A expressão é inglesa - opinion makers - e é utilizada para designar aqueles que influenciam as opiniões de outros com as opiniões que expressam. Está dicionarizada e está direcionada à designar todos aqueles que de qualquer forma opinem, analisando qualquer assunto de seu ponto de vista. Uns quantos dicionários incluem os jornalistas nesta categoria, o que nos leva a colocar duas questões: 1ª Quando é que os jornalistas fazem opinião? e a 2ª Como fazem? É evidente que quando analisam para seus leitores ou ouvintes um determinado assunto estão a fazer opinião, porém quando reportam a notícia, um determinado fato que ocorreu, estarão eles a fazer opinião? Esta situação nos leva à segunda questão: o como. Mesmo quando só noticiam algum fato, têm de descrevê-lo, e a forma como relatam o ocorrido, o ângulo segundo o qual redigem o relato da notícia, já é tomar partido, já é assumir uma posição, e posição é opinião, mas como poderá alguém descrever o que quer que seja se não for sob a sua ótica, como poderá alguém dizer o que se passou se não for segundo o que viu, ou seja logicamente segundo seu entendimento, logo, está visto, que é quase humanamente impossível não expressar opinião de alguma forma, e, consequentemente, influenciar, fazer, a opinião dos outros.
Esta situação indissociável da condição de relatar, de descrever, seja o que for, é uma condição humana, que muitas vezes é esquecida pelo leitor, ouvinte, telespectador, quando recebe uma notícia, imaginando que os fatos relatados estarão, segundo seu critério, e apenas segundo ele, sujeitos a uma interpretação. Não é verdade! Um dos relatos difíceis de fazer e que é recorrente na vida humana, é o informar a alguém que um ente querido daquela pessoa morreu. Como isto ocorre muitas vezes, nas mais diversas circunstâncias (acidentes, vítimas de guerras, vítimas de violência urbana de todas as ordens, um paciente que não resistiu a uma operação, etc...) sempre há alguém com a incômoda tarefa de 'dar a notícia' a outrem numa ocasião que se ofereça, e, nesta, a regra é amenizar o relato no sentido de diminuir o impacto da informação dolorosa que lhes cumpre passar. Uso este exemplo para que tenhamos nítida ideia de que há toda uma arquitetura na forma, que dizendo o mesmo, dando a mesma notícia, altera significativamente a notícia, ou o impacto que esta tem, teve ou terá.
O espaço mediático está cheio de 'opinion makers' para todos os gostos, inclusive este que você está lendo que com um área de atuação menor do que os opinantes de uma televisão por exemplo, terá uma forma muito mais livre, um descompromisso com diversos fatores, um destemor bem maior, que os que dirigem-se a um público mais extenso e determinado. Só o fato de o meio de difusão da opinião ser a palavra escrita, já liberta o opinante para expressar-se, como descaracteriza o público alvo, porque ninguém sabe quem vai lê-lo, e esta situação exponencia -se num blog, posto que não se tem a mínima ideia de quem nos irá ler. Maior ainda são as restrições daqueles que o fazendo exposta e publicamente, estão sujeitos, por mais que reafirmem independência, às pressões incontornáveis dos diversos agentes a quem essa crítica desfavorece, incomoda ou desalenta de qualquer forma. E sabedores que assim é, todos sem exceção, tentam afirmar uma independência que não têm. Por conta do seu carisma, empatia, da forma, das informações de que dispõe, da identidade ideológica e até da qualidade da sua análise, cada um escolhe seu 'opinion maker', transformando-o no 'magister dixit' de suas vidas.
O esforço mister a interpretar uma informação, e até mesmo a necessidade de uma segunda opinião para que confrontemos a nossa, para fortificá-la, ou questioná-la, a reafirmando ou a reformulando, é um ato de desbravamento exigente, que exige energias que ficam em muito facilitadas em atuar quando colocadas já sobre uma análise prévia, e encontram perfeita solução quando esta análise coincide com a nossa, evitando-nos qualquer esforço extra, todos sabemos o poder da inércia. Com estas condicionantes que aqui expus existem, no quadro de todos os países, pessoas que, por força das suas análises, influenciam enormemente o cenário nestes países.
O busílis será sempre saber com que grau de independência manifestar-se-ão estas pessoas, ou seja até que ponto elas não existem mesmo para conformar opiniões favoráveis e desfavoráveis, à vez, que sirvam a interesses que os sustentam ou os utilizam, eventualmente os financiam ou os favorecem, ou até mesmo lhes dão emprego para esta finalidade específica. Alguns lembram um pouco aqueles que têm de dar a notícia de morte, e para o feito escolhem tanto as palavras, que antes que dêem-na, ela já está dada. É curioso notar que esta dependência pode ser apenas de cariz ideológico, apresentando uma distorção na análise a conta da postura de alinhamento de ideias do opinante, corrompendo sua opinião, envenenando sua isenção, não por conta de qualquer influência de interesses escusos a qualquer nível, ou por haver uma ação política intencional com a finalidade de influenciar mesmo, o que não será digno por princípio, mas que contém um caráter ideológico, logo político, indissociável por conta de ser como é o opinante, não conseguindo estabelecer uma distância que transforme em neutral sua análise, e até sendo essa bem aceita por todos por saberem que é assim, que é uma análise comprometida, e que estabelece, quando há outra no extremo oposto, o contraditório, esta fórmula preciosa da visão de um determinado assunto, tão cara à Justiça, e tão interessante para se poder formar opinião sobre assuntos complexos, fazendo-nos aperceber das opiniões dos dois lados.
Por último lembrar que o acesso a este contraditório é um Direito de todas as pessoas que se vejam envolvidas em situações em que as opiniões que se façam sobre a matéria que as envolve, possam comprometer suas vidas, suas posições na sociedade em qualquer momento e sob qualquer circunstância, possam comprometer seu bom nome, sua credibilidade, sua forma de estar, limitando de que maneira for seu Direito a ser compreendido. Para o bem e para o mal este Direito deve ser preservado, posto que para o bom e para o mau se houver exposição ampla, geral e irrestrita das posições, num e noutro sentido, por mais opostas que possam ser, o Direito a um julgamento justo estará assegurado, cabendo a cada um fazê-lo em consciência, e, deste, ao ser maioritário em um determinado sentido, daí advirá a opinião pública, que não pode, de modo algum, estar condicionada em razão da opinião publicada ser seletiva em que sentido for. Quando não é assim podemos afirmar que quem esteja sujeito a uma parcialidade de opiniões selecionadas, estará sofrendo enorme constrangimento em seus Direitos fundamentais.
Por isto toda a vez que há uma opinião sem uma análise equidistante dos fatos, suscetível de gerar distorções na análise, e, convenhamos, o que nos motiva escrever é exatamente a emoção que sentimos por causa de qualquer informação que nos chegue, e que esteja prenhe de injustiça ou de razão, nos levando imediatamente a tomar partido, e com isto pegar da pena, por tanto a isenção é uma quimera, mas deve ser uma quimera razoável, pondo quem escreve a uma distância suficiente para ter lucidez ao comentar, e poder ser credível estabelecendo uma justificada lógica em sua análise, percebendo que em todas as coisas há dois lados, já que vivemos num mudo tridimensional, o mínimo que se espera é a visão de dois lados opostos, evidentemente sem a exclusão, mesmo que parcial, de nenhum deles, o que nem sempre acontece, para permitir que estes dois lados contraditórios possam coexistir na análise, isto para que esta seja minimamente digna de credibilidade.