sábado, 29 de setembro de 2018

NEXO DE CASUALIDADE.






Não me digam que foi fortuito. Morreram 64 pessoas, certamente haverá uma razão para essas mortes além da simples coincidência ou da ocorrência inopinada. Haverá uma relação causal, cujo drástico efeito revela mais para além da ocorrência, revela incúria, falta de prevenção, falta de aplicação dos que têm a responsabilidade de prevenir situações dessas. Homessa, não haverá de faltar vínculos para estabelecer o nexo de causalidade mister a revelar essas responsabilidades, deixando-se ficar pela lógica que dá título à crônica, como se apenas se somassem fatores imprevisíveis para o acontecido.

Imprevistos foram, o que sempre será uma atenuante, mas que não eximem aos envolvidos (ora denunciados) da condição de responsáveis. A alegação, recurso da defesa, de que terão sido casuais os fatores que concorreram para semelhante tragédia, no que todos acreditamos, não retira a responsabilidade causal dos acusados por serem em última instância obrigados a dar resposta eficaz em tais circunstâncias casuais, para isso eles existem e são remunerados, resposta que evite mortes, que evite a tragédia, o que não aconteceu.

Com fatalidade, mas sem fatalismo, redundou na desgraça maior que pode ocorrer -Pôr em causa vidas humanas- não podendo ser excluída a responsabilidade que vincula toda e qualquer decisão inadequada. E inadequado é tudo que pode pôr em risco uma vida, apenas uma, quanto mais ceifá-la. E na origem dessas decisões estabelece-se o tão terrível nexo vinculativo, em desprezo de qualquer lógica fortuita. A pergunta que deve ser feita para estabelecer o vínculo pretendido, o dito nexo de causalidade, é a seguinte: O que levou, aos que morreram, a estarem naquela hora no lugar que teve as condições que os mataram? Mais simplesmente: Porque foram parar ali? E a resposta é só uma:  Foi não lhes ter sido oferecida outra alternativa, não lhes terem indicado outra solução. Fosse qual fosse, qualquer outra que não os matasse. (Ou por terem indicado aquela alternativa, ou por não terem indicado outra, são responsáveis.)

Não havendo nenhuma casualidade a ser invocada, fica clara a relação de causa e efeito que se estabelece, formando a culpa de quem lhes apontou o caminho da morte.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

O torpe Mapplethorpe.





Pousada a fumaça e poeira que se levantaram em Serralves, nome icônico no mundo das artes em Portugal, podemos estabelecer um quadro mais nítido das ingerências em jogo ao redor das luzes e interesses que estiveram em discussão, motivadas pela virulência da exposição do fotógrafo homossexual norte-americano que morreu de SIDA, e tido como sensível no tratamento de temas controversos.

O que se revelou um fato foi que os temas de Mapplethorpe cumpriram mais uma vez seu desígnio, o de suscitar contestação e dúvidas, expressão pela qual se tornou conhecido o fotógrafo que morreu há 20 anos. Homossexual, teria uma sensibilidade especial para a matéria específica, a qual fotografava, dando visibilidade a uma temática mais reservada, sobretudo durante o período de vida do fotógrafo, e que depois foi ganhando as praças públicas sob a sigla LGBT, dando expressão às diferentes sensibilidades sexuais, deixando de ser uma condição pessoal, para passar a ser uma situação a dever ser reconhecida por todos como temática de interesse geral, uma vez suscitada.

E aí o busilis, tanto do assunto como das fotografias expostas em Serralves, porque trazem à baila assunto hermético, expondo à luz (no caso à luz captada pela câmara fotográfica) expressões que acredito não deveriam estar expostas em Serralves, e que por razões de disfuncionalidade gestora da Fundação, lá foram parar imagens que nunca deveriam lá ser expostas, face do público frequentador da mesma, e da necessidade imperiosa (atendida) de restringir a visibilidade das mesmas ao referido público que maioritariamente visita as exposições lá promovidas.

Faço só uma pergunta: Porque expor algo que nem todos podem ver?

E o verbo empregado em meu questionamento é o poder, não o dever,entendimento acolhido, uma vez que a própria fundação restringiu o acesso. E aqui devo informar ao Dr. Pacheco Pereira que restrição de acesso é uma forma de censura (ainda que concorde com ela) que poderia ser evitada, não fazendo semelhante exposição. Mas Serralves tem de ser moderna, Serralves tem de ser de ponta, e é verdade, e Serralves tem cumprido um papel único no cenário das artes em Portugal, trazendo o que há de mais arrojado, promovendo cultura, espalhando saber, criando educação, nada mais meritório pode haver, mas esta exposição era escusado. Tudo que se faz tem lugar próprio, e as imagens que traz o fotógrafo de especial sensibilidade, terá um público alvo que não são as crianças que frequentam em magotes de avultado número as salas da fundação tripeira.

Erraram todos. E, na fogueira que se acendeu, chamuscou-se a mais respeitável entidade de promoção das artes contemporâneas em Portugal, com muitos dignos nomes enfumaçados pela tisna grudenta que se levantou, e queimou-se de forma irrecuperável o curador da exposição, que surge como um metafórico ícone da trapalhada, mostrando vileza contra o pano de fundo da torpeza da sensibilidade do fotógrafo, não por abordar o tema, seu direito, mas por o crer universal.



quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Das eternas Cartas Portuguesas.












    Várias Marianas, três Marias e uma Inês.
    Na senda de uma tradição tri-centenária, desde quando Claude Barbin em 1669 publicara a tradução francesa, idioma que as três Marias também utilizam, de cinco cartas de amor de uma mulher, uma Mariana, como as Marianas que também evocam essas três Marias, aquelas eram cinco cartas que desde o tempo de Luís XIV revelam uma sensibilidade, um grito, aquele emitido desde um claustro, mas a mesma sensibilidade da mulher, e a razão, a mais perene de todas, amor. 'Ut ego amo te amo'
    'Amor me ad vos', um desejo singelo, um Direito mesmo, tão reprimido, tão esmagado, que a sua só revelação é um escândalo, mas é uma expressão sublime de beleza que muda o caminho da literatura por existirem aquelas cinco cartas, e em existir se resume muita vez a razão de que as coisas sejam de um modo e não de outro, assim como existem essas novas.
    Assim como existem também essas três Marias suas autoras, a Teresa, a Velho, e a Isabel que hoje nos deixa, mas da qual fica seu grito, uníssono com as outras duas que seguem guardando o testemunho, como aquele grito da Mariana Alcoforado, a anônima, que a partir de seu claustro fez ecoar pelo mundo fora, e que, pela sua força e beleza, permanece e permanecerá. São suas cartas, que, assim como as novas, portuguesas ambas, revelam a magia de um tempo, cada qual de per si, neste lapso temporal de três séculos entre ambas, assim como existe um sentimento de mulher que cumpre seu desígnio, assim como há forças que se lhe opõem, haverá sempre a expressão desse sentimento que, feminino, vem revelar, quem sabe?, "O lugar comum" como queria a Maria do meio em seu primeiro trabalho publicado, essa Velho que esconde o nome de sua santa, uma Nossa Senhora, a mais portuguesa de todas as Nossas Senhoras, ou quererá a primeira a da santa que poderá ser a d'Ávila, a de Lisieux, preferida no diminutivo, a dos Andes, Edith Stein, a judia, ou a santa do dia de hoje, a de Calcutá, não importa, haverá sempre uma "Minha Senhora de Mim" a nos dar "Educação Sentimental" Ave Teresa Horta! Como ficará para sempre em nós a memória da Maria que nos deixou, do nome dessa santa portuguesa que foi rainha, certamente a mais portuguesa das santas, que n'"A Condição da Mulher Portuguesa", marcou a "Crônica do tempo" sendo um d'"Os sensos Incomuns" de sua época, que como mulher recusou-se a ficar n'"As Vésperas esquecidas" fazendo-se presente, expressando sua totalidade na plenitude de sua existência que por fim terminou. Ave Maria Isabel Barreno de Faria Martins.
    E por fim uma Inês, não como aquela perdida para a vida que só morta foi coroada, mas muito viva, ativa, quem sabe até aflita da aflição bendita de querer realizar, das atribulações de enfrentar os desafios, do imponderável esforço de realizar e realizar-se, que empreende o obra da Sibila, não aquelas gregas, depois romanas longínquas, mas dessoutra que se expressa, em páginas de tinta e papel, buscando espaço num mercado tão difícil como é o livreiro. E se lhe perguntarem porque essa obstinação, essa intenção, certamente responderá que é porque transita entre a "Eternidade e o desejo." e mais dirá ao mundo que constrói: "Fazes-Me falta." Far-lhe-á falta a industria, pois sobra-lhe engenho e arte. E labuta para que todos os que carecem do diálogo mudo da leitura, possam ter o objeto mais fadado do desejo, colocando-o "Nas tuas mãos.", nas tuas leitor voraz, que a profética Sibila é sua editora.  Ave Inês Margarida Pereira Pedrosa.
    Que Deus abençoe a todas.

    Façam outra golpada.











    A crise das dívidas soberanas ocasionada pela crise da negociata dos EEUU no subprime, que fez uns quantos bilionários, todos desfrutando tranquilamente de suas golpadas, remeto-vos para o Expresso de 23/9, crise que não acabou (NYT - 14/9) e que custou milhares de vidas e negócios arruinados, com milhões de pessoas afetadas em todo o mundo, para que umas quantas dezenas de Yuppies tivessem milionárias contas bancárias. Nenhum banqueiro foi preso, excepto na Islândia, Espanha (alguns) e Irlanda (alguns) e mais uns gatos pingados, a administração ruinosa ficou por isso mesmo, as promessas do Sr. Obama do começo do seu mandato de que iria resolver o assunto, ficaram no esquecimento, terminaram dois mandatos do homem e nada. O mercado continua desregulado, e nada foi ou pensa ser feito dez anos depois (2008 - 2018). A conclusão lógica é de que o crime compensa, e mais hora, menos hora, fazem outra.

    No outro prato da balança temos as pessoas afetadas, que empobreceram, muitas faliram, algumas suicidaram-se, outras estão sem emprego, é gente que come pior, não se trata - não tem dinheiro para médicos e medicamentos - países inteiros passam fome com as economias destroçadas, com dívidas absurdas (Grécia, Irlanda, Portugal - por exemplo) vidas arruinadas e o futuro comprometido, este é o resultado da golpada do subprime, e é como se nada se tivesse passado!

    Mas é do futuro comprometido que vos quero falar, a notícia do NYT de hoje (27/9) diz que a pobreza infantil aumenta, e que um terço das crianças atingirão a plena pobreza em 2021, não é na Somália, ou na Gâmbia, no Ruanda, no Burundi, ou no Madagascar, na Colômbia, no Haiti, não!
    É na Inglaterra. Quando a perspectiva inglesa é essa, já se pode entrever a do resto do mundo, exceptuado uma dúzia de países, a miséria está rondando-nos a todos . O futuro ficou comprometido por uma jogada financeira e ninguém fez(faz) nada. Eu já escrevi muito sobre isso, apontando responsabilidades, exigindo regulação para evitar que se repita essa desgraça, e quando penso naqueles golpistas ladrões que roubaram bilhões, a pensarem se compram ou não o próximo Picasso que vai a leilão na Christie's, e, ao mesmo tempo, nas crianças que precisam de um prato de comida, perco um bocado a vontade de escrever seja o que for.  

    E tanta gente que acorda enregelada porque não pode pagar nenhum tipo de aquecimento, quantas crianças irão mal vestidas para a escola com alimentação insuficiente, ou sem alimentação, enquanto a secretária do golpista americano liga para o alfaiate do mordomo do patrão para dizer-lhe que faça nova coleção de uniformes para o mordomo, porque o patrão não gostou do tom do azul desses que ele vieram, ou chama àquela firma especializadíssima e caríssima para vir ver umas quantas poucas algas verdes que se formaram junto ao ralo da piscina quente, a das estufas das orquídeas. Eu conheço muita gente que tem essas piscinas aquecidas, e as conseguiram com trabalho, gerando empregos, fabricando umas quantas utilidades, ou prestando uns quantos serviços, e eu acho muito bem que desfrutem, mas quando o dinheiro vem da especulação financeira, essa mesma que continua desregulada, é indecente, é um convite ao crime, o que compensa, um desrespeito com a miséria alheia, e, ademais, grita a plenos pulmões: Façam outra golpada! 

    sábado, 22 de setembro de 2018

    A víbora que ronda.







    A crônica do Sr. Pedro Passos Coelho no Observador, a qual, para dar ar mais formal, intitula carta, ao lançar suspeitas e primar por assacar dúvidas contra as duas maiores figuras da República, acusando-os de falta de decência e transparência; e a qualificar de falácia à escolha da nova Procuradora Geral da República, escolha que emergiria de um conluio, segundo a visão distorcida do cronista Passos Coelho, demonstra o inconformismo de ter sido apeado do poder por um, e de ter tido de engolir a fragorosa derrota na oposição que fez ao outro como candidato a Presidência, negando-lhe o apoio de seu partido, o que teve de ser ultrapassado pelo desassombro do Professor, ao ir ao Congresso do PSD para impossibilitar que lançassem candidato (melhor será dizer que houvesse um candidato de centro-direita que contasse com o apoio do PSD) tudo isso ficou contado na crônica que podem encontrar nesse blog com o nome de Marcelo Rebelo de Sousa, a dimensão humana, que escrevi em 22/2/2014, do época em que o Prof. Marcelo entalou Passos Coelho e o fez engolir o enorme batráquio (para Passos) que era a candidatura do "cata-vento", como Passos o chamava então, e a quem tratava por Professor Rebelo de Sousa, para demonstrar seu afastamento. Perdeu, como perdeu seu cargo de PM, guardando acentuado rancor por estas duas derrotas; no artigo de 2014 estão bem claras as hipóteses que se punham, e Passos Coelho não pode fazer mais nada, porque se o fizesse, rachava o partido, e naqueles dias a dimensão humana que então destacava, era apenas uma ante-visão de admirador, mas que via bem já naquela época, porque o Prof. se tornaria no Presidente dos afetos.

    O atual líder parlamentar do PSD disse muito bem ao comentar a nomeação da nova PGR, que "a última coisa que nós devemos fazer é lançar suspeitas no momento em que uma nova procuradora inicia funções..." (verbis) o que demonstra a sua consciência da situação, mais correto ainda foi o presidente do PSD, Rui Rio, que mesmo discordando mostrou sua isenção, a única nota destoante foi a crônica do Sr. Pedro Passos Coelho no Observador, que para não estar só, fez-se acompanhar das declarações dètraqué da ex-ministra da justiça.

    Se imiscuir nas decisões do Presidente da Republica que nomeia, e do Primeiro Ministro que indica, é,  esse sim, um ato de falácia, falácia e ignominia contra o bom nome de gente de bem como são o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e o Dr. António Costa, acusando-os de conluio. Onde está a trama para prejudicar seja quem for? Onde se pode observar a conspiração? E com qual interesse? Quem viu algum entendimento enganador em nomeação tão válida e bem feita? Resta, evidentemente, o lançar da suspeição para criar a intriga, para disseminar as dúvidas, para envenenar o povo. É inaceitável que alguém que está excluído da política ande rondando com suas maledicências para criar instabilidade a uma governação a que tanto custou dar estabilidade, e cujos méritos maiores são do Presidente da República, que se esfalfou para promover a governabilidade do país, pacificando-o.
    Só um ser peçonhento se prestaria a essa tarefa. Um ser que não abandonou suas intenções de poder, e quer lançar o veneno da discórdia na cena política.

    E afinal ficou-se a saber quem quis condicionar a decisão do Presidente da República até com notícias falsas nos jornais, sabe-se lá por que meios, em toda uma trama para forçar a recondução da PGR? E irá ficar-se por saber qual a motivação especial de influenciar quanto a um cargo que lida com investigações tão melindrosas? O que quererá acusar? Ou, talvez: O que quer defender ou precaver?

    sábado, 15 de setembro de 2018

    UMA COMPARAÇÃO MISTER, UM INPEDIMENTO MISTER.







    Acredito que pessoas sem uma certa experiência comprovada com a cousa pública, e com a práxis política, deveriam ser impedidas de ser candidatos. Assim como há um pre-requisito etário, os cidadãos com menos de 35 anos estão impedidos de serem candidatos a presidentes ou chefes de governo, todos os que não tivessem curso superior, ou a equivalência destes pela longa ação da discussão das políticas governamentais por via da palavra (escrita, falada, televisada, ou por meio similar) e sendo obrigado a ter exercido anterior de pelo menos dois mandatos em cargos eletivos (um legislativo e outro executivo) também deveriam estar impedidos. Assim evitaríamos que despreparados de toda ordem, por vários meios, se candidatassem ao cargo de governante (presidente, ou primeiro ministro, dependendo do regime) Destarte diminuiríamos o risco de termos incompetentes folclóricos como estes que tomaram de assalto governos pelo mundo fora, criando toda a sanha de problemas E DESGRAÇAS que advêm do desempenho medíocre destes senhores nas funções, como vemos hoje acontecer.

    Para quem puser atenção a personagens como, Maduro, Trump, Giuseppe Conte, ou o presidente do Cinque stelle, o palhaço Beppe Grillo, tomará pé do perigo que é haver gente sem as qualificações que especifiquei, o que assim mesmo não impedirá que surjam as maiores aberrações muito bem qualificadas. Porém todos aqueles que sejam semi-analfabetos como Nicolás Maduro, ou Trump, e com pouca prática política, que no caso de Trump é nenhuma, como no caso de Conte, apesar das suas muitas qualificações acadêmicas, para a governação de um país é indispensável um balanceamento entre as duas habilitações, a cultural e a política. Um cru cultural como Maduro, ou um cru político como Trump, onde também nos dois casos as poucas habilitações acadêmicas, culturais e políticas, respectivamente, tornam ambos inabilitados para as funções que desempenham. No caso venezuelano tendo destruído o país, e no americano apesar do terrível abalo na imagem dos EEUU, não ocorreu o mesmo que na Venezuela, porque o sistema, pela prudência dos 'founding fathers', não permite que um maluco disponha das instituições para as destruir, nem mesmo promovendo um ataque nuclear, pois não é só ele que tem a chave para lançar os mísseis.

    Porém não deveríamos, em nenhum país, podermos estar expostos a imbecis do quilate de Trump e Maduro, deveria haver filtros que impedissem a ascensão de semelhantes desqualificados, estruturas que obrigassem a uma razoável prática política que os tornasse conhecidos da população neste mister, antes de poderem-se candidatar a cargos cimeiros. O perigo que representa a ascensão de criaturas como estas (Trump e Maduro) é demasiado alto para que admitamos sua ocorrência, perguntem a qualquer venezuelano ou leiam a imprensa norte-americana para se darem conta do poder destrutivo que dispõem e da desgraça que espalham, causando, dor, miséria, sofrimento a milhões. Temos de prevenir, antes que remediar. Esses dois estão fazendo milhões de pessoas sofrerem com suas diatribes de ignorantes despreparados que são, há muita gente que sofre todos os dias por causa destas criaturas terem ascendidos a postos para os quais estão manifestamente despreparados.







    terça-feira, 11 de setembro de 2018

    A FALTA DE CONSCIÊNCIA GENERALIZADA.










    O Ministro da cultura Sérgio Sá Leitão diz-se de consciência tranquila,  O diretor do Museu, Alexander Kellner, o reitor da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mais todos os dirigentes governamentais, também, terminando nessa coisa que ocupa a presidência do Brasil atualmente, porém são todos responsáveis, todos igualmente culpados.

    O Brasil que agora irá viver por séculos de empréstimos de coleções estrangeiras para tentar educar suas populações, posto que o brasileiro médio que poderia indo em turismo ao Rio de Janeiro, ou mesmo estando em sua cidade, ou capital de seu estado, através de uma exposição itinerante receber uma carga de informação do enorme estoque dessa que existia no Museu Nacional da Quinta da Boavista, agora não pode mais, porque este pela incúria e falta de responsabilidade já não mais existe, e estará dependente da boa vontade de entidades estrangeiras que, por empréstimo, concedam que seus tesouros nos venham visitar. O que será de todo uma incerteza, pois eu não permitiria, se acaso fosse diretor de qualquer museu, que parte das coleções deste fossem expostas no Brasil, um país que nem tem água nas bocas de incêndio para debelar a eventualidade de um qualquer fogo inesperado.

    Pois, justo agora, em que o Brasil mais dependerá de empréstimos estrangeiros para educação de seu público, os aeroportos nessa onda de falta de consciência que se generaliza no paíslança mais um empecilho, esse Brasil que está de mal consigo mesmo, esse que, pós-Lula, tomou consciência e experiência de muitas outras possibilidades existenciais, como esta de ter tempo, dinheiro e interesse de ir a um Museu se ilustrar, bem como a de poder comer um bife, e sabe que se o poder voltar para as mãos da elite dominante, jamais verá museus e comerá bifes, e agora zanga-se consigo mesmo e faz escolhas absurdas, sobretudo a larga faixa situada na classe média C, que sem cultura, muitos filhos e netos de gente da média B ou A, ou ainda superior, sendo desconhecedora das realidades econômicas, sociais e políticas, faz escolhas emocionais destorcidas, longe de um entendimento de longo curso, só sugestionados por uma esperança vã. Esse entendimento tão necessário para que se saibam as prioridades da governação e sua escolha, consequentemente. E que estas residem nas coisas que não podem ser repostas, a vida humana e o patrimônio comum, sobretudo o cultural, portanto o bem governar começa em preservar a vida humana em todos os seus aspectos, começando pela sua própria preservação, que se traduz em combate a criminalidade, bons hospitais e em número capaz de atender folgadamente a demanda, emprego com salários justos, que dividam a imensa riqueza brasileira, dando a cada um capacidade de uma vida decente que abranja a todo trabalhador, e por aí fora, até ter certeza de que há água nas bocas de incêndio na eventualidade de um qualquer sinistro, passando antes pela prevenção desses, bem como pela adequada preservação do patrimônio em prédios condizentes e com a segurança mister.

    Pois justo nesse momento de tragédia e desespero da enorme perda irreparável, os aeroportos deixam de cobrar por peso da mercadoria transportada, quando esta é uma obra de arte que esteja entrando no Brasil temporariamente, e isto quer dizer que venha para ser exposta, para passar a cobrar uma taxa percentual sobre o valor da obra. Pergunta-se: Que importância tem o valor da obra para o aeroporto, ponto de entrada dessa, que nada mais faz que o serviço de dar-lhe passagem? É uma extorsão essa cobrança despropositada. Suponhamos que o Louvre nos emprestasse a Monalisa, coisa que nunca ocorrerá como aconteceu com os Kenedy na Casa Branca, mas se tal acontecesse, o aeroporto por onde essa entrasse cobraria mais de 20 milhões de euros para deixa-la passar. Isso entra na cabeça de alguém? 20 milhões de euros é a avaliação do patrimônio da maioria dos museus brasileiros exceptuada a meia dúzia do topo.

    Contudo essa é uma hipótese  remota, mas há realidades em movimento que são de pronto afetadas por esse despropósito que só prejudica "ao povo brasileiro", conforme esta escarrapachado nas páginas do NY Times de ontem, para ainda mais desmoralizar a já desmoralizada credibilidade brasileira, e, agora mesmo, quando o MASP está preparando uma fabulosa exposição retrospectiva de Van Gogh para 2023, onde se pensa reunir uma expressiva porção de sua obra, com os preços atuais que atingem a pintura do fabuloso holandês, o total pode ir facilmente aos bilhões de euros, 4, 5, 6, dependendo do que nos emprestarem, o que poderia, com esta insana taxa de 0,75%, atingir várias dezenas de milhões de euros só para que entrassem no país, o suficiente para que o MASP pudesse  adquirir até mesmo um Van Gogh. Se isso entra na cabeça de alguém.

    A falta de consciência generalizada no Brasil está atingindo as raias do absurdo e da loucura, o que parece o novo normal instalado da estupidez.



    quinta-feira, 6 de setembro de 2018

    A DEMOCRACIA ESFAQUEADA.







    Eu detesto o Sr. Bolsonaro e tudo que ele representa, suas ideias e suas propostas, mas sou obrigado, por ser democrata, a defender seu Direito de expressar suas opiniões, ainda que não concorde com nenhuma delas.

    Do momento em diante em que impedimos, seja por que meio for, a qualquer um de expressar suas ideias e opiniões, deixamos de viver em democracia. E, como sabemos, só esse regime traz a possibilidade aos diferentes de coexistirem e conviverem, tudo o mais é barbárie. Quando falece a democracia juntamente com ela falece o Estado de Direito, e toda a vida nesses termos é selvageria. A lei do mais forte traz consigo um sistema onde vigem as injustiças, porque qualquer argumento, por mais razão que tenha, está sujeito ao uso da força para ser implementado.

    Quando o ativista em Juiz de Fora, tentava matar o Capitão Bolsonaro para cala-lo, não era a ele que esfaqueava, era a democracia, porque toda e qualquer exclusão, ainda mais por meios violentos, corrompe o edifício democrático, ferindo-o de morte, porque a democracia é um exercício terrível, que exige a cada um de nós aceitar o outro, para sermos aceitos. Qualquer exclusão nos exclui.

    O sr. Jair nunca devera ser excluído, mesmo que o preço de lhe dar espaço, seja o risco, de num país de ignorantes, suas ideias vingarem, o que poderia acarretar um retrocesso democrático, ou mesmo o fim da democracia por um período, mas nada justifica excluí-lo, muito menos tentar mata-lo.

    O capitão deveria ser calado com o voto popular, onde suas ideias esdrúxulas e anti-democráticas fossem excluídas pela não aceitação comunitária, e nunca por qualquer outro meio. Essa agressão ofende a prática do convívio democrático e esfaqueia a própria democracia, porque interrompe um processo onde sua manifestação serena dava voz aos mais diversos e contrários oponentes para que o voto, e só esse, pudesse decidir os destinos do Brasil.

    segunda-feira, 3 de setembro de 2018

    T R A G É D I A






    Essa a única palavra a definir o que se passou. Eu não gosto de escrever à quente, gosto sempre de deixar passar algum tempo para que pouse a poeira, mas minha alma está amputada, e sinto que devo comentar essa desgraça.

    O Brasil é um país com pouca história amealhada, porque ainda não completou dois séculos como nação, não pode dispensar nada, deveria estar comprando documentação dispersa para consolidar sua história.

           INCENDIOU-SE A QUINTA DA BOA VISTA.

    Minha casa amada, prazer de minha infância e adolescência, presença constante na minha memória e formação. Morando em Niterói, ia lá praticamente todos os meses pelo menos um fim de semana, rever suas coleções, dar vazão à minha paixão, a tudo aquilo que eu sou hoje como biólogo, como pesquisador da história, como antiquário, e mesmo como pessoa, como cidadão. 20.000.000 de peças.  Insetos que não existem mais na Natureza, peixes, anfíbios, Cndários, moluscos, acordados, aves, mamíferos. Toda a fauna naquele edifício. As múmias egípcias, os registros históricos, eram o registro do começo da História do Brasil como Nação, séculos de trabalho de pesquisa, classificação e estudo. Em biologia é necessário possuir o exemplar da espécie para descreve-la, conhece-la e compara-la. Com esse trabalho se monta a imagem do mundo natural, e esse conhecimento é imprescindível para o futuro da humanidade, que terá cada vez mais que gerir o ambiente do planeta.

    Lá estava a documentação de quando a Quinta era a sede do governo do Brasil, de Portugal, de Angola, de Moçambique, Cabo Verde, Timor etc... porque D. João VI lá vivia, era o palácio do rei, foi lá que começou a história do Brasil como nação, primeiro como reino unido, depois como nação independente. Tudo se perdeu. Foi uma imensa perda para o Brasil, uma enorme perda para Portugal, uma grande perda para o Mundo. Se alguém pode conceberr incendiar-se o British Museum, o Louvre, o Janelas Verdes, ou o Ermitage. É a suprema desgraça. É uma perda sem tamanho, sobretudo num país tão pobre de história. Nunca recuperará. A ciência brasileira está de luto. A pesquisa brasileira está amputada. A História brasileira viveu seu pior dia, não só a história em curso, como a arquivada. A museologia e a museografia vivem seu dia mais negro. A memória num país de pouca memória foi apagada num nível sem precedentes. O Brasil não podia ter permitido essa amputação ao planeta.

    Quem ama o Brasil, a Natureza, e a Ciência sabe que daqui há séculos vai se falar desse incêndio que nunca podia ter acontecido. TRAGÉDIA MUNDIAL.