quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

"Todos ou ninguém."

Ano novo, fico a pensar Que “novidades” nos trará Este vigésimo segundo do terceiro milênio? Que novas penitências, haverá Mais do mesmo? Mais misérias, Mais mentiras, mais enganos, mais ladrões Mais golpadas, trambolhões? Falta de solidariedade, indiferença… E essa palavra resume tudo, toda a matriz dessas desgraças. INDIFERENÇA. Uma vez que o egoísmo e a ganância só prosperam na indiferença com o próximo, indiferença alheia, mas que é nossa, por a não combatermos, e, por, com o exemplo, não convidarmos ao excluído para nossa mesa, posto que só a inclusão e a proximidade podem combater a indiferença, esta sanha maldita que tudo transforma em miséria, posto que na partilha há interesse, há comunhão. Verdade antiga! Você já pensou nisso? Você já fez algo para evitar isso? Somos todos companheiros de jornada, e com essa palavra companheiro, importa dividir o pão, importa pensar no próximo, que somos nós em outra condição. Importa dar o conforto da presença! Humildade mister. Lembro-me de tanta gente que nos bancos era tão poderosa, nunca imaginou ficar sem nada, mas ficaram, obra da ganância, obra da exclusão, se o dinheiro destes estivesse em algo produtivo, uma empresa, uma indústria, não teriam perdido tudo, mas as finanças, esse mundo torto, promete mais lucro e seduz com o canto de sereia aos gananciosos (vale dizer quase todo mundo) para esse mundo vazio do dinheiro pelo dinheiro. Não há redenção sem o outro, o próximo, o vizinho, e lembrei-me do poema de Bertold Brecht; “Todos ou ninguém”, é assim que este princípio de milênio com quase um quarto de século nos deixou, todos ou ninguém, o que é bom porque a ganância, a usura “é um cancer no azul” dizia com profundidade Ezra Pound, e com as palavras de Brecht deixo-Vos o meu desejo de bom Ano novo, porque nunca perdemos a esperança, outra palavra que… Corre o poema: “Escravo, quem te libertará?/ Aqueles que estão no abismo mais profundo/ Companheiro, vão te ver/ seus gritos ouvirão. Os escravos te libertarão. / Todos ou ninguém. O todo ou o nada. / Sozinho ninguém pode se salvar.”

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Aos 85 (17/12/21) A fabulosa herança de Francisco.






Ninguém acreditava mas aí está para quem quiser ver. A mulher, o casamento e a Amazônia, ganharam seu lugar, e irá prevalecer um ar oxigenado e puro, contra o bafio mofado de séculos, vai se construir uma nova igreja, não mais tão ambiciosa e restritiva, que abrirá suas portas a um mundo novo, de gente com entendimento diverso, mas que, para todos igualmente, é necessária a misericórdia do Cristo e sua mensagem de Amor e concórdia.


Viva Francisco! Viva o poder de aceitar o diferente! Vivam as mulheres! Viva a normalidade! Viva o futuro! 

Numa conjunção inusitada e maravilhosa Bergoglio, o Papa Francisco, levou a água ao moinho do provável, ao rio do desejável que irá desaguar no oceano do futuro.


Abolição do segredo pontifício, para os crimes sexuais ... o segredo que protegia o agressor, escondido debaixo do manto protetor da Igreja. A fabulosa coragem dessa medida, que ao mesmo tempo que reforma a Igreja, deixa o agressor sexual, prelado católico, isolado, sem nem a Deus poder pedir perdão por via de seu sacerdote. Ao mesmo tempo que põe a Igreja no tempo de hoje, 'agiornamento',  onde temos de lidar com problemas que ultrapassam barreiras que só a História conserva, pela dimensão e perversidade que esses problemas conclamam.

Francisco Bergoglio não é um Papa como seus antecessores, é hoje o principal antagonista da direita global e faz de sua pregação uma luta contra o capitalismo e suas funestas consequências.

Poucos sabem, mas foi Francisco, durante o Sínodo da Amazônia que ressuscitou a Teologia da Libertação, em missa rezada pelo Cardeal brasileiro Dom Claudio Hummes, relator do Sínodo, nas catacumbas de Roma. Nessa missa, o Cardeal Dom Claudio Hummes esteve paramentado com a “Estola” que pertenceu a Dom Elder Câmara. Aliás, o local da missa é de extrema relevância porque foi nas catacumbas de Roma, em 1965, que ocorreu o juramento dos Bispos da Teologia da Libertação, no marco do Concílio Vaticano II. Vida a Francisco!!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

PACTO DE BELAVEJA : O FIM DA URSS há 30 anos, mas ninguém sabia.

Moscou, dia de N. Sª da Conceição há 30 anos, a Rússia (Federação russa se preferirem) a Bielorússia e a Ucrânia, essa última confirmava ser um Estado-Nação (como votara, desde o 24 de agosto anterior, seu parlamento), as três, assinam o pacto de Bialowieski ou Bialowieza (Belaveja, nome dos bosques onde foi assinado). Era Ieltsin trabalhando na sombra. Aquela nação cossaca, sempre dividida, que só pelo poder da URSS, leia-se Stalin, que a 18, dez dias depois desse dia, comemorariam seu nascimento, 113 anos antes deste 1991, hoje há 141 anos, nascia esta alma torta que nunca devera ter nascido, e que impôs a única forma de comunismo possível, o da força, uma vez que o ideal comunista é contra a gananciosa natureza humana. Pois a Ucrânia, "a fronteira" em eslavo, mãe de toda as nações desta origem, e celeiro da Europa, votaria o referendo da independência (Lukyanenko) em 1º de Dezembro com imensa participação e aprovação dos ucranianos, era a outra metade do sim que todo mundo esperava.
Seis anos antes em 85, havia assumido o poder na URSS, Gorbachev, como presidente do Presidium, um social-democrata no Soviete Supremo não podia dar certo, com seu sorriso em contraste com a carranca de Breznev, e sua Glasnost que impunha uma Prestroika, e os líderes ficavam expostos (Sempre a corrupção!) em suas dachas de sonho, não se pode querer transparência num clube de ladrões. E foi em 86 que explodiu tudo, como Chernobil nesse mesmo ano, espalhando sua radiação mortífera, o regime comunista não durara três quartos de século, mas o que ocupou o seu lugar consegue ser ainda mais desastroso para o povo russo, porque é a institucionalização da corrupção, num modelo capitalista. E Ieltsin continuava na sombra, mas trabalhava, não pelo bem de ninguém mais que o seu, ladrão que precisava de alguém que o encobrisse, e a Rússia caiu no colo de um coronel da KGB disposto a desempenhar esse papel. O pacto de Belaveja, que era confidencial, o segredo mais mal guardado da História, vai ser declarado reconhecido pelo Soviete Supremo na noite de Natal de 91 (declaração 142-H), e é o fim da história, o segredo durou pouco, não chegou a três semanas, e não haverá mais União Soviética, URSS, os líderes comunistas reconhecem o fim de uma era, sabemos que todo fim também é um começo, e a globalização fará o resto, e o dinheiro ganhará uma nova e poderosa região para expandir seus mercados com uma malignidade peculiar nesse caso. Este segundo semestre de 1991 foi um período de golpes (tentativas destes melhor dizendo, e foram muitas, a mais notável, a do Comitê Central para restaurar seu controle sobre a URSS, liderada por Pavlov que prendeu Gorbachev), sucessivas tentativas de manter a criação stalinista, a grande união soviética, que caía de podre.
Agora, como a oferta de Krushov numa noite de bebedeira (em 1954) à Ucrânia foi desfeita por Putin, sessenta anos depois (2014), nas barbas de todo Mundo (Mundo com eme maiúsculo com todos nós lá dentro), voltando a Criméia para as mãos do poder russo (leia-se Putin) [Alguém ouviu falar aí de NATO?]. A Ucrânia vai também ser a primeira nação a ser reintegrada em sua tentativa de refazer a URSS, sua única ideologia, se assim podemos designar sua vontade de reconstruir a URSS, e que só não foi verdadeiramente ainda posta em movimento (poder para isso tem) porque essa reconstrução travaria, ou exporia, a imensa acumulação de riqueza do coronel Putin, e ele gosta mais do dinheiro que da União Soviética, seu sonho de URSS, como é óbvio.