sábado, 29 de agosto de 2015

Aí vem a Guerra da Água.













O século que encerrou o segundo milénio quase quadruplicou a população com a qual o planeta o começou, gerando uma demanda de todos os recursos sem precedentes na História do Homem. Recursos que, como tudo que existe tem uma só fonte originária: O nosso planetinha azul. Simplificadamente chamamos estes recursos de naturais, o que equivale a dizer que eles provêm da natureza, o que sendo verdade, assim dito, cria a falsa impressão de que são inesgotáveis, porque no século anterior a este, e em todos os anteriores, a mãe Natureza provinha todas as necessidades de forma absoluta, permitindo estabelecer-se a crença de sua  inesgotabilidade. Crendo-a perene, sua exploração passou a ser cada vez mais efetiva, intensiva, atingindo níveis de insustentabilidade, uma vez que a demanda não permitia a reposição natural dos recursos, porque não lhe dava tempo para tal, isto relativamente aos recursos que se recompõem naturalmente como as florestas, as populações animais, e os aquíferos. O petróleo, todos os metais, as pedras de muitas utilidades, muitas substãncias quimícas essênciais, etc.. entraram em franco declínio das reservas, e assim continuará até que acabem totalmente. 


A afirmação com a  qual intitulei este artigo é assustadora na medida que tudo o que precisávamos em 1900, o que um planeta satisfazia, em 2000 já precisávamos de quatro planetas, o problema será que sempre só teremos um, e o mesmo, para satisfazer nossas necessidades. Em 1800 a população era um pouco menos de um bilhão, o  século XIX elevaria-a para um bilhão e seiscentos e cinquenta milhões, o que já era uma terrível proeza, sobretudo com a imensa mortandade, porém o XX faria ultrapassar os seis bilhões. A dita explosão demográfica, filha dos progressos científicos e tecnológicos, com a maravilha da química espalhando saúde e produtividade agrícola, evitando que as pessoas morressem, aumentando-lhes a longevidade, permitindo que se reproduzissem intensamente, e produzissem alimentos em maior número e por um período maior de tempo, foi determinante para a sua  manifestação, e explodiu mesmo!


Enquanto se contavam por centenas de milhões a população mundial, o planeta pode se sustentar, o que não impediu a extinção de inúmeras espécies nesse período de tempo, porque a insânia humana é sempre ativa, e essa loucura é sempre destrutiva, assim a caça intensiva primeiro, depois o ataque às florestas, e por fim o uso de químicos, dizimaram populações inteiras até que não existisse mais um só bicho, uma só planta, daqueles que sofreram esses ataques seletivos. Posto que a demanda mundial por alimentos é uma curva que não para de crescer, cada vez mais os recursos, aqueles ditos naturais, encontram-se sob um ataque cerrado até o ponto de colapso, para evitar o colapso estabelecem quotas, limites, defesos, proibições de toda ordem, mas nada é suficiente para atender a uma demanda crescente, muito menos o será, porque, relembro, quando necessitamos de muitas Terras para atender a essa demanda e só temos uma: NÃO HÁ SOLUÇÃO! 


E quando se buscam recursos que não podem atender a todos, estabelece-se uma competição, que será tanto mais intensa e feroz quanto mais limitados forem esses recursos, e os recursos se tornam limitados não só pela sua diminuição, por serem extraídos e utilisados, como pelo aumento dos que querem ter esses recursos. Uma árvore utilizada não o será de novo, um ovo comido não o será de novo, isto quer significar que esses recursos são finitos, acabam, e não há nada a fazer.


Com a água  dá-se o mesmo, só temos essa aqui que os asteróides nos trouxeram, como se sabe da geoformação, e não há outra mais, em maior quantidade, e a que há é na sua maioria salgada, e nós a consumimos doce, que tem cada vez mais poluição nela, e nós a consumimos limpa, é destinada para infindáveis necessidades humanas, desde repor os líquidos corporais, até lavarmos alguma coisa nossa mais ou menos frequentemente. O problema da água, não está na água de consumo direto pelas populações, o consumo indireto, esse sim é enorme, só a agricultura consome 75% (setenta e cinco por cento) da água doce usada no planeta, nos países menos desenvolvido esse número pode atingir a 98%, noventa e cinco (95% na média), média altíssima pelo mal uso e perdas, mas o consumo agrícola é o centro do problema, porque toda a água utilizada não pode ser reciclada, ou vai para a plantação, o objeto do regadio, ou evapora-se e vai para as nuvens, ou para o lençol freático, e não há nada a fazer, porque a plantação uma vez consumida, necessita de que se plante outra, e, é claro, ao ser comercializada levou a água consigo na forma daquilo que se colheu ali, a que foi para as nuvens, sabe-se lá onde irá esta água chover, e a que foi para o freático seguirá o rumo do rio subterrâneo, indo ter a outro lugar mais distante, ou seja para o próximo regadio é necessária mais água de uma fonte que o abasteça. E se, ou quando, não houver?


Isso é assustador, porque cada vez há menos água para satisfazer a uma demanda crescente, com um consumo crescente, tanto por mais população, como para populações com mais recursos que pretendem piscinas, banhos longos, banheiras, limpeza, e mais alimentos, que demandam enormes quantidades de água para serem produzidos a vários níveis, pois após a fase agrícola, eles têm de ser processados e conservados, o que demanda também enormes quantidades de água, água que não há!  Para muitos não há mesmo nenhuma. O número é assustador 2 em cada 7 das pessoas que vivem no planeta nestes tempos, vivem sem água, ou seja sem acesso a água, em locais sem água nenhuma. São 1.800.000 de seres dispostos a lutar pela água, dispostos a tudo por água, agora juntem-se a eles agricultores por toda parte que sofrem com quantidades de água insuficientes para terem êxito com suas colheitas, que, impedidos de aumentar o plantio por não terem água, e havendo maiores populações com vontade de consumir esses alimentos que produziriam, sentem-se traídos e usurpados em seu legítimo direto de produzir mais. Quanto ao fato de não produzirem esses alimentos não só afetarem os produtores agrícolas, mas aos consumidores que sentirão a falta desses alimentos não produzidos, e sofrerão com o aumento dos preços, consequência da produção não atender a demanda, caminhamos então para termos a tempestade perfeita, com toda gente disposta a lutar pela água que necessita em seu território. Isso irá começar devagarinho, como já começou em muitos pontos do globo; primeiro serão conflitos localizados, depois irão aumentando, até haver guerra. Estejam certos, aí vem a Guerra da água.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Essas mortes têm de acabar!




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                                                                   Ao pecador Deus declara:
                                                                                                          «Porque andas sempre a falar da       .                                                                 minha Lei e trazes na boca a minha aliança…»   Salmo 50



Morrem por todo lado, morrem a toda hora, são lesados, humilhados, explorados, enganados, põe suas vidas em risco para a travessia, do Mediterrâneo, de fronteiras vigiadas, e estradas esquecidas, passam fome, passam desespero, e morrem no fundo de barcos, afogados, gaseados, asfixiados, dentro dos carros e caminhões que os transportam. Brada aos céus essa situação, se a Europa os vai aceitar, que os aceite logo, e, como terá custos de repatriar os que não vai aceitar, que os selecionem antes onde quer que eles se encontrem, os países de origem, ou para os quais fugiram, há CONSULADOS por toda parte, são 28 países que os podem classificar, receberiam um visto Schengen especial, com o qual em vez de se dirigirem a um traficante de almas, a irem pôr suas vidas na mão de  um contraventor, poderiam pegar um avião normalmente, e por preços muito mais acessíveis e iriam para o país que quisessem se destinar, esgotada a cota daquele país, já estariam na Europa e seriam encaminhados a outro país para os acolher, assim não haveriam mortes!

A Europa está à espera de que para pôr seus consulados a trabalharem, para fazer uma reunião e deixarem tudo isso decidido e porem fim a essa situação miserável que se instalou pelo mediterrâneo e países fronteiriços, para onde se dirigem esses refugiados? Mas a Europa não se quer comprometer, como se dissesse que aceita e abre-se aos refugiados, portanto tem sua cota-parte de responsabilidade nessas mortes. Não lhes facilitando o acesso, mantém a distância, matém a inacessibilidade,« quando chegarem a nossas portas, veremos», mantém a premissa do esforço, mantém a necessidade da conquista, e com isso mantém a mortandade,

Todos os recursos europeus estão instalados e operacionais, basta um telefonema às embaixadas dando instruções e os consulados começam a funcionar meia hora depois, o que que essa gente tem na cabeça, pior, o que essa gente tem no coração?

Quantos mais mortes querem em suas consciências?

Algo terá de ser feito urgentemente, e que se faça logo, isso é um flagelo, que está aí esperando resposta!


Tomem tino!








Vergonha pelos muros, e muros sem vergonha.







Houve um muro que chamaram da vergonha, e o era, não há dúvida sobre isso, mas aquele muro, e a vergonha que carregava era o de defender uma ideologia, o que é uma causa nobre, a vergonha estava em querer obrigar os outros à sua ideologia, obrigar àqueles que discordavam e deviam ser livres de se irem embora. Agora ficará na história, não outro muro da vergonha, mas o maior muro da maior vergonha que alguma vez se poderia imaginar, a Hungria, em razão de um governo fascista, entrará para a História como o país murado, murado pelo MURO DA VERGONHA!

Vergonha porque o muro, ao invés de ser para impedir alguém de sair, é para impedir outros de entrar, e os outros são refugiados de guerra. A própria Alemanha, sobre a qual pesam por razões históricas as maiores desconfianças, teve uma atitude nobre reservando uma cota de oitocentos mil lugares para refugiados em seu país, farão isso com todo o critério, selecionarão as pessoas, como é de seu feitio, mas as acolherão com dignidade, e é isso o que importa. A Hungria não está vendo a dimensão do problema, e sua xenofobia, só lhe vai trazer dissabores, além do que a Hungria que participou do projeto nazista na segunda guerra mundial, o que levou à morte centenas de milhares de judeus húngaros e dezenas de milhares de seus ciganos, devia mais que outros ter presente essa sua condição.

A História não esquece, uns quantos querem apagar a história e fazer crer que a realidade continua a partir do ponto que lhes convém, mas nós sabemos que a verdade está toda lá, e ela é feita de passado, ninguém pode renegar seu passado, e seguir alegremente em frente como se nada tivesse ocorrido, como se nada se tivesse passado, como se não tivessem passado, a memória não esquece, e este muro, se alguma vez se concretizar, a imagem dos refugiados atravessando montanhas de arame farpado ao preço de arranhões, feridas e bocados de sua pele e carne que ficaram presos aos arames, irão ficar para sempre na memória, para se somar a outras que a Hungria já carrega, este muro indecente, vergonhoso, ultrajante, mesmo que não se concretize, só sua ideia já os ultraja, já os conspurca.

Vão murar os bosques? Os rios? As estradas? Os caminhos de ferro? As fronteiras têm muitas variantes ao longo de seu percurso, há que se murar todas para ser eficiente. Murando assim tudo a Hungria tornar-se-á um país murado, um país incomodo, um país marcado, um país inóspito,um país desvairado.

E se houver muro, e aqueles que os quiserem saltar? Farão como em Berlim, atirarão a matar sobre os que os estiverem saltando? Instalarão altas torres? Manterão guardas e polícias, soldados e cães, armados com ordem para matar?

Será que os húngaros, terra de gente nobre e sábia, marca do velho Império, manter-se-ão calados, coniventes com essa ignomínia? Fico aguardando o movimento cívico anti-muro na Hungria, para ser o primeiro a assinar.   

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A noiva do deserto e a maldição do deus do trovão.




As caravanas de muitas rotas, como a da seda por exemplo, que atravessavam o deserto, hoje dito da Síria,  e que já teve muitos nomes, que seguiam buscando Damasco, para a seguir atingirem as águas do Mediterrâneo um pouco além, quando partiam deixando atrás de si o Mar Cáspio, tendo atingido Duro Europos tinham pela frente uma longa travessia do deserto até Damasco, tendo como único ponto de pouso e repouso em meio à longa jornada, Palmira, a noiva do deserto, encruzilhada de culturas perdidas na memória do tempo, tantas, umas após outras, que seria necessário o espaço de mais de uns vinte artigos como esse para esboçar todas as civilizações que por ali passaram e deixaram suas marcas nesse precioso patrimônio da humanidade.

Palmira, sonho de visita de todo aquele que goste de história, de arqueologia, de cultura, do passado da humanidade, símbolo máximo dos caravançarais, essa hospedaria ancestral, mãe de todo o turismo, que recebia todas as caravanas que vinham em largo deslocamento demandando refúgio, descanso e proteção, tradição de hospitalidade, símbolo de respeito e fraternidade em meio a um ambiente inóspito e adverso, literal oásis para as fadigas dos viajantes, local de encontro há mais de dez mil anos, onde desde que há notícia documentada foi baluarte do trânsito ancestral, quando o homem buscava desenvolver suas habilidades em todas as artes e ciências que, movimentando-se entre oriente e ocidente dirigiam-se a Palmira nesse deslocamento.

Palmira, minha noiva tantas vezes sonhada, que eu desejava outra vez visitar para rever todos seus testemunhos, verdades de outras eras, reminiscências da luta eterna do homem em busca da verdade, do saber e do progresso, não te posso ver mutilada, não te posso crer em mãos sem nenhuma lógica, sem nenhum propósito outro que a expressão da estupidez  humana, do ódio gratuito, e da falta de entendimento do que é a história do homem nesse mundo: Eu tenho em mim um ódio violento, não gratuito, mas justificado pelo mal que fazem a ti minha noiva amada, que não posso aceitar que o entendimento de uns quantos possam te querer amputar o passado glorioso, o testemunho em pedra e barro do tempo que por ti passou, e de que és testemunho vivo.

Não posso, calei-me quando destruíram Al-lãt pasmo de horror, esperei que outras vozes  mais altas que a minha se levantassem, e que o rugido de todos os leões, desde o inglês aos da Etiópia, vibrassem uníssonos em censura contra a ignomínia perpetrada, mas nada. Agora que atacam o templo de Baal, de Baal-Shamin, essa entidade poderosa, meio demônio meio deus antigo e vingativo, odioso e odiento, mal de muita memória, mau em suas ações, que espero que em revolta do que fizeram a seu templo possa vingar-se desse amaldiçoado Estado Islâmico que mata, conspurca, destrói. Que os trovões de Baal possam cair todos sobre a vossa cabeça,Oh! Maldição do Islão, porque o Islão que conheço é promotor do amor e da compreensão, vós sois uma aberração, a abominação do tempo, tempo em que tenho o desgosto de viver pela vossa existência, e que por isso vos esconjuro com milhões de trovões de Baal, que lhes caiam na cabeça como bombas de fragmentação que vos despedace, como despedaçaram meu coração com as maravilhas que deixaram de existir por vossa causa, e com as almas dos inocentes que vos matastes, que desejo vos atormentem até o último de vossos dias.


domingo, 23 de agosto de 2015

A grande vaga humana.




Como se fora uma onda de um tsumani, a palavra em português é maremoto, essa imensa vaga humana encrespa-se Mediterrâneo fora vindo ter às costas europeias, desembarcam por praias em ilhas, e, mais raramente na costa continental, sempre as mais próximas, as que conseguem atingir, desde que estejam no continente europeu, representado aí pelos diversos países que têm voltado para esses pontos parte de seu território, assim Grécia e Itália, pelas posições insulares e peninsulares em que se encontram, são o alvo preferencial, como é compreensível.   


Uma enorme onda de gente, vale dizer, de carne, de ossos, de sangue, de nervos, de desejos e de esperanças, buscam açodadamente o futuro, porque acreditam que têm direito a ele, quem não o tem? Buscam outras plagas que lhes possa dar o que suas terras natais não lhes proporcionam, buscam a paz, posto que fogem das guerras, buscam a vida, visto fugirem à morte que assola suas cidades, seus bairros, suas casas, casas que não têm mais, bairros que lhes foram subtraídos, cidades que foram invadidas, arriscam a morte porque esta lhes fustiga os calcanhares de onde vêm, podendo alcançar-lhe na estupidez de uma bala perdia, no mau humor de um combatente islâmico, num olhar mal interpretado, por isso fogem, para que não sejam imolados nem sacrificados a um deus que não é o seu, como mais muma vez muitos franceses inocentes iam ser metralhados indiscriminadamente no trem por um perigoso e covarde terrorista que resolveu fazer essa ação sem mais porque, e que só não a concluiu porque a mão do destino, ou Deus se preferirem, colocou três soldados norte americanos bem treinados onde ia-se dar o massacre. Por isso foge essa onda humana, por isso aceitam todos os riscos esses milhares diariamente, e quando em outro artigo (A Europa dos 40 mil.) afirmava serem milhares, na verdade milhões, fui criticado, mas aí estão eles todos os dias nas notícias invadindo nossas casas e testando nossa insensibilidade, nossa indiferença diária à vida, ao sofrimento, à desgraça alheia, alheios somos nós que nos alheamos da nossa decência, da nossa civilidade, duas componentes básicas dos homens antigos, que, aliadas à cortesia davam a dimensão de valores que se cultivavam desde tempos imemoriais, não se esqueçam que Deus destruiu Sodoma e Gomorra pela falta de civilidade em receber aos estrangeiros, e não por outras razões depois propaladas, releiam a bíblia e se esclareçam se duvidarem de minhas palavras frente a força da mentira repetida.


Vagueia essa enorme onda na busca, à cata de comiseração, que impiedosamente lhes negamos, hoje chega a notícia de um trem da esperança, por terra, como não podia deixar de ser, partindo de Gevgelija, lê-se guerdguélia, um ponto remoto na Macedônia, buscando a Sérvia, o que lhes dará acesso ao rico norte europeu, e para isso se esfaqueiam nessa estação antes que as 72 horas de seus vistos expirem, buscam auxílio, e para isto estão despostos a tudo, morrer será apenas uma circunstância, e muitos têm morrido, as águas calmas do Mediterrâneo nessa época do ano têm servido de sepultura a muitos milhares, com o inverno que se aproxima, quando o Mediterrâneo torna-se bastante mais perigoso, serão muitos mais milhares os cadáveres em suas águas. Entretanto a vaga imparável prossegue, nem o medo da morte é capaz de pará-la, e porque isso?



Tudo o que a Europa e o mundo façam nessa área para solucionar o problema, não resolverá o problema, porque ele é visível, muito visível, aqui no Mediterrâneo, mas está é a ponta de cá do problema, porém a sua origem está na ponta de lá do problema, está onde viviam esses desgraçados, onde tinham suas casas, suas famílias, suas economias, seu trabalho, e é aí que o problema tem de ser atacado, não podemos fazer que não vemos que há Direitos inalienáveis do Homem que estão sendo defraudados, e os que não fogem morrem ou são de certa forma escravizados, se deixarmos isso prosseguir qualquer dia o problema estará a bater nas nossas portas, não como está batendo agora com os que fogem, mas com os que os fazem fugir. 

sábado, 22 de agosto de 2015

Porque a política anda travada em toda parte?

                                                                                                                            


                                                                                                                              Cá e lá mais fadas há!


Andam todos por Portugal ensarilhados, usemos essa deliciosa palavra lusitana, por causa de dois fantasmas do tempo. O primeiro deu-nos os pesquisadores de opinião das campanhas do Obama – Yes, We can – que foi a resposta encontrada para a necessidade de confiança que pairava no ar, e não era só na atmosfera dos Estados Unidos, a rarefação era mundial, conforme até agora se confirmou em todos os lugares em que se fizeram pesquisas de opinião, certamente na Coreia do Norte não será assim, lá têm-se muita, enorme confiança no futuro, nos governantes, que são só um, nas possibilidades de progresso material, cultural e político. Não considerando esses paraísos terreais, outra forma de dizer lusitana, o resto do mundo anda inquieto por confiança, em que confiar, para não dizer em quem, esse quem que é um ‘que’ almado, um neologismo com base lusitana, que significa ser com alma, que costumam ser os seres humanos, mas não todos certamente, porque em que confiar, como em quem confiar, coisas muito próximas, anda lá muito difícil nestes dias do terceiro milênio, o que é uma condição necessária e suficiente para que as coisas aconteçam: Se você confia, segue junto com o que confia, apoia-o, participa, ajuda-o, colabora, e neste confiar a essência de tudo o que é necessário à vida, posto que a vida é feita de incógnitas, e só se ultrapassam dúvidas com confiança. O segundo fantasma bem presente é filho da crise, essa crise mundial hoje horrorosa, suspeitosa, mestra em desregrar, que com o tempo será abençoada, porque jogou às populações de vários lados de vários oceanos em consciência do que esse fantasma é, testemunho do mal que gera, e das mentiras que traz, é o anti-populismo que vem num crescendo avassalador. No Brasil com milhões na rua, na Europa por seus diversos países idem, mesmo na China como se viu, no oriente próximo em várias primaveras, que eram a mesma, e que descambaram para coisas mais tristes e mais desgraçadas a que chamamos guerras, entretanto os dois fantasmas estão sendo combatidos, e têm a mesma origem: as palavras que saem da boca dos políticos, e toda a desgraça que podem gerar.

Então temos dois fantasmas que amedrontaram e assustaram as populações durante os séculos de representatividade democrática em que vivemos, uns mais, outros menos, nisso que geralmente chamam república, mas que pode ser uma monarquia com representatividade eletiva e não nobiliárquica, como Inglaterra por exemplo. São os dois fantasmas aterradores, não em suas aparições, visto que aparecem como lindas criaturas, mas em seu refluxo, também em seu reflexo, quando tendo conquistado as vítimas, mostram-se em todo seu horror e mentira. Vejamos: Tanto a confiança como o populismo visam a conquistar votos, fazer com que as pessoas acreditem em situações que irão acontecer, e que depois não se verificarão, ou pior mostrar-se-ão ilusões criadas que se encontravam nos antípodas das possibilidades ou das intenções daqueles que as prometeram. Esse filme gasto foi tantas vezes repetido que perdeu a graça, perdeu a possibilidade de ser reapresentado, de passar de novo como se diz no Brasil.

Andam todos no Brasil revoltados com as impossibilidades governativas que criaram, e a corrupção dela resultante, posto que para governar o Brasil é absolutamente necessário corromper, ou não se faz nada. Com trinta e dois partidos, nada mais partido e repartido do que o poder no Brasil, o que pode parecer bom, mas que revela-se uma desgraça, e como o ‘animus corrumpiis’ o desejo de ser corrompido é enorme em cada eleito, que pra lá vai pra se dar bem, uma expressão bem brasileira, é impossível a quem queira governar o Brasil, governá-lo, porque o Brasil só é governável na medida em que se façam favores, a Petrobrás que o diga. Por isso cansados de ver seu dinheiro, o dinheiro público, ir para os bolsos desses senhores que negociam, do outro lado do Atlântico seriam negoceiam, seu apoio até o último fuso, como mercadores do futuro, tendo sido eleitos para gerir o futuro. Cada eleito, é eleito para atuar como promotor de um futuro melhor dentro das possibilidades de seu país para irem atendendo pelo melhor às necessidades das populações que os elegem. Todas as barganhas que são feitas fora dos interesses das populações, atendendo a interesses particulares é crime, que deveria ser punido como outrora o era o de lesa-majestade, com pena máxima, no caso prisão perpétua, nada menos, porque roubam vidas, roubam tempo, roubam futuro, roubam dignidade ao soberano, e o soberano é o povo. Faltam condições, porque não há recursos, para uma operação numa determinada cidade e o paciente morre, ou faltam recursos para o transporte e morre alguém, ou para os bombeiros, e alguém perde a casa ou a vida, uma criança não consegue apoio para estudar e roubam-lhe o futuro, ou alguém que não consegue emprego por diversas razões por algum período, roubam-lhe tempo precioso de vida, outro não conseguiram emprego na região onde vive, por muito tempo, porque não houve recursos para desenvolver essa região, e roubaram-lhe a dignidade de viver, porque como canta Fagner, esse cantor singular e excelente compositor brasileiro, as palavras desse gênio, Gonzaguinha, de quem tive o privilégio de ser amigo, e que conheci guardando seu dinheirinho na agência da CEF, a caixa econômica do largo da Carioca, e que se foi tão cedo, Deus o chamou para ouvir seus conselhos: “ … sem o seu trabalho o homem não tem honra e sem a sua honra se mata se morre” e berra e sangra, posto que “um homem se humilha se castram seu sonho, e seu sonho é o trabalho…” tudo porque guerreiros, ”precisam de um sonho que os tornem perfeitos”, não esquecer de que: “têm a barra de seu tempo por sobre seus ombros.”, e está tudo dito.

E é isto por toda parte, cansados de falsas promessas que motivaram confiança, confiança que foi a seguir defraudada, o sonho imperfeito, e levados pelo populismo, essa criação da mentira de fazer promessas que emocionem o eleitorado que, na busca do sonho, acredita para depois se convencer da impossibilidade ou da falta de vontade do prometido, o sonho castrado, e por fim sentem-se humilhados, lesados, enganados por trapaceiro das palavras, perdem sua honra, quando outros as cantam em verdade, e hoje vão para a rua aos milhões protestar, o que não faziam noutras épocas, cordeiros, e berram e sangram.

Por isso estamos em tempos muito interessantes. Em Portugal o fenômeno é claro, fazem-se todos de mortos, e quanto menos disserem, quanto menos prometerem, ou melhor é mesmo não prometerem nada, adiantam possibilidades quando muito, quanto menos discutirem mais possibilidades terão de serem eleitos, quando o debate político é feito de discussão e perspetivas, embrenharam-se por um anti-populismo, que é quase anti-político, para tentarem conquistar a tão necessária confiança, pois tudo que cheirara a populismo é rejeitado, mas tá difícil, como se diz bem à brasileira, no Brasil, esbravejam, e pobre coitados dos que forem se candidatar à sucessão de D. Dilma, irão ser alvo de todas as desconfianças, de todas as prevenções, e será um Ai que d’El rei, para usarmos uma expressão bem lusitana. Mas entre mortos e feridos se salvarão todos, e antevejo após essas décadas tão desgraçadas que atravessamos, luz, esse bem etéreo, tão precioso e necessário para que, finalmente, possamos ver.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

To the brim, until someone stop them.




The so called ISIS shows news videos records of their jihad, Australia is called by USA to participate at the bombardments, one of the leaders of  the jihad is Khaled Sharouf, an australian trouble maker, somebody without principles, a drugged guy who have radicalized his islamics believes in Australia, to get a reason to live, to find an answer to his empty life, how many others boys of his age, but the mosque gave him that reason in a way at the hate, and the hate has been the only answer to his questions, it is like some friction or some food you eat but do not kill your starvation, you always need more, hate is always like this, goes ever in a crescendo, grows and grows and never finishes.

Whit this guy and many others like him, the ISIS is doing the so called holly war, who has not of holly, but every day turns itself in a bigger war. Something has to be done quickly, not only bombardments what do not stop them, and stop them means kill them unfortunately, cause they do not know any law, they don't know any bounderies, they don't know any limits, and how they do not recognize borders, anywhere is the place to fight. There are no other solution to stop them, but kill them. I am a strong keeper of life, in my youth I use to be the defender of the wild life, and I still the defender of life, and here I am in defense of the life of thousands and thousands of lifes they will destroy if they will be not stopped, as they have killed so far. Their agresivity, their savagery, their criminality will not found another, or any other answer. 

I know is very hard to ask this solution, and the governments are not ready to think this way, but with my deep sorrow this is the only way to stop them, and THEY MUST BE STOPPED! Somehow, anyway, THEY HAVE TO BE STOPPED!    

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Les points cardinaux.






Qui c'est que vient la bas?
Qui c'est que vient la haut?
C'est quelque de tout
À vous donner fous...
Qui c'est qui...
Qui c'est qui?
Le droit d'être!
Qui c'est tout...
Qui c'est rien?
L'amour a la fênetre...
Que c'est rien  
Rien que je sais,
C'est rien qui.
Qui c'est tout qui est...

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

'l'Lógica terrorista.




A falta de propósito, de razão, ou mesmo de motivo dos ataques terroristas, é sua maior estupidez. Então eu tenho alguma coisa contra os 'espanhóis' e ataco gente inocente  que se deslocam na estação de Atocha, gente que não tem nada a ver com as opções governamentais espanholas? O mesmo contra os norte-americanos, e eu jogo um avião contra o pentágono, perfeitamente compreensível, agora contra um edifício comercial na baixa de Manhatam, não faz sentido nenhum, faz pela repercussão alcançada, mas  não tem nada que sustente ou possa justificar essa atitude, os civis não podem responder por questões militares ou governamentais. Quando alguém abraça a carreira militar sabe dos riscos a que está sujeito, quando vai trabalhar num escritório comercial, em princípio não escolheu correr risco algum, quando se candidata ou quando é convidado a fazer parte de um governo, sobretudo de um país imperialista, há de calcular os riscos a que se expõe, mas os privados, gente que só quer cuidar de seu dia-a-dia, viverem suas vidas sossegados, não podem estar expostos a bombas, foguetes, balas, explosões de gás, etc...

Tudo se resume a pergunta junto das flores naquela praia da barbárie na Tunísia: Porque?(Why?) A resposta sabemo-la todos, o que não sabemos é quão estúpida consegue ser, porque tudo que foge à lógica, tudo que é irracional, não colhe apoios, se a Al Qaeda tivesse restringido seus ataques a alvos militares, se tivesse feito uma campanha de esclarecimento que, devido à desproporção dos meios, fazer guerra à maior potência militar do mundo, os obrigava a atuar daquela maneira, por não haver outra hipóteses beligerante, teriam até tido alguma aceitação, a aceitação que o oprimido recolhe de toda a gente face a opressão, a dos que os pequeninos obtêm quando esmagados pelos poderosos, mas toda a legitimidade que pudessem ter esvaneceu-se quando atacaram civis inocente, o que leva a crer que não tinham mesmo legitimidade nenhuma, o que é uma pena, porque os poderosos fazem muita coisa torta que é necessário denunciar e é necessário combater. Já o ISIS, o Estado Islâmico, esse, como os talibãs, nunca tiveram a mais pequena sombra de legitimidade, atuaram por ambição de poder desde sempre, e o que os deslegitima não é a ambição de poder, nem mesmo a guerra, que muitos a fazem, até alguns se legitimando no processo, é a forma brutal e sem princípios que a fazem, e a fizeram desde o começo. Não defendiam nada, não propunham nada, como não propõem e não defendem, seu único objetivo é impor o Islamismo, e não resistem a dois dedos de conversa, porque suas intenções só vêm suas liberdades, nunca aceitam ou admitem as dos outros, a dos não islâmicos, ou mesmo dos islâmicos, que, não como eles, possam defender algum tipo de pluralidade, a estes só aceitam o que lhes convém, e o que lhes convém é a sharia, é eles dominarem o mundo e fazerem esse a seu talante.

Hoje quando cada carro bomba, quando cada menino, ou jovem cooptado, ou obrigado a explodir-se, explodem, estão alimentando mais alguns meses de guerra, porque os resultados que obtiveram com essas explosões, é lenha para a fogueira do ódio, que é a matriz da fogueira da guerra, porque essa guerra diferentemente das outras tem uma componente de ódio muito forte. 

Nada aceitar, se não a imposição de sua Lei, é a diretiva terrorista, o que, não tendo lógica, não consegue outros apoios que os dos partidários de sua irracionalidade. Todas as ideias colhem apoios e oposição dos que concordam ou discordam delas, o que será tanto mais apoiado quanto mais lógico for, e o oposto é verdade, porém alguma ideia sem lógica dificilmente acolherá apoio de gente isenta, só os entorpecidos pela mesma opinião sem lógica nenhuma, só os que por uma questão de fé, e a fé não tem lógica, creem numa hipótese conceitual que vá contra a forma de pensar da maioria das pessoas, que vá contra a sensibilidade das pessoas que foi desde sempre serem livres, aliás a história da humanidade é a história da busca da liberdade pelas populações, contra qualquer forma de domínio ou privilégios, logo todas estas conquistas, toda a história da humanidade, não vai ser suplantada por esta onda.

Apesar de serem muito mentirosos, esses terroristas que enganam sobre seus propósitos como no caso da destruição das peças de arte encontradas em muitas das cidades que caíram sob seu domínio, que dizem tê-las destruído todas, o que não é absolutamente verdade, estão aí no mercado negro para serem vendidas e se transformarem em recursos para financiar a continuação de suas guerras, pondo de parte essas mentiras, lançaram-se numa demanda de grande monta, que segundo dizem já em 2020 pretendem alcançar a Europa começando com o domínio de Portugal que na suas metas estará já sob seu domínio nesta data, ora quem se lança numa demanda dessas, obviamente tem objetivos muito claros, como essa meta de dominarem Portugal até 2020, pois, se é assim, são mesmo muito burros, porque qualquer conquista territorial para ser mantida tem como ação primeira a consolidação do apoio, ou aceitação das populações  que habitem esses territórios conquistados. Qualquer ação expansionista só terá êxito com tranquilidade na retaguarda, não se pode expandir sem consolidar seu poder nos territórios conquistados, como é de fácil entendimento, logo esta forma de agir malbaratando as populações, ou impondo-lhes conversões e comportamentos inaceitáveis não lhes irá dar resultados favoráveis, mesmo porque tudo o que as pessoas hoje não mais aceitam é a falta das liberdades democráticas, o mundo globalizado levou até ao mais longínquo recanto do mundo a noção de liberdade, e que essa só existe plenamente em democracia. Só nações com muito recursos, como a China, conseguem fazer alguma permuta de liberdade por progresso material, toda as restrições impostas às liberdades que não têm uma compensação muito favorável só se conseguem impor pelo terror, nem mais as ditaduras de outrora se manteriam com seus regimes meramente opressores, seria necessária a imposição do terror a todos os níveis para se manterem. Desta verdade parecem ter consciência, agora uma consolidação com base no terror permanente é impossível para qualquer Estado que pretenda expandir-se, logo a situação do terror atual, Estado Islâmico, Talibãs, Boko Haram, etc...é insustentável por não terem um projeto de governo, não um projeto de poder, porque esse projeto pode ser conseguido, mas não se mantém sem uma estabilidade governativa, e governar povos conquistados baseia-se em favorecê-los, nem longinquamente esse terroristas favorecem quem quer que seja. A não ser que achem que vai haver algum milagre por conta de sua opção religiosa, e que isto basta, não conseguirão muito maior expansão territorial dessas forças, mesmo que a incúria e a ação das forças mundiais continuem nesse marasmo e falta de lógica beligerante, sem opções claras e determinadas que os possa coagir e vencer.

Enquanto permanecer a falta de propósitos e de objetivos que o terror tem em suas ações, que são o que são, o terror pelo terror, enquanto não se ver alguma lógica em suas ações, felizmente elas irão perderem-se em si mesmas, e sua deterioração a algum prazo registrará o insucesso, mas o que acompanhará esse insucesso é a radicalização, maior brutalidade, maior mortandade, maior estupidez como resultado, o que será responsabilidade de todos nós por conta da lentidão de nossa resposta a algo que como todos sabemos nunca terá lógica por o terror é ilógico, é vão, é sem sentido, e perde-se em si mesmo.






domingo, 9 de agosto de 2015

Ainda outros inéditos do mesmo dia. (3º)



Tendo já publicado dois artigos com inéditos de várias poetisas portuguesas, dou continuidade com esse terceiro, em que, seguindo a lista proposta no artigo anterior, temos a vez de Laura Chaves e Theresa Leitão de Barros, que se vêm juntar a Gonta Colaço que tinha 50 anos, e Fernanda de Castro com 30, Laura Chaves com 42 e Theresa Leitão de Barros com 32, não se esqueçam de Florbela Espanca com trinta e cinco, que vai morrer no dia que completa 36, quatro meses depois, e ainda outras cinco poetas das quais falarei em artigos futuros .

Com muita pesquisa vai aos poucos se aclarando aquele sarau daquela tarde de um dia cálido de Julho de 1930. Com as publicações dos jornais da época, estou em crer, que o sarau terá sido nas Laranjeiras, não sei bem onde, entretanto como as referências dão como sendo um local de reuniões frequentes, tudo me leva a crer que seriam talvez as cavalariças do Conde de Farrobo, no seu celebrado Palácio das Laranjeiras, onde hoje na propriedade funcionam o ministério da educação para o lado das Laranjeiras e o Jardim Zoológico para o lado de Sete Rios, e onde costumavam se reunir gente bonita e interessante, da vida literária da capital portuguesa, para em tertúlias conhecerem-se e darem-se a conhecer, e, certamente, aferirem os caminhos que se trilhavam nesta seara. Praticamente todos os poetas de então tinham esse costume de reunirem-se, todos, menos o maior deles, nesse, e em todos os tempos, onde não havia muitas outras ocupações de atividade doméstica, como a televisão, os computadores, só o rádio vigia naquela época, e já era uma revolução.

Laura Chaves (1888-1966) que era escritora infantil consagrada como Odette de Saint Maurice, Ana de Casto Osório e Virginia Lopes de Mendonça, os três outros grandes nomes da época devotados a esse mister voltado à criança, publicava também seus poemas, e ainda era colaboradora em muitas publicações da época, escrevia suas histórias para as crianças em verso, as histórias infantis assim tinham uma maior facilidade em serem memorizadas, em serem absorvidas, em serem captadas, marcando esse universo tão sutil do dizer humano sobretudo devido a quem se destinam. A quadrinha que Laura Chaves deixou no álbum que tenho em mãos é assim:

                                                          Há saudades que nos ferem
                                                          como se fossem espinhos
                                                          e há outras que nos afagam
                                                          como se fossem carinhos.

A poeta seguinte, Theresa Emília Marques Leitão de Barros (1898-1983) que nasceu e morreu em Lisboa, em vinte e quatro formara-se em filologia românica, no ano seguinte a esse do sarau, será feita dama da Ordem de Sant'Iago da Espada, em cinco de outubro, esses nomes tinham um traço em comum, pugnavam todas pela emancipação da mulher, sendo Theresa um destacado nome nessa luta, autora de muitos livros, foram o seu Caderno de gramática portuguesa, e os seus contos infantis da Varinha de condão, os mais conhecidos dentre eles, sendo a muito conhecida crítica literária do Notícias Ilustradas, que em trinta e cinco verá grande valor no livro de Ferreira de Castro, A Selva. Theresa Leitão de Barros era irmã do cineasta e pintor José Júlio Marques Leitão de Barros (1896-1967) sobretudo aguarelista, que era casado com Helena, a filha de Roque Gameiro, o outro irmão era o tenente Carlos Joaquim, sendo todos, gente que se movimentava muito na sociedade dessa época. Sua quadra que refere o dia da semana do sarau, é a seguinte:

                                                           Sempre ao domingo é que vem
                                                           Contigo, a minha alegria...
                                                           Porque não fazes, meu bem,
                                                           Domingos, todos os dias..?   

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Hiroxima: duas gerações de silêncio.







Setenta anos são certamente duas gerações com margem temporal, e sem margem para dúvidas, graças a violência da ação atômica permitiu haver esse hiato, mas a história humana é feita de estupidez contínua e brutalidade seletiva e ocasional, e mais ocasional ainda eventual sanidade, o que não impedirá de festejarmos que já sejam sete décadas de silêncio, com aumento exponencial da possibilidade da arma, com um ligeiro decréscimo por acordos, e mais algum por inoperabilidade, e a não expansão pela falta de recursos, graças às santas crises econômicas, e por fim por alguma tomada de consciência esporádica por toda parte de que a bomba foi feita para não ser usada, logo...

Olha é uma boa data para lembrar que com o que já se gastou só nesse item militar, o problema da fome e da saúde em todo mundo já teria deixado de existir, é também bom momento para dizer que tudo que é feito para não ser utilizado,  deve ser eliminado, vale dizer, deve deixar de existir por inútil.

A bomba atômica é o símbolo máximo da insânia humana, temos instalada a capacidade de acabarmos com o planeta não sei quantas vezes, e só temos um planeta para destruir, e, o que é mais grave com todos nós juntos porque não temos para onde ir, pois essa é a nossa única casa. 

Entretanto o que se evidência, é que apesar de haver uma média de trinta guerras sempre em curso pelo mundo fora, não aconteceu nem um conflito que se generalizasse, nem o uso reincidente da bomba, excetuada a repetição que na semana próxima também completa setenta anos, nunca mais essa foi usada, felizmente. Temos pois duas gerações de silêncio, duas gerações sem o cogumelo brilhante, apesar de certos nomes como Nova Zembla, Moruroa, Ilhas Marshal, Fangataufa, Maralinga, Lop Nur, ainda ecoarem em nossos ouvidos, já não ecoam com o estrondo atômico, é de ressaltar portanto que a epidemia da imbecilidade, afinal, foi ficando para trás, a nota dissonante nesse milênio é a Coreia do Norte, mas esse local do mundo que não é uma nação, prepara-se para deixar de ser um país, e é há muito é governado por degenerados, mas está no planeta lamentavelmente, não é o maior doa problemas, entretanto o que mais se deve lamentar é o comportamento dos que deveriam ter em mente a impossibilidade da situação que criaram, e, consequentemente, partirem para outros domínios do uso de seu poder, o fato é que enquanto não houver um avanço tecnológico na arte de matar, e matar muita gente de uma só vez, vamos continuar nesse silêncio, que, afinal, sabemos, é muito ruidoso.


Ana Hatherly presente.









                                                       5/8/2015.

Fica da palavra o gesto
Firme, denso, honesto
Fica na imagem o resto
Sutileza de se expressar
Tecendo a teia de ambos,
Sua síntese.

Na “realidade verdadeiramente possível”, a sua,
Perseguiu seu evangelho
Transformando em novo o velho
Expondo a alma nua

Conhecendo que o “nó que faz-desfaz”
Desfez-se propositadamente
Calculando improbabilidades, uma de cada vez,
Sentimentos de sua mente

Dos dois mundos sem ver
Revela visível e invisivelmente
Tanto de seu dizer
Como de palavras, inocente,
Imagens do que era – ser
“Permanente estado de impaciência”- alma e mente.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

O avião da Air Malasia.





Quase um ano e meio depois apareceu um 'flap' de uma das asas do avião da Air Malasia, agora confirmado pelos peritos franceses, em lugar imprevisto que modificará a área de busca do avião, traz algumas ostras agarradas que dirão mais sobre o local da queda, espera-se. Que falem os malacologistas e veremos. Entretanto penso ser oportuna a leitura de algumas reflexões da época.






Gastaram já muitas dezenas de milhões de euros, e preparam-se para gastar mais dezenas de milhões para desvendar o mistério. É curioso apreciar como os seres humanos são capazes de empreender esforços e gastar dinheiro para esclarecerem um mistério, para acabarem com interrogações, mas não são capazes de gastar um cêntimo, um mísero cêntimo para  encontrarem uma solução definitiva para as centenas e milhares de pessoas que diariamente de África tentam cruzar o Mediterrâneo rumo a Europa numa fuga desesperada. Não são capazes de gastar um cêntimo de forma permanente e progressiva para erradicar a fome, esta maldição cotidiana que clama por soluções, e que não pode esperar. Não são capazes de ajudar as populações africanas que em África vivem sem horizonte. Não são capazes de engendrar soluções para extensas áreas do planeta sem recursos e sem viabilidades de um futuro digno. São capazes de fazer tantas coisas que requerem esforços e dinheiro, mas que não são prioritárias. E não são capazes de atender tantas outras que, como prioritárias, deveriam ver os esforços e os recursos disponíveis carreados para as tentar solucionar.

Vivemos num mundo com recurso cada vez mais limitados, sobretudo quando as exigências e expectativas do mundo moderno demandam mais recursos para serem satisfeitas, para verem atendidos os seus programas implantados, dispensando-lhes os meios necessários para que estes programas não estagnem, ou que estes programas venham a terminar, já que nos dias de hoje essas exigências são cada vez mais extensas e profundas, porque existem mais necessidades sociais a todos os níveis, desde mais formação, à maior necessidade de recursos para fundos que se deterioram com sua atividade financeira, desde problemas sociais novos que surgem com características novas que assumem os agregados sociais com o tempo, até mudanças geoestratégicas que se verificam no terreno, demandando mais recursos para corrigir, ou mesmo inverter, suas tendências.

O dinheiro não dá, na maioria dos casos, sequer para atender a tudo isto que ocorre a nível de cada país, quanto mais para promover auxílios internacionais. No entanto existem sempre recursos que são disponibilizados aqui e ali para ações várias que tencionam atender demandas internacionais, sobretudo para a guerra, esta incessante fonte de problemas, e consumidora de recursos infindáveis, que sempre aparecem para satisfazê-la, para permitir que ela progrida e consuma estes recursos, para matar, para deslocar, para exterminar populações inteiras, muitas delas que se tivessem sido auxiliadas em tempos de paz, teriam evitado a guerra, e os recursos hoje carreados para a guerra, se tivessem sido aplicados para evitá-la teriam sido muito menores e muito mais bem empregados, mas infelizmente não é assim.

O que temos é o emprego, a alocação de recursos sempre no mal sentido, sempre em prioridades equivocadas, havendo em última análise dinheiro para tudo, menos para fazer o bem, sem darem-se conta que este bem dos outros de hoje é o nosso proveito de amanhã, quase sempre. Empregam muitos e muitos milhões em coisas não prioritárias como esta busca do MH370, o avião da Air Malasia, já foi, já se perdeu, já não importa mais, se sobejassem recursos, tudo bem que se os pudessem gastar com isto, mas não é assim, e, se pensarmos em termos bélicos então os recursos que empregam são da ordem de bilhões, muitas dezenas de bilhões a consumir vidas e possibilidades, dispensando-se de sua utilização preventiva, e dispersando-se por ações que irão muitas vezes promover reações, num ciclo infernal no qual caímos para não mais sair.


sábado, 1 de agosto de 2015

A Europa dos quarenta mil.






Não abordando aqui a responsabilidade que conclama todos nós que direta e indiretamente temos responsabilidades no processo dos refugiados que acorrem a Europa em número de milhares que se contam diariamente, onde com suas vidas postas em risco, entregues ao tráfico humano, sem alimentos ou condições para a travessia, lançam-se nas águas nas mais frágeis e inconsistentes embarcações, fugindo, arriscando, jogando tudo o que têm, e o que têm é esse dom divino que nos foi concedido a todos para o gastarmos da forma como pudermos, e que não deveríamos poder arriscá-lo como num jogo de roleta russa, num tudo ou nada porque não nos é dada outra solução.


Desconsiderando isso, se é que o conseguiremos fazer, mesmo hipoteticamente, temos um problema numérico, um grave problema numérico que revela-se numa acusação terrível: 1º todos sabemos que existem cerca de trezentos mil refugiados já em território europeu espalhados por diversos países, 2º sabemos também que há mais de um milhão de refugiado pelas bordas africanas do Mediterrâneo na expectativa de moverem-se para o território europeu, mesmo que o preço a pagar sejam as suas vidas, 3º somem a esses números outros duzentos mil em situação precária em lugares como o Dubai, Cairo, ou Abu-Dhabi esperando uma oportunidade, 4º há ainda um número indeterminado de refugiados em campos disseminados em diversos pontos do planeta com essa mesma expectativa, tudo isso somado a demanda é de milhões e os que já são uma realidade em território da Europa é na casa das centenas de milhares, aos quais somam-se milhares todos os dias.

Calais, misto de campo de batalha com bairros de lata em formação, é o exemplo típico do que se vai passar, cada vez com maior intensidade, por todo o território europeu, com mais pressão em uns países que em outros. Entretanto há outros números que mostram outra face mais reveladora das possibilidades, talvez, em muitos casos, devamos dizer necessidades, dos diversos países europeus, por exemplo só em Portugal, um pequenino país, em território, população e recursos, o número de emigrantes antes da crise era na ordem de um milhão, muitos dos quais ilegais, é verdade, mas que residiam, trabalhavam, produziam e consumiam em território português, e que foram embora para seus  países de origem,  imaginem as possibilidades, espanholas, francesas, britânicas e por aí além...

Tudo isto visto, a Europa responde a esse enorme problema, que agora grita desde o fundo do túnel do canal, e segue gritando das águas do Mediterrâneo, onde essa massa humana já sem nada a perder, morre aos milhares, numa média de doze por dia, já mais de dois mil no primeiro semestre desse ano, responde com a oferta de receber quarenta mil refugiados, distribuídos por quotas entre os diversos países da Comunidade Europeia. Parece brincadeira, mas não é. Penso que se não acordarem para o que estão fazendo essas diversas cabeças que há à frente dos diversos membros da comunidade, essa Europa ficará conhecida como sinônimo de miséria e mesquinhez como a Europa dos quarenta mil.