domingo, 29 de janeiro de 2017

Os sete malditos de Trump.






Trump se engana, o mundo não é como ele gostaria que fosse. O mundo não é feito de exclusões, ao contrário, o mundo não é mau como gostaria Trump. O mundo tem reflexos de gente hábil, destra, digna, decente, gentil, bem intencionada, respeitosa, bem formada. Seriam necessários milhares de Trumps para vencer o mundo em sua bondade, felizmente.

A exclusão abusiva de naturais de sete países de poderem ingressar nos EEUU, é um tiro no vazio de um idiota que não sabe o que é governar, e só sabe gerar ódios. Gente da 1. Síria,
                                                                                                                     2. Iraque,
                                                                                                                     3. Irão,
                                                                                                                     4. Libia,
                                                                                                                     5. Somália,
                                                                                                                     6. Sudão e
                                                                                                                     7. Iêmen, os sete  países malditos de Trump, que certamente não conhece nenhum deles, e, que mesmo que os conhecesse não teria comiseração, posto que desconhece o sentimento em sua perigosa fúria psicopática, são seu alvo fácil. Porque se tivesse visitado o Sudão com suas velhas tradições cristãs, com sua gente de registro misericordioso e natural docilidade, ou a Somália que parece ser a terra dos desterrados deste mundo, ou o Iêmen por igual razão, ou a Síria que depois da guerra é um monte de escombros, o Iraque mesopotâmico de gloriosa memória, saco de gatos confuso e malbaratado hoje, ou o belo Irão amaldiçoado por uma imposição estranha, todos dignos de pena, de piedade, de ajuda e de compreensão.

Entretanto se vão levantando vozes contra esta insânia, a maioria americanas do norte, dos próprios EEUU, que diferente dos alemães dos tempos nazis, não se calam, e discordam e fazem ver sua discordância nas ruas, nos protestos, nos tribunais dos dois lados da barra, em pleitos e em sentenças, no Congresso, na imprensa, na intelligentsia, vozes com alma de gente que não aceita, nem aceitará esse equívoco presidencial. Vozes dos cientistas, dos artistas, dos políticos, de todas as pessoas, mesmo entre a minoria que o elegeu, e se irá logo verificando a insatisfação pela impiedade, pelo conflito, pela segregação, pela desordem.

Além de ficar evidente que Trump é um psicopata perigoso, o desprestígio e o achincalhe em que lança a presidência americana como instituição e a convulsão que provoca são desastrosos.

Não estarei a comentar cada ato de insanidade que este deslocado promova, posto que além de fútil seria cansativo, posto que a realidade será como eles quiserem, como determinou o porta-voz da Casa Branca ao afirmar que a participação na cerimônia de posse foi a maior de sempre, da mesma forma como poderia ter afirmado que o céu é verde e a vegetação azul, vale o que vale, mas o ato em si demonstra a posição da visão que se instaurou na Casa Branca: Se as coisas não são como queremos faremos ser, ou a consideraremos como tal. Distorção perigosa que terá no valoroso povo norte americano o seu primeiro opositor, e que passará, como tudo passa. Essa maldição que completa o princípio do milênio com suas manifestações esdrúxulas, espero, porá fim às misérias desse período.

Felizmente as Leis, sobre todas a sintética e primorosa Constituição dos EEUU, a dignidade e a honradez de princípios que as geraram, são firmes marcos, poderosas muralhas a por intransponíveis barreiras a qualquer estupidez que possa aflorar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A China vê o futuro.






Só em Institutos para desenvolvimento da área de informática são 1.600. Há pesquisa em todas as áreas, desde a química às diversas expressões da física, passando pela farmácia, biologia, medicina, agricultura . . . A China enxergou o futuro, e ultrapassou os Estados Unidos em investimentos em pesquisa. Os famosos 5% do PIB americano investidos em ciência e tecnologia, os clássicos garantes da eterna superioridade americana na economia mundial estão sendo deixado para traz pelo gigante asiático. E não há medidas que possam inverter essa tendência. Acresce que os chineses são um em cada quatro habitantes do planeta, e o maior país do globo.

Com os possíveis Trumps de plantão, e, como nós sabemos, sempre tudo que é grande, rico e bonito é invejado, a China sempre soube, e sabe, que sua ascensão incomodaria interesses em toda parte, e se preparou para isso. Comprou a maioria da dívida norte americana para travar o gigante onde esse poderia ser mais afetado, na sua dependência financeira, o falso triplo A de uma dívida absurda. Armou-se até os dentes, possuindo o maior exército em número de efetivos. Os países temem a força da China.  Ela têm-nos controladinhos. Por outro lado como sabe que isso não bastaria seguiu o conselho multi-milenar  de Vegêcio, e se preparou para a guerra. Além de ter o maior exército do mundo, tem uma armada potentíssima, uma fabulosa aviação, possui poderosíssima industria bélica. Recomendo: Não se metam com a China!

Trabalhou décadas até se tornar a potência econômica que é. Com uma estratégia clara instalou-se em todo o mundo diretamente com sua gente vivendo em toda parte, onde vendiam produtos de baixa qualidade, com bom aspecto e preços imbatíveis, o que aos poucos foram substituindo por produtos com média qualidade e preços imbatíveis, como hoje os tem. Desse modo a China se transformou num gigante industrial, impossível de ultrapassar, incontornável em muitos setores, e cada vez mais se vem apurando.

Lentamente preparou, e continua a preparar, o futuro com pesquisa, e curiosidade, duas qualidades milenárias da cultura chinesa, que revitalizadas promovem o avanço tecnológico com o qual os chineses pretendem em breve ganhar a liderança dos produtos com muita tecnologia, a terceira etapa de sua estratégia para deter larga fatia do comércio mundial, estratégia que vem cumprindo com inegável êxito.

A cada ano quando soam as badaladas do sino em Peking a anunciar, como neste 27 de Janeiro de 2017, que terminou um ano e começa outro, nesse caso sai o macaco e entra o galo, há já um programa governamental que orientará 25% (1/4) da população do planeta para ordeira e ordenadamente atingirem metas, conquistarem mercados, ocuparem espaços, e que ninguém diga que esses espaços não são seus (Apesar de tudo ser de quem o conquista, a China tem um passado histórico de ter sido sempre uma superpotência, e porque foi roubada por séculos de sua proeminência no seio das nações por conquista estrangeira, imposição e trama de outras nações que bloquearam a China, é que agora vem retomar sua posição de preponderância.)  posto que são, e sempre foram, mas sabe bem que isso não durará para sempre, crescer 10% ao ano, com o tamanho que tem é um prodígio, que não se irá repetir muitas vezes, por isso prepara o futuro.

O Sr. Trump que é o idiota de plantão em muitas das suas afirmações, no caso da China tem bastante razão, a China é (não o inimigo) mas o poder a se temer e a se ultrapassar, e as soluções para contornar essa situação devem ser pensadas e analisadas como estratégia por todas as nações, e, devem compor políticas para lidar com a China. Porém também é certo que não será com enfrentamento de nenhuma maneira que se poderá obter soluções satisfatórias. Nem os poderosos, mesmo os imensamente poderosos como os EEUU, conseguirão boas posições e vitórias abrindo uma guerra comercial com a China, ou tentando cerceá-la de alguma maneira. A China é uma realidade que veio para ficar.

O grande gigante do oriente veio tomar seu lugar como a maior superpotência que já viu o planeta em qualquer tempo, poder que durará por séculos nessa sua posição que vem conquistando. Porque como vê que o futuro se constrói com muita antecedência, e com sua propalada paciência constrói hoje situações pelas quais terá de esperar décadas par ver os frutos, a cada dia se prepara para que essa posição cimeira seja mantida por muito e muito tempo, prevendo e tomando medidas com grande antecipação e certeza, antevendo o futuro.  Quem viver verá.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O que entra: Trump, o mundo a preto e branco de um psicopata perigoso.





Eu gosto do novo, do diferente, do inusitado, mesmo do improvável . . . O de que eu não gosto é do reles, do simplório, do vulgar, do falastrão, do ignorante, portanto não tenho nenhum preconceito em relação ao Sr. Trump por princípio, mas os conceitos que formei em relação ao milionário são desastrosos, desde seu mau gosto, sua forma de estar, de agir, sua falta de cultura, ser um falastrão alucinado, e sobretudo por sua falta de escrúpulos e discernimento.

Bons e maus, certos e errados, vitoriosos e derrotados, é o mundo a preto e branco, como se as coisas fossem assim tão simples. É assim que vê o mundo o Sr. Trump, e isso é muito perigoso!

'Please, could you do not fuck me?'

Quem afirma que são os serviços secretos americanos que passam informação aos russos, é um psicopata perigoso. Mesmo que fosse verdade e tivesse provas, afirmar isso é de um psicopata, e pela matéria de que trata provoca imenso perigo. Não preciso esperar pelo final do filme para saber a conclusão. Se pudesse me levantaria a meio da fita!

Um psicopata perigoso, e o perigo está em não ter cultura e ser infantil. 'Enfant-gatée' com um descontrole patológico das emoções e impulsos com um comportamento anti-social e intolerante. "You're fired" E mais que tudo pelo modo sem norma, sem princípios, sem ordem, como atua o Sr. Trump. Cultura não se ganha de hora para outra, e por mais que se esforce o staff da Casa Branca, pouco poderá fazer. Como se dá cultura a quem não tem? Como se dá maturidade a quem não tem? Instantaneamente é impossível, demanda uma vida. Além disso como não tem, e não tinha, brilho político desde o inicio, esteve circundado por out siders e pelo que há de mais medíocre na administração norte-americana, e com estes governará.

Por outro lado eu estou absolutamente convicto que o Sr. Trump não tem nenhum plano para nada, terá ideias esparsas, confusas, aleatórias, que carecem de estruturação, estruturação que ele não tem cultura pra lhas dar, logo carecerá do stablishment e de muito mais para compor seja o que for. E isto é outro perigo, porque como o Sr. Trump vê o mundo a preto e branco, certamente não entenderá as subtilezas da diplomacia, não intuirá das firulas da política mundial, não perceberá dos detalhes jurídico-institucionais da legislação, dos tratados, dos documentos. Talvez seja um formidável comerciante, e administrador de empresas, mas isso é muito pouco para os desafios que o aguardam.

Por fim tenho a lamentar que finalmente o modelo dos políticos feitos pelo marketing, criados na propaganda, sem historial de liderança política, sem passado de capacidade de gestão política, e com sua miserável visão sem cor, cresça e se multiplique, apenas projetados por serem conhecidos e terem convencido o eleitorado, seja como for, ainda que em minoria absoluta, mas com a maioria mister a atingir seus propósitos, permitindo a existência desse período da história que vivemos sem expressivos dirigentes políticos, sem liderança verdadeira, sem conteúdo político, com este enorme vazio de decisões que daí advém.


O que sai: Mr. Obama não conseguiu.



                                                                Doing nothing may be you do better than doing something.
                                                                 We must know better for who.



Quem não ficaria encantado com Sinatra cantando? A Voz, a dicção, o timbre, a presença,  uma maravilha, mas era só isso, só, nada  mais. E bastava porque para um cantor isso é tudo, um cantor é  sua voz, o seu timbre, a sua presença, mas a um presidente, é bom que tenha tudo isso, dá-lhe uma certa grandeza, um estatuto. Mas não basta, é necessário ter conteúdo, e, mais que isto, por esse conteúdo na agenda, e fazê-la funcionar, ou pelo menos empenhar-se ao máximo para isso, esforçar-se para fazer com que suas ideias alcancem realização. Há que lutar, há que esforçar-se, há que tentar até o fim de suas forças, até a última gota  de seu sangue, só assim terá cumprido sua missão, só assim terá  realizado a razão de se ter lançado, de ter pretendido dar rumo novo ao cenário em que se lançou, de modificar a realidade com a qual não concordava.

É com bastante desagrado que eu vou dizer o que irei dizer, por várias razões, a mais importante é que penso que os excluídos têm mais responsabilidades que os demais, outra razão é que eu realmente tinha esperança que resultasse um tempo novo, uma nova onda, não direi uma nova ordem, uma onda que propiciasse um mundo melhor, mas o Sr. Obama é o maior falhanço, a maior desilusão, o maior embuste que passou pela casa branca. Portanto afirmar "Sim conseguimos!" como o fez . . . Conseguiu o que? Se não vejamos.

1º O momento em que assumiu a presidência há oito anos atrás. Wall Street  tinha dado a maior golpada que há memória na história do capitalismo. Situação que exige ser coibida para que não seja mais possível se repetir por um lado, e para que não hajam tantos canalhas com bilhões impunes, para que haja alguma decência nesse mundo, por outro. Bem até aí todos concordamos. E nada foi feito, e o que é mais grave é que ao candidatar-se o Sr. Obama disse que iria impor controle a Wall Street, se não tivesse dito nada, não lhe podíamos apontar o dedo, mas ele prometeu e não teve a coragem e a força para cumprir. Logo não conseguiu.

2º Sua presença, a de um homem negro no seu posto, tinha a obrigação de fazer a diferença, de marcar e demarcar a situação dos direitos civis, da imigração (Expulsou dois milhões e meio), logo não o fez.  Logo não conseguiu.

3º Prometeu fazer um trabalho pela paz, até ganhou um Nobel antecipado por isso, nada fez, na verdade jogaram um Nobel fora. Nem ideias teve, certamente para não fazer ondas, o que mudou  na política externa é fruto do tempo, que maduro ele colheu. Foi o Papa Francisco quem aproximou Cuba e os EEUU.  Obama não teve iniciativa. Logo não conseguiu.

4º Não esqueçamos que Obama assumiu após uma desgraça chamada Bush júnior, nada poderia ser pior, a opinião americana em ambos os casos não pensa assim pois elegeu esses homens, mas aqui verifico só as expectativas criadas, as promessas, e estas falharam rotundamente, é só verificar a lista. Logo não conseguiu nada. (E ainda tem e terá um capital político apreciável porque lhe vai suceder outra desgraça chamada Trump - "Aprés moi le delugue", o que iluminará sua posição)

Só mais um ponto, para não me alongar: 5º Prometeu fechar Guantânamo. Como entrega Guantanamo a Trump? Que certamente a utilizará em força. Logo não conseguiu. Não conseguiu nada a que se propôs. Ter tão pouca margem de manobra o homem mais poderoso do planeta? Ou é um problema seu, pessoal?

O Sr. Obama é um embuste, uma desilusão, um vazio, como nunca se viu. Não realizou nada ao que se propôs, mas é ótimo em promessas e discursos, fabuloso em criar esperanças, e essas continuarão a esperar porque ele nada conseguiu. Sabedor das expectativas do mundo, sabedor do "Novo Paradigma" que se havia criado na esperança de uma Nova Ordem, seu legado está muito longe de uma nova ordem, mas eu não queria tanto, bastava que o Sr. Obama se tivesse empenhado, e com isso mostraria que as pessoas estavam, como estão, ansiosas por mudanças, que ele não as conseguindo realizar, as constatava, as elencava, e que deixava a lista do que se teria(tem-se) que fazer. Mas nada, nada conseguiu. O Sr. Obama é um vazio.

Eu dei-lhe a tolerância do primeiro mandato, pois querendo o segundo não podia esgrimir contra todos os interesses sem esperar ser esmagado (Vide o que iria se passar com o Obamacare.). Porém jogar fora como jogou seu segundo mandato, sem fazer esforço para cumprir suas promessas eleitorais, pelo menos as centrais, deixar-se estar, isso foi imperdoável. Foi o maior embuste que já vi. Os Bush, os Trump da vida já sabemos o que são, a mim não enganaram, mas o Sr. Obama me fez esperar alguma coisa, que certamente não veio, fica só sua fala bonita, sua capacidade de emocionar.

Entretanto será lembrado como um excelente presidente pelo mundo fora, mais que tudo por onde se insere. Depois de um Bush júnior e antes de um Trump, até um rato almiscarado seria melhor lembrado que o antecessor e o sucessor, nada mais fácil. Um fator a considerar nos interesses do status quo, pois alcançando o segundo mandato não era necessário, nem deveria fazer ondas, ondas que poderiam atrapalhar a longa e boa vida que espera a família Obama, esse fator chama-se Michele.

Seguimos aguardando melhores dias. Por enquanto podemos dizer Yes, we can, we can wait for someone else.

Penso que sei como chegou a essa situação.  E até acredito que tinha alguma vontade em fazer algo forte, importante, deixar seu nome na História, correndo os riscos que isso acarreta, mas foi travado pela prudência de depois poder viver tranquilo, sem ódios ou ameaças dos interesses que deveria ter incomodado, e essa prudência atende pelo nome de Michelle, como disse. Todos sabemos que por trás de um grande homem tem de haver uma grande mulher. No caso os dois souberam ser pequeninos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ATENTADO.





Os culpados ditos lobos solitários vão sendo julgados e condenados por toda a parte, mas sua ação miserável permanece, os que fazem parte de organizações e atuam em grupo também vão sendo capturados ou mortos, não é esse o ponto, o que se questiona é aonde levou  suas ações num caso ou noutro? Dos loucos, que inexplicavelmente pegam numa arma e sem motivo que se conheça põem-se a matar gente, pergunto-me qual sua motivação?  Dos que fazem motivados por um ideal tortuoso, pergunto-me qual sua utilidade prática. Vão mudar o mundo? Vão impor suas causas? Irão melhorar as coisas, mesmo que essas sejam as que apenas eles acreditam? Em todos os casos aos atos que praticam chamamos atentados.

Em geral matam 26, 32, 28, 39  pessoas (média das ocorrências).  Se dão em Mogadisho, Islamabad, Istambul, no Cazaquistão, no Irão, no Paquistão, explodem uma bomba, num carro, num corpo, numa mala, e  booom, matam aqueles pobres coitados que tiveram a infelicidade de estarem ali (na hora e local em que se deu o atentado) e pronto. Ninguém fala mais nisso, nada mudou no mundo, não resolveu nada, não muda nada. Só os filhos, mulheres e pais daqueles que morreram se irão lembrar pela falta que esses fazem, as vezes mesmo de terem comida na mesa, sempre de afetos, muitas vezes de vontades. Serão seus órfãos, seus viúvos e suas viúvas, seus pais sem filhos. Pode-se conceber maior estupidez?

Sim os atentados são isso um ato de profunda estupidez, causado sem consequência maior que a eliminação de um punhado de vidas, que por sua infelicidade se encontravam no momento no local em que o insano atuou. Insano creio ser todo aquele que faz uma ação sem utilidade prática. Estúpido é todo aquele que não tem razão, e faz coisas que não têm razão de ser, que não fazem sentido porque não têm consequência efetiva com o intento pretendido, vale dizer: Não operam nenhum resultado prático em relação com o que motivou a ação. Ou seja matam um certo número de pessoas para nada, pois não tem nenhum resultado essa mortandade, salvo o horror que provocam. A vida humana é um bem demasiadamente precioso para ser menosprezado desta maneira, porém entendo perfeitamente quando se elimina por exemplo um ditador, ou um grupo de malfeitores, pondo fim a sua ação maligna, essa uma consequência imediata e compreensível, mas a maioria, para não dizer a totalidade dos atentados, desde o do World Trade Center, passando pelas Twin Towers, até uma doida que se explodiu em Cabul não matando mesmo ninguém, além de si mesma, e ferindo lá uns quantos, não alteraram nada de nada do contexto vigente. Então para que?

Os atentados realizados nos países de origem das organizações terroristas ou de sua ocupação ou atuação imediata é assassinato de irmãos que é esquecido no dia seguinte, e já banalizados pela frequência com que se repetem, poderá haver maior inutilidade? No ocidente, na Europa, nos EUA, fala-se por mais tempo, repercute em manifestações e revoltas mais duradouras e eloquentes, mas o efeito prático também é nenhum. Então para que?

Pode haver maior estupidez que praticar um ato que não vai resultar em nada?

No entanto eles se repetem, e se repetem pela mesma razão da insanidade de um idiota que sobe num edifício ou monta num ponto estratégico uma arma automática de repetição e atira contra dezenas ou centenas de pessoas de uma população de muitos milhões. Que fazem além de atender a seu desejo assassino de matar? Que obtêm além do número de cadáveres que produzem? Nada, mas mesmo nada, porque essas ações são fúteis, inconsequentes, inócuas. Esses anormais terão motivação biológica, animalesca, anormal, contra isso nada se pode fazer além de não lhes disponibilizar as armas, mas um dito terrorista, um pretenso guerrilheiro que age por uma causa, esse tem motivação política e espera resultados políticos, implantar o terror, que hoje está implantado em todos os aeroportos, em todas as grandes reuniões de gentes onde a população participe, não obteve até agora nenhum resultado político, mas fortes respostas bélicas. Então para que?

Nesse caso é só o desejo de dizer que existem, que são perigosos, e que são sempre capazes de fazer o mal através de  um atentado. E daí?

domingo, 8 de janeiro de 2017

MÁRIO SOARES: Sempre a vanguarda.






Adiantado no tempo, nada do que nos bateu a porta lhe passou muito antes de manifestar-se, consciência que obriga a coragem indômita, aparente loucura de um certo modo, por acreditar no que pressente tão somente, e isso se irá tornando uma segunda pele, uma segunda natureza, e só nisso poderá acreditar, contra a realidade que ainda não se alterou, porque lenta, letárgica, resistente, tarda em se dar conta de que o futuro lhe bate a porta, que o futuro é já agora.

'Avant-garde' é a expressão francesa que dá origem a palavra vanguarda, e traz em si a força da ideia de antes de ter em atenção, antes de se abster, antes de evitar, é estar presente, é participar, é envolver-se, porque há aqueles que passam ao largo, desatentos, ausentes, defendidos, a vanguarda é presente, atenta, envolvida. Nada pode definir melhor a intuição do Dr. Mário Soares que essa ideia que traz a expressão francesa que nos dá vanguarda, a palavra que traduz uma posição, a de pôr-se, e estar a frente, assumir a dianteira, estar na primeira linha, com todo o risco que isso acarreta.

Socialista, republicano e laico, três opções difíceis num país católico, mesmo pio, que tendo sido reino a maior parte do tempo de sua história, quando foi República, degenerou; e com esse desvio encontrara um caminho de um país onde idéias como comunidade, colectividade, e mesmo bem comum, eram tão distantes e incompreendidas, que buscar esse caminho era promover confronto, era gerar conflitos fatais na repercussão eleitoral. Destemidamente foi como se classificou, ousadamente foi o que proclamou, desassombradamente foi pelo que pelejou, para que todos se dessem conta do país que queria, dos valores pelos quais lutava, das energias que queria empolgar, e que, contra todos os prognósticos, conseguiu.

Essa sua condição de estar sempre adiantado no tempo, de ver as coisas com antecipação larga, mesmo de pressentir ressonâncias imperceptíveis, de capitar turbulências demasiado subtis para que alguém as notasse, gerava incompreensões acérrimas, e quão mais pertinaz era seu espírito de vanguarda, que só nele cria, e só nele podia crer, porque falava de coisas ignotas, obscuras mesmo, que por ora só seu espírito lúcido se tinha dado conta, e, em face da ignorância geral, só de si dependia, só em si poderia confiar, posto serem verdades não reveladas as que denunciava, como as de um culto secreto, e ao tirar o seu véu dava-as a conhecer, verdades como as de um culto estranho e único, o culto do futuro, logo desconhecido e dúbio, advento da incerteza do desconhecido em que sua convicção quase absoluta, tão plena como peregrina, mas que acabava por revelar-se certeira, militava. E era como magia sua antecipação. Mais que vanguarda, é premunição, fruto de uma análise muito especial, porém era essa a frente em que se apresentava, e, para o bem e para o mal, revelava o futuro, esse no qual já perorava antes mesmo que chegasse.