que lá estão confinados não irão embora, nem retornarão aos seus países de origem, é como num jogo de xadrez, uma vez movida a peça, não há como voltar a jogada. O grande equívoco de hoje em dia, é que os líderes, sua grande maioria, não entenderam que todas as mudanças a que aprouveram patrocinar porque lhes trazia ganho econômico, têm uma componente humana agregada, que muitas vezes se traduz nesses movimentos de gentes de toda parte, que têm de ser suportados, juntamente com as responsabilidades históricas, nisso a que se convencionou chamar de globalização.
Os vazios não se poderão manter, e, países como Portugal que necessitam como do pão para a boca de gente para preencher seus enormes vazios, apesar de tão pequeno, e menos pretendido pela fama de que dispõem outros países ricos como a Alemanha, Inglaterra e França, que os torna polos de atração, mas cuja qualidade de vida não colhem a menor comparação com a qualidade de vida portuguesa, a trigésima quinta riqueza global, e o terceiro país mais seguro do mundo, nesta condição, só batido pela inóspita terra do gelo, ou por umas ilhas isoladas, perdidas no Índico, a Nova Zelândia, onde Moaris e britânicos com a fé cristã, vivem uma segurança forte, mas que não impediu que um louco fuzilasse várias dezenas dentro de duas mesquitas, massacrando aos crentes, o que nunca se passou e não ocorre em Portugal, que deve aproveitar-se dessas numerosas hordas humanas, para resolver seus problemas demográficos, que geram diversos desequilíbrios no país, e que, a longo prazo, irão ser maiores pela falta de peso populacional para fazer rodar as diversas estruturas que dependem de gente para se manterem operacionais, que vão desde os muitos serviços, até a sustentabilidade do sistema de previdência social. E, no outro extremo, gigantes como o Brasil, que já foi a quinta economia do planeta, se quiser voltar a ser, e ainda galgar postos mais altos, vai necessitar de capital humano, para o qual seus 210 milhões não bastam. Gente é o sal da terra, a energia que move as engrenagens, é a saúde das nações.
terça-feira, 11 de junho de 2019
Uma mão cheia de nada e outra de coisa alguma: Teresa May.
Chamei-a a mais estúpida de todas. E é mesmo. Como pode ir navegando ao sabor das circunstâncias como se estivesse na Somália, ou na Albânia. Essa mulher não é inglesa, não tem ideia do peso institucional que carregava em seus ombros. E foi de falhanço em falhanço até a derrota final.Que gosto essa azêmola não terá dado ao Sr. Trump em sua visita, até disse para ela ficar....Claro! Ninguém atendeu melhor a seus interesses. Ninguém apunhalou mais convictamente a UE, e ninguém largou a Inglaterra em piores lençóis ao deixar Downing Street, 10.
Ou seja não havia plano B, algum, co o eu denunciei na oportunidade. Só houve a estupidez pegada da Sra. May, as inconveniências de pontos diversos do plano negociado, a gerar uma fragmentação dentro da Grã-Bretanha, o que não pode haver, é haver um enorme desejo dos ingleses em desfazerem a bobagem que fizeram, mal informados, e com enorme ação (Russa?) em propaganda enganosa (Fake news) que os levou por uma margem mínima a fazerem a escolha errada que fizeram. Única saída é um segundo referendo, e os ingleses a votar massivamente para ficar.
Mas a defunta Sra. May, para se manter no poder, agarrou-se ao impossível, e quis impor, como plano B, o plano A, ou então será o hard-Brexit, a saída sem nenhum acordo, que foi sua herança, o que, evidentemente, não pode haver. É tudo falso e casmurrice dessa mente torta da Sra. May. Há mais e melhores caminhos. O acordo que ela conseguiu nunca serviu, e ela devia saber disso, e mais que o hard-Brexit muito menos, é o fim de linha, e, mesmo assim, não conseguiu mudar o rumo, vai ser empacada lá nos quintos do inferno.
E, em meio a tudo isso, o caos.
O fato é que a Inglaterra, assim como toda Europa, vive uma crise de liderança, e vão aparecendo por aí esses desmesurados, pra não dizer imbecis, por toda parte, mas no parlamento britânico, certamente não há espaço para desencaixados desses. Agora há dezena de pretendente ao lugar da Sra.May na cabeça do partido conservador. E sabem porque são tantos? É que estão todos convencidos que se uma besta como a Sra. May pode ser PM, qualquer um pode.
segunda-feira, 10 de junho de 2019
Já começou 11. Mete nojo, e mete medo.
Fui, a convite do presidente da Câmara de Cascais, às Conferências do Estoril, excelente evento. Lá, no painel da Justiça, era convidado, como Ministro da Justiça do Brasil, o dr. Sérgio Moro. Entre a Ministra da Justiça de Portugal, a ex-Procuradora Geral de Portugal, recebidas com entusiástico apreço pelo público presente, aquando da entrada do dr. Moro o acompanhava uma claque, bem ensaiada, que aplaudia, e gritava, de forma a enfatizar sua presença. Entraram ao mesmo tempo que ele, e saíram ao mesmo tempo que ele, o que evidencia que não vieram para a conferência, vieram para aplaudi-lo.
Por coincidência, um grupo de quatro desses aplaudidores, sentou-se junto de onde eu me encontrava, e pude observá-los bem. Eram três mulheres, e um homem, todos com mais de 45 anos, outros grupos de aplaudidores havia em outros pontos da sala, espalhados estrategicamente para criar a impressão de grande ovação à entrada e à saída do dr. Moro. Causou-me particular espécie quando uma das senhoras levantou-se para ir filmar o dr. Moro quando este ia falar. Não filmaram nada mais, só a fala do dr. Moro, que foi acompanhada na sua abertura e encerramento por grande ovação desses grupos, criando grande reboliço na sala.
O dr. Moro, a quem eu jamais havia visto em carne e osso,e espero nunca mais ver, é uma figura apagada, seca, de maus bofes, como se dizia antigamente, sem nenhum humor, houve alguns momentos da fala dos outros convidados, em que fez-se ambiente para sorrisos, todos riram, excepto o dr. Moro. É o que eu chamo nas minhas considerações poético-filosóficas de um ser sem alma. Até aí nada de mais. Entretanto fiquei a pensar quanto custaria contratar duas dezenas de pessoas de bom aspecto, classe média, para me ir aplaudir numa próxima palestra. Cheguei a conclusão que não tenho dinheiro para isso, além de não ter o mister desvio de caráter. Guardei para mim essas impressões.
Mesmo a pergunta que pretendia fazer neste dia ao dr. Moro, sobre sua declaração desrespeitando o Direito à presunção de inocência, pedra basilar do processo judicial, foi obstaculizada pelo Ricardo Costa, que moderava o debate, a quem eu pude dizer posteriormente que ele havia barrado a melhor pergunta da tarde, que era perguntar se o dr. Moro na lava a jato, tinha o mesmo descaso pela presunção de inocência que demonstrara aqui em Portugal? Até essa data eu não acreditava muito nas imputações de Lula de que havia um conluio político-juridico armado contra ele. A resposta veio mais rápida do que eu imaginava.
Também nunca pensei que as minhas impressões viriam ao decima tão depressa, às vezes há coisas que observei que demoram décadas para que eu me lembre delas, e faça a conexão dos diversos ingredientes. Entretanto, quando fui surpreendido pela reportagem/pesquisa da The Intercept, de um advogado e jornalista norte americano, muito credível, Glenn Greenwald que prova, para além de qualquer dúvida razoável, o conluio a que Lula se referia, com gravações telefônicas, asqueroso conluio, jogo de cartas marcadas, como ficou visto, mais o que não se sabe por ter sido dito pessoalmente. Fiquei abismado. Nunca poderia supor que o abismo fosse tão profundo.
Agora que sabemos que o dr. Moro é um criminoso. Que se mancumunou com o Ministério Público, outro criminoso, para incriminar o Presidente Lula. E que o Conselho Federal da OAB recomenda seu afastamento, por procedimento delituoso. Para os crentes pode-se dizer que a Justiça divina tarda, mas não falha, bendito racker que expos a trama, e, agora que começa a cheirar que Lula foi posto na cadeia só para o impedir de ter sido candidato, quando e onde, sem sombra de dúvida, teria sido reeleito. (Todas as pesquisas o indicavam, é voz corrente, e todo mundo sabe disto.) Vai ficando cada vez mais clara uma suspeita funda que sempre tive, que é, ademais, o pano de fundo desta série Já começou. E como sei que as coisas acabam por se revelar, cedo ou tarde, aí está. Mais se diz que discutiu com Bolsonaro suas ambições em ser Ministro da Justiça, ou Juiz do Supremo com a lava a jato em curso, isso traduzido quer dizer " Eu prendo o Lula e com isso você se elege, mas me faz Ministro". (Sputinick - Brasil)
Há um grande movimento clandestino no Brasil para trazer a direita novamente ao de cima. Porque sabiam, e sabem, que com Lula vivo e livre iria demorar muito para que eles pudessem voltar. Além disso, o Presidente Lula, assim como a presidente Dilma, estavam acima do infeliz movimento clandestino, este à esquerda, que assaltou a Petrobrás, etc... etc.. para manter o PT no poder, além de encherem os bolsos. Isso era uma grande dificuldade para a ambição da direita, e, não se esqueçam, largaram o poder há menos de três décadas, pouco tempo para aceitarem o jogo democrático, e muito tempo para não desfrutarem as benesses a que se acostumaram. Como não encontraram outro FHC, já estavam desesperados.
Por fim com um criminoso, o dr. Moro, com um sistema fraudulento que tem funcionado em várias candidaturas pelo mundo fora (Trump, Le Pen, Salvini etc...) com a abjuração da classe média brasileira de seus centrais interesses, horrorizados com a violência e a corrupção, dois temas fortes, juntaram os ingredientes para eleger um capitão, posto que obedece ordens das patentes superiores, um obcecado religioso, que atende, destarte, às mais desvirtuadas forças que se implantaram na política brasileira, a bancada evangélica, que tem uma posição de charneira na já difícil prática política brasileira, corrompendo ainda mais todo o sistema.
Nesta conjunção de fatores destituíram a Presidente por Impeachment, puseram o grande líder na cadeia, criaram um clima de mentiras, enganos, e expectativas, que levaram o povo estúpido a votar no capitão. Uma pantomima! Intrujice! Mantive-me e me manteria calado se tudo tivesse sido feito dentro da legalidade, é o jogo político, e temos que o engolir, por mais nojo que nos meta, é como um mal remédio a democracia, mas cura.
Porém quando sabe-se que utilizaram procedimentos criminoso,s com o Juiz Moro à cabeça, subvertendo a ordem, e implantando uma justiça facciosa, como soubemos hoje, não mais me calarei, e levarei a termo uma pesquisa de que sou capaz, para mostrar todo o conluio, e revelar a distorção política-institucional que vigora no Brasil. Se provada a conexão, poderemos anular as eleições. Vamos a isto.
domingo, 9 de junho de 2019
DA RAÇA AO TEMPO QUE PASSA.
10 de Junho > Da Raça, ao tempo que passa.
Junto à estátua, no largo que tem seu nome, inspirada na de Da Vinci em frente ao Scala, em Milão, ocorreu-me que o verdadeiro anjo custódio de Portugal, cedendo o dia de sua morte como marco de uma efeméride justa, que teve sua origem numa ideia confusa e atrabiliária desde os tempos em que era feriado municipal, até que a Constituição de 1933, que cria o que ficou conhecido como Estado Novo, anulando toda a legislação anterior, onde o dez de Junho não constava como feriado, mantendo o segundo adjetivo que empreguei, esclarece o primeiro, incluindo o dia como nacional. Passando a ser o que nunca deixará de ser, o dia de Camões, o dia de Portugal, e da Raça. Este último epíteto a partir da inauguração do Jamor, uma década depois, consoante o discurso do ditador. Essa história de raça, que afinal não é má, pegou, e passa a dar um tom patriótico, já que raça é, em seu maior entendimento, e conforme sua origem na acepção italiana donde procede, conjunto de indivíduos de mesma qualidade. E todos aqueles que têm as qualidades da portugalidade, são, consequentemente, dessa raça.
O 25 de Abril, que gostava de mudar o nome às coisas, como o da ponte que atravessa o Tejo, transformou o dez de junho no dia nacional das Comunidades, em 1978, tudo sempre aquém e além, motivado por interesses circunstanciais e de regime, pois tudo fazia-se sem se darem conta do fio condutor de tudo isso, a língua portuguesa.
Sou brasileiro, como a maioria de meus leitores sabe, e entretanto já se completaram mais de duas décadas que encalhei em Portugal, adorável encalhe no mar da língua, numa praia ensolarada duma Europa cinzenta, linda praia ocidental em que os lusitanos, depois tão modificados, forjaram o território que os forjava com sua claridade, com as amenidades do clima, com a pujança agrícola, com as características do meio, com bom e abundante peixe, e com alguma presença africana no ar, vinda do outro lado do canal, boca do mar do meio da terra, que os romanos dominaram tanto, que o chamaram seu. Eles que nos deram, em sua evolução, esta língua mítica e complicada na qual me expresso facilmente, mas que a maioria dos que vêm a tê-la como segunda, encontram enorme dificuldade em entendê-la, e terem destreza em sua expressão. Apesar das muitas capas, a alma celta e cônica, romance galego barbarizado, perdura nessa "Última flor do Lácio, inculta e bela..." como a queria Bilac, ganga impura, ouro acrisolado de fojos remotos que herdei, tornando-me rico, esplendor realizado, amálgama de perdido cadinho partido, que não forjará outra tão bela, alguma vez.
No entanto só existe como verdade autônoma e partilhada essa riqueza vernácula, porque o povo bravio que a falava quis ser senhor de si mesmo, e um rei guerreiro realizou o sonho. No entanto é ainda sonho que só se individualiza, deixando o galaico, livrando-se do castelhano que devorava o leonês, assumindo uma literatura, uma identidade, e, pleonasticamente, uma narrativa sua de si mesma, quando oficializada em 1297 por D. Dinis que, ilustrado, entendeu a importância do idioma para ter uma nação, mas só é pouco depois, ainda não se tinham passado duas décadas, quando este mesmo rei da dinastia Borgonhesa, a realiza como o poeta; o trovador medieval, que quase reinará ainda uma outra década, e que terá suas cantigas recolhidas, junto das de seus avós, Alfonso X e Sancho I, no livro perdido na qual as reune D. Pedro, seu primogênito bastardo, Conde de Barcelos, também trovador, que chegará até nós nas suas cópias prováveis, os Cancioneiros da Vaticana e o da Biblioteca Nacional e de sua cópia muito posterior na 'Bancroft Library' que viu aos dois para os copiar, com (?) ninguém sabe (1).
Começa a gesta portuguesa neste 1316, a espanhola é do princípio do século anterior c.1201, com "la canción del mio Cid", porém ambas começam sob a forma de poesia, a mais forte e truculenta expressão dos sentimentos em qualquer tempo, ou lugar. Comemoramos no 2016 o sétimo centenário da literatura portuguesa, que começara com essas cantigas. Consolidação de algo maior que a vida, e que modela, sendo a forma como a apreciamos, a percebemos, e a comentamos, essa língua na qual nos expressamos.
E o que pode mais conter a maneira de ser e estar de um povo que sua literatura? Fui muito ativo, há três anos, mandando cartas a toda gente, em razão da importância da data, nem uma linha de resposta ou comemoração, a meu coração não fez mal, pois enchia-se, e enche-se de alegria e orgulho por expressar-se na língua de Camões.
(1) O da BN, também conhecido como Colocci-Brancuti, é de 1525/6, o da Bancroft de 1600, e o da Vaticana também de 1525, terá sido copiado à mesma época do da BN. O original de D. Pedro é do primeiro quartel do XIV, e as 1205 canções do XIII e princípio do XIV. O da Ajuda também será posterior ao de D. Pedro, e foi escrito em gótico.
sexta-feira, 7 de junho de 2019
A crise do Regime para emagrecer.
Quando o regime era de engorda, não havia crise, agora que é de emagrecer, há muita e generalizada crise.
O meu querido Prof. Marcelo meteu a pata na poça por primeira vez, enquanto presidente, porque só no entendimento da minha apreciação supra pode-se falar em crise de regime. O que nos confronta com a afirmação título, E SERÁ MESMO O REGIME DE EMAGRECER, sobre a qual podemos perguntar: Se a crise do regime é para emagrecer, ou por emagrecer, ou ainda porque faz emagrecer, haverá crise se engordar, ou é so disto que falece?
As condições das circunstâncias não podem ser levadas como prioridades, porque como circunstanciais, momentâneas que são, vão passar. Tudo passa. Devemos lembrar aqui a expressão do Barão de Itararé, a batalha que nunca houve, o admirável Aporelly no Correio da Manha (não tem til mesmo.) quando diz: "Tudo na vida é passageiro, excepto o condutor e o motorneiro." E como nesse comboio das Instituições somos todos passageiros, só há crise quando a reação de expressiva maioria é de descaso, ou de afastamento ou desconsideração, para com a coisa política. E como sabemos, não é o que se passa. Portanto não há crise alguma! Haverá, e há, alteração pronunciada das perspectivas das forças que expressam a vontade popular. Algumas por insatisfação, outras por reação absoluta à inoperância, à ineficácia das forças tradicionais, outras por moda, ou efeito de resposta momentânea a opções que vão surgindo, e ainda outras pela estupidez tacanha de alguns eleitores.
Haverá quem possa ler as diversas opções que apontei identificando um alvo muito diferente do que me motivou elencar essa e aquela força nesta ou naquela situação. Quando eu digo moda, pensando um partido x, outros pensarão y, quando falo em estupidez então cada um escolherá o que acha estúpido, será w, x, y, ou z. E isto é a democracia no seu melhor! Cada um e cada qual terá sua ideia, e tem o direito de defendê-la, e certamente deve ter esse direito garantido e respeitado. O mais é sofreguidão e radicalidade, que levam às indesejáveis radicalizações que se vão mudando com o tempo e as modas (chamam a isso estratégia, será?). Portanto há que ter tento na língua, e mais ainda lembrar que as escolhas do povo são soberanas. No mais tudo transcorre como no brilhante conto de Machado de Assis intitulado "A Igreja do Diabo.".
Aos mais gordinhos devo lembrar que os regimes também podem, ou se fazem para emagrecer, e aos esquálidos famigerados, lembro que sempre lhes chegará pão a boca, que os engordará um pouco, e aos normais, a esmagadora maioria dos envolvidos, devo lembrar que as crises nos regimes podem representar mesmo fome, não a que os emagreça para terem bonitos corpos no Verão, mas a que os porão como ficaram os prisioneiro dos campos de concentração nazi: Pele e ossos.
terça-feira, 4 de junho de 2019
Três décadas de esquecimento da Paz Celestial?
O grande gigante adormecido, que faz todas as suas flexões muito lentamente, sem nenhuma pressa, envolta em seu espírito multi-milenar de tranquilidade e paciência, como é universalmente reconhecido, e que recentemente tem como reflexo desta sabedoria de seu povo, sua sociedade que soube evoluir de um regime absolutamente opressor, para um capitalismo prevenido, nunca esquecendo que a base organizacional do país e do poder é o partido comunista, apesar de restar pouco de seu comunismo económico atualmente, porém guarda incólume, está lá, todo o político- partidário, que é bem tragado pela população à conta de seu sucesso económico na modalidade semi-capitalista que adotaram, que lhes trouxe imensa riqueza.
E nesse espreguiçar de uma manhã em que se despertava, veio a flexão da vanguarda, como em todo mundo composta da juventude mais letrada, e entendeu que era tempo de liberdade, já que as portas se abriam no horizonte do modelo das relações económico-sociais, acreditou que essas deveriam refletir-se nas político-jurídicas, e, obviamente, nas liberdades gerais.
O poder não pensava assim, massacrou os manifestantes, reprimiu, asfixiou, e esmagou o movimento que surgia, e se insurgia na visão do poder do PC. Nunca mais uma linha em chinês sobre o assunto foi escrita em qualquer jornal, nunca mais ninguém pensou em qualquer tipo de manifestação, criaram o esquecimento, se é que o que se passou poderia ser esquecido.
Hoje, volvida uma geração, trinta anos do episódio, Tiananmen, a praça marcada com sangue, será uma memória esquecida, estão em crer os detentores do poder na China. A força dos tanques contra civis indefesos, é uma imagem forte para a lembrança de todos, deixando claro que a China não poderia mudar. Mas deveria, digo eu. E queria, o ocorrido o comprova. Ansiava mesmo, e a força, talvez mais poderosa, da indômita vontade heróica manifesta naquele dia, um quatro de Maio, como hoje, nunca mais deixará de marcar o compasso da História. (Leia Tiananmen's day, aqui no blog)
As gerações que sucederem guardarão sua memória. Na China a tradição oral, uma antiguidade muito forte e poderosa, fará seu trabalho, e Tiananmen manterá sua chama acesa. Até quando? Perguntarão os mais aflitos. E a resposta está na sabedoria chinesa, sua multi-milenar forma de ação, que orienta os governos e os dirigentes do PCC, com sua prudência, que na China têm o tempo por aliado, e que é sua meta. Essa não só toca aos governantes não. Essa mesma sabedoria é sobretudo do povo, que sabe que virá o momento propício que permitirá que Tiananmen se erga, não das cinzas, que essas não houveram, mas do sangue derramado em seu chão. Erguer-se-á para dizer que o tempo de liberdade chegou definitivamente, e que por mais tanques que se movam, a vontade do povo será só uma, e a vontade unida do povo, como sabemos, tudo pode.
E o movimento em Hong Kong segue imparável, há um mês.
segunda-feira, 3 de junho de 2019
Agustina Bessa-Luís
Genial criatividade e cultura, alcance alargado, poucos a poderão acompanhar, na leitura de sua obra, feita para gente instruída, que nos legou a todos, para que nos instruíssemos, e também os escreventes, já que muitos poucos lhe chegarão aos calcanhares.
Não sei se mais lamentaremos por perder a imensa escritora, a romancista, ou a poderosa autora teatral ou a fabulosa guionista de cinema, mesmo a ensaísta, a cronista, a poeta? Talvez a psicóloga, com análises da alma humana tão profundas, que assustam. Talvez a contadora de histórias, pela sua arte de saber contar, talvez a analista, por sua capacidade em saber interpretar a sociedade em suas faces diversas.
Agustina fará falta, já fazia, tendo feito A Ronda da Noite, para em seguida nos ter deixado de brindar com sua magia, sim magia, porque quem ousaria ser irônico, e jogar-nos num vazio, e que ao mesmo tempo nos sobrecarregasse de caminhos, possíveis, e impossíveis, de trilhar, e dar-nos pistas falsas, falta de soluções, falta de finais, como aqueles que habitualmente se faziam, e aos quais estávamos acostumados, com conclusões afirmativas, quando a vida é, mais das vezes, inconclusiva, perceber tudo isso sua imensa magia. Recriou a narrativa. Inundou sensibilidades com a sua oceânica percepção, gerando enorme fricção. Agustina, Agustina...
Que vazio, que enorme vazio sabermos que não mais poderemos ter uma vírgula tua!
Foi-se Agustina contar histórias ao Padre eterno. Foi-se Agustina fazer chalaça com os do inferno. E aqueles perderam a esperança de a encantar, Foi-se Agustina pro seu lugar sempiterno. Pois que é divino todo aquele que sabe contar/cantar.
sábado, 1 de junho de 2019
You're fired Mexico! E mais um tiro na UE.
Essa besta que responde pelo nome de Donald Trump, convulsionário e convulsivo, exatamente como fazia com seus aprendizes, despacha o México, para que este lhe pague o muro. Terá imensa surpresa com Obrador. Definindo seu nome, que atua, contra o do outro que devera ser com a, em vez de u, erro de registro, certamente.
E se dará ao trabalho de ir a Grã-Bretanha só para tentar patrocinar um BREXIT mesmo sem acordo, que ele, o melhor amigo, lá estará para apoiar em tudo que for preciso. Amaldiçoado animal que semeia destruição, e desacredita os EEUU. A obra da UE é a maior construção política da humanidade em todos os tempos, muitos duvidam de sua relevância, e nem se dão ao trabalho de irem votar para seu prosseguimento, um dia lhes poderá sair caro demais, há constantes ameaças para a fragmentação da União, como eu denuncio há muitos anos, cinco anos no Que se lixe a UE (crônica aqui no blog) e quase dois anos depois, face a ameaça do BREXIT, na crônica Um sonho de uma noite de Verão, onde prevenia que se o deixarem realizar, seria/ será o começo do fim. Três anos depois estamos ainda nessa encilhada, por obra da mais estúpida de todas, a Sra. May, que receberá o visitante imbecil, numa associação miserável para o futuro da União Europeia, regada pela idiossincrasia dos brexiteers, idiotas úteis, que tentam desgraçar a Europa.
Se aceitarem passivamente a presença do ignóbil, sem forte reação, sem deixarem claro que os problemas europeus se resolvem na Europa, estarão pondo mais uma pá de cal, neste corpo vivo e pulsante, que muitos querem ver enterrado e morto.
Não me enganei na ordem dos acontecimentos de forma alguma, porque à União pretendem enterrar viva, para que ela morra por asfixia.
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