sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O Nobel das crianças.





                                                                                                                          Um livro e uma caneta...
                                                                                                                                        e uma vontade.


Depois de ter ano passado apostado na interdição das armas químicas, este ano o Comité Norueguês veio apostar no Direito das Crianças, estas indefesas criaturas que são tantas vezes, abusadas, exploradas, escravizadas e excluídas, que têm surgido na atenção mediática deste terceiro milênio pelas piores razões.


Malala uma criança que pagou o preço da exclusão e soube pela força das suas palavras fazer-se incluir ao mais alto nível. Malala que ao saber falar, prova a força das suas ideias e prova que a caneta é mais poderosa que a espada, confirmando o velho aforismo. Malala que por ter o pai que tem, saiu inteira de um  episódio que costuma amputar a alma, quando não retira a vida de quem é exposto a ele. A força moral hoje no Paquistão conquistou um aliado fantasma poderosíssimo: A força de uma vontade, uma vontade que não se cala.

Kailash que na mesma ideia de que criança deve estudar, opondo-se ao trabalho infantil, tem denunciado esta exploração por todo o mundo, tendo retirado milhares de crianças desta triste condição. Com o seu BBA,  o movimento de salvação das crianças por ele criado, começou uma luta árdua e difícil, que requer uma paciência imensa, e uma persistência ainda maior. Também amanhã terá ainda mais autoridade moral para este rude combate. 

No Nobel que pela primeira vez foi atribuído a uma criança, o comité reúne também, pela força do destino, dois países que já foram um, e que a incompreensão separou, ritualizando assim inesperadamente a voz de mais de um quinto da população do planeta ali reunidos, representados por uma menina e um sexagenário. É um pouco como se Gandhi revivesse nessas duas almas.


Este Nobel da Paz de 2014 que para sempre ficará recordado como o Nobel das  crianças, estas mesmas crianças que o Papa Francisco chamava ontem a si no mais puro critério cristão, estas mesmas de todo o mundo, como o líder dos guarda-chuvas de Hong Kong, Joshua Wong, da mesma idade que Malala, traz-me uma inquietação e uma esperança, que em sendo dois sentimentos opostos, neste caso são um, e uma mesma coisa : A inquietação de ver que quase sem mais remédio, este Direito tão menosprezado tenha de ser ainda clamado e reclamado, até pelo próprio agente passivo de sua violação. E a esperança é ver que, mesmo na condição de excluídas, as vozes que não se calam vão vendo seus Direitos reconhecidos e afirmados contra a sanha da estupidez dos que as querem suprimir.


É com Democracia que se alimentam os filhos, mais do que com pão.






                                                                                                                           Democracia / Dinheiro


Ouvi a declaração esta semana repetida várias vezes de que NÃO É A DEMOCRACIA QUE ALIMENTA OS FILHOS, dita de maneiras diversas, mas todas querendo expressar a mesma ideia. Regimes como o da Coreia do Norte, da China, de Uganda, da Síria, do Estado Islâmico, do Zinbabwe, é muito longa a lista, é que pensam desta maneira para justificar seus atos e declaram-no; outros como Angola ou Iraque, ou Rússia preferem fingir à democracia. 

Tendo absoluta consciência de que este regime depende, como quase tudo neste planeta, de que não hajam os que se impõem pela força do dinheiro contra os que, necessitados, deixam-se dominar, ou como queria Rousseau, tendo visto com perfeição como é que o regime funcionava e funcionaria, já que Rousseau quase teve uma premunição da história que vem desde aquela segunda metade do século dezoito até nossos dias, podendo ser classificado como o iluminista iluminado, tendo afirmado: «Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que não possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém.» portanto não tenho ilusões, ou inocência, e depois foi um social-democrata que postulou a ideia que uma democracia existe não só por causa da prática política, mas pela prática econômica, social e cultural prioritariamente, maior das verdades, alegada por ninguém menos que Francisco Sá Carneiro.

Porém como em tudo há as proporções, vale dizer o quanto de cada coisa entra na composição do resultado final obtido ou desejado, conforme a verificação das suas possibilidades. E a proporcionalidade entre dinheiro e democracia tem como resultante direta de que o primeiro podendo corromper a segunda na proporção da sua concentração, e que a segunda pode inibir o primeiro na razão direta da sua plenitude. Ou seja: Quanto mais Democracia houver, menos importância e menos influência tem o dinheiro e este passa evidentemente a se concentrar menos, porque os foros da Democracia implicam em justiça social e, como é óbvio, em distribuição de renda.

Como sei isto desde sempre porque no país onde nasci esta realidade nos é exposta desde criancinhas, porque sendo um país riquíssimo foi explorado, corrompido e desvirtuado de todas as maneiras e para que estas injustiças e misérias fossem removidas do dia a dia, para que houvesse menos exploração, para que houvesse menos corrupção, para que os recursos do país fossem mais em benefício de usa população em geral e não de um pequeno grupo, foi preciso muita luta e muitas conquistas,  e estas conquistas que se foram sucedendo lentamente foram todas no âmbito da Democracia. E continuamos a clamar por mais! Quando houve uma ditadura houve, é verdade, muito desenvolvimento, muita riqueza sendo realizada, mas houve muita fome e miséria, porque este regime traz pouca distribuição da riqueza, porque é um regime para poucos e com poucos, mesmo quando opera sob o manto de uma democracia.

Portanto basta uma pequena revisão na História para verificarmos que diferentemente destas afirmações que visam legitimar o ilegitimável, é a democracia que nos traz mais fartura, podendo, destarte, afirmar-se a expressão título deste artigo, porque o pão acaba, a democracia não.



quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Mateus 19:14/ Lucas 18:16/ Marcos 10:13.






Foram necessários 266 Papas, dois milênios, milhares de cardeais, dezenas de milhares de bispos, centenas de milhares de padres e milhões de católicos para aparecer um Homem que entendesse a mensagem, tão simples a mensagem: Todos se podem aproximar. Vejamos a cena de há dois mil anos: Depois de comparar um fariseu que exalta suas qualidades como crente, e um publicano que se sabe pecador, tendo dito: « Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.» mostrando bem como as coisas funcionam para Deus, vê que seus discípulos, os escolhidos, os instruídos por Ele mesmo, repreendiam os que traziam as crianças para Jesus as tocar, então Jesus chamou-as para si, e deu a lição que fica e demorou dois mil anos para que um Papa a compreendesse: « Deixai vir a mim as criancinhas...»

Francisco deixa hoje na praça de São Pedro mais uma lição pondo duas crianças a passear com ele no papa-móvel, fica o exemplo (a segurança, já avisada, não ousa desobedecer, põe as crianças dentro do carro). Este Homem que gosta do símbolo, que gosta de ensinar pelo exemplo, e que quebra os protocolos do Vaticano, dois milênios de estupidez e medo, recebe, como não poderia ser de outra maneira, as crianças que se aproximam. Ocorre-me a seguinte questão: Como poderá se comportar o próximo Papa?

Lembrei-me também que o carro foi todo modificado, aberto, os vidros contra as balas retirados, o papa exposto. lembrei-me para além das balas, dos venenos, das maldades 'intra-muri', dos perigos que corre Francisco, e face aos quais tenho pedido orações, e subitamente compreendi: Francisco não será morto. Francisco não será tocado, porque a lógica divina é muito especial, e ele vem respondendo a seu chamamento de peito aberto, como tem de ser. Subitamente via que as coisas funcionam na medida de Emanuel, que é absolutamente necessário confiar, e se entregar, se expor e não temer, que tudo torna-se possível. Sim, é necessário dar para receber, um outro Francisco nos tinha ensinado:  « ..pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive...» Pois é!

A lição incontornável que começa no juiz injusto, passa pelo fariseu e o publicano, na parábola dos que confiam em si mesmos, crendo que são justos e desprezam os outros, e termina nas criancinhas, e aos que são como elas, estas criancinhas que se não são recebidas, são desprezadas. Porque os que se acham justos e justificados soem se proteger dos demais, crendo estar num patamar mais elevado, quanto enganam-se! No exemplo de Francisco a lição de Jesus: « Deixai vir a mim as criancinhas, NÃO AS IMPEÇAIS, porque delas é o Reino dos Céus.».  Aqueles que julgam, ou prejulgam e se elegem, e se exaltam, « digo-vos que depressa [se] lhes fará justiça » e  relembro para concluir: « Não julgueis para não serdes julgados.» Grande Francisco!



terça-feira, 7 de outubro de 2014

CHINA : A infecção que acompanha.




                                                                                               Muitos guarda-chuvas, e já nem chove.



Há uma segunda infecção que acompanha a primeira. A infecção do mercado livre que dominou a China no último quarto de século, vindas das duas pústulas reservadas para espalhar lentamente a infecção da economia de mercado por todo o gigante: Hong Kong e Macau. O problema é que a primeira infecção faz-se acompanhar de uma segunda menos controlável, Tiananmen o mostrou, esta segunda infecção que atende por uma antiga palavra grega: DEMOCRACIA.

Um país, dois sistemas, tem sido o lema  para a solução de transição encontrada pela China, do sistema socialista para o capitalista, 'doucement'. Tem sido a solução chinesa para mudar, e mudar necessita de implantação de novos valores, mas a filosofia oriental não gosta de solavancos, de convulsões, novos valores sim, mas têm de ir se alastrando, nada de mudanças bruscas, por isto assassinaram em Tiananmen as mudanças, não para que elas não ocorressem, mas para dar tempo a que elas pudessem ocorrer.

Tiananmen foi logo no início da infecção, reprimiram com violência e morte, já a resposta de agora ao território, em Hong Kong, ao movimento dos guarda-chuvas, é totalmente outra, estamos vendo uma China dialogante. Quem imaginaria um dia isto? É o pragmatismo chinês no seu melhor, sabem que vão soltar a fera, sabem que a fera é incontrolável, mas como sempre 'doucement', porque, e aí é totalmente justo e compreensível, pois existem muitas Chinas, e há que se preservar as conquistas comunistas/socialistas da China (comida na mesa) nas suas áreas rurais, nas suas áreas subdesenvolvidas, e eles sabem que uma China tem de resgatar a outra, com o tempo, por isto vão devagar, devagarinho. A isto chama-se desenvolvimento. Os chineses gostam de tudo que é boa solução antiga, e como nós sabemos a democracia é o pior de todos os sistemas, com a exceção de todos os outros.

Longe de mim, ocidental, defender essa lentidão, mas a compreendo, e mais ainda, a respeito, porque ter a responsabilidade de governar 1. 338 612 968 de seres humanos (*), com suas vontades e conflitos não deve ser nada fácil. Além do mais é minha obrigação respeitar, ao observar, a forma de ser de cada um, e a filosofia oriental, e seu modo de sentir e perceber as coisas, merece respeito, posso não sentir da mesma forma, mas nada me autoriza a apontar-lhes o  dedo. Os chineses são como são, e os veremos, agora, como qualquer governo ocidental negociar com os guarda-chuvas e obter uma solução de consenso.

(*) Enquanto escrevo este artigo já nasceram umas quantas dezenas mais, e enquanto você o lê dá-se o mesmo. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

15 anos sem Amália.



                 

                                                                                                             6/10/1999 - 6/10/2014




                                                                                   
                                                                                         Que  oferecer a  Amália ?        
                                                                                         A ela ofereci minha amizade
                                                                                          e constantemente lhe ofereço minha saudade,
                                                                                          mas isto é uma coisa só portuguesa

                                                                                        Trecho do poema: Une valse pour Marlene, do
                                                                                                livro: Luzes que não se apagam.



Saudade é a palavra. Quem a conheceu bem sabe de sua presença... « Muito obrigada, Muito obrigada» e as mãozinhas no ar como a tocar castanholas.... Morreu porque parou de cantar. Parou de cantar porque não tinha mais a excelência, qualquer outro se satisfaria imensamente com aquela voz que ela ainda tinha, mas Amália não! Ela tinha tido um nível único, inigualável (e o termo não é ocasional, ou uma  forma de dizer, ou de elogiar, no caso de Amália era assim, quando ela própria, não se conseguiu igualar, parou, e parando sua razão de viver acabou, e assim sua vida acabou, apagou a luz, foi isso.) Quem se pode igualar a Amália Rodrigues? O que há por aí em todo o mundo com aquela expressão, com aqueles vibratos? Não, não há, por isto a seu tempo teve o mundo a seus pés. No Japão, ninguém entendia uma palavra, e quanta gente na plateia chorou, chorou pela emoção que aquele canto passava. Única, inigualável!

Foi no milênio passado, ficou com o milênio nas coisas das memórias, não, não! Ficou e fica com as coisas do coração!

Devo um poema a Amália, ainda não consigo fazê-lo, sempre me vem um nó, o nó da saudade e vejo que vou chorar. Penso que um dia certamente vou ultrapassar isto, mas 15 anos ainda não foram suficientes, para ultrapassar o fato dela me ter honrado com sua amizade e eu saber que não posso mais ir a São Bento. Não há mais Amália... 

Como estou errado! Há  Amália!  Toda esta ausência é ela, mais forte que nunca!

domingo, 5 de outubro de 2014

Dr. Splinter rides again.




In the speech of 5th of October the same bla, bla bla, the same fake proposition of someone who has no theme, no intension, no goal, but sustain this government of his same colour. Empty words provoke empty reactions, provoke answers without feelings. Those are just circumstance when the circumstances mean nothing,  when is with Dr. Splinter. The country is still waiting for some words of hope, of fire, to heat our hearts. Unfortunately Dr. Splinter only say words who make us glimpse no solution to our problems, what means no expectations, no hope, no future!

At dark times hope is most important than bread.! Bread we can find some, somewhwere, sometime. Hope, we need someone else to dream together. The bigger service anyone can do is give someone hope. This gloomy man has no idea of the evil it causes. No having soul is the greatest defect of a ruler. Dr.Splinter shows have no soul all the time. He always seems to be just playing a role.

I don't know why I spend my time with this figure. He means nothing, after all he has done: He is nothing! He managed to desconstuct his image killing what little did get ellect. Dr. Splinter is a splinter of a bad vision, like a vision of a ghost who is trying to frighten us telling us there is no way out.

Badly of anyway Dr. Splinter gives us the idea that it will be worse. His rhythm, his ideas, his way of being, everything make us feel empty, because empty he is. And this is the greatest disservice that he is rendering to the country at the moment. This is Dr. Splinter in his best!

sábado, 4 de outubro de 2014

A Couve de Bruxelas.







A  mais amarga couve  que se possa ter é a da solidariedade enfraquecida. Quando Portugal ia entrar para o euro, lembro-me bem, divulgou-se um anúncio jocoso, que  estava pelos painéis urbanos na grande Lisboa, os 'banners', com esta pergunta singela, e, agora o sabemos, premunitória: Quanto vai custar uma couve de Bruxelas? E nesta pergunta esconde-se toda uma verdade subjetiva: Qual o preço desta participação? Hoje sabemo-lo alto, altíssimo. Certamente foram muito bons os anos de dinheiros europeus que aportaram ao país, o preço disto, e a fatura que em má hora chega, porque chega em hora de crise como nunca se esperou, hora em que o projeto comum, acossado pela ganância dos mercados, está ameaçado, já que a fatura está a revelar-se também alta. Ameaça mais proveniente da sua estrutura anquilostada do que da agressividade das atuais relações político-sociais. Estas relações evoluíram, é verdade que mudaram enormemente, mas estas profundas mudanças só ameaçam a quem não quer adaptar-se a elas, e a adaptação exige uma escolha entre dois caminhos mutuamente excludentes: Ou opta-se pelas gentes ou opta-se pelas finanças. O que equivale dizer que a Europa está nesta encruzilhada de que a China é paradigma da escolha dos dois extremos : Nenhum direito social e grande riqueza concentrada!

Nesta escolha reside todo o dilema de nossos tempos entre escolher o modelo de criar riqueza apenas, a que chamo modelo financeiro, ou o modelo de criar riqueza e distribuí-la, a que chamo modelo sócio-econômico. A Europa que sempre foi sinônimo de qualidade de vida, e esta era a tradução de um modelo que optava pelas pessoas e com isso tinha uma classe média muito forte; isto está mudando rapidamente, principalmente por causa da inoperância das organizações europeias com o BCE a cabeça, por um lado, e pela opção alemã de só olhar para si, por outro. Estas duas escolhas vão pagar um preço caro, que podem levar ao fim da União ou à sujeição total do Sul ao Norte, para usar uma imagem simplificadora, ou tudo terá que ser rediscutido com olhos bem abertos, olhos de quem come cenouras e não couves.

Toda esta situação que está elevando o termômetro da tensão política ao vermelho-rubro, ou como quer 'Le Figaro' é a bomba atômica, porque não como se passou na humilhação austríaca, no atual conflito orçamental com a França, Bruxelas e sua amarga couve contesta, como é natural, a desobediência francesa aos compromissos orçamentais, criando um impasse de difícil solução, onde acresce ainda a atitude italiana. Da solução deste impasse surgirá o indicativo da tendência européia. Se esta for a mesma de agora, estará estabelecido um caminho muito doloroso para o futuro; se Bruxelas ceder, haverá um forte vento de mudanças a soprar pela União no sentido Sul/Norte.

O Sr. Hollande que para nada serviu até agora, a não ser descredibilizar os socialistas, com este braço de ferro que iniciou com o seu orçamento apresentado a Bruxelas, se não terminar por meter o rabo entre as pernas, terá prestado grande serviço ao futuro da União, se perder, ao menos terá  servido para aclarar o impasse central da austeridade que se espalhou por toda União europeia. Do prato de lentilhas ao amargo prato de couves, com o preço da perda da soberania em prol da União, fica o sabor amargo de faltar uma visão mais abrangente e envolvente, inclusiva no seu âmago, que satisfaça a distorção provocada por um euro a duas velocidades. Agora é necessário fazer a escolha entre uma ementa europeia onde deve haver diversidade alimentar, contra esta mono-alimentação que consiste no repetitivo prato de couves. Prato de couves de Bruxelas, é claro!

Bruxelas e a atualização SOS.



                                                                                                                                  505=SOS


SOS, sempre pareceu-me. SOS quer mesmo dizer socorro, e socorro  é assistencialismo, da mesma forma que uma quantia de 20 euros. A atualização do salário mínimo em vinte euros, elevando-o para 505 euros, esta miséria concedida, esta quase esmola, que não é reajustamento, pois se quer repõe a inflação do período, muito menos aumento pois não é nem o que era, quanto mais aumento, ou seja mais em termos reais, mesmo que o seja em termos nominais.

505 euros é o salário mínimo mais baixo da Europa e mais dos baixos do mundo, exceto no mundo onde tudo é miséria mesmo. 505 euros é uma remuneração de sobrevivência, mal dá para uma pessoa sozinha comer bem. E Bruxelas ainda acha que é muito. É normal que achem isto, eles só ganham entorno de 8.000 mensais, logo vinte euros é mesmo muito. Quantas vezes dei isto de esmola ou de gorjeta!

505 euros quando você olha assim parece SOS, o pedido de socorro dos que o recebem. Socorro pela situação de miséria, de impossibilidades, de limitações, de restrições em que se encontram. Até discutir esta situação é indigno, quanto mais afirmar que estes 'chorudos' salários e os seus 20 euros de atualização parcial são uma atitude que pode perturbar a recuperação econômica do país.

Se tivessem vergonha não diziam nada.



sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Justiça suspensa em Portugal até segunda ordem.




A façanhuda ministra da justiça, Dra. Paula Maria Teixeira von Hafe da Cruz, levou Portugal a uma situação no mínimo 'suis generis', ao ter sua justiça suspensa, não na sua totalidade, é verdade, mas está amputada de uma parte substancial da mesma, com milhões de atos processuais paralisados e prazos adiados 'sine die'. 

Portanto não se sabe quando Portugal volta a ter justiça integralmente, e este recurso a uma legislação de excepcionalidade para tentar colmatar a anormalidade perpetrada, é certamente um ato anti-democrático que teve de ser imposto por não haver melhor remédio a disposição. 

Discutir o pouco juízo desta senhora que dispõe presentemente dos destinos da justiça em Portugal, é questão de somenos importância, está  tudo visto ( Von Hafe[r] Brei, bestehend...)* porém o do governo como um todo, e seus parcos recursos administrativos e de falha previsibilidade em sucessivas ações inconsequentes, ou se o são, são de consequência desastrada, para dizer pouco, também creio não deve ser discutido. Fugindo como o diabo da 'cruz' desta tenebrosa situação, os agentes do poder  judiciário nem querem ouvir falar em 'citius' ou  na 'cruz' que carregam...  talvez esta classe já tão debilitada e tão diminuída por ter número insuficiente, por ser mal paga, por não ser devidamente considerada, como soem ser os funcionários públicos em geral, seja das mais abnegadas e mais dedicadas que se possa encontrar, assim como os professores, mas falar de professores neste décimo nono governo constitucional, com este ministro, o matemático que errou nas contas, e (sendo também o estatístico que  errou nas estatísticas) parece que é covardia... Pobres classes maltratadas.

Destas, entre outras maravilhas  que ficam deste governo, temos o cabeça de cartaz Petrus Quosque Gradus Lepus, o tecnoformatizado, que recentemente perdeu seu estatuto de homem honesto, tendo sido colocado sob suspeição ainda não esclarecida e seu maravilhoso vice, o incontornável irrevogável, que do taxi atingiu alturas desmesuradas, se é que algo pode ser desmesurado a tão proeminente criatura. O resultado de tudo isto é uma justiça adiada em todos os sentidos, mesmo que saibamos que ela tarda mas não falha, mas enquanto tarda, vamos cartando com estas preciosidades que nos calharam, nada mais português.


* Pela aveia se fez o mingau...
ou se preferirem: Pela aveia se fizeram as papas generalizadas...


Afinal descobrimos porque Passos Coelho gosta de Nuno Crato e de Paula T. da Cruz, cada qual com seu igual, mentiroso gosta de mentiroso.



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

As Guerras da Ucrânia em andamento e a ilusão "desejável".




Como todo mundo sabe houve um cessar fogo na Guerra da Ucrânia em cinco de Setembro, e o que resultou deste cessar fogo é que a guerra continua exatamente como deseja Putin: DESCONTROLADA, e ademais sob a máscara de que não é Guerra já que houve um cessar fogo. Como eu havia afirmado no artigo, aliás a afirmação era seu título, o czar Putin decidirá da guerra, e onde apontava que assim poderia começar a terceira guerra mundial, coisa que ninguém quer fazer, logo concluía, e estávamos em Julho, que entre a fazer como fez na Xexênia ou continuar dissimulando a guerra em curso, era o que iríamos ver. Este artigo confirmava o que havia previsto antes que iria haver guerra e que Putin não abria mão de seu projeto de reconstituição da antiga URSS em tudo que puder.(Artigos de 02 e 04 de Março.)

E logo no início de Setembro dava-lhes conta de que era o cúmulo da desfaçatez, onde todas as medidas tomadas contra a Rússia era a manutenção da Guerra e um recomeçar da Guerra fria por outro lado, passando a ser duas as Guerras; alertando que esta postura QUE É O QUE CONTINUA, de fingir que não se passa nada vai fazer-se pagar com um alto preço, lembrando a história e a tibiez dos líderes, exceptuando Churchill, hoje não há Churchills, infelizmente.

Então é de se perguntar: Fica tudo como está? O Coronel Putin venceu afinal?  Nada vai ser feito e a guerra quente que tinha matado 3.000 e deslocado um milhão terá seus números já dobrados por ora e disto não resulta nada?

A ilusão do cessar fogo, fingindo que o que se passa são apenas violações do mesmo, esta mentira desejável e conveniente, porque evita o confronto a todos, menos aos ucranianos evidentemente, que sofrem todos os dias a guerra quente, e ademais estarão reféns da guerra fria, irá prosseguir até quando? Até a Ucrânia ser anexada à Rússia? . Mais cego é aquele que não quer ver, mas não se esqueçam: Tudo tem um preço, e, mais cedo ou mais tarde, a conta chega.