segunda-feira, 30 de novembro de 2015

80 anos sem Fernando Pessoa, poderá haver maior perda?



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Ofídio, Ofélia, Orfeu.

                                                Solução de desamor/
                                              /Labirinto da alma.
                                                                                            FERNANDO PESSOA/
                                                                                          / BERNARDO SOARES.


Tem os venenos destilados todos
Em sua bolsa inoculadora, que só em si inoculava,
Rasteja por todos os inquinados lodos
Mutilado, sem raciocínio e afetividade, andava.

Expressão de covardia sem busca de mimos
Serpente exponencial sem harmonia
Dédalo em Knossos a procurar por Minos
Seu vazio pleno que ao vazio enchia.

Chamava-se Ofélia, Eurídice
E a matéria, quimera
Sossego é não como disse
É o que foi e o que era.

Da revista, o nome indicativo, és
Do que sempre quis ser
Com o corpo despedaçado em papéis 
Morre-vive em seu poder.

domingo, 29 de novembro de 2015

Os sapatos de Paris. ( A CONFERÊNCIA DO CLIMA.)



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François Hollande diz que são escandalosas as manifestações de Paris, porque elas estão proibidas e  os que se manifestam descumprem a proibição, e que há ativistas em prisão domiciliária par o efeito, para que cumpram a decisão de não se manifestarem.

É verdadeiramente escandaloso, profundamente incoerente, definitivamente vergonhoso, que em contradição com o que foi afirmado no dia anterior, que não iriam abrir mão do estilo de vida, para  no dia seguinte proibirem o estilo de vida, mais que isto, uma herança cultural mundial, porque foi nessas mesmas ruas em que a polícia reprimiu violentamente a manifestação, manifestação que no mesmo momento se fazia pacificamente em todas as  capitais da Europa, a Marcha Global pelo Clima, foi nessas mesmas ruas onde a Revolução Francesa manifestou-se fortemente, muitas vezes excessivamente, porque queria contradizer séculos de opressão. sequestrar Paris à liberdade de expressão foi verdadeiramente escandaloso!

Por outro lado como Paris é a sede da Conferência do Clima, patrocinada pelas Nações Unidas, onde a presença de líderes mundiais massiva, 150 líderes, lhe dá enorme proeminência, portanto é mais que normal e expectável que todos que se preocupam com o tema queiram intervir de alguma forma. Mesmo assim optaram por eventos alternativos, entre eles, marcando a presença na Marcha Global com a sua ausência, foi a ação de deixar milhares de pares de sapato, como se fossem pegadas, na emblemática Praça da República, para marcar que lá estavam em espírito, até os sapatos do Papa foram incluídos na manifestação, demonstrando a mais avassaladora preocupação, porque não abrirão  mão da presença mesmo quando essa não pode ser física, contudo não se evitou que houvesse ainda outro evento, como os alternativos que se realizaram de manhã, sendo então esse violentamente reprimido pela polícia, porque as autoridades não souberam avaliar a importância do evento, a importância de manifestar-se, a urgência de todos marcarmos posição para levar o mundo a diminuir as emissões de carbono para evitarmos o aquecimento global, que é a ambiciosa agenda da cimeira. É absolutamente incompreensível a atitude das autoridades responsáveis pelas ruas de Paris, uma responsabilidade grave pelo que elas representam, e que ridiculamente não souberam reagir e entender a importância do momento, culminando com as tolas declarações do Sr. Hollande. 

Independentemente de tudo isso é imprescindível que atuemos, todos e cada um de nós, para não se deixar passar essa oportunidade única de salvarem o planeta, que, sem a voz das ruas, ficam os decisores entregues às pressões dos interesses econômicos que querem primeiramente encher seus bolsos para serem ricos até morrer, depois que se dane tudo (é claro que nem todos são assim) mas  a maioria acredita que há tempo, que há margem para se ir mais devagar, e não há!

Por isso nossa presença na conferência tem de se fazer, não que iremos pegar já um avião para Paris, não é isso, mas ha muitos mecanismos para nos fazermos ouvir, um deles é esse da internet, fabulosa ferramenta para nos expressarmos, e fazê-lo a nível global. Usem seus amigos pelo mundo, usem suas capacidades linguísticas, usem todo seu arsenal de presença e façam notar sua preocupação, para que se consiga dessa vez por todas se começar a parar o aquecimento global. Seja uma presença visível em Paris, ainda que ausente, faça sua parte, marque sua presença, seja mais um dos sapato de Paris!

sábado, 28 de novembro de 2015

New York city.





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A friend of mine told me after reading what I wrote about Paris, to I do the same with my old papers about NY, and I'm doing it:



That is it
New York city.
                                                     9/11 -2001.
                                                             
That is it
There is a place
It’s a capital
Of all of it
Is an arsenal
Not being, is it
And nobody can quit!

A misunderstanding
A story without ending
A note, not to be sent
A next to be quite bent
That is it
New York city.

They will have to try harder
They will have to take the father
To break down such a kind of people
New Yorkers
That’s it
Our place
New York city!


A versão em português:


É isso
A cidade de Nova York.

                                                      11/9/2001
É isso
Há um lugar
É uma capital
De tudo isso
É um arsenal
Não sendo, é
E ninguém a pode parar!

Um mal-entendido
Uma história sem terminar
Uma nota,  para não ser enviada
Um lado de ser completamente dobrado
É isso
A cidade de Nova York.

Eles terão de se esforçar mais
Eles terão de levar o pai
Para quebrar um tal tipo de pessoas
Os nova-iorquinos
É isso aí
Nosso lugar
A cidade de Nova York!







Alvíssaras.







Desde o sorriso que não deixa o rosto de António Costa, até o não haver ministros de Estado, passando pelo coxo, pela cega, pela negra e pelo cigano, pela preeminência dada a cultura e não a primazia (diria que já foi absoluta) dada às finanças, como a importância dada  à investigação e à ciência que voltaram, tudo é positivo, tudo traz bons indícios. Portanto Alvíssaras! 

Entretanto analisemos as possibilidades desses sintomas, que acredito trazerem, cada qual e todos juntos, indicação de um novo tempo bem mais próximo do que acredito e do que me parece ser a normalidade das coisas, porque essa normalidade para mim habita em se pensar e desejar um futuro melhor, assim como ter e dar esperanças aos outros e à nação, porque sem esperanças nada se constrói.

Vamos a isso: Primeiro o sorriso. Tudo na vida começa com as intenções, e essas determinam a postura, se eu vou, por exemplo, fazer mal a alguém, não irei com um sorriso no rosto, não vou com o semblante descarregado, a aparência é muito importante, porque ela determina, a partir daí, tudo que irá transcorrer. Se alguma vez contar-se a história de algo que se passou, não se vai começar a história assim: Então ele nos recebeu com um largo sorriso e nos apunhalou, ou declarou guerra, ou etc... O sorriso está associado a uma boa recepção e a uma boa vontade, a uma boa intenção, portanto é um bom começo.

Não haver ministros de Estado, por seu turno, significa que nenhum ministro tem primazia sobre os demais, o que, dito assim, parece pouco, mas é fundamental, porque significa que a economia não é mais importante que a educação, ou as finanças que a saúde, ou a defesa que a agricultura, por exemplo, levando a que o governo todo seja uma unidade global e una de serviço, sem privilégios ou 'pret-à-pris' hierárquicos que desequilibrem interesses legítimos, cada qual à sua vez, dando maior importância a uns que a outros já por princípio, o que é excelente postura essa igualdade, magnífico começo, porque é importantíssimo quando começamos todos nivelados, sem privilégios ou preeminências.

Agora a mensagem que deixa tendo chamado gente de diversas origens, como ele próprio, e de variadas condições físicas, é universal, 'includente', por oposição a excludente, que re-qualifica, traz, aproxima, e é central, porque mostra a todos, que todos, sem excessões, somos necessários, somos válidos, e devemos fazer parte do projeto, e o projeto a que é imperioso atendermos, é só um, salvar Portugal, recupera-lo da situação de atraso e desmotivação em que se encontra após anos de austeridade econômica.

Depois na hierarquização invisível dos ministérios, não funcional, ou administrativa, mas política e consensual, ficam na frente agora a cultura, as ciências e tecnologias, que haviam passado a não existir, bem como as relações exteriores que ganha uma dimensão de presença e voz pelo ministro escolhido, retomando o passo de construção do país, tanto na sua expressão presente, indissociável de sua condição de existência (Quem pode ser sem expressar-se?) como de suas propostas futuras, pesquisando, preparando, estudando as matérias necessárias ao futuro desenvolvimento (podem parar a frase em futuro que é mais universal e consentâneo). E cabe aqui outra interrogação: Quem pode viver sem futuro? A prova de que é assim, é que aquele ritual evidente da pressão das finanças sobre tudo o mais no país que acabou, à começar pelo que se passava no Conselho de ministros, impondo prioridades de pura austeridade à tudo e à todos, que não se verificou nesse primeiro conselho de ministros, nem a procissão de entrega do que dele emanou à Assembléia da República, foi entregar o programa de governo um secretário de Estado, o dos assuntos parlamentares, como seria normal e expectável.

Tudo isso somado prova de uma vez por todas que estamos vivendo diferente tempo, um tempo que os indícios nos dizem ser de esperança, e por acreditar que na sociedade tudo deve caber, cada qual a seu turno, tendo o direito de se opor todos aqueles que discordarem dessas propostas, e desse confronto de posições e ideias, democraticamente, de onde devem emanar as prioridades, sem desprezar nenhuma das manifestações existentes nessa sociedade, dando espaço à todas elas: tanto aos empresários como aos trabalhadores, tanto à cultura como à banca, tanto à ciência como à saúde, insisto nesse ponto porque todo os desequilíbrios que se promovam cobram um alto preço social, prejudicam enormemente o país como um todo. E já que há esperanças: Alvíssaras!

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SEGREDOS CONVENTUAIS.





Os há de dois gêneros, assim  como os conventos, porém revelarem-se, ou se deixarem entrever, é mais difícil nos masculinos, onde as confidências da carne não deixam sequelas por não serem geratrizes, extinguindo-se em si mesmas no apaziguamento da sua volúpia, que é do que se trata.

Conhecedor de alguns destes segredos, tendo os descoberto por caminhos e razões várias, guardei-os comigo, retive-os sem nenhuma espectativa que reconhecer que a condição humana restrita é mais propícia a enfeudamentos e desvios, do que quando está desinibida por posssibilidades amplas.

Porém nesta oportunidade (notícia da primeira semana de Junho de 2014) da descoberta de 796 esqueletos de crianças que morreram por má-nutrição, pneumonia, tuberculose e maltrtatos, ocorrências características da falta de assistência e da negação de sua existência, por indesejada, no antigo convento católico de Santa Maria, em Tuam, na Irlanda, agora loteado seu terreno, o que revelou no cemitério, mortes que se deveram aos frutos de mães que engravidaram fora do casamento, solteiras a esmagadora maioria, que assistidas pelas caridosas freiras do Bom Socorro, que com outros mais contados, chegaram a ser dez mil estas mulheres nesta triste condição na Irlanda entre 1922 e 1996, transformadas em lucrativas lavadeiras pelos diversos convento que as acolhiam sob o nome de Irmãs Madalenas, cuidavam de lhes livrar dos incômodos bebês, matando-os à fome ou com as doenças decorrentes desta, maltratando-as e depois as enterrando em conveniente cemitério intra muros, eliminando, destarte, o rastro daquela situação irregular de extra conjugalidade e sua indesejável única testemunha delatora, com isso lembrei-me de muitos outros casos, mais antigos, mais distantes, mais ocultos, mais esquecidos que, e os fui revistar e investigar, o que levou seu tempo, e, alguns, iremos revelar.

No silêncio cúmplice por traz de muros altos que as defendem do mundo, da verdade do mundo, das solicitações e exigências do mundo, bem como de seu dedo acusador e de suas críticas mordazes, movimentaram sempre segredos inconfessos, conhecimentos ocultados, disposições escondidas, que resguardaram situações indesejáveis, ou, ao menos, de conhecimento indesejável ou indesejado, em face de uma moralidade impiedosa, mantendo-as condições de secretismo conveniente à ocultação destas ocorrências, forjando assim um mundo à parte. Muitos destes segredos ficarão para sempre esquecidos atendendo a seu propósito primeiro, porém outros quantos se vieram a revelar, aflorando por registros, confissões, descobertas, situações inopinadas ou tradição suspeitosa confirmada. A muitos manterei ocultos, não por cumplicidade num siêncio que não acho mister ou merecedor de meu apoio, mas por não ter a certeza da prova de sua ocorrência, ainda que as probabilidades, bem como as evidências incompletas, apontem todas para que sejam apenas mais casos como os que já foram descobertos e tornaram-se conhecidos.

Comecemos por Odivelas, grande Lisboa no século  XVIII, onde havia neste convento duas madres exepionalmente bonitas. Paula Teresa da Silva e Almeida, conhecida como Madre Paula de Odivelas, com quem o Rei, D. João V, teve D. José, não o que foi o primeiro rei deste nome que também o gerou D. João V, mas o que foi Inquisidor-mor  do Reino, assim como havia gerado D. Gaspar, no mesmo convento de Odivelas, quatro anos antes, de outra freira, Madalena Máxima da Silva de Miranda Henriques, Madre Madalena Máxima de Miranda, como era conhecida, e que veio a ser arcebispo primaz  de Braga, esses dois filhos de D. João, juntamente com um terceiro não nascido de religiosa, foram os que ficaram conhecidos popularmente como os meninos da Palhavã, o local do Palácio da Azambuja do marquês de Louriçal, onde viviam, escolhendo assim alcunha incerta para um segredo não bem guardado. O povo na sua sabedoria não falava em meninos da Azambuja, do palácio da  Azambuja, que seria uma denúncia quase certa, nem dos meninos do marquês de Louriçal,   o que seria uma ofensa, já que deles não o eram, falavam do bairro onde viviam, generalizando e mantendo o segredo, que só o estudo histórico levou o pesquisador até o Mosteiro de São Dinis e São Bernardo da Ordem de Cister, em Odivelas. Como o Rei os reconheceu oito anos antes de morrer, e o seu irmão rei os tratou com deferência como queria seu pai, soube-se deste segredo conventual, posto que as mães feriras ficaram conhecidas, como conhecida ficou a história da frequência do rei ao mosteiro, e como se soube de que foi imitado por outros que também geraram filhos nas religiosas com quem entretiveram-se.

Outro Mosteiro famoso desde o século XVI, portanto muito antes do terremoto, e a este tendo resistido, e mais ainda ao maremoto que se lhe seguiu, e que o invadiu por completo, pois que ficava em posição propícia, quase ao nível do rio e do mar de Lisboa, muito na linha da foz do Tejo, e ficava onde é hoje a Avenida D.Carlos, que se abriu para a passagem do cortejo da coroação deste penúltimo rei português tristemente assassinado, levando ao fim da monarquia, logo a seguir, com seu filho, pois foi quando esta esventrou o convento que se conheceu o segredo. Chamava-se então Convento da Esperança, nome que expurgou o original da Piedade, do Mosteiro que 'sempre' ali houve, com a invocação desta Nossa Senhora pela irmandade que os marítimos ali estabeleceram. Como estes certamente precisassem mais de esperança que piedade, como se possa imaginar, como penso que todos nós ademais, o nome espalhou-se ao local, a uma rua que assim se chama, e ao imaginário lisboeta de um sítio que sempre foi de boa vista, com aprazível localização sobranceira. Este mosteiro desde sempre se destinou a receber senhoras nobres que lá se recolhiam por diversas razões.

Pois foi nesta época do Convento esventrado pela rua, cortado a meio dando lugar a nova Avenida que se abriu, que fez-se a descoberta logo encoberta outra vez, só ficando um traço numa correspondência entre dois homens da municipalidade de então: Francisco Fonseca Benevides e Manuel de Castro Guimarães, depois Conde desse apelido. Havia lá oculto no mosteiro algo que justificava uma das razões do recolhimento das nobres senhoras que lá se recolhiam para esconder do mundo, do século, a inversa pela qual lá se fez recolher uma segunda Rainha em 21 de Novembro de 1667, D. Maria Francisca de Sabóia, que diferentemente das nobres recolhidas na esperança, já que se 'provou' que D. Afonso VI não consumara, não se satisfazendo dela. Razão bem diversa também da Rainha que se lhe antecedera neste mesmo convento em 1562, Catarina Habsburgo, mulher de D. João III, esta mãe e avó, mãe de nove filhos todos mortos em sua vida, e avó de um neto que desapareceria, sendo sempre desejado e esperado.

O outro convento é insular, e ganhou preeminência quando esta ilhas eram a sede única da legalidade em Portugal, contrapondo-se a usurpação restante, que dominava todo o continente e a Madeira. Foi em 1831 quando as tropas de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal se dirigindo a Portugal continental, estacionaram nos Açores que haviam resistido a usurpação, as bravas ilhas resistentes, lutando pela vitória da legalidade, essa terra de mulheres bonitas, como referenciam diversos autores desde sempre, e que Boid, nessa época que iremos evocar o que se passou no convento, diz textualmente:"As mulheres dos Açores, são mais belas que as naturais de Portugal", pois essas nove ilhas que tiveram nos conventos desde há muito comportamento censurado pelas sucessivas visitas que os apontavam, registrando luxo e licenciosidade em seu seio. Os conventos femininos eram  à  época dezessete nas diversas ilhas, não em todas como os masculinos, eram seis na Terceira, um em São José, dois no Faial, seis em São Miguel, e dois em Santa Maria, porém eram nos das Clarissas e Capuchas onde o luxo e as luxúria eram mais observáveis, o que era lógico pela presença nas suas hostes de mulheres insatisfeitas, formadas na maioria de filhas secundonas, que não iam para os conventos por vocação mas por imposição, e por não haverem encontrado casamento conveniente, lá sendo colocadas, e que não se  resignavam a abrir mão das coisas do mundo (luxo, conforto e sexo). Assim, quando desembarcam as tropas liberais, esfregaram-se as mãos em muitos desses conventos, sobretudo o de São Gonçalo em Angra, pobre do Santo, e o micaelense da Esperança, valha-nos Nossa Senhora o nome outra vez, cada um com mais de cento e cinquenta freiras e setenta e tais noviças, que rapidamente se irão transformar em bordéis, dando vazão a ímpetos de ambas as partes que se encontravam e saciavam mutuamente. Muitas ficaram como se diz em Portugal, e que o nome do Convento das Clarissas em São Miguel indica, de esperança, vindo irremediavelmente, após o contado período de énea mensalidades, a suscitar bebés, cujo destino ficaram entre os segredos conventuais.













terça-feira, 24 de novembro de 2015

O xeque-mate de Antônio Costa.







Quem sabe jogar xadrez, percebe bem o que se passou.  Foi uma partida numa série de jogadas sucessivas, com o adversário tentando várias opções:

Costa joga com as brancas.

                             Afirmando logo ao começar a partida que não fará coligações negativas, estabelece um princípio de jogo fraterno.

Primeiro tentaram o roque. 

                            Ora rocar, fazer o roque, é promover uma proteção ao Rei, com a Torre, mudando-os no tabuleiro, num entendimento muito amplo, levando assim a dificuldades em se atacar, portanto António Costa não atacou mais, pelo contrário, contornou, mostrou-se solidário, tentou cooperar, e montou, entretanto, sua estratégia.

Segue-se o recambó. 

                            Foram sucessivas mãos ou movimentos, sempre com mudança de parceiros sem nunca revelar o objetivo final.

A frente siciliana.

                            Logo que o peão do rei das brancas moveu-se, as pretas estabeleceram essa linha de  defesa, iniciando-se a luta pelo centro do tabuleiro.

Seguiram-se ataques  diversos, com as pretas reafirmando que tinham ganho o jogo e que o local era delas.

De repente assumem as pretas a posição de donas do tabuleiro, e as brancas desaparecem do jogo indo preparar o fatal contra-ataque.

Quando há os movimentos sérios no plenário do jogo, as brancas entalam as pretas,  e o juiz por decorrência.

As pretas são derrubadas.
         
                                  Sem posibilidades tentam com diversos movimentos promover uma reviravolta no jogo, inclusive influenciando o juiz, para ver se encontram uma saída, tudo debalde, as brancas de António Costa mantêm-se, até que aparece uma linha de defesa muito forte e intransponível, e oferece uma solução para a partida.

As pretas sem saída.

                                  Sem saída as pretas vão vendo que não terão solução, mas o árbitro tenta reverter a partida, como já havia indicado as pretas como vencedoras, tenta estabelecer uma situação de vitória e normalidade para tornar-lhes a vitória definitiva, porém não havendo solução.

As brancas resistem.

                                  As brancas alinhadas, resistem oferecendo soluções de movimento no tabuleiro.

Xeque.
       
                                  Desta forma o Rei das pretas é posto em cheque e vê que é melhor aceitar a situação porque ficara sem possibilidades, mesmo que o juiz o queira manter, já não há mais espaço.


Insistência em alternativas.

                                   Há ainda uns quantos cenários que procuram ser criados para dar espaço às pretas, mas tudo debalde.

Xeque-mate.

                                   Como todo o Rei, por manter a posição, obriga que as hostes adversárias sem saída recuem, e com isso seus cavalos, elementos de força, um à esquerda do tabuleiro, e o outro mais à esquerda ainda, dão o mais soberbo cheque mate, sem nenhuma opção, nem que o  juiz quisesse, nada mais podia fazer, limitado pelas regras é obrigado a aceitar o jogo e o xeque-mate que está dado.

Fim de partida.

                                  O juiz muito a contra gosto é obrigado a sagrar vitorioso Antônio Costa, mostrando toda a sua má vontade, todavia mesmo sem nenhuma opção, vai engolir o sapo enorme que se apresentou.  O jogo termina!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

F.Pessoa: Não sei ... (P - 12)

Falta uma semana para os oitenta anos da morte de Fernando Pessoa.

Sonho. Não Sei quem Sou

Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
             Minha alma não tem alma.

Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
             Não tenho ser nem lei.

Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações,
             Coração de ninguém.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

WILLIAM - QUATRO SÉCULOS DE UM LEGADO DE MARAVILHAS - SHAKESPEARE




O poeta é o poeta
Que coisa mais indiscreta
Falar de seus sentimentos
Revelar a que é secreta
Emoção de seus momentos,
Propalar sua paixão

Poeta que é poeta
Define e interpreta,
Expõe o coração.


Quem com mais imensidade que ele terá revelado sentimentos intensos e profundos? Criados mais profusos mundos? Conhecido melhor a emoção?

Quem se afiguraria maior? Quem conseguiu dizer melhor? E já lá se vão 400 anos...

São exatamente esses quatro séculos que se irão comemorar no vinte e três de Abril do ano próximo que iremos lembrar a partir do final de Fevereiro, que esperamos seja alvissareiro, de acendrada emoção; William Shakespeare, o maior poeta inglês de sempre, que penso nunca será sequer igualado, porque transpôs nossas emoções com maestria, traduziu em palavras e atos, porque era também dramaturgo, e fazia a cena toda, derramava sua emoção para além das palavras, sendo mestre delas, com a exata temperatura, a perfeita situação, o vibrar incisivo, acertando direto ao coração.

Nesse Abril que vem no ano próximo contar-se-ão quatrocentos anos que ele nos deixou, e deixou suas maravilhosas palavras a encantar gerações sucessivas. Quem não sentiu-se um Romeu, apaixonado de sua Julieta? Quem não cogitou da podridão que o circundava como Hamlet? Quem não se sentiu traído como Lear? Quem não já se sentiu esconjurado como Macbeth? Quem nunca ouviu que fizessem muito barulho por nada?  Quem não viveu um sonho de uma noite de verão?

Todo o mundo tem de celebrar que esse homem tenha existido, só mesmo passando a ser adorado no XIX, demorou, esqueceram-se entretanto que o homem é o principal ator de seu drama, drama que traz na alma, e sem calma o vai realizar, e que esse drama tem numa determinada perspectiva também seu que de humor, todos temos de reverenciar quem expôs nossa alma, nossa dor e nossa incongruência com tanta força e  prontidão. Cantemos Shakespeare, louvemos sua passagem por esse mundo que terminou, como se sabe, e dele se sabe pouco, no 23/4/1616. 

domingo, 22 de novembro de 2015

Paris garnies.




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Paris garnies...


Noel de tristesse en  anticipation
Il y a des fleurs, lumières, et des bougies
À racheter la douleur et la dissipation
Et pour créer un autre couleur rougies.

sábado, 21 de novembro de 2015

FUNDAÇÃO RICARDO ESPÍRITO SANTO SILVA.



Sei que ainda é politicamente incorreto, para não dizer 'haram' utilizando esse termo islamita que mais propriamente quer dizer interdito que pecado, coisas do tempo, abordar o assunto, quanto mais para defender, qualquer coisa que leve o nome dos Espírito Santo Silva, entretanto há obra meritória, de grande valor para Lisboa, e para o país, que deve e tem de ser defendida, e a isso se destina esse artigo.

Um fantástico museu, num fantástico palácio, na mais bela das localizações ulissiponenses às Portas do Sol, fazendo parte da Fundação, já que foi criado ao mesmo tempo que o museu, o Instituto de Artes Ofícios, que é o que de mais relevante foi então criado pelo Dr. Ricardo Ribeiro do Espirito Santo Silva, e que o Decreto-Lei 39190 de 27/4/1953 dá corpo.

Agora temos que mais que o importante museu lisboeta, é a ação de formação da Fundação que está em perigo, mas também é o museu, infelizmente, porque com a falta de recursos tudo é atingido, porém todo aquele trabalho de preservação de saberes, que é mais importante que a preservação das coisas, está sob ameaça, e algo de vigoroso deve ser feito para que os recursos possam fluir para, como sempre foi ao longo das seis décadas de sua existência, manter o alto padrão de qualidade de ensino que a entidade alcançou, tendo se transformado no coração das artes e ofícios em Portugal, vindo seus recursos em grande parte do Banco da família que a fundou. Como infelizmente sabemos esse vínculo se quebrou para sempre. 

Agora que há um banco mau e um banco bom, uma boa questão é : A qual banco pertencerá a Fundação? Bem entendido o termo «pertencerá» no sentido de qual banco irá ficar como 'sponsor' da Fundação. Se for o mau, mal, muito mal, não haverá recursos, se for o bom também, pois que uma vez vendido, sem o vínculo do nome, sem a família que por respeito às suas tradições e às tradições do fundador alimentavam a Fundação, agora quem irá se preocupar com a Fundação? De um Estado falido não se deve esperar muito, durante muito tempo, até que ultrapasse sua falência, e o trabalho da Fundação é diário, e todos os dias necessita de recursos para comprar o material gasto nas aulas, para pagar o salário dos professores, para a luz, a água, o gás, etc.. etc...

Se formos ao documento de constituição da Fundação veremos que a intenção de seu doador, que não tem nada a ver com estas patranhas que agora se passaram, um homem que se sentiria humilhado com as atitudes de alguns destes seus decendentes, verificaremos que os estatutos, em seu artigo 8º cuida das receitas da Fundação, crédulo que haveria mais mecenas como o Dr. Ricardo, sabemos bem que esses homens escasseiam cada vez mais, e que é necessária alguma atitude que supra essa carência. Havemos de começar uma campanha a nível internacional para que o repositório de saber que é o Instituto, possa ter os meios necessários para se manter, servindo a todos que necessitem de seus prestigiosos serviços, e que são muitos esses que necessitam de apoio especializado pelo mundo fora, aos quais faltam a informação da existência do Instituto e de como recorrer a eles. Aguardando apoio e sugestões aqui, como através do e-mail hdocoutto@gmail.com, voltaremos mais vezes ao assunto.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Miserere....



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Les rideaux couleur de feu
Et rouge en plein
Misère de vie, de sort un peu
Raison en vain
Terreur, sans sens, le sang à bain, ban
La mort au Ba' tá clan.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

F.Pessoa: Não, não digas.... (P -11)

Faltam 2 semanas para os 80 anos da morte de Fernando Pessoa. 

Não: não Digas Nada!

Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já

É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias.

És melhor do que tu.
Não digas nada: sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

domingo, 15 de novembro de 2015

10 pontos a se ter em consideração ao avaliar as atitudes do dr. Cavaco.



Respondi com esses dez pontos à carta aberta do Ricardo Paes Mamede , vejam a carta, vejam os dez pontos e avaliem como funciona o Dr. Cavaco, atenção: os pontos são todos justificados pelo passado de quem a carta se dirige.


Exmo. Sr. Presidente da República,
Muitos de nós, portugueses e portuguesas, receávamos que das eleições legislativas de 4 de Outubro resultasse uma situação de ingovernabilidade do país. Num momento de grande incerteza política internacional e de fragilidade económica e financeira, a ausência de soluções de governabilidade colocaria Portugal sob enormes riscos.
O resultado das eleições e as subsequentes reacções dos partidos com representação parlamentar criaram uma situação nova para a democracia portuguesa. A coligação de partidos que obteve o maior número de votos não conseguiu assegurar uma maioria parlamentar que viabilize um governo por si liderado. Por contraste, o segundo partido mais votado estabeleceu um conjunto de acordos com outras forças partidárias que garantem uma maioria parlamentar, assente em compromissos claros.
Assim sendo, venho apelar-lhe para que coloque os interesses do país acima de quaisquer outras considerações, indigitando como primeiro-ministro o dirigente político que se encontra em melhores condições para garantir uma solução governativa viável em Portugal, o Dr. António Costa.
Saudações democráticas,
Ricardo Paes Mamede


Helder Paraná Do Coutto Caro Ricardo, Sua Carta Aberta, que traz todos os elementos da lógica, e é motivada pela melhor de todas as intenções: Privilegiar os superiores interesses do país, esqueceu-se é de quem é a quem se dirige. 1º Conclui com saudações democráticas, essa fez-me rir dirigindo-se a quem se dirige. Dr. Cavaco não entende bem isso. 2º Temos que você invoca os riscos, o Dr.Cavaco adora riscos, veja para quando ele convocou as eleições. 3º O digno Ricardo refere-se a situação nova, ora, ora meu caro, o Dr.Cavaco desconhece o novo, ignora as mudanças, nega verdades.... 4º Inteligente Paes Mamede considera uma realidade que se apresentou, o Dr. Cavaco considera imponderável o que não lhe agrada, e acredita em realidades paralelas. Veja o caso de Fátima. 5º O ponderado Ricardo Mamede diz 'garantem', meu caro e admirável pensador, o Dr. Cavaco não acredita em seguranças que não lhe sejam dadas por gente sua, e não haverá garantias que o convençam. 6º O inequívoco Paes Mamede faz um apelo, caro Ricardo o Dr. cavaco não houve nem atende a apelos, tem tudo já definido, antes mesmo que se saiba o que se vai passar. 7º A pelando o justo Ricardo, quase um 'lion heart', busca razões, que razões poderá alguém contrapor a uma pessoa que nunca tem dúvidas? 8º Quando o impoluto Ricardo Paes Mamede refere-se a "o dirigente político que está em melhores condições...." o meu respeitado Ricardo está sugerindo um engano, como pode fazer isso a quem nunca ou raramente se engana, e certamente se, dá-se essa temerária ocorrência, certamente o Dr. Cavaco, não dá cavaco e o reconhece. 9º Diz ainda o meritório Ricardo Paes Mamede de uma "... solução.... viável..." Caríssimo Ricardo, o Dr. Cavaco só crê nas suas próprias viabilidades... Fica para a História a boa vontade, a dignidade, o bom princípio do cidadão, na plenitude da sua dignidade, Ricardo Paes Mamede, mas, por assim dizer, o gesto de decência e participação que move sua alma, definhou na parede, na terra agreste, improfícua e estéril daquela alma cujo 10º ponto define: "Ninguém me pode direcionar" o que equivale a dizer que qualquer esforço é estéril, porque a semente que se planta para que germine, não germinará naquela alma que sabe tudo e tudo sabe.





Parque do Flamengo e Parque Brigadeiro Eduardo Gomes: 50 anos do aterro!





Acabava o governo de Carlos Lacerda na Guanabara, tinha havido o golpe militar no ano anterior, em Abril, atrasaram um dia por causa do dia da mentira, era apenas mais uma das que a política nos vende, porém quando militares se metem a fazer política é mesmo um miséria; esse homem da UDN que derrubara Getúlio quando deputado, e que  acabara por levar o país ao golpe de 64, não foi cooptado pela ditadura militar, muito contestatário e auto-suficiente para o novo regime recém instalado, deixam-no terminar seu governo e aconselham-no a mudar de ramo, vai ser editor de livros, e ao terminar seu governo termina o aterro, nome que designa bem o que se via, aterrou com milhões de metros cúbicos de terra atirados ao mar para ganhar a extensa faixa de terreno que irá formar os dois parques com o aterrado, má opção ecológica, o parque que começa no centro da cidade com o aeroporto Santos Dumont que tem junto à ponta da pista a Escola Naval, a mesma que em 1808 fundara D.João VI e foi o primeiro estabelecimento de ensino superior a funcionar, sempre ali naquela ponta, naquele local onde um dia eu soube que o Camisão se tinha atirado com um avião da FAB e se tinha partido todo, mas não morrera, tenho memórias muito antigas desse local, e segue esse primeiro parque até a grande curva que faz a avenida Infante D. Henrique onde há um pequeno quebra-mar, e a avenida do infante transforma-se em enorme reta que segue assim até ter de contornar o morro da viúva onde termina o aterramento, depois é o Botafogo, esse morro de onde tenho mui fortes lembranças da minha luta contra a ditadura, e é onde começa a história do prédio da UNE, chamou-se o primeiro parque com o nome do Brigadeiro Eduardo Gomes, o eterno candidato da UDN à presidência da República, vivo à época em vias de completar seus setenta anos, ainda viveria mais dezesseis, mas a a ditadura instalada no ano anterior duraria vinte e um, portanto para ele toda esperança ficaria perdida, só foi ministro da aeronáutica do Castelo Branco, como havia sido do Café Filho;  e nós não mais veríamos aquelas matronas da UDN a fazer campanha, pregar nas igrejas e associações cristãs, a vender os docinhos de chocolate com leite condensado, originalmente leite, ovos e manteiga, que acabaria por ganhar o nome da patente daquele a quem financiava a campanha, conhecia bem essas senhoras e gostava do doce, repudiava o candidato, e acabei por ficar amigo, por razões das minhas campanhas em defesa do meio ambiente, da filha do brigadeiro, que tinha a chave da ilha da Boa Viagem do outro lado da baía na cidade onde nasci, e a quem fui pedir muitas vezes que me abrisse os portões da lindíssima ilha. Aliás nesse episódio de conhecer e lidar com a filha do brigadeiro há uma coisa que nunca entendi bem: dizia um slogan da época das suas campanhas, pedindo o voto: Brigadeiro, brigadeiro! É bonito e é solteiro! Terminado esse primeiro parque, começa o segundo que leva o nome do bairro ao qual está defronte: o Flamengo, e que foi construído com os equipamentos, bem disfarçados pela vegetação: quadras, campos de futebol, museus, e, no mar, a praia de mesmo nome.

Já que falamos da vegetação, saibam que o projeto é de Roberto Burle Marx, aquele gênio admirável que conheci pela mão do Fábio Innecco, seu pupilo, e com quem aprendi que dinheiro é pra se gastar, nunca conheci alguém que gastasse tanto dinheiro como ele, vocês conhecem alguém que seja capaz de encher uma piscina com champagne cristal para se tomar banho e beber ao mesmo tempo? Roberto era capaz e o fez várias vezes. No sítio em Guaratiba onde tinha sua fabulosa coleção de bromélias, entre outras coleções, e onde todas as loucuras aconteciam, Roberto era uma criança, cantava ópera, dizia poemas, dançava, e gastava dinheiro rodo, muito mais do que ganhava, deixando maluco seu irmão e sócio que tentava compor as contas, esse parque para mim é muito ele, e muito de seu dinheiro vinha do contrato da manutenção do parque. Pois tudo isso junto, foi, é, e para sempre será, o aterro, o aterro que vai até o fim do Flamengo, o aterro do Flamengo, que, tão jovial, atinge a vetusta condição de cinquentenário. Ali é grande parte de  minha vida, só agora dou-me conta, desde o MAM onde aprendi meus primeiros rabiscos e conheci os maiores pintores do mundo, até a Casa do Estudante, onde traça-se um capítulo forte da minha ação política, é o Aterro em mim,  de ponta à ponta. 

sábado, 14 de novembro de 2015

OS EXCOMUNGADOS!




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Francisco bem que tentou, porque sabe que cortar o vínculo, cortar a comunicação, não resolve nada, deve dar tranquilidade a quem se desvincula, porque, podemos dizer assim, se livra do problema, mas não o resolve, não ajuda no essencial, na causa ou nos efeitos do problema, enfraquecendo a igreja e a fé.

Excomunhão, anátema, é cortar, impedir a comunhão, a comunicação, o contato, a proximidade, por qualquer razão que seja, melhor será entender, sem razão, com falta de razão, apenas excomunhão, afastar os que agiram de maneira diversa, os que fugiram às regras, sabe-se lá porque são regras, os que se divorciaram, os que praticam sexo diverso do dito tradicional, homem x mulher, os que descumpríramos votos, e por essas razões são alvo de anátemas, são os excomungados.

O atual Papa quer entender que a exclusão desses membros da igreja subtrai a ela filhos legítimos, sonega seu convívio, impede sua fé, destruindo seu aconchego, e esse seu é tanto o da igreja para com eles, como o deles que buscam a igreja, e esta excomunhão é fugir aos princípios básicos do cristianismo, que se podem traduzir na reflexão do que ensina a bíblia: odeia o pecado, mas ama o pecador, quando se exclui, excomunga, o pecador deixa-se de ama-lo, não se cumpre os ensinamentos cristãos, não se dá a proteção materna, essa que a igreja se atribui como santa madre que deseja ser. Por isso Francisco entendeu e tentou mudar a atitude excludente que impera, não conseguiu, manteve-se a excomunhão e, consequentemente, os excomungados.

Excomunhão, essa tradição inquisitorial que lembra um passado da Igreja que essa deve, e deve querer, esquecer, mas não toda ela, infelizmente.

JE SUIS FRANCE!


O alargamento da afirmação, antes éramos o Charlie                      
 hebdo, e o ano começava, agora que o ano termina 
 somos toda a França, como me declaro no título, o 
 que bem mostra a extensão e vilania do problema. E 
 o problema é qualquer atuação contrária aos 
 interesses do dito Estado Islâmico. No sete de 
 Janeiro eram as charges ao profeta Maomé, nada 
 mais banal e insignificante, que o terror e o pretexto 
 religioso buscaram ter como justificativa para seus 
 atos, agora neste treze de Novembro o pretexto já é 
 uma razão, os ataques franceses ao Estado Islâmico,           o que leva a uma ação contrária de guerra. Que 
  mesmo sendo assimétrica, se fosse um ataque contra 
  qualquer tipo de organização militar estaria 
  enquadrado dentro dessa perspectiva de guerra, o 
  que até seria compreensível, ainda que não 
  aceitável, por serem ações de uma guerra não 
  declarada. Porém uma ação contra civis que se 
  divertiam ou se alimentavam é inaceitável e 

                                                                       incompreensível fora da lógica absurda, melhor será 
                                                                               dizer ilógica, do terror, porque o terror justifica 
                                                                               tudo, por ser injustificável, tudo lhes serve de 
                                                                               justificativa e motivação.

Temos ainda a apreciação real desta entidade que se intitula Estado islâmico, que Estado não é, e que com algumas conquistas territoriais, que felizmente vão diminuindo, pois algum resultado havia de produzir os constantes bombardeamentos das maiores potências mundiais durante meses à fio, território que daria este status de Estado, e que de Islâmico não tem nada porque o Islão é uma evocação da conciliação e tolerância, e não essa miserável manifestação de ódio e terror, não há NADA de verdadeiramente religioso nesse dito Estado Islâmico.

Sei que  não é o momento mais adequado para  relembrar a origem da desestabilização que levou ao surgimento do alcunhado Estado islâmico, porém mesmo sabendo ser politicamente incorreto não posso esquecer, e não relembrar, que a culpa também é nossa, e a nossa culpa chama-se exclusão. Internamente, porque nunca integramos verdadeiramente esses grupos que vivem em nosso meio, tolerando-os mas nunca os desejando, e não os consolidando como nós, são sempre eles, os outros, e como outros se traduzem e se comportam, até que se revoltam. Esse revoltar e participar em células de terror é mais que tudo saberem-se outros, outra gente, outra categoria, nunca como nós. E externamente porque atiçamos o vespeiro esquecendo que o equilíbrio de forças em seu meio, entre tantas e tão diversas tendências ou grupos ou etnias, era fruto de uma ação muito antiga, muitas vezes, ou mor das vezes, ditatorial que os mantinha apaziguados, a guerra do petróleo, a estupidez dos Bush, foi a origem disso tudo, cuja conta vem sendo apresentada e continuará a sê-lo.

Sucedem-se as flores e as velas nos locais do horror, suceder-se-á a solidariedade mundial e pessoal de infinitas pessoas, assim como eu que me afirmo a França, mais que francês, cerrando fileiras com os meus iguais, que tanta falta de razão têm como seus oponentes, que razão não têm como seu inimigo declarado numa guerra não declarada, suceder-se-ão medidas, muitas açuladas pelo medo, uma das intenções da ação do terror é exatamente essa, como sempre foi ao longo da história da humanidade, promovendo polarizações nos extremos que se confrontam desde sempre. A par do medo que motivam essas ações,  motivam-nas também incongruências, e a total falta de entendimento do outro e de suas motivações, ficando cada qual entrincheirado em suas pseudo razões, e é esse entrincheiramento, que se justifica no sentimento de segurança e estabilidade que proporciona, que foi a origem de todo o conflito, e é a causa de sua continuidade, porque armados de suas razões ignoram as do próximo.

É sempre muito difícil assumir posição quando as posições estão extremadas, é sempre muito difícil saber o que é certo em meio ao caos instalado, é mesmo quase impossível escolher a medida que vá resultar imersos na incongruência reinante, sim porque reina tudo o que é impróprio nesse momento, reina tudo o que não devia. No entanto por razão fortemente de quem eu sou, nesse hora, como não podia deixar de ser : Je suis France!