O blog O Olho do Ogre é composto de artigos de opinião sobre economia, política e cidadania, artigos de interesse sobre assuntos diversos com uma visão sociológica, e poesia, posto que a vida se não for cantada, não presta pra nada. O autor. Após algum tempo muitas dessas crônicas passaram a ser publicadas em jornais e revistas portugueses e brasileiros, esporadicamente.
quinta-feira, 20 de junho de 2019
"CONCUBINA FOGOSA DO UNIVERSO DISPERSO."
31/5/1819 - Nascimento de Walt Withman.
"Dançando o Universo na alma."
Nas comemorações do Bi-Centenário de nascimento do maior poeta e ensaísta norte americano, e um dos maiores do mundo, flor da sensibilidade humana, que dizer?
Seu escrito fundamental, o "Leaves of grass" viu a luz em 1855 com 12 poemas, edição paga pelo autor, pobre tipógrafo com o dom da escrita, convertido em editor, ao tempo em que esse ofício sujava a mão de tintas, na responsabilidade final do que se imprimia. Em 1856 sai a segunda edição já com 32 poemas, incluindo "O Canto de mim mesmo". Em 60 serão 154 poemas, tornara-se reconhecido. Em 67, 162, e em 1871 234, na quinta edição. A 6ª é de 76, e a 7ª de 1880, a que foi proibida pela promotoria pública por ser indecente, que acabará por sair em 82 com 254 poemas. A oitava é de 1889, e a 9ª de 92, ano de sua morte, sendo já uma edição post-mortem, apesar de Withman a ter deixado revisada. A completa, com os 'Maria Amelia poems', será a 10ª de 1897.
Para quem leu Withman, e mergulhou na universalidade cósmica de seu canto, não poderá ter deixado de escutar seus hinos louvando a vida, esse dom maravilhoso que nos é dado, e que nos envolve e completa na sua expressão absoluta em tudo que há vivo a nosso redor. Com a impenhorável substância que dá cor ao mundo, que de tão magnífico, basta ser admirado, e basta que expressemos esta admiração por muitos meios que possamos alcançar. Porém porque teimamos por desenganá-lo, ou destruí-lo, na exata dimensão da estupidez, ambas cumprindo o mesmo propósito destrutivo tão arraigado em nossa natureza, contra o qual nos alerta a poesia de Withman, palavras de luz, a tentar esclarecer-nos.
Impenhoráveis, porque as coisas absolutas não têm consistência material, e, como seu valor transcende, não servem para pagamento de dívidas, já que não podem afiançar, obrigar, ou garantir, seja o que for, absolutas que são. E nesta palavra 'impenhoráveis', o "insaisissable" da "Saudação a Walt Withman", na qual Pessoa transvestido, "com o casaco exageradamente cintado", se declara.
Convoco pois, para o mesmo fim, Álvaro de Campos, d'Aquém, ou d'Além, na encruzilhada dos mundos, transepto infinito de verdades percorridas e não cultuadas, sob a universal luz da verdade para auxiliar-me, como "Alcoviteiro de todo o Universo, Rameira de todos os sistemas solares, paneleiro de Deus", sendo que nesta última condição, exactamente como a propõe o hinduísmo, na acepção de plenitude em que propugna como absoluto, fazer sexo com Deus, se eu dissera fazer amor, ninguém se incomodava, mas sexo... E não é o sexo a manifestação material, carnal se preferem, do amor, para quem realmente atinge essa plenitude?
Pois agora, aqui, já com o Sr. Engenheiro Álvaro a meu lado, "sensacionista" ele, Withmaniano e pessoano, eu, podemos prosseguir a homenagem, porque já temos absolutamente o que dizer.
"Meu caro leitor, meu caro Walt,
Tu que compreendeste as transbordantes paixões que há em nós
Com a perfeição de quem as vive, na plenitude das sensações manifestas
Rompendo as frestas para a plena inundação da luz, já sem muros sequer
Revelando naturezas ocultas, sentimentos escondidos em retenções exageradas
Exacerbadas dissemelhanças, em que todos somos crianças, e das quais ninguém foge
Converge comigo, conosco, e dispara que 'Se fodam os preconceitos' "Que nenhum filho da puta se me atravesse no caminho !"
E assim, não mais sozinho, poderás resplandecer no infinito da verdade, que é reconhecer os próprios sentimentos, inevitáveis que são, mascará-los é morrer um pouco.
Transcenda da percepção, que pode ser enganosa, para a verdade consubstanciada no universo na alma, onde dançaremos juntos
E nosso bailado se converterá em jorros de alegria reconhecida. "Daqui p'ra fora, políticos, literatos, Comerciantes pacatos, polícias, meretrizes, souteneurs, Tudo isso é a letra que mata, não o espírito que dá vida."
Expurgadas as coisas cúmplices desse mundo distorcido, restará nossa dança
Que revelará as coisas na sua essência mais dissoluta, porque só há inteireza na partícula
Tudo o mais é agregação temporária
Que, como tal, não merece consideração."
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