quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

"Todos ou ninguém."

Ano novo, fico a pensar Que “novidades” nos trará Este vigésimo segundo do terceiro milênio? Que novas penitências, haverá Mais do mesmo? Mais misérias, Mais mentiras, mais enganos, mais ladrões Mais golpadas, trambolhões? Falta de solidariedade, indiferença… E essa palavra resume tudo, toda a matriz dessas desgraças. INDIFERENÇA. Uma vez que o egoísmo e a ganância só prosperam na indiferença com o próximo, indiferença alheia, mas que é nossa, por a não combatermos, e, por, com o exemplo, não convidarmos ao excluído para nossa mesa, posto que só a inclusão e a proximidade podem combater a indiferença, esta sanha maldita que tudo transforma em miséria, posto que na partilha há interesse, há comunhão. Verdade antiga! Você já pensou nisso? Você já fez algo para evitar isso? Somos todos companheiros de jornada, e com essa palavra companheiro, importa dividir o pão, importa pensar no próximo, que somos nós em outra condição. Importa dar o conforto da presença! Humildade mister. Lembro-me de tanta gente que nos bancos era tão poderosa, nunca imaginou ficar sem nada, mas ficaram, obra da ganância, obra da exclusão, se o dinheiro destes estivesse em algo produtivo, uma empresa, uma indústria, não teriam perdido tudo, mas as finanças, esse mundo torto, promete mais lucro e seduz com o canto de sereia aos gananciosos (vale dizer quase todo mundo) para esse mundo vazio do dinheiro pelo dinheiro. Não há redenção sem o outro, o próximo, o vizinho, e lembrei-me do poema de Bertold Brecht; “Todos ou ninguém”, é assim que este princípio de milênio com quase um quarto de século nos deixou, todos ou ninguém, o que é bom porque a ganância, a usura “é um cancer no azul” dizia com profundidade Ezra Pound, e com as palavras de Brecht deixo-Vos o meu desejo de bom Ano novo, porque nunca perdemos a esperança, outra palavra que… Corre o poema: “Escravo, quem te libertará?/ Aqueles que estão no abismo mais profundo/ Companheiro, vão te ver/ seus gritos ouvirão. Os escravos te libertarão. / Todos ou ninguém. O todo ou o nada. / Sozinho ninguém pode se salvar.”

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Aos 85 (17/12/21) A fabulosa herança de Francisco.






Ninguém acreditava mas aí está para quem quiser ver. A mulher, o casamento e a Amazônia, ganharam seu lugar, e irá prevalecer um ar oxigenado e puro, contra o bafio mofado de séculos, vai se construir uma nova igreja, não mais tão ambiciosa e restritiva, que abrirá suas portas a um mundo novo, de gente com entendimento diverso, mas que, para todos igualmente, é necessária a misericórdia do Cristo e sua mensagem de Amor e concórdia.


Viva Francisco! Viva o poder de aceitar o diferente! Vivam as mulheres! Viva a normalidade! Viva o futuro! 

Numa conjunção inusitada e maravilhosa Bergoglio, o Papa Francisco, levou a água ao moinho do provável, ao rio do desejável que irá desaguar no oceano do futuro.


Abolição do segredo pontifício, para os crimes sexuais ... o segredo que protegia o agressor, escondido debaixo do manto protetor da Igreja. A fabulosa coragem dessa medida, que ao mesmo tempo que reforma a Igreja, deixa o agressor sexual, prelado católico, isolado, sem nem a Deus poder pedir perdão por via de seu sacerdote. Ao mesmo tempo que põe a Igreja no tempo de hoje, 'agiornamento',  onde temos de lidar com problemas que ultrapassam barreiras que só a História conserva, pela dimensão e perversidade que esses problemas conclamam.

Francisco Bergoglio não é um Papa como seus antecessores, é hoje o principal antagonista da direita global e faz de sua pregação uma luta contra o capitalismo e suas funestas consequências.

Poucos sabem, mas foi Francisco, durante o Sínodo da Amazônia que ressuscitou a Teologia da Libertação, em missa rezada pelo Cardeal brasileiro Dom Claudio Hummes, relator do Sínodo, nas catacumbas de Roma. Nessa missa, o Cardeal Dom Claudio Hummes esteve paramentado com a “Estola” que pertenceu a Dom Elder Câmara. Aliás, o local da missa é de extrema relevância porque foi nas catacumbas de Roma, em 1965, que ocorreu o juramento dos Bispos da Teologia da Libertação, no marco do Concílio Vaticano II. Vida a Francisco!!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

PACTO DE BELAVEJA : O FIM DA URSS há 30 anos, mas ninguém sabia.

Moscou, dia de N. Sª da Conceição há 30 anos, a Rússia (Federação russa se preferirem) a Bielorússia e a Ucrânia, essa última confirmava ser um Estado-Nação (como votara, desde o 24 de agosto anterior, seu parlamento), as três, assinam o pacto de Bialowieski ou Bialowieza (Belaveja, nome dos bosques onde foi assinado). Era Ieltsin trabalhando na sombra. Aquela nação cossaca, sempre dividida, que só pelo poder da URSS, leia-se Stalin, que a 18, dez dias depois desse dia, comemorariam seu nascimento, 113 anos antes deste 1991, hoje há 141 anos, nascia esta alma torta que nunca devera ter nascido, e que impôs a única forma de comunismo possível, o da força, uma vez que o ideal comunista é contra a gananciosa natureza humana. Pois a Ucrânia, "a fronteira" em eslavo, mãe de toda as nações desta origem, e celeiro da Europa, votaria o referendo da independência (Lukyanenko) em 1º de Dezembro com imensa participação e aprovação dos ucranianos, era a outra metade do sim que todo mundo esperava.
Seis anos antes em 85, havia assumido o poder na URSS, Gorbachev, como presidente do Presidium, um social-democrata no Soviete Supremo não podia dar certo, com seu sorriso em contraste com a carranca de Breznev, e sua Glasnost que impunha uma Prestroika, e os líderes ficavam expostos (Sempre a corrupção!) em suas dachas de sonho, não se pode querer transparência num clube de ladrões. E foi em 86 que explodiu tudo, como Chernobil nesse mesmo ano, espalhando sua radiação mortífera, o regime comunista não durara três quartos de século, mas o que ocupou o seu lugar consegue ser ainda mais desastroso para o povo russo, porque é a institucionalização da corrupção, num modelo capitalista. E Ieltsin continuava na sombra, mas trabalhava, não pelo bem de ninguém mais que o seu, ladrão que precisava de alguém que o encobrisse, e a Rússia caiu no colo de um coronel da KGB disposto a desempenhar esse papel. O pacto de Belaveja, que era confidencial, o segredo mais mal guardado da História, vai ser declarado reconhecido pelo Soviete Supremo na noite de Natal de 91 (declaração 142-H), e é o fim da história, o segredo durou pouco, não chegou a três semanas, e não haverá mais União Soviética, URSS, os líderes comunistas reconhecem o fim de uma era, sabemos que todo fim também é um começo, e a globalização fará o resto, e o dinheiro ganhará uma nova e poderosa região para expandir seus mercados com uma malignidade peculiar nesse caso. Este segundo semestre de 1991 foi um período de golpes (tentativas destes melhor dizendo, e foram muitas, a mais notável, a do Comitê Central para restaurar seu controle sobre a URSS, liderada por Pavlov que prendeu Gorbachev), sucessivas tentativas de manter a criação stalinista, a grande união soviética, que caía de podre.
Agora, como a oferta de Krushov numa noite de bebedeira (em 1954) à Ucrânia foi desfeita por Putin, sessenta anos depois (2014), nas barbas de todo Mundo (Mundo com eme maiúsculo com todos nós lá dentro), voltando a Criméia para as mãos do poder russo (leia-se Putin) [Alguém ouviu falar aí de NATO?]. A Ucrânia vai também ser a primeira nação a ser reintegrada em sua tentativa de refazer a URSS, sua única ideologia, se assim podemos designar sua vontade de reconstruir a URSS, e que só não foi verdadeiramente ainda posta em movimento (poder para isso tem) porque essa reconstrução travaria, ou exporia, a imensa acumulação de riqueza do coronel Putin, e ele gosta mais do dinheiro que da União Soviética, seu sonho de URSS, como é óbvio.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Como diria Louis-Sébastien Mercier: "Les extrêmes se touchent", 250 anos depois de seu 2440.

Dado que a enorme pressão que a emigração mediterrânea tem causado na Europa, não surpreendem as medidas agora tomadas para atrair imigrantes com capacidades, que julguemos possam ser integrados, atração através de 'vistos acelerados' (fast track visas) e promessas de residência permanente (matéria do The New York Times de 6/11/2021). É um despertar para extremos que se tocam e repelem: As hordas de emigração, leia-se mão de obra disponível, para as necessidades de imigração, leia-se mão de obra necessária, que carece a Europa. Opostos paradoxalmente, complementares na realidade possível, filhos de uma mesma mãe, que, como Janus, umbilicais e univitelinos, mais que isso uma só entidade, e como deus que tem poder sobre todos os começos, deus dos inicios, olha em direções opostas, a nos ensinar há milênios que o fim e o começo são a mesma coisa, e, apesar da lição, ainda não aprendemos que assim é, pois que era só um, assim como emigração e imigração é só uma realidade, uma só coisa, posto que não pode haver imigração sem emigração, e esta posição dúbia de exclusão nos lança definitivamente no campo da lenda, a mística visão, nesse caso, de um deus supremo a raptar a filha do rei da Fenícia, Europa. E perguntemos quem se irá transformar em boi para tão importante ofício, e, pelo meio, que Tebas surgirá desta contenda? A estupidez, e só a estupidez tem regido o abandono dessa situação tão propícia à Europa, rico e envelhecido continente, a oportunidade de sangue novo e valente vir bater à sua porta, e o rejeitam com se não fosse vital para manter e continuar sua existência. Estupidez configurada na exclusão, prolatada em sucessivas decisões despropositadas, e assente numa cegueira cada vez mais vasta, que, entretanto agora, com essa ligeira alteração, poderá se inverter [a lijeira alteração é a da foto acima de autoria de Laetitia Vancon para o The New York Times, com imigrantes a serem treinados em Dortmund. O que é, evidentemente, bem mais sensato do que se pagar bilhões (milhares de milhões) de euros (como pagaram à Turquia) para os manter afastados (Já são 4 milhões em campos de concentração naquele país.) posição que, para além de repugnante, é profundamente estúpida para uma Europa carente de mão de obra como tenho denunciado e reiteradamente apresentado soluções em muitos artigos (Num mundo superpovoado não pode haver vazios demográficos, Perfume fascista, LEMBREM-SE ELES SÃO SERES HUMANOS, O deslocamento das pessoas, Serão recorrentes, E nada é feito, Uma atmosfera brasileira: Emigração, A Europa dos quarenta mil, "À la recherche du temp perdue" VIDAS ESTAGNADAS, NOSSA VERGONHA COLETIVA, Como os pais do Super-homem, As vergonhas europeias penduradas em Idomene..., Não se causa aflição a um aflito (*) Formação, Até que o Mediterrâneo se tinja de vermelho! A realidade sempre ultrapassa a ficção, entre outros) onde, por diferentes ângulos tenho abordado o problema dos refugiados desde seu início, tendo este se agravado cada vez mais, sem que nada fosse ou seja feito de proveitoso, sem que o humanitarismo se manifestasse, e com sucessivas máculas de desumanidade (como no caso da Hungria de Órban e na Polônia de Moraviecki, confrontada pela Bielorússia de Lukashenko, por exemplo) gerando impiedosa repulsa a gente aflita, e vertendo "sangue, suor e lágrimas", para usar uma expressão que devera ser cara à Polônia, por ter sido criada para defendê-la (tão rapidamente se esquece a História, sobretudo que o que aflige hoje a uns, já afligiu, ou poderá vir a afligir, outros) e, numa visão estritamente economicista, se desperdiçe essa oportunidade única que se oferece a uma Europa carente de mão de obra, que a não quer enxergar.
Visando analisar essa imperiosa condição, fiz um estudo que levou-me à seguinte conclusão, e que retoma a lenda, e lembremos o que nos diz André Malraux: "Les evénémentes qui touchent à la lêgende promettent l'imprévisible, diffèrent le destin" e nesta promessa de diferente e imprevisível está o mito, coração da lenda, e Fernando Pessoa nos ensinou bem que "o mito é o nada que é tudo". Portanto fundemos Tebas, cumpramos o destino de Cadmos e Zeus, recebendo não só aos pretensos "imigrantes com capacidades", precisamos de todos, e vos mostro o resultado de meu estudo que evidencia que a Europa necessita entre 16 e 23 milhões de trabalhadores braçais (not qualified workers) por variadas razões, desde a falta de braços, até a recusa a desempenhar estes ofícios da nova geração com muita formação que a Europa rica pode criar, e que não se dispõe a trabalhos braçais (incluam aí também a falta de gente morta pela pandemia). Atualmente muita gente de pequenas populações em comunidades agrícolas pela Europa fora, estão sendo chamadas a salvar colheitas e safras, por falta da mão de trabalhadores sazonais. Temos portanto um buraco de mão de obra para serviços temporários e/ou descontínuos, como: 1. Plantios e colheitas, 2. Apanha de frutas, 3. Produções sazonais, 4. Limpeza das matas, 5. Múltiplas manutenções, 6. Serviços transitórios em períodos específicos, 7. Trabalho na época das chuvas, 8. Trabalho na época das secas, 9. Transportes pontuais, 10. Tosquias e transumãncias, etcetera, etcetera. E ainda vários outros trabalhoosn que evitei mencionar, sendo que cada um destes pontos também se desdobram em muitos mais, segundo suas especificidades e necessidades, que só se repetem de tempos em tempos, ou só mesmo extemporaneamente. A solução é muito simples: A. Criação do Sindicato dos trabalhadores braçais. B. Processo de seleção em consulados nas diversas nações onde há gente a emigrar. C. Teste de apetências e competências dos proponentes. D. Extruturação em núcleos (de naturalidade, familiares, e climáticos). Com essa medida simples, resolver-se-ia o problema de milhões de pessoas (refugiados lato senso) e de milhões de necessidaes de mão de obra (empregos nas carências existentes nos países ricos). Será que é querer muito? Será que só a visão maniqueista, de heresiarcas persas, ou da exrema direita pode prevalecer? Ou poderá, agora que inúmeras outras migrações irão começar fomentadas pela ação feroz do Clima, haver uma tentativa de Humanidade, que poderá vir a ser o ensaio geral de soluções que teremos de buscar para continuarmos a viver bem e em grande número populacional neste planeta? Nota: Mercier em 1771 publicou, mas não em França, em Amsterdan, seu livro" L'an de 2440, rêve s'il en fut jamais, boa premunição do prolífico dramaturgo francês, um dos primeiros utópicos e pai da ficção científica

sábado, 13 de novembro de 2021

MODUS FACIENDI EM GLASGOW 2021, três canções, e seja criança.

Só há um modo de fazer, é fazendo. Entretanto como fazer admite vários caminhos e esses alteram o modo através do qual se atinge a meta: O FAZER. E nessa alteração reside toda a diferença porque se se escolhe um caminho longo, irá demorar mais, muitas coisas podem acontecer ao longo do caminho, e mesmo podemos nos perder na caminhada. Neste caminho, como em todos, sobretudo aqueles que não conhecemos sua rota e itinerário, haverá desvios, incertezas, percalços, barreiras a serem transpostas. O que virá é sempre incerto, mesmo de mapa na mão, porque no terreno acontecem coisas que não estão no mapa. Em Glasgow entramos num beco sem saída, ‘a dead end’ que termina num precipício, e é nele que estamos caindo. Estão brincando com a vida, cujo contraponto é a morte, pensam fazer economia com o que custa a vida de todos; e a falta de juízo das nações, seus jogos de interesses que se transformam em jogos de poder e possibilidades, revelando que em verdade esses são jogos florais, o que Greta Thumberg chama de bla, blá, blá. E é o que são! Por enquanto cantaremos como Mina: “Parole, parole, parole” E Alberto Lupo falsamente a tentando convencer: “Che cosa sei?” E ela bem convicta “Non cambi mai…” Ciente que é só blá, blá, blá. Na COP 26 há além do blá, blá, blá, o toma lá dá cá. E vão destruir o planeta. Já lá vão três décadas desde que sabemos que se não reduzirmos as emissões de carbono, iremos destruir o planeta como o conhecemos. Glasgow é a 5ª ação (1º Compromisso, depois Protocolo, 3º foi Acordo, agora Pacto, da próxima será o que? Desgraceira?). Falharam todas. Falhou o Rio 92, falhou Kyoto 97, falhou Paris 2015, e vai falhar Glasgow 2021, porque estão levando de ânimo leve algo que é muito, mas muito sério, pesado, muito pesado. Agora temos mais uma década perdida a de 2012/2022, porque desde o alarma até os Acordos não cumpridos de Paris em 2015, perdemo-la, como havia sido com os Protocolos de Kyoto, levaram 8 anos para os assinar (1997/2005) e depois não os cumpriram. De Paris até essa segunda tentativa em Glasgow 2021, foram mais outros sete anos jogados fora, e agora estamos já em 2022, a perdermos mais essa década. Não que nada tenha sido feito, foi feito, mas não atingiram o ponto crucial dos “acordos”, que é o da redução contínua de emissão a partir de 2020, para que fossem 50% em 2030 as emissões em relação ao que eram. Daí Glasgow em 2021, para tentar dar novo ânimo à necessidade de reduzirmos as emissões de carbono, razão do aquecimento. Mas Galsgow revelou-se um falhanço, bem pior que Paris, pois andaram para trás em relação ao que haviam se comprometido há 6 anos, vendo que isso tem de custar caro, e que irá causar atrasos nos progressos econômicos de muitos países, optaram pela insanidade, optaram por mudar de rumo e andar para trás, os compromissos que eram firmes, os protocolos a serem cumpridos, passaram a acordos em Paris, e agora serão um Pacto, declarações de boas intenções em Glasgow (Blá, blá, blá como diz Greta.) Esta década (12/22) foi uma perda de tempo ao não cumprirmos as metas, e iremos agora perder a década crucial, 21/30, ou 22/32, quando temos mesmo que reduzir em 50% as emissões até 2030, para evitarmos a catástrofe, e preparar o processo de neutralidade para que em 2050 sejamos neutros em emissão de carbono, única situação que nos poderá salva, mas mesmo 2050 já poderá ser tarde, ainda mesmo se cumprirmos os objectivos, ainda teremos problemas, se não, será fatal. Ao perdermos esta década que agora começou, chegaremos à uma situação onde o clima, braço armado da Natureza, irá mostrar toda sua força, e o preço que cobrará em vidas(animais, vegetais e humanas), fome, miséria, e destruição será enorme. Tivemos pela Graça Divina um aperitivo para ver se assim punham juízo nas cabeças ‘coroadas’, com as evidências do aquecimento que estão por toda parte, e, ademais,o interregno da pandemia deu que pensar, saíram alguns idiotas do poder com seu negacionismo, mas sua ação continua viva nos milhões de idiotas seus seguidores, e, entretanto, o relógio não para. Não há tempo para pôr juízo em tantas cabeças tontas, adultos adulterados pela má formação de suas personalidades. O que nos leva à segunda canção, na voz de uma amigo querido que perdi, Gonzaguinha, com “a pureza da resposta das crianças” no seu adorável samba, para “Viver e não ter a vergonha de ser feliz” – “O que é, O que é?” (É o que basta, ou deveria bastar, a cada um de nós, mas a ganância é demasiado grande!) Hoje temos crianças ajuizadíssimas e adultos estúpidos até não mais poder. Que raio de mundo é esse que necessita das crianças para nos impor responsabilidade? E poderão as crianças salvar o mundo? Porque os adultos estão a destruir o planeta, e vão dar cabo dele. Não entendendo que estamos a beira de um precipício, o que não nos dá oportunidade para continuarmos a caminhar, alguns países, com todo o direito do mundo, entendem que os países ricos poluíram à vontade para acumularem sua riqueza, agora, que é chegada sua vez, não podem porque o mundo não aguenta mais (China, Índia, Brasil pensam assim.) e querem adiar mais umas décadas o inadiável processo necessário a evitar nossa destruição global. Ninguém imagina que os ricos irão dividir sua riqueza para evitar o caos, pagando, por assim dizer, para que estes que se querem desenvolver, parem de poluir. E por outro lado temos os países que vivem quase exclusivamente da venda de petróleo (Arabia saudita, emirados etc..) que não querem ver seu negócio acabar, posto que os combustíveis fósseis são os únicos responsáveis diretos pela poluição carbônica. Outros, como a Rússia, o quarto maior emissor, querem mais décadas, e também como exportador de petróleo, não pensa abrir mão desta riqueza; estamos saindo do antes e indo para o depois, e depois não vai ter jeito. Iremos abrir a caixa de Pandora, e libertar todos os males, como se os que já temos fossem poucos, pela incúria e menoscabo dos líderes (os ausentes, a que chamo coroados) frente a um problema que vem a galope [O problema é que NÃO TEMOS MAIS TEMPO.] o que nos leva à terceira canção, esta de Sergio Endrigo, em que é dito que só tinha você, e é a Natureza falando a ela mesma (“Io ho avuto solo te”) para concluir: “Io che amo solo te, io mi fermerò, e ti regalerò, quel che resta della mia gioventù.” E não resta uma década! Envelheceram e desgastaram a Natureza. E se continuarem irão destruir completamente o planeta. Por fim pedindo-Vos que ouçam as canções por inteiro, digo-Vos que o modus faciendi em Glasgow foi o recuo dos compromissos, caminharam para trás num suposto pacto, como se houvesse mais tempo, a factura não tardará a chegar. Poderia cantar uma quarta canção, mas seria por demais macabro, aguardemos.

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Depois de milhares de crónicas, e mais de 200.000 leitores...

No dia do grande incêndio de Chicago, e do nascimento de Perón o Fcaebook me bloqueou. Fico contente, mais que tudo porque estou em excelente companhia. Para começar bloqueou também duas mulheres fantásticas: Margareth Atwood e J.K. Roling, poderia querer mais ou melhor? E bloqueou instituições respeitabilíssimas, blogues fantásticos, coisas sérias que não atraiam os facers, porque o que os atrai é o sensacinalismo. Retiraram 160.000, foi à grosso, sem critério, sem análise! Primeiro a condenação, depois o julgamento. Isso dá-me repulsa. Penso que se na época de Jesus Cristo huvesse facebook, Jesus teria sido bloqueado porque suas ideias eram muito avançadas para seu tempo, e contradiziam o statesman que é o que dá lucro.
Esse pimeiro parágrafo dá uma ideia bem verosímel do que é essa rede, voltada exclusivamente para o lucro, sob a capa do social. UM MONSTRUOSO PERIGO QUE SE AGIGANTA SEM CONTROLE, movida tão somente (ou talvez ainda mais) por interesses econõmicos, e se mais, ocultos ou espúrios. Fico por aqui! É evidente que esse comportamento da empresa que gere esse espaço, não recomenda a participação nele. A censura, a truculência, a mão dura e a falta de critérios claros, abrindo espaço aos de conveniência, são definitivas para quem não vai na corrente. Meu afastamento, penso, será definitivo por meu próprio moto. Só critérios muito claros e definidos, e um vigoroso pedido de desculpas permitiria-me voltar. Agora será Meta, cuja meta se enquadra nesse mundo acéfalo que pretendem criar, cibernético,artificial, controlado, algorítmico e desumano. Confrontem com as regras do Google, onde publico os mesmos conteúdos, e que nunca sofreram qualquer admoestação ou limitação, onde diz claramente o Google: " Acerca dos presentes termos Por lei, tem determinados direitos que não podem ser limitados por um contrato, como os presentes Termos de Utilização. Estes termos não se destinam, de forma alguma, a restringir esses direitos. Estes termos descrevem a sua relação com a Google. Não criam quaisquer direitos legais para outras pessoas ou entidades, mesmo que outros beneficiem dessa relação no âmbito dos presentes termos. Pretendemos que estes termos sejam fáceis de compreender, por isso, utilizámos exemplos retirados dos nossos serviços. No entanto, é possível que nem todos os serviços mencionados estejam disponíveis no seu país. Caso se venha a concluir que um determinado termo não é válido ou exequível, tal não afetará os restantes termos. Se não seguir os presentes termos ou os termos adicionais específicos de serviços e não tomarmos medidas de imediato, tal não significa que estejamos a abdicar de quaisquer direitos que possamos ter, como tomar medidas no futuro." O facebook limita, censura discricionariamente, e arbitrariamente através de algorítmos voltados para incrementar seus lucros, e o faz à cabeça, o Google não abdicando de nenhum de seus Direitos estabelece termos claros e tomará medidas, inclusive legais se encontrar de facto atitudes que prejudiquem aos demais.É incomparável Google e Facebook.
Falemos então do que de bom fica. Quase 210.000 pessoas que empregaram seu tempo e refletir comigo sobre os mais variados temas, desde a sexualidade humana, até a sua espiritualidade (o animal e o Deus em nós) passando pela política, pela Justiça, pela economia, pela língua (várias), pelas religiões e por toda a gama de expressão e expressividade humana, em textos fortes, é verdade, de leitura exigente, bem o sei, mas que davam,a tos aqueles que os leram, aos que muito agradeço, uma perspectiva muito particular e específica do que é esse mundo de meu Deus. Mais não poderia querer, e num espaço verdadeiramente aberto que servisse de facto a Humanidade, é um sonho necessário e desejável, para qual estarei disposto a contribuir com minhas pequeninas capacidades, e imensa vontade de que venha a haver um mundo melhor. Entretanto o que se antevê no horizonte é a rede "social" do sr. Trump, poderá haver momento mais lamentável para uma ideia e um veículo de grandes possibilidades como são as redes sociais? Um ambiente insalubre só pode ciar mal. Lembro-me a perfeita frase de Goya: "El sueño de la razón produce monstruos.", onde nesse "capricho" de uma empresa que dá espaço a todos para s controlar e escravizar, leva a que a Razão seja a de quem não a tenha, mas sim o poder de controlá-la, pior Mal, e mais tenebroso mnstro não pode haver. Aos que gostam de me ler digo que estarei por aí, na Google com meu blog O Olho do Ogre, no Tweeter, no Linkedin com a edição da minhas crônicas, como sempre estive, tanto em meu nome, como também com o hdocoutto.blogspot.com (coutto com dois tês) e com o indefectível O Olho do Ogre. Mais uma vez agradeço aos leitores, peço perdão se de algum modo feri quem quer que fosse, e seguirei esperando que os meios e veículos que a Humanidade inventa, e invente, sejam para seu aperfeiçamento, sua justiça e expressividade, bem como elemento de manifestação democrática, livre, e aberta, mais que tudo.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

ANTONIO GALA *2/10/1930

Nos seus 90 anos, publicada nos 91. Hacer gala de Antonio Gala no es Es enseña-la Magia que alcabo Es liturgia A nadie, sin menoscabo Que nadie se lo compara Es unidad Exclusividad rara Sea como sea que continua y non para.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Afeganistão, uma lição africana.

Um país que não poduz nada, ou muito pouco. Um país em que suas riquezas estão nas mãos de outros (suas minas, suas fábricas, sua produção) é uma bomba relógio. A ganância e o egoísmo de uns quantos, tem levado ao fracasso e à miséria países que querem criar uma economia produtiva, e que, tendo perdido as 4 revoluções industriais, hoje só podem produzir e exportar, guerras, terror, drogas ou miséria. O retrato do Afeganistão pela mão do terror choca, e faz reclame do que seja, e é, a miséria, e do que é a nossa incompetência em acabar com ela. Os EEUU gastaram trilhões no Afeganistão, e deixaram um país pior do que o que encontraram. Porque? Os muitos retratos dos muitos países d'África, estão cobertos pelo manto do silêncio, um silêncio cúmplice com a miséria, e a falta de perspectivas, sob o qual fermentam desgraças futuras para o mundo, que, desplicente e egoísta, canta alegremente sua riqueza e quase nada faz para evitar essa situação, não entendendo que só temos um mundo, e ele toca a todos nós. Criamos, portanto, uma bmba relógio. Temos então uma bomba relógio. Ouçam o seu tick tack, dêm-se conta que só há um planeta, e ele, menor cada vez mais, como se torna super-povoado, e como se tornou com os avanços tecnológicos, está todo comprometido, e poderá explodir como dinamite se não entendermos que estamos todos no mesmo barco. A lição que se deve tirar do Afeganistão é sobretudo africana. Há trinta anos eu escrevo sobre esse tema, para lembrar que África espera pela presença do mundo rico lá em suas terras, lindas e portentosas. Não como colonizadores, como já estiveram, não como conquistadores, como já foram, mas para criarem um ambiente de prosperidade (higiene, saúde e emprego, é o que basta) não se espera riqueza, só sanidade e oportunidades de trabalho, nada mais, repito. Esse continente esteve séculos nas mãos dos colonizadores que não conseguiram deixar lá o básico sequer, salvo exceções pontuais. Colonizar, essa palavra estranha, que significa promover a colonização, e colonização significa colonizar. Num ciclo vicioso dicionarizado, que bem expressa na realidade, sua infrutífera condição, vale dizer: As riquezas africanas só eram frutíferas nas mãos dos povos que as colonizavam, em mãos africanas são o vazio, a improdutividade, e a miséria. O exemplo afegão é nitidamente a visão atualizada da colonização, de que a presença dos poderosos não consegue ser inclusiva, não consegue legar prosperidade, só miséria. Esta incapacidade se deve ao fato de sua presença não chamar a todos, não os inspirar, estabelecendo o nós/eles, e quando o nós vai-se embora, ficam os eles sem nada. Nem um maldito exército foram capazes de criar, apesar de todo o equipamento e recursos que lá puseram. O porque, a causa é muito simples de se entender: Nã há corpos sem alma. Se a alma não existisse, ou nã fosse necessária a ciência já tinha vencido a morte, como vai vencendo com sua farmácia fantástica, com sua medicina incrível, mas que não reúnem forças suficientes para dar alma a um qualquer corpo. Sem vontade, sem desejo, sem ambição, sem amor, sem sonho, não há alma, só há um corpo que ali fica moribundo, que inerte será cadáver brevemente. Os novos colonizadores não esqueceram nada, mas não aprenderam nada (como os Bourbons no dizer de Talleyrand-Périgord) porque o poder e a riqueza cegam, estupidificam. E desta cegueira a desgraça afegã que hoje vemos, a desgraça africana que ficou, em estruturas físicas que remanesceram, ou abandonadas, ou sem uso, ou com uso impróprio. Fábricas que nada fabricam, mercados que nada vendem, hospitais que não geram sanidade. Os colonizadres foram mentores de sua riqueza e da miséria alheia, incapazes de transmitir seu saber e capacidades, deixando a desgraça como herança e, como no dizer de Luís XV: "Après moi le déluge."

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

ANTOLÓGICAS 14.

“Fay ce que voudras” Divisa da abadia de Thélème No Gargântua de Rabelais. Fais ce que voudras... Le seul que tu tiendras Quando tout, en plus, ne resterá (*) Fais ce que voudras... Le que tient dans ton domaines A tout que est seul même A tous que tu payerá... Fais ce que voudras... Comme une présence Parce que la conscience N’en plus ne te possederá. (*) Ou: Quand tout en plus, ne resterá.

sábado, 11 de setembro de 2021

Sesquicentenário de morte de Júlio Dinis.

Vagam pelas ruas da Póvoa as pupilas, sôfregas de encantamento, e Madalena Constança segue por Grijó, em Gaia, cheia de bondade. Os Pedra-branca no Porto, em folhetins das cenas da vida da cidade, lentamente conflituam-se em vários momentos não explicados, talvez por ser "meridional pelo clima" não aclimatado ainda nos sentimentos, prossegue num enlevo que se desenrola e evolui na sensibilidade, causando certo frenesi. E haverão sempre os "Serões da Província" onde será lembrado. Foi Diana Aveleda n'"Os Novelos da tia Juliana" e no "Espólio do Senhor Cipriano" numa ingeniudade muito mais que feminina que começou a desenrolar o novelo desta escrita . Os fidalgos da Casa Mourisca trazem a sombra de ser póstumo, mas não menos atrativo,os Negrões de Vilar de Corvos, o pai e os dois filhos, nos envolvem e fascinam em suas pequenas tragédias familiares. Este universo criado pelo médico romântico-realista, poeta, teatrólogo e romancista, Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que ninguém conhece, e que nos deixa neste 1871, há 150 anos, com menos idade do que o Cristo chegou a ter, roído pela mesma doença que matara-lhe a mãe, cujas saudades não se dispersam, no reflexo de sua criatividade larga, cuja memória deve ser lembrada, imortal Júlio Dinis. Foi muito cedo, avassalado pelo mal dos poetas, tuberculoso incurável, teve sua ilustre vida literária debastada prematuramente, foi o escritor que pode na pele do médico que não pode ser, impossibilitado pela maldita doença do século, que os ares da Madeira, que procurou por duas vezes, não conseguiram debelar. Joaquim Coelho será para sempre Júlio Dinis, que aqui recordamos neste dia em que nos deixou com toda sua graça e magia no dizer, mestre da Literatura Portuguesa. Oh! Que chama-me Constança para o lanche...

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Morreu meu protector Jorge Sampaio.

Portugal tem uma raiz inglesa que ficou da proximidade secular com aquele país, que no início do século XIX atingiu um clímax. Esta linha de ação e de procedimento que brotava dessa raiz, formou muito da elite portuguesa, inglesando parte da alma nacional lusitana. Dr. Jorge Sampaio era moldado por um anglicismo muito forte, aquela forma de estar e pensar que baseia-se sobretudo na auto-suficiência, na retidão de caráter que deve revelar-se sempre em todas as suas ações, e numa visão da globalidade, filha da manutenção do Império. Estas características são tão fortes que os ingleses costumam pensar igualmente em face de qualquer coisa que afete o bem estar do império. Não mais havendo império, manteve-se a forma de sentir e interpretar as coisas. Nessa forma da cultura inglesa, moldou-se seu coração cultural (Dickens e Britania, the rule of law.). Assim era seu coração legalista. Este anglicismo do Dr. Sampaio provinha da sua formação, sobretudo emocional, além da cultural, porque vinha de casas onde se lia e lia, muito em inglês, e teve sua cultura formada também por um forte mergulho na fabulosa cultura inglesa. Falava melhor inglês que português. A avó de Dr. Jorge que o educou, se uma criança lhe fazia uma pergunta, fosse qual fosse, ela respondia sempre em inglês, despertando absolutamente o interesse da criança para esse idioma. Esta Senhora era uma old lady da Vila de Sintra, aquela vila que também era de Byron, cujos encantos e atmosfera molda quem lá vive. Dr. Jorge Sampaio era um sintrense de quatro costados, e um britânico nas reações de seu comportamento social. Um Gentleman. Filho da alta elite que vinha desde a monarquia, passando pelo Estado novo, um seu avô foi ministro de Salazar, e seu pai, médico, viajava por países de língua inglesa, viajens que mostraram ao menino Jorge o desenvolvimento desses países, e a formação de seu estrato social, integração que ele ambicionou que houvesse bem em Portugal, tornando-se socialista, o privilégio que sempre gozou por nascimento ambicionava para todos, era seu coração humanista. Na política, cuja prática é muitas vezes a arte do engano, manteve, o que ficará como sua marca, os valores que tinha consigo e que não os abandonaria por nada, era a voz de sua vó, os comportamentos aprendidos na casa paterna, a ética profunda com uma alargada componente judaica, de suas origens maternas, tudo junto tornando-o uma 'avis rara' em cenários muito flúidos como o da advocacia e o da política, o que causava algum espanto por seu procedimento recto inabalável. Era seu coração ético. Conheci o Dr. Sampaio em Sintra, eu tendo chegado aqui há pouco, emigrante ao volante de uma carrinha, e ele, presidente, a atravessar a rua que fica por detrás do restaurante Apeadeiro, para ir numa daquelas casinhas que ficam penduradas sobre a encosta que decllina a partir dali. Ia só com seu ajudante de ordens a alguns metros, e surpreendeu-se ao ver que eu freara abruptamenteao para lhe dar passagem, ao mesmo tempo que gritava da janela da carrinha: Para esse eu abro alas! Numa reação minha ao que sabia de sua vida, pois como eu fui preso político, respeito muito quem os defende. Ano e meio depois estava já lançado no antiquariato, ambiente de muita intriga, inveja e maledicência, e receoso de que me incomodassem por estar ilegal em Portugal, quando cruzei-me com ele numa recepção a que fui convidado, logo aproveitei a oportunidade para lhe pedir algo que me legalizasse entretanto. Ele, lembrando-se do motorista da carrinha de Sintra, que terá achado engraçado, no mínimo, prontamente mandou elaborar uma carta convite à minha pessoa, que, sendo convidado do Presidente da República de Portugal, estaria de certa forma protegido em solo nacional. Ele efetivamente se preocupava com o próximo, era seu coração cristão. Anos mais tarde fiz amizade com se cunhado, o Dr. Ritta, que gostava muito de antiguidades, e ele me contou que a irmã, D. Maria Ritta, fora cobiçada por meia Lisboa, porque era uma mulher muito linda, dos pés a cabeça, e que não dava bola para ninguém, e lá o Dr. Jorge com sua elegância, conseguiu chegar ao coração da moça. O que nos leva, esta sua elegância e paixão por D. Maria Ritta, a um incidente nos Jerónimos, quando numa recepção orquestrada pela igreja católica, não põem cadeira para D. Maria Ritta ao pé do Dr. Jorge, por ele não ser casado na Igreja com a sua mulher. Dr. Sampaio não faz caso, manda o ajudante de ordens ir buscar uma cadeira e pô-la junto da dele, causando imenso tumulto na cerimônia. Não iria transigir com um melindre (se não uma ofensa) à mulher que ele amava. O Andrezinho ainda comenta: "Viu pai no que dá não ser casado com a mãe". Era seu coração galante e determinado, de marido de indeclinável dedicação. Passados mais anos nos encontramos num evento de Rotary, ele já estava muito debilitado, tinha uma saúde frágil, viveu muitos anos assim, mas continuou sua obra. Nesse evento ele gostou de me ver plenamente integrado na vida portuguesa, não disse nada, seu olhar disse tudo. O Dr. Jorge Sampaio foi um homem único, a quem dedico meu respeito, e minha saudade, bem como minha gratidão, porque me fez chegar a carta convite sem a menor restrição e sem a menor indicação, era apenas um ato de defesa de alguém que estava com um problema, atitude que teve sempre ao longo de sua vida, defendia incondicionalmente os que necessitavam de proteção, era seu coração humano,"de carne" (Ezequiel 36:26) com sentimentos, mais que tudo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Septembereleven forevermore.

Os aeroportos tornaram-se um inferno. As secretas, que já eram muitas, multiplicaram-se. Os ódios e temores multiplicaram-se também, e as suspeitas e repulsas atingiram níveis impensáveis. O mundo ficará para sempre dividido. O Islão passou a ser sinônimo de terror, e toda cultura diferente da nossa passou a inspirar temor. Um atraso evolucional tremendo. Foi uma desgraça o malfeito da Al-Qaeda. Bin Laden será o demônio liberto da garrafa que para todo o sempre nos aterrorizará. O século XXI inaugurou-se com um conflito que perdurará muito para além de sua ação, instrumentalizando uma reação preventiva que cada vez mais se enraiza no cotidiano, criando um desassossego crescente, uma repulsa que se cristaliza, uma separação quase abosluta de culturas que deviam se aproximar, como que erguendo uma muralha intransponível entre povos de diferentes ideologias e religiões, com consequências que ainda não somos capazes de avaliar totalmente, porque seguem num crescendo. 20 anos volvidos nada melhorou, mais guerras foram travadas em seu nome, e as datas do horror se multiplicaram para além do september-eleven, hoje também temos o Marzo-once (Madrid 2004), o 7 janvier (Paris 2015), os 13 N (Paris e St. Denis 2015) e muitos mais dias de horror pelo mundo fora, criando um calendário de desgarças. Jihad, guerrilhas e guerras, por fim tendo como reação uma guerra contra o terror, que, como a guerra-fria, existe invisível na maior parte do tempo, e que se mostra espradicamente sangrenta em datas certas. E estamos encurralados neste beco, neste callejón nessa rua sem saída, nessa ruelle, neste alley, no dead-end, nesse impasse. E não nos conseguimos nos libertar para avançarmos em entendimento. Para além de toda a tristeza, para além de toda a dor, das ausências com as mortes das vítimas, temos a revoolta e o ódio, já que ficamos marcados a ferro e fogo por esse malfeito do 11/9. Quem hoje não lança uma prece quando vai a um aeroporto pedindo que nenhuma desgraça como essa suceda. Vivemos tempos duros, nada como no tempo em que uma mala esquecida num terminal criava como única preocupação encontrar seu distraído dono. Hoje chama-se logo o esquadrão anti-bombas. Eu que tantas vezes viajei pelo mundo com a doce sensação de aventura, hoje viajo com o ferrete do terror a regular meus atos, a me incomodar no embarque e no desembarque (Quem já foi a Israel terá péssimas memórias do desembarque num de seus aeroportos.) com a terrível pressão e condicionamento, que impera no controle de passageiros, de nossos movimentos e atitudes. Nunca mais haverá inocência, as cinzas do incêndio das torres gêmeas espalham-se, e seu fumo intoxica a alma de toda gente. Será onze de Setembro para sempre.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

FOMOS DEIXADOS AQUI PARA MORRER.

Ao abandonado povo Afegão. Afeganistão, Afeganistão Oh que grande cemitério! Devem estar em crer OS QUE RESISTEM AOS TALIBÃS: 'Fomos deixados aqui para morrer'. OS QUE APOIARAM OS INVASORES AMERICANOS: 'Fomos deixados aqui para morrer'. Devem estar em crer AS MULHERES, POR SEREM MULHERES: Que foram deixadas aqui para morrer! E OS QUE ACREDITAM NA LIBERDADE: 'Fomos deixados aqui para morrer' COMO OS QUE ESTÃO DISPOSTOS A LUTAR POR ELA Não podem, certamente, deixar de crer Que foram deixados para morrer.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O CRIME DE SER MULHER.

Um Incêndio que houve. Houve um incêndio na floresta e os bichos todos puseram-se a fugir do fogo, indo em direção a um rio que bordejava a mata, com a intenção de atravesarem o rio para se porem a salvo do incêndio que consumia tudo por onde passava. Assim também fez um escorpião, seguindo a onda de animais que corriam fugindo ao fogo. Chegados à beira do rio, se atiravam nele para atravessá-lo e porem-se a salvo das chamas. Quando o escorpião chegou à margem, tendo seguido seu instinto de fugir e salvar-se, não conseguia atravessar o rio largo e com correnteza, por não saber nadar, muito menos naquelas águas movimentadas. Viu na margem o sapo que também ia atravessar o rio para evitar o fogo que se aproximava veloz. Pede então ao sapo que o leve às costas, porque não sabe nadar. O sapo nega. O escorpião perguntando a razão da negativa, e dizendo que pesava muito pouco, e que em nada iria atrapalhar o sapo, e como o sapo ia mesmo atravessar o rio era apenas uma carona (boleia) que lhe dava, sem perturbar seu destino. Responde o sapo que não é porque o possa atrapalhar, mas matar. Como? Contesta o escorpião. Me ferrando com seu aguilhão, responde o sapo. Vamos nadando e uma bela hora você me pica. Diz o escorpião: Esqueceu-se que eu não sei nadar? Se o pico, voce morre e eu também, que me afogo. E insistiu para que o sapo o ajudasse. Refletindo bem, o sapo vendo o fogo chegar perto, e sabendo que se não levasse o escorpião, ele iria ser devorado pelas chamas. Bondoso, o sapo aqueesce, e diz: Vai, trepa aí! Quando chegam ao meio do rio, o escorpião pica o sapo! Diz-lhe o sapo já nos estertores: Eu não havia dito? E agora? Agora eu vou morrer também! Diz o escorpião. Então porque fez isso ? Contesta o sapo. É mais forte do que eu, é minha natureza, não me pude conter. E morre afogado juntamente com o sapo que se afoga, paralisado pelo veneno do escorpião. A fêmea da espécie. Diz com sua sabedoria e ginga, que o Brasil deu a esta norte-americana, compositora de mão cheia, em sua graça exepcional: "A mulher é um bicho estranho, todo mês sangra" "Por isso não provoque, é cor-de-rosa choque, não provoque." Assim é, mas levou milênios para terem seus direitos reconhecidos, e uma mulher poder dizer isso. Até 1870 nem alma tinham (SEGUNDO OPINAVAM AS DIVERSAS RELIGIÕES), não tinham alma assim como os negros, logo não votavam, nem tinham direito a participação política até o princípio do XX, quando, durante o século passado, pouco a pouco, foram conquistando esses direitos nos diferentes países, sendo que em alguns países só há dez anos, já no XXI, foi que viram esse seu direito ser reconhecido (Arábia saudita em 2011), e até hoje há onde não tenham esse direito, entre outros. Os talibãs não lhes reconhecem nenhum direito, agora dizem que os irão reconhecer. Que haverá uma mulher ministra no governo que irão implantar. Será? Ao longo da história as conquistas femininas foram árduas, custou vidas (chamavam-se então sufragistas) e por todo lado queriam ver reconhecido seu direito a ser gente, e poderem votar: JÁ TINHAM ALMA! Mas tiveram que lutar muito para atingirem este objetivo. Nada lhes foi concedido docemente, tiveram de lutar, e lutar muito. Os talibãs. Como os escorpiões sua natureza é atacar, e, nada podem fazer contra isso, é mais forte do que eles. Podem até sinceramente pretendererem agir de outro modo, mas por suas crenças, sua natureza violenta, seu passado beligerante (os atuais talibãs, todos nasceram durante o desenvolvimento de suas guerras), em longas e sucessivas guerras que travaram, o que reforçou seu modo de ser. Suas crenças se não acham que as mulheres não tenham alma, se têm, são de natureza inferior. E os sapos são, preferencialmente, na visão talibã, as mulheres, que devem ser picadas. Quem viver, verá! E como não usaram burca. Quando perdeream o governo do Afeganistão os talibãs mantinham a obrigação da burca e dos pés cobertos para todas as mulheres afegãs. Tão logo puderam, as mulheres se livraram deste tremendo instrumento de tortura e humilhação - a tortura de viverem enjauladas numa vestimenta que só lhes deixa respirar e ver através de uma tela que vai dos olhos ao nariz, mas que não as deixam ser vistas, com todo o corpo coberto, inclusive a cabeça pela terrível burca, e a humilhação que isso reptresenta. Por isso as mulheres que, da primeira vez foram poucas,não usaram a burca foram severamente castigadas por essa infâmia, desta vez não. A amnistia. Desta vez não, não irão ser castigadas, porque foram já amnistitadas de terem cometido essa grave ofensa, esse terrível crime. Perdoadas entretanto, uma vez que foram amnistiadas desse terrível crime de terem nascido mulher.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

MOEDAS DE POUCO VALOR.

Os alfacinhas não se enganam! Fazem sua escolha, e farão com que haja uma maioria absoluta naquilo em que vêm valor, desse modo descartando Moedas sem valor.
Terminado o jogo de palavras (NÃO SE ESQUEÇAM QUE AS PALAVRAS GUARDAM INTENÇÃO), também sem esquecer que elas dizem das coisas e da realidade, como queria o grande poeta lisboeta José Carlos Ary dos Santos: "Há que dizer-se das coisas o somenos que elas são..." E sem o jogo destas tão importantes expressões que nos permitem tudo em comunicação, temos que a arrogância e a supervaloração a que se deu o Dr. Carlos Moedas, e que foi muito bem filtrada pelos lisboetas, que agora caminham a passos largos para dar ao Dr. Fernando Medina a maioría absoluta, importante fator de estabiidade para quem , como ele, todas as semanas ataca um ponto fraco da cidade, com sucessivos programas que os visa recuperar ou eliminar. Força jovem e determinada, o Dr.Fernando Medina mostrou bem seu valor com os seus muitos e adequados programas, sempre incançável nas medidas necessárias para, além de mudar o panorama urbano, acorrer aos munícipes, fazendo funcionar o elevador social, como não acontece em mais nenhum outro lugar em Portugal, e em poucos no mundo. Na verdade em muitos municípios não acontece por falta de recursos, mas em outros, abastados, bem como nas regiões autónomas que têm grandes recursos, não acontece por falta de ação política e determinação de seus governantes, essa mesma determinação que sobra ao Dr. Medina. A administração municipal começa no ar que você respira, e na lixeira onde você joga o lixo, e termina nos programas culturais com os quais você se pode divertir, passando pela habitação popular e pelos serviços de atendimento aos cidadãos. E quem conhece os serviços da Câmara de Lisboa, ou a eles recorre, faz bem idéia da ação da administração FERNANDO MEDINA. Por isso sua re-eleição como escolha forte dos eleitores. Nisso, no reconhecimento do trabalho materializado, reside a expressiva cotação de Fernando Medina, que segue a todo vapor para a eleição com maioría absoluta. Quanto às outras Moedas, terão curso forçado, porque cada um escolhe a moeda que lhe apetece utilizar, porém quando estas Moedas precisam de ter aceitação compulsória, o que ocorre com as MOEDAS que não têm valor em si mesmas, necessitando de um curso forçado para poderem circular, -curso forçado- é a expressão que se usa em Economia para designar quando as Moedas sem valor, para poderem circular, empregam a artimanha de sua aceitação compulsória. Não em Lisboa, porque em Lisboa nada pode ser imposto, porque o lisboeta é livre.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

... 60 anos de resistência democrática, a dos que defendem o Brasil, já era antes e o é agora. (1961 - 2021)



Foi em 25 e 26 de Agosto de 1961 que o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel de Moura Brizola, começou a defender a legalidade, com uma resistência democrática justificável a todos os propósitos, apesar de envolver uma resistência armada. Criou um movimento cívico para dar posse ao vice-presidente Jango Goulart, como determina a Constituição com a renúncia do presidente(Jânio Quadros havia renunciado a 25 de agosto), e os ministros militares haviam vetado a posse do vice, eleito autônoma e separadamente em voto direto por milhões de eleitores, como se fazia então o processo eleitoral. Era a resitência primeira à ânsia do golpismo. O ansiado golpe, que só viria anos depois, no 1º de Abril de 64, que, ao corrente da situação, o próprio presidente tentou dar, antecipando-se, (como haviam feito os militares em 55) com a esperança de tornar-se ele próprio seu sucessor (só que com novos e alargados poderes) o que não se deu, bem como não teve êxito a ação militar dos centros de poder das forças armadas em vetarem o nome de Jango, um latifundiário com simpatias à esquerda, não um homem de esquerda, mas que, como vice-presidente, era quem tinha o Direito e o dever de ser empossado.
A voz do povo falou mais alto. Preparado em detalhes, o golpe de Jânio tinha como primeira medida ver afastado o vice (Jânio havia mandado Jango em missão comercial para a China, o mais longe possível do Brasil, o afastando de poder esboçar qualquer reação), e como segunda o veto ao nome do vice, previamente combinado com seus ministros das forças armadas (Jango foi vetado pelos três ministros militares) e, por fim, como elemento catalisador para o golpe, sua renúncia. Posto em marcha o plano do golpe, restava esperar que o vazio democrático que este criaría, viesse a dar espaço a um governo forte (na triste tradição republicana brasileira) para abrir espaço ao retorno de Jânio com poderes alargados, e, no caso dos militares (A junta: Denys-Heck-Moss) apoiarem outro nome, por não haver consenso, ou a situação não o permitir (como foi o caso), ao menos instituírem um novo regime, o que efetivamente ocorreu. E o Brasil foi parlamentarista por uns poucos anos. Reagindo contra o golpe iminente, as forças democráticas movimentaram-se, mas havia pouco a fazer, o país estava dividido, assim como os militares em geral, e a possibilidade de uma ditadura estava bem próxima. Esperava-se pela reação militar para ver a correlação de forças, e no que iria dar a movimentação dos dois lados. Entretanto muitos militares apoiavam a legalidade, tendo o ministro da guerra mandado prender alguns dos mais importantes líderes militares contra o golpe, inclusive o Marechal Lott. E implantaram a censura (Telefones, telégrafos, radios) e Lacerda, no governo do Rio (o então Estado da Guanabara/Cidade do Rio de Janeiro), valia-se de seu jornal para criar uma corrente de opinião favorável ao golpe, ao mesmo tempo que as forças janistas se movimentavam pelo retorno do presidente que renunciara, o processo estava conflagrado. A difícil reação e resistência ao golpe patrocinado pelo poder instituído, só tinha uma força absoluta a seu favor: A OPINIÃO PÚBLICA NACIONAL.
Dar voz aos distantes. A inglória tarefa de permitir que essa opinião do povo fosse ouvida, era uma ação praticamente impossível, enquanto isso as forças do golpe movimentavam-se céleres. O povo estava distante do poder e de poder fazer valer sua vontade, ou ser ouvido, suas opiniões eram expressas na família, em suas casas, com os amigos, com os colegas de trabalho, lugares distantes da decisão política, e por lá ficavam, como que esquecidas. Como fazer esta opinião vir ao de cima e se manifestar efetivamente? Fazer-se ouvir, e ser apreciada, contando na decisão que deveria ser tomada? [Como sempre estava em jogo o modelo econômico brasileiro: os do golpe queriam, repito, como sempre, 1- A desvalorização da moeda. 2- Corte dos gastos/eliminação dos investimentos públicos 3- Restrição ao crédito/fim dos subsídios, a eterna receita do FMI, e eram ainda Contra a Reforma Agrária (que afinal até hoje nunca se realizou)]. Como manter a mobilização pela posse de Jango, a legalidade ? Como fazer isso a nível nacional? A solução concebida pelo Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, foi, através de uma cadeia de emissoras de rádio (que era o meio de comunicação mais eficaz então, a televisão estava se implantando) manter no ar permanentemente o assunto, foi assim que nasceu a Cadeia Radiofônica da Legalidade, para dar voz ao movimento de resistência que surgia, e resistir com as forças das armas, se necessário, ao mesmo tempo contactar todos os elementos representativos por todo o país concitando-os a que resistissem ao golpe. E assim foi. Resistiram, os golpistas tiveram de esperar mais quatro anos para consumarem seu golpe, e fazerem-no mais organizadamente, para poderem estabelecer uma ditadura militar, como fizeram. E ficaram no poder por duas décadas, e nós continuamos resistindo, até que, eles vendo que a resistência era forte, e que não se iriam manter, abriram o poder, permitindo a volta dos exilados, dos perseguidos e torturados, que tendo resistido, ou tiveram que sair do país, ou ir para a clandestinidade. Três gerações já. Da minha vida são já sessenta anos, onde, quando chegou minha vez, tive de escolher um lado, no qual me mantenho, e resistir, e vamos continuar resistindo, como sempre.

domingo, 22 de agosto de 2021

A volta do califado: o primeiro Estado talibã.

Tudo tem um preço neste mundo, e tudo volta, "A história se repete sempre" "a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa." Farsa ou tragédia? A famosa reflexão de Marx sobre a constatação de Hegel de que os fatos históricos relevantes acontecem duas vezes, é feita bem sabendo que ambas as ocorrências se dão condicionadas pelas circunstâncias, e que essa limitação desvia, quase sempre, a ação do ator histórico de sua intencionalidade original, resultando seu projeto, quando se põe em confronto com a realidade, na conjugação do que pretendia com aquilo que os ditames das situações lhes dá margem a que faça. Tendo ocorrido uma, com todo o esforço de sua ação trágica, muitas vezes um banho de sangue, ocorre a segunda condicionada pelas fronteiras estabelecidas pela primeira que a modificam e sugestionam. Consciente que as características orgânicas de uma ação (assim como as de uma substância) se alteram, apesar de guardar sua essência intacta, revelando um resultado diverso, produzindo nova e diferente realidade, nova coisa, como nova e diferente foi a oportunidade que a facultou. Os califados islâmicos. O califa, 'sucessor' de Maomé, que instituiu um Estado Islâmico, ou seja aquele Estado que é governado segundo a sharia, a lei religiosa do Islão, que, adotada, circunscreve todas as atitudes, vontades e ações de seus seguidores, ao respeito estricto de suas normas. Muitos foram os califado que existiram pelo mundo, muitos na Europa, e houve muita guerra, tanto para se estabelecerem, como para terminarem com sua existência naqueles territórios onde passaram a existir, foi muita a tragédia que acompanhou a tragetória histórica de sua existência. Havia uma correlação de forças entre o governo existente antes, aquele que enfraquecido foi substituido por um califado, e depois com o outro que substitui o califado. E nesse processo circular a roda da história põe um e tira outros, com sabemos. Hoje a correlação de forças depende de muitas imponderáveis possibilidades, que vão desde a tecnologia, os recursos financeiros, e o acesso aos diferentes meios misteres a que se estabeleça um califado, até às vontades políticas, muito voláteis. Não devemos um confundir califado com um emirado, posto que esse, o emirado, é um governo como qualquer outro, só que muçulmano, e o poder do emirado pode ser legitimado pela população a qual governa, pelo voto preferencialmente, já o califado traz consigo o poder religioso que retira a necessidade de legitimação popular, e impõe a tirania, o poder absoluto, que suipostamente lhes terá sido conferido por Deus. Com o moderno confronto de forças, a estrutura tribal dos islamitas versus o poderio militar do Ocidente ou do Oriente, da verdadeira Ásia profunda, não admite comparação. A única coisa que nos impede retirar-lhes o poder, esse que vão mantendo sob as mais adversas condições, e ao longo de sucessivas alterações de suas possibilidades, é que só seriam/serão apeados se todos fossem mortos, o que seria um banho de sangue brutal - a absoluta tragédia - optando-se sempre pela farsa de restringirem-lhes sua capacidade de ação, os territórios que ocupam, e o confronto direto por quem tem os meios para os conter, ficando-se sempre por uma série de ações cirúrgicas, o que implica uma guerra que não é guerra. E para qual a resposta, não só em seus territórios, mas a nivel global, é o terror/terrorismo. O passeio talibã. De Kandahar a Cabul, até entrarem no palácio do governo afegão (um governo que não se governava nem ao país) foi um passeio, com direito a piquenique e festa, por fim com uma preposta transição de poder, na qual o detentor máximo do poder já havia fugido, o que mostra a incapacidade de um poder sem a componente religiosa, entenda-se absoluta, de governar. Ali não há lugar a emires, só a califas. E instalou-se o terror. Por terem conquistado um país, um Estado, não os tornará responsáveis, nem tão-pouco uma entidade com que se possa negociar (o que os EEUU fará mesmo assim, sem outra opção). Sendo o país em questão o Afeganistão, não se tornarão rico os talibãs (o Afeganistão quase não tem petróleo, tem pouco minério, agricultura de subsistência, excepto a do ópio, não que sejam esses recursos insuficientes para manter um Estado, atenção, não são!) mas atualmente esse país não tem mais uma posição estratégica, como teve, de encruzilhada de culturas e comércio, perdido no meio do nada, com uma terrível geografia, e ainda pior orografia, não serve para nada, não se tornará rico, só lhe resta tornar-se perigoso. Desde o Estado tampão dos jogos de poder entre a Rússia e a Inglaterra, quando os senhores Mujaedins das 34 províncias restringiram-se ao poder local, que esta área geográfica nunca mais se tornou uma nação, é uma porção de terra que existe no planeta povoada por 38 milhões de almas, é um enclave no meio de nações fortes, sem saída alguma, nem para o mar, que não tem; é uma terra de ninguém, que ninguém quer, e que ficou claro desde os acordos de Bonn em 2001, 5 anos depois do domínio talibã, e da conferência de doadores, que houve em Tóquio no ano seguinte, que ninguém se importava verdadeiramente com o Afeganistão, e que seu futuro era absolutamente incerto (diferentemente do que se passa na Síria de Bashar Al-Assad, onde esse cruel ditador assassino é aceito - ainda que ninguém afirme isso - por que ele tem poder administrativo e beligerante, o que os sucessivos governos afegãos nunca conseguiram demonstrar ter) e, agora, os americanos cansados de manterem lá os seus fantoches no poder, se retiraram derrotados, não militarmente mas estratégica e pliticamente, e vemos voltar a se repetir a história de 1996 - com a volta dos talibãs ao poder - e a reinstalação das escolas de terror, só não há mais Budas em Badian para eles dinamitarem. O homem dos três bin e o futuro. Tendo se apercebido desta situação, o terrorista Osama foi para o Afeganistão, e lá instalou suas bases de treinamento de terroristas, o braço armado da Al-Quaeda. Como, com a expulsão dos talibãs, Osama perdeu a proficiência de sua capa protetora, passou a escolher outras plataformas para a Al-Quaeda, ele mesmo passando a esconder-se nos montes afegãos, e a ir a outros países, entre estes o Paquistão onde acabaría por ser morto, há dez anos, por um comando norte-americano. No entanto muitas das estruturas que criou mantêm-se ativas, ou adormecidas, tão logo o poder dos talibãs permita, voltarão todas a re-instalarem-se no Afeganistão, e haverá muitos mais campos de treinos, formação de grupos, e atividade terrorista pelo mundo fora. Isso era de ser evitado, mas não surgiu um ditador assassino para pôr mão forte naquele país. Os que puderem, e serã milhões, irão fugir (para a Europa preferivelmente), a Turquia, transformada em enorme campode concentração, não poderá mais conter os refugiados, e vai haver enorme conflito. Está criado o cenário da tempestade perfeita, agora só falta os ventos soprarem para que do primeiro Estado talibã, o que equivale a dizer terrorista, se espalhe a praga do terror, tornando o mundo ainda mais inseguro e perigoso.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

A P R O P R I A Ç Ã O.

*Não é crime, mas é. *Moda. *Estúpida muitas vezes *Muitas vezes ignorante *Assumem o que não é seu *Tomam *Apropriam-se. *Razão sem razão *Comiseração.

sábado, 14 de agosto de 2021

ANTOLÓGICAS 13.

Odídio, Ofélia, Orfeu Solução de desamor /Labirinto da alma A Fernando Pessoa-Bernardo Soares. Tem os venenos destilados todos Em sua bolsa inoculadora, que só em si inoculava Rastejando por todos os inquinados lodos Mutilado, sem raciocínio e afetividade, andava Expressão de covardia sem busca de mimos Serpente exponencial sem harmonia Dédalo em Knossos a procurarpor Minos Seu vazio pleno que ao vazio enchia Chamava-se Ofélia, Eurídice E a matéria, quimera Sossego é não como disse É o que foi e o que era Da revista o nome indicativo, és Do que sempre quis ser Com o corpo despedaço em papéis Morre-vive em seu poder.

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

JURAM POR SUA HONRA, MAS NÃO SÃO SÓ OS QUE A TÊM QUE JURAM.

Jurar, juram todos, mas que seja válida a jura, que a pretendam cumprir, já não é bem assim. Porque jurar é fácil,ter a dignidade que forma este sentimento, já não.
Todos aqueles que assumem cargos públicos fazem juramento, e juram por sua honra num compromisso de bem servir, bem desempenhar o cargo que assumem. Será a jura uma barreira psicológica, todos que incumprem um compromisso, um juramento, têm memória daquilo com que se comprometeram, e, se não o cumprem, é porque não tiveram a dignidade mister, perderam a honra, logo são pusilânimes, pois não tiveram a força para manter o compromisso,e se desonrraram. E do que é, ou serve, saberem-se assim maculados? Nada, o foro íntimo lá fica em seu interior apenas, só o próprio saberá que se desonrrou, mas a ambição, principal 'motu'de todas as desonrras, a tentação lhes foi irresistível, por faltar honor. Então de que adianta jurar? Na prática pouco, no espírito muito, uma vez que o indigno sabe de sua indignidade, e mesmo que não lhe corroa a alma, arrase seu espírito, e o faça pedir perdão, certamente o incomoda seu malfeito. Agora que vemos por toda parte políticos indiciados por seus crimes, e até alguns condenados (Imaginem!), fica-se a saber que Honra não têm, que perderam a dignidade, se alguma vez a tiveram, mas que, desmascarados, perdem para sempre a face, mergulhados na vergonha de uma condenação, vale dizer, que tiveram comprovada sua infração e exposto seu delito, ficando-se a saber que é um criminoso, aquilo que ele já sabia (cada um sabe o que fez e o que faz), e que o juramento quebrado é a nota mais dissonante, no âmbito ético, de sua torpeza. Para o que é público, o acento da consciência que fica marcado, denota máxima indignidade, não só a do feito, por si indigno, mas por violar o que jurou, por isto juram todos, e muitos cumprem o juramento, portal de entrada, antes da aceitação das funções, no compromisso, neste caso público, de as cumprir com lealdade, essas funções que lhe foram confiadas, e que ao não cumpri-las foram desleais, e se desonrraram. Porque ninguém pode alegar que desconhece seu malfeito, e, uma vez que este se torne conhecido, todos temos consciência do que fazemos (e quase todos buscam esconder o malfeito), desse modo sua falta de dignidade estará exposta para além de qualquer tentativa de justificação. Por isso este ato aparentemnete fútil de jurar, posto que, para os que não cumprem o juramento, esse de nada vale, mas sabem, sabemos todos, que a quebra do compromisso é seu ponto de desonra, e, para que este fique bem claro, é por isso que juram, para que ninguém possa alegar que não tinha o dever de lealdade. Aqui chegados refletirão alguns que essa história de honra, dignidade, lealdade, ante tanta corrupção e fraude que se vai conhecendo, é uma questão menor, porém é maior, é o dito pormenor, essa circunstância particular de ter jurado, porque, por jurar, o vincula, e assim se compromete, e que ao cometer qualquer ilegalidade, menos que conspurcar as funções e o cargo, que muitos desempenham bem e legitimamente, faltaram à Honra, ato de suprema imundície, passando o autor a ser lixo na dimensão ética e moral, o que lhe retira toda e qualquer conformidade com a razão, que não lhe assiste mais, sobretudo pela quebra do juramento.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

ANTOLÓGICAS 12.

De bautizos y funerales.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Las campanas huelen las alegrías y sonrisas
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- En el campaneo de sus divisas
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Peró pliegan también los fúnebres
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A los que caminan incertidumbres

          ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Doblan las campanas y campanillas in horas ciertas
    ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Las que sean de tristezas y alegrias
          ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- De las personas que son muertas
          ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Como aquelos que ven sus primeros dias.

 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Por entre dos toques todo un vida!
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Peró la misma celebración
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Que sea con lagrimas o sonrisa
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Tendrá solo un atención....
 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Tendrá solo un discusión.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

ANTOLÓGICAS 11.

Com a chama eterna em suas mãos E que chegado a um lugar distante e ermo De outro local ermo e distante Passeando seu coração O poeta segue indômito da casa ao mundo Esse “Mundo, mundo, vasto mundo...” O nome com que rima é vagabundo Em sua plena significação Errante, ocioso, inconstante e ordinário Sintetiza o tudo e o nada, o eterno e o diário Desde seu quarto até os confins do universo Verso e reverso de um mesmo sentir O que lhe indicará aonde ir? Perdido no seu canto, esquecido em seu amor Canta igualmente a alegria e a dor Encontra mesmamente a morte e o infinito Porque de fins, começos e perenidade, entende E a nenhum deles nunca se rende Vê beleza tanto no mais banal Como na mais esquisita e abismal irrealidade Tomando tudo com enorme naturalidade Não importa se efêmera ou se eterna Sua verdade, porque ela é sua, por isso bela E só sua, presente eternidade. Antológicas, página 13.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

DA SUPRA-ANIMALIDADE HUMANA.

Desde o desejo de posse, às tatuagens e às alterações do corpo, passando pelas máscaras e rituais de iniciação, ao 'patronus' de Mrs. Howlings no seu Harry Potter, temos nossa identificação animal, que se traduz em insensibilidade, em indiferença, e, sobretudo em decisões duras, sem sentimentos, que vão desde a opção por um comportamento ou ação que no limite irá resultar na morte de quem ela afetar, até uma ação direta de forçar, atacar, ferir, e mesmo matar alguém, outra vez com fim último. Podem ocorrer individualmente, ou atingir milhões através de ações ou decisões que afetam populações inteiras, que vão desde a negação de ocorrências de situações que irão resultar em morte, até as guerras, ou extermínios, que atingem à todos contra quem forem perpetrados, verificado neste campo especial destaque para o Holocausto. Motivações que residem nas raizes mais profundas de nossa animalidade, no cérebro reptiliano, recriando nossas múltiplas tendências animalescas, mas com selvageria hiper-selvagem, as quais podemos anotar desse modo: Por sua manifestação individual.
Como um sentimento dominante, como uma força que surge inusitada e inesperadamente, uma possessão, (Na idade média dizia-se que estavam possuídos pelo demônio.)inevitável energia que nos domina e leva-nos a cometer atos muito para além dos que os animais seriam capazes de cometer, posto que levam-nos a matar futilmente, quando os animais só matam para comer ou por medo (Por isso chamo de super-animalidade, matar por gosto.). Manifesta-se num indivíduo como uma presença, afetando-o, ou como consequência dos já afetados. Afetando àqueles que se deixam dominar por sua presença, num caso, ou noutro surge essa presença para aqueles que já estavam afetados (pelo ódio, pelas drogas, pelo álcool, ou mesmo por uma falsa e/ou justificada impressão perturbadora) a qual reagem com violência, quase sempre maior da que qualquer animal seria capaz. Ademais os humanos possuem instrumentos que os animais não possuem, dos venenos às armas, dos gestos às palavras (uma palavra pode ser mais contundente, mortífera, e letal, muitas vezes mais que uma arma). O que está na raiz dessa insurgência é, na maioria dos casos, a ambição, noutros casos vaidade e presunção, e noutros ainda puro e simples desejo de poder, que muitas vezes se manifesta em absoluta maldade, e no gosto de exercer domínio e/ou superioridade de toda ordem. Por sua manifestação colectiva.
O 'animal' que surge para além da individualidade quando se forma um grupo, e é substancialmente mais irracional que qualquer indivíduo que o forma. Uma vez perdida a individualidade, a consciência bloqueia, ou se anula em cada um de nós, e ganhamos aquilo que se acostumou chamar de 'consciência colectiva', que estimulada em modo pró-violência, consegue alcançar altíssimos níveis de irrascibilidade, que, ao se manterem, transformam-se em tirania e opressão, que também são faces outras da super-animalidade humana (em muitos grupos animais existe também alguma opressão superveniente, fruto da dominação dos alfas). O animal em nós é muito mais perigoso, muito mais agressivo, e muito mais violento do que aquilo que qualquer animal pode ser. Em sua face tribalista. O homem em sua organização primitiva para viver em colectividade organizou-se em tribos, a memória desta primeira fase da vida em grupo guarda um comportamento público de instigação, com maldade e violência muito agressivo, com intenções que são manifestas no grupo, ou, para além do grupo, também nos rivais externos, com um norte bem definido, atacar ao inimigo, inicialmente com palavras vexatórias para dentro e para fora da tribo, e, logo a seguir, com a prática da exclusão, primeiro psicológica e moral, logo depois física, daquele que ganhou a inimizade, é rival ou bode expiatório, passando este a ser alvo da agressão, que pode evoluir até a eliminação do indesejado com sua morte. Pelos punhos. Os punhos, essa característica humana muito desenvolvida, mais visível no gênero masculino, inevitável herança ancestral do animal que somos, leva quase sempre a uma série de distúrbios e atos violentos muito recorrentes entre grupos diversos, e nas relações de convívio, sobretudo os domésticos, nos quais a manifestação alfa de domínio faz com que os punhos entrem em ação para exercerem seu poder sobre os elementos da casa. No entanto essa forma de ser é o que nos dá possibilidades infinitas de criação e ciatividade, e nossas infinitas capacidades de e para nos reinventarmos, o ímpeto 'animal' é mister, só carece de fazermos as escolhas certas, com o livre-arbítrio de ir pelo caminho da violência, ou não. Da evidência histórico-fenotípica. A história em nós, conta a história da Humanidade. E qual foi ela? Qual tem sido? Foi, é, e tem sido sempre uma história de violência, desde as tribos guerreando entre si, até grupos de nações fazendo o mesmo, unicamente o que aconteceu neste interregno temporal até chegarmos a ser países, foi apenas aprimorar os métodos de matar, a funda, o arco, transformou-se em mísseis balístico, mas o objetivo é o mesmo, e este só. E nossa História, a das nações, das religiões, das culturas, é a história do ódio, da violência, do extermínio. A repetição constante dos processos de violência nos foi moldando, transformando-nos no que somos, e consolidando os instintos primitivos, os do cérebro reptiliano, e foi formando nosso fenótipo de agressividade brutal, muito superior a animal, mais mortífera, mais letal, e mais violenta, com a característica esdrúxula de ser fútil, como a própria a Natureza a analisaría, posto que em sua ação universal repudia tudo que é inútil. Em sua pior face: O TERROR.
Quem gosta de história, a primeira coisa de que se lembrará ao ouvir a palavra terror, é de um certo período da Revolução Francesa, onde milhares perderam a cabeça, cortada por ordem do Estado, que para acelerar e facilitar o processo criou um instrumento de triste memória, epônimo do Dr. Guillotin, que sugeriu sua utilização. Mas o terror institucional, ou aquele o qual grupos de poder ocasionam, não é expontâneo, tem uma componente premeditada que visa exercê-lo com o intuito de prevenir e conter toda e qualquer ação contra seus interesses, através da intimidação. O terror expontâneo que se apodera, ao manifestar-se, do indivíduo que o provoca ou acolhe, é muito mais consistente e irracional, uma vez que ultrapassa sua dimensão humana, e, se alimentando de si mesmo, só visa compelir e constranger todos quanto afeta, numa torrente com fluxo em crescendo, buscando ser sempre mais horrivel, para mais temível ser. [E malo nascitur omne malum.] Eis o terror criado por alguém ou por um grupo, que nesta e com essa ação gera uma entidade supra-existente, que, superveniente, se alimenta de si mesma, sendo terror para gerar mais terror, num caudal incontrolável. Nesse momento seus autores já não são humanos, muito menos animais, são outra coisa que não tem rosto, e que não tem controle. Da maldição de assim ser. Somos como somos porque vive em nós tudo que fomos. É tudo em nós. Se abrimos a porta a um sentimento escuro, seremos escuridão, já se convocarmos a luz, seremos claridade. Tudo que excitarmos se manifestará e viverá em nós, essa é nossa maldição.

sábado, 31 de julho de 2021

CADEIA PARA TRUMP 2.

Com os depoimentos dos diversos envolvidos, sobretudo os guardas do Capitólio, cada vez fica mais claro que o ataque que houve no dia 6 de Janeiro (2021) ORQUESTRADO POR TRUMP, ainda na presidência, FOI UMA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO, que esperva apoio E suporte da maioria republicana, e em especial do vice-presidente Pence, ação que não se consumou. Resultou na morte de 5 pessoas, no ferimento de centenas, uma tragédia que só não consumou o golpe, devido a reação dos guardas, ao que se somou a inação dos congressistas, que não alinharam com o GOLPE, e,em especial a recusa de Mr. Pence em comandá-lo, como esperava Trump, sabedor que ele não poderia ter outra ambição que não a de poder que voltar a ser seu vice, uma vez o tendo sido manchado por seu envolvimento com tão absurda personagem, não poderia almejar outra coisa, e com tudo que esta figura demencial, o próprio Trump, plantara durante tanto tempo, não haveria ambiente para o vice querer nada, além de voltar a ser vice, esquecendo-se que as pessoas, às vezes, têm dignidade. Não poderia ter havido combinação prévia para o golpe, e que só num momento de irreflexão poderia haver reações que possibilitassem sua consumação, tendo tudo partido da cabeça de uma só pessoa, esse abjeto psicopata chamado Donald Trump. Que, jogando com a irreflexão das massas e a possibilidade de um consequente apoio dos congressistas à reação destas, que logo atuassem para que se parasse a validação formal da vitória do Presidente Biden, que se dava naquele momento no congresso, Trump deflagrou o golpe com seu discurso de incitamento das massas que foram ali reunidas (down hill) escolhidas entre os mais radicais (é preciso se investigar isso) e aquecidas por outros participantes no meeting, inclusive o fracassado Giuliani. Esperava que a surpresa e a imprevisibilidade concluissem seu intento. E por pouco não o alcançou! Agora que se vai sabendo como tudo se desenrolou (falta saber como foi reunida aquela massa de insanos que acolheu o incitamento no Comício intitulado SAVE AMERICA), e que na revisão do discurso absurdo de Trump daquele 6 de janeiro, fica clara a incitação baseada na hipótese de fraude, já apregoada desde antes do ato eleitoral (um plano b em caso de derrota) para essa tragédia tem de haver um culpado. Tanto pelas vítimas, como pela dignidade da Democracia, não se admite que a culpa vá morrer solteira. A RESPONSABILIDADE RECAI TODA NO INCITADOR: DONALD TRUMP. Esse perigoso psicopata com o qual topei logo passados menos de cinco meses dele na presidência, que por duas vezes não foi impedido, e que, com o espaço e apoio que lhe foi dado pelos republicanos, e também pela falta de maior ação dos congressistas, que deveriam retirar a matéria do estricto campo político para o jurídico, quando teriam evitado tanta desgraça, mas pelo respeito à tradição política de resolverem as coisas politicamente, ficaram-se pelos 'impeachments'. Só uma pessoa lhe fez frente sempre o tempo todo, a Sra. Mancy Pelosi,presidente do congresso (Mrs. Speaker) que também topou estar lidando com um psicopata, para o qual as leis, a ordem e a decência, não são empecilhos aos seus intentos, sejam quais forem - possuir uma mulher, acumular dinheiro sujo, ou manter-se na presidência dos EEUU - (Ver: Cadeia para Trump 1, onde fica demonstrada sua vida de crimes, e sua ação em burlar o fisco.) Por isto tudo, pelo respeito às vítimas, pelo respeito pelos guardas atacados no Capitólio, pelo respeito pelas leis, e pela sanidade da vida norte-americana, apesar de se saber que o país precisa ser pacificado da enorme tensão que o dividiu ao meio (pelo constante ação de Trump com suas mentiras e agressões) que é o grande trabalho de Mr. Biden, o de repor com clareza a tranquilidade institucional americana, nada temendo não podemos aceitar que fique impune esse ciminoso, que, movido tão somente pela ambição pessoal, fez todas as diatribes, associações e maldades para manter-se na sala oval (falta apurar a intromissão russa). Em defesa das vítimas e da Lei, eu clamo com todas as forças: CADEIA PARA DONALD TRUMP!