sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Publiquei no facebook e twitter....

Ano de grandes revelações portuguesas este 2013: 
Ficamos a saber que quem fala como atrasado mental, é porque é mesmo atrasado mental. Que quando se diz irrevogável quer dizer que é outra coisa qualquer. Que se pode ser doutor sem se frequentar a Faculdade. Que negociar SWAPs é uma brincadeira vantajosa, acaba-se com, entre outras vantagens, os mais altos cargos públicos. Que quando se pensa como colonialista, só se age mesmo...como colonialista, e se cria grandes problemas internacionais. Que não pode haver fiscalização preventiva do orçamento. Que é impossível surgir alguém mais honesto  do  que  o  presidente Cavaco. Que sempre há  muitas  narrativas. Que não há 
'briefings' que resistam à falta de rumo de um governo. E, mais importante, que quem mente no início, mente até o final...
Acrescento... habemus papam....

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Alô... É o Papa.


Veio a se ficar sabendo que o Papa Francisco dá centenas de telefonemas todos os dias, para as mais diversas pessoas para tratar dos mais diferentes assuntos, para perguntar, para se informar, para questionar, para concitar, para convocar, para convidar, para congraçar. O homem é imparável ! Sabe que tem que exercer toda a sua influência enquanto ainda tem força, e que não há um minuto a perder.

Passo a relatar um telefonema que recebeu um amigo meu, ademais luterano, que tem grande poder na sua comunidade e a quem o Papa pediu um favor, não darei detalhes por que além de não dever dar informações que possam revelar quem é este meu amigo, não estou autorizado a dá-las:

-      Alô...

**  Alô. Quem fala?

-    É o Papa.

** Deixe-se de brincadeiras. Quem fala?

-   É o Papa, eu  estou telefonando por que....

.....Era Francisco.


Assim sem mais formalidades, sem mais tirar nem por, sem secretários ou qualquer coisa o Papa Francisco tem se dirigido a inúmeras pessoas para dar prosseguimento àquilo a que ele chama de sua missão: Juntar boas vontades em torno de alguns pontos principais em torno dos quais pretende que a sociedade atue e passe a se preocupar com eles. São estes pontos:
                                                     
1. Contrapormo-nos à ditadura de uma economia sem rosto. 
2.  Promover a sua revolução da ternura, pondo o ser humano em primeiro lugar na sociedade, retirando deste lugar o dinheiro que colocamos lá.( Inclusão social.)
3. Convoca-nos a uma participação política de fundo cristão/evangélico.( Gerir a coisa pública para o bem comum.)


Francisco quer que todos participemos da festa da vida igualmente, sem que ninguém fique de fora, como hoje em que há muitos milhões de excluídos. O único detalhe que diferencia Francisco de todos os outros Papas, que diferencia Francisco de toda a gente, é que ele não quer isto só porque Jesus disse que era assim, ou porque a justiça das coisas faz-nos ver que assim deve ser. Não, Francisco sente isso assim desde dentro de sua alma. Por isto neste momento ele está se convertendo no centro de todas as expectativas, vale dizer de todas as esperanças. E esperança é uma coisa muito séria, porque nela reside nosso futuro, nela residem  nos sonhos, a vida dos nossos filhos, residem  todos os que virão viver depois de nós nesse planeta e a forma como irão viver - o que  é muito importante, é a coisa mais importante que há!

Talvez Francisco seja a última esperança para um mundo que permitiu colocar o dinheiro acima de todas as coisas, como o maior dos valores, como a coisa mais importante. ( Se houvesse um diabo eu diria que isto foi obra do diabo.) Mudar tudo isto é uma coisa que todos desejamos, não  por razões religiosas mas por razões pessoais de justiça e decência. Será possível? Penso que as diversas religiões para o caso em que é o líder de uma que nos convoca, atrapalham. Penso que os Estados, seus dirigentes, ficarão muito assustados com a ideia de repor-lhes no lugar de onde foram tirados pelas novas ideologias que negam o Estado, dando vez aos mercados e a situação de preeminência e poder em que se encontram. Este susto, de um homem da Fé se preocupar com isto, porque sabe que é o único caminho de dar rosto ao poder que sem rosto é capaz de todos os abusos e todas as insânias, pode causar medo,  e o medo é um sentimento muito perigoso, sobretudo para quem tem poder. Vamos ver como isto evolui. 

Como crente sei que Francisco foi escolhido numa hora decisiva para a humanidade. Vejo que ele está procurando atender as expectativas. Como não católico praticante, tanto se me dá se ele é Papa ou não, só me importa que haja alguém com força para atacar esta situação.  Aquele chamado é para todos e acho que todos devem responder com um : Presente! Eu de minha parte não espero o telefonema, estou desde já engajado, sem medo e sem censura como aquele cavalheiro Bayard. Não posso adotar outra postura por ser quem sou, por pensar como penso, por sentir como sinto. Faço já parte das hostes de Francisco, espero que muitos ouçam ao chamado, espero que todos compreendam a mensagem, espero que hajam, motivados pela vontade de mudar esta situação indigna e sem futuro em que nos encontramos, muitos agentes para a mudança indispensável, improrrogável e imprescindível para a qual somos convocados.

Francisco não pode telefonar à toda gente. Não espere, participe, esta inversão de valores não pode continuar!

                                                         

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MADIBA POR FIM DESCANSOU.

Nesta quinta-feira cinco de Dezembro de 2013, por fim, após ter propiciado com a sua custosa morte, este longo estertor, tempo para o pós-Mandela, crucial tempo para as diferentes facções de poder refletirem, tempo para os muitos excluídos acalmarem, tempo para as insatisfações compreenderem, tempo para todos aceitarem que a África do Sul vai ter de continuar sem Mandela, definitivamente Mandela não está mais fisicamente entre nós. Mas continuará com a sua presença imaterial a guiar os destinos de entendimento daquela nação que tanto amou e à qual tanto deu, transformando-a de capital mundial do ódio e da exclusão num centro de entendimento e tolerância, pela sua magia pessoal que a soube transformar.

Esperançoso que a sua obra possa permanecer pela luz de sua presença, que brilha em seu legado, relembro o poema que dediquei a esta expectativa e ao seu Direito em descansar após ter dado tanto.Que aquele sorriso de paz consiga seguir iluminando os destinos da África do Sul!

                         Elegia para libertar uma alma pura que salvou seu povo à sorrir.



Nem morrer te deixam.

Porque tu não podes faltar?
É verdade que tua orfandade será grande.
Mas saberão que caminho trilhar.

Madiba, quando haverá outro como tu?

Com esta extrema capacidade do perdão.
Quem saberá como tu esquecer?
Sabendo que há uma verdade mais além...
Amar a todos, sem olhar a quem.
Provastes o poder de perdoar.
Revertestes em sim o não.
É muito difícil poder imaginar
Que haverá outro com tua disposição.

Repousa com a tua obra feita.
Ficamos aqui rezando para que não possam reacender os fogos que apagastes.
Não te farão esta desfeita,
Ficará a Sul d'África que realizastes.

Deixas a paz que conquistastes,
Com o teu sorriso de doce alegria,
Deixas o socego que plantastes
Ensinado a viver em cada dia.

Madiba vá pra luz que é teu lugar.
Descansa do teu trabalho completado
Tua aura há de ensombrar
Qualquer fogo mal apagado.

Não és eterno na matéria.
És eterno na tua presença.
Teu legado é coisa séria
Permanecerá tua sentença
Não conseguirão voltar à miséria
De quando não tinha tua existência.

Descansa, tua obra fica feita.
Descansa, já sofrestes o bastante.
Descansa, não rezarão por outra seita.
Descansa, teu sorriso permanece, contagiante.

Num dez de Julho qualquer...

Tudo tem seu dia... Tudo sempre passa...O que é admirável nisto tudo, é que isto já aconteceu muitas vezes, e muitas vezes mesmo. Para os que conhecem a História, sabem que isto foi assim mesmo, as coisas voltaram sempre, porém deixaram marcas, roubaram tempo, defraudaram gerações. Quando se pagam milhares de milhões em juros, estamos retirando milhares de empregos, estamos roubando milhares de oportunidades. É como se mandássemos embora do país centenas e centenas de escolas que nunca irão existir, muitas centenas de hospitais, muitas fábricas, centenas de milhares de empregos, que não voltarão mais... Roubam-se gerações....São muitas vidas lesadas, muitos projetos arruinados, muitas pessoas sem perspectiva...E para que? Para nada... Isto tudo devia ter um responsável...que fosse preso, que pagasse por todo este mau que causa, mas não é assim, em democracia, deve-se esquecer...Porque???

Esquecidos ou não,  feridos no mais fundo de suas dignidades, admoestados pela falsidade da situação que cobra muito por muito pouco, que tira mais que dá, que aniquila esperanças, e amesquinha o futuro de gerações num porvir incerto e defraudado, seguem, já que não podem parar ou modificar a tempestade que lhes assola, já que não podem sacudir a tormenta que lhes desola, já que não podem livrar-se da demência que lhes convoca, seguem...

Sem desespero, com a calma da certeza de que tudo passa, tudo quebra, tudo acaba, seguem,  mas clamam pela justiça, face a injustiça de toda esta situação. Sabem que suas vontades acabarão por prevalecer, o que não impedirá que os danos fiquem, que as feridas purguem, que os olhos chorem, que as chagas sangrem, que as ruínas façam-se, que as almas sofram. Onde os gloriosos nomes de sua História, repleta deles, insatisfeitos e intolerantes com o destino dado ao país que construíram, virão clamar pela sua Justiça, como clamam na voz dos que lhes sucederam no tempo, neste espaço que é o seu país.

Ouvindo as vozes maiores que na verdade da revolução dos tempos demonstraram que apesar de muitos se terem ficado pelo caminho, pela falta da força necessária para soerguerem-se após estes cataclismos que destroçam ânimos e destroem nações, para esta pequena nação a sua condição não lhe limitaria as possibilidades, não lhe toldaria o brilho herdado de um passado glorioso impossível de ser desprezado. Portanto lembrando o parágrafo final do epílogo com o qual Júlio Dantas rematou o seu Pátria Portuguesa, termino este lembrete de que maior que as circunstâncias dos tempos tem se demonstrado a Pátria Portuguesa. 

   " A mesma vibração, o mesmo grito de Pátria sai das entranhas da terra, levanta em cachões de espuma as ondas do mar, soluça com o vento das  florestas, humedece de lágrimas os olhos das próprias feras. Em cada pedra de muralha, em cada crista de freguedo, em cada laje de túmulo, há uma voz que brada, há um coração que sangra, há uma memória que ruge! Farrapos luminosos do passado tremem em cada arco de ogiva, em cada padrão de armas, em cada baluarte de  fortaleza, em cada botaréu de catedral. E  desses gritos da Pátria, desses farrapos de grandeza, dessas memórias de séculos, dessa poeira para sempre morta - quanta bravura, quanta energia, quanta fé reflorirá, eternamente viva! No retorno Universal dos tempos e das almas, os mortos ressurgirão dentro de nós; a alma da Raça, purificada e liberta, renascerá, estuará em torrentes de poder e de força, - e Portugal, que ainda ontem suplicava uma cruz para morrer, gritará por asas - para voar! "

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

OUTRA PERSPECTIVA.

TRANSCRITO DO FACE À PEDIDOS:

Fala-se hoje ufanamente que a venda dos CTT foi um êxito    ....PORQUE HOUVE GRANDE INTERESSE E MUITOS INVESTIDORES! ....... Pois sabem qual foi a perspectiva dos investidores? ???? ............Transcrevo uma conversa ouvida entre dois investidores estrangeiros que diz tudo:    .........." Olha você sabe: Portugal está vendendo seus Correios! ...Eu vou comprar..."
Resposta do outro investidor:   ....." Eu também, é raro ver-se um país vender seus Correios, não é de perder-se tal oportunidade..."

                       

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Plus une fois j'accuse !

Hoje três de Dezembro de 2013 veio a  Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos acusar o Sr. Bashar Al Assad de Crimes Contra a Humanidade. Com três anos de atraso e sobre uma pilha de 150.000 mortos à conta destes crimes, afirmando ser necessário se estar absolutamente certo dos crimes para poder fazer tal acusação. Como é óbvio, e por outro lado incompreensível ser necessário tão longo período de tempo. E que os cadáveres seriam 125.000. Uma discrepância imperdoável. E que são crimes de Guerra. Não são. Guerra Civil, não é Guerra no sentido internacional do termo, é um ato de beligerância de Estado inadmissível, sobretudo contra civis desarmados. Até para mim que não disponho dos recursos da ONU, estava configurada a certeza, para além de qualquer dúvida razoável, e custou-me alguns telefonemas, destes Crimes Contra  a Humanidade praticados pelo governo do Sr. Bashar Al Assad, conforme denunciava aqui neste blog, e em cartas à diferentes entidades. Recordemos minha acusação de então:

Como sabem as pessoas  que acompanham o que se passa no mundo, é sempre arriscado, sobretudo quando temos as coisas que soem passar no mundo, acreditar seja em que informação for. Lembram-se do Iraque e as armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas? Por isto, apesar de há vários dias termos a convicção de que este homem que detém o poder na Síria, por herança familiar, teve a desfaçatez de usar armas químicas contra seu próprio povo, nada dissemos. No entanto hoje tivemos acesso a informação privilegiada que não deixam dúvidas: assim como Sadan Hussein em 1980 usou armas químicas contra os Curdos, e em 1988 contra os Iranianos, neste segundo caso com ajuda americana, Bashar Al Assad usou armas químicas contra seus concidadãos. Civis inocentes, homens. mulheres e crianças, que têm por única culpa estarem no cenário de guerra civil em que se mantém o país desde a primavera árabe, desde Março de 2011, e cujos mortos ultrapassaram já os cem mil, e os deslocados os dois e meio milhões.

POR ISTO O ACUSO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE !

Bashar Al Assad, um aprendiz de ditador reles, que herdou de seu pai a suprema magistratura de seu país, que este havia obtido através de um golpe de Estado em 1971. Filhote da ditadura, Bashar tinha cinco anos quando do golpe do pai, Hafez. Este criou-o no poder e para o poder, provavelmente ensinando-lhe, durante as três décadas de seu governo, que todos os meios são válidos para manter o poder à  qualquer custo. Agora Bashar, encurralado por uma oposição generalizada na Síria, não hesita em valer-se de todos os meios a seu alcance para manter-se no poder que lhe foge das mãos.

O que não pode ser de maneira alguma tolerado, é que este assassino use armas que são universalmente condenadas, que só tiveram uso por terroristas (acredita-se em gás Sarin e Napalm) contra civis inocentes, como condenável seria, e o é, desde a primeira guerra mundial, o uso destas armas mesmo contra forças militares opositoras. Mesmo Hitler, em todo seu furor assassino, não teve coragem de  usá-las.

POR ISTO O ACUSO DE CRIMES CONTAR A HUMANIDADE !

A segunda agravante no caso da Síria,  do uso de armas químicas, é que além de ser contra civis desarmados e indefesos, É CONTRA SEU PRÓPRIO POVO ! O cidadão Bashar Hafez Al Assad desumanamente empregou armas químicas contra a sua própria população civil indefesa, matando milhares de pessoas e ferindo  e intoxicando  outras tantas. Para que haja respeito às instituições internacionais este cidadão deve ser preso e julgado por crimes contra a humanidade.

POR ISTO O ACUSO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE !

Entretanto, diferentemente do que se passou no Iraque, onde a mentira imperou desde o início, e onde outros interesses de outras ordens estavam em jogo, na Síria deve-se ter por único objetivo, parar as ações criminosas praticadas contra civis inocentes e levar a tribunal o supremo responsável : Bashar Al Assad.

Diferentemente do que se passou com Sadan Hussein, em que um tribunal especial o julgou por crimes de guerra, Al Assad deve ser julgado em Haia por crimes contra a humanidade. O poderio militar instalado aquando de sua deposição, seja Sírio ou estrangeiro, que o retire do poder, deve entender que qualquer ação local seria odiosa e condenável, como o foi no caso de Sadan:

POR  ISTO O ACUSO DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE !





domingo, 1 de dezembro de 2013

E como estava certo o Velho do Restêlo.

Agora que o fantasma do Velho do Restêlo anda a ensombrar e assombrar espíritos por Brasil e Portugal, e a perturbar almas e a conjurar enganos, é bom que façamos um certo revisionismo histórico para o bem da verdade que, equivocadamente tanto quanto precipitadamente, vem sendo distorcida ao longo de séculos.

O Velho do Restêlo tinha razão, a contrapartida obtida da prosperidade fugaz que aquelas descobertas trouxeram foi a decadência econômica de uma sociedade que estava cega pela ganância. As palavras do Velho eram proféticas, era a voz da experiência, não havia nenhum pessimismo, havia, sim, uma boa avaliação do que se passava, como também boa previsão do que se iria passar. O Velho sabia, como soem saber os Velhos, que havia um risco muito grande na empresa para uma possibilidade de lucro limitada. O velho antevia que após toda aquela faina, pelos motivos que a ela levavam,  aconteceria uma grande decadência, por que a sua realização não era sustentada. Logo se vê como o Velho, como aos Velhos cabe saber, sabia bem que tudo aquilo daria em nada, ou em muito pouco, já que o empreendimento era aventura, que a trazendo em si, de  ventura carece.

Na semana do Mar Português, em que precisaríamos de outra 'Mensagem' que nos norteasse o rumo, na qual 609 cidadãos perderam seu norte por via de uma história que se repete, ou tem demasiadas vezes se repetido para desgosto e desgraça de uma nação gloriosa, numa miséria que lhe é desnecessária e estranha, e que para lembrar velhos tempos recorremos aos Jornais da época onde temos que em 1870 podemos encontrar no A Lanterna , a informação de que o Governo Português mendigava empréstimo. Será acaso? E 20 anos depois O Século nos informava que os banqueiros, com o Conde de Burnay à frente, vão entregando as grandes empresas portuguesas. Será sina?  E nas Farpas pode-se ler que: « os ex-Ministros constituem pequenas dinastias...» Será coincidência? Ou Ramalho Ortigão queria ressaltar algo que me escapa? Tudo de uma oportunidade impressionante, sobretudo para os 609, algumas semanas antes do Natal.

Será que estamos prisioneiros da acertiva Marxista, de que a história se repete? O pior é que a afirmação completa é que se repete a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa. Entre farsas e tragédias nos movemos todos na comiseração das incertezas e dos interesses particulares contra o interesse maior do Bem Comum. Ou será que isto não mais existe? À bem ou à mal, estamos todos navegando neste Mar, para varar ou soçobrar, prisioneiros das esconjuras do velho, sem sermos herdeiros de nenhuma tradição carpideira, posto que a prudência inspira e revigora, como sabemos dos inúmeros trajetos históricos em que ela sempre se viu confirmada.

Lembrei-me que no velho livro que forja a estirpe das duas nações a que pertenço, há um alerta às estrofes 85 e 86 de seu Canto sétimo, que, pelo atual e edificante, resolvo transcrever:

Nenhum que use de seu poder bastante
Pera servir a seu desejo feio,

E que, por comprazer ao vulgo errante,
Se muda em mais figuras que Proteio.
Nem, Camenas, também cuideis que cante
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar o Rei, no ofício novo,
A despir e roubar o pobre povo!


86
Nem quem acha que é justo e que é direito
Guardar-se a lei do Rei severamente,
E não acha que é justo e bom respeito
Que se pague o suor da servil gente;
Nem quem sempre, com pouco experto peito,
Razões aprende, e cuida que é prudente,
Pera taxar, com mão rapace e escassa,
Os trabalhos alheios que não passa.

E que por obras imerecidas promovem o sofrimento geral.

Porém neste caso particular , não se trata, como dissera o Velho à praia do Restêlo, de tempos do porvir, outrossim de tempos do presente que pressentem com fórmulas já aplicadas reiteradamente, e que não conseguiram produzir nenhum efeito que se veja virtuoso, contra o vicioso de comprometer o futuro desta pequena nação à beira mar plantada, no qual, quando considero o arbítrio versus o julgamento de intenções para o qual fui alertado, aluno de uma aula maior, onde sábios velhos buscavam outro caminho, só posso concluir de uma necessidade ingente e superviniente que se afirme para evitar uma ingovernabilidade futura.

Então lembrei-me de, entre tantos herois que esta gente deu às minhas duas pátrias, João Fernandes Vieira,
um mulato Madeirense que governou o Pernambuco, e quando da invasão holandesa, no episódio que ficou conhecido como Restauração Pernambucana, ou como queria o Padre Antônio Vieira na :    " Guerra da liberdade divina " e que, contra a diplomacia de D. João IV, que não queria indispor a Holanda, expulsou os holandeses de solo brasileiro, afirmando desobedecer El-Rei para servir El-Rei, clivando a preeminência da sociedade sobre o Estado. Nada mais atual, sobretudo quando El-Rei e o Estado são hoje a sociedade, ou seja as pessoas, bem entendido.







quarta-feira, 27 de novembro de 2013

UM PAPA DO NOVO MUNDO PARA TRAZER UM MUNDO NOVO.

É necessário resolver as coisas da matéria para cuidar depois das coisas do espírito. As condições materiais da Igreja Católica, que com o tempo se tornaram comprometidas, não lhe permitiria cuidar siquer das coisas da matéria, quanto mais das do espírito, muito menos  quando estas, do espírito, necessitam do suporte daquelas, da matéria, afinal não podemos dar sabedoria a quem sente fome. Emaranhada na sua teia de cumplicidades e interesses, a igreja tem perdido cada vez mais seu rumo, um caminho que deveria ser de espiritualidade mais que tudo, tendo as coisas da matéria seu lugar colateral, como deve ser na vida de todos nós, pois que estamos aqui todos em espírito, vivendo uma esperiência na matéria, e esta tem de ser absolutamente secundária, exercendo seu direito de ser atendida em tudo aquilo que representa vida, e nada mais. As outras estâncias passageiras que representam luxo, cobiça, ganância, exagêro, abuso, exorbitância, deveriam ser repudiadas por toda a pessoa consciente de sua transitoriedade.

Muito tenho escrito sobre Francisco, pois, diferentemente dos outros seis papas que conheci em meu tempo de existência ( Que inclui nestes sete papas, um dos mais longos pontificados e um dos mais curtos e uma renúncia, o que certamente muito pouca gente viveu, tudo junto, em seu tempo de vida.) e intitulei o último artigo que escrevi de A derradeira luta de Francisco, o Papa; o que gerou muita  incompreenção com a palavra  utilizada. Francisco toca-me, diz alguma coisa a este crente, discrente da sociedade, que sou eu. Tenho escrito porque o tema suscita atenção só pelo que descrevi entre  parenteses, pois o meu tempo, para o papado, tem sido um tempo conflituoso, esta afirmação mais evidente  fica, se lhe juntarmos as 5 ameaças de morte aos papas, uma concretizada, os dois atentados e um escândalo sem precedentes, para não falarmos da triste situação à qual a Igreja chegou como imensa lavadora de dinheiro das orígens mais escusas e escuras que possam existir. Francisco herdou tudo isto, com oito anos de atraso, portanto com os problemas agravados, e  mais velho oito anos, não com os 68 que teria, mas com os 76 que tem, tendo Ratzinger ocupado estes oito anos. Agora meus leitores muito aflitamente vieram não compreender porque chamei de derradeira a luta que ele trava contra a Cúria para acabar com a lavagem de dinheiro no Banco do Vaticano. É muito simples : Ou Francisco ganha esta guerra e se torna um Papa para nunca mais ser esquecido, santo como os quarenta e nove primeiros papas (menos um) por serem os primeiros e terem construido a Igreja, ou lembrado como alguns que pregaram,  convocaram, ou organizaram as cruzadas, ou ainda os Medicis ou outros lembrados pelas piores razões, ou São Gregório I , o do canto, Servus Servorum Dei, ou João XXIII, pelo Vaticano II, ou é esquecido na longa lista dos outros 265 papas que lhe antecederam e de que ninguém se lembra, exceto os que lhe foram contemporâneos, e que, com o passar do tempo, também perderam-se nas suas implacáveis areias.


Francisco é herdeiro de toda esta longa lista, que inclui enormes excrecências, que inclui papas que mataram, torturaram, que venderam o papado, que praticaram as coisas mais infames que se possa imaginar. Francisco sabe  tudo isto. Francisco é Jesuita, o primeiro desta Companhia a ser Papa, Companhia que também carrega uma enorme e terrível carga de um passado, inclusive por seu envolvimento com o Santo Ofício. Tendo por outro lado a disponibilidade dos jesuitas para o serviço e a sua tradição de pronta e inquestionável resposta ao serviço, pois são forjados na integridade e no compromisso com o servir, ou seja no que há de mais nobre e sublime no sentimento humano. Uma contradição, sim, mais uma nos assuntos da Igreja, como nos assuntos  humanos. Francisco sabe disto tudo.


Depois de 1200 anos aparece um papa não Europeu. O primeiro papa do Novo Mundo, Francisco é Argentino, latino-americano, é deste Novo Mundo de tantas promessas, eldorado espiritual, Império de todas as expectativas, hemisfério do inédito, forjado por esta ligação com o novo, e o novo é o desconhecido, o inusitado, o inesperado. Assim deste Novo Mundo vêm todas as expectativas, e se é assim : Porque Francisco  não será mais uma destas? O Novo deve trazer o Novo, a renovação, posto que na renovação vive o compromisso.  E se o for, que maravilha será, sobretudo nesta época que vivemos, de insania, ruptura e desesperança. Será o maior dos balsamos, será o maior dos alívios, será  luz fulgurante na escuridão destes tempos. Ah, Francisco...


Francisco que já traz uma lufada de ar fresco a este bafio do princípio deste terceiro milênio, Francisco trava sim sua derradeira Guerra, porque se a perder, para ele tudo o mais estará perdido, e para a Igreja, uma noção de futuro tambem perder-se-á. Haverá um futuro, porque sempre o há, mas será sombrio, ou ao menos ensombrado por este tumor infecto que deve ser extraído, arrancado e extirpado para o bem de uma fé que deve continuar a se expressar pelo bem dos que nela crêem. Agora é o primeiro Papa a tocar na maior chaga existente nas relações entre os seres humanos: a exclusão social, porque o meu possuir não pode ser de molde a privar outros de participar da partilha do bolo da sociedade, sendo excluido( Evangelii Gaudium). Terrível ter consciência  e ter noção de como as coisas realmente são, e não poder fugir delas. Os outros papas têm passado por elas como se não as vissem, ou como se elas não existissem, porque assim não se lançavam ao vértice do conflito, não se lançavam ao olho do furacão. Quanta coragem Francisco....  Francisco sabe que se falhar perde-se com esta sua derrota, seja de que calibre for, inclusive o de sua morte, a esperança de uma renovação, a esperança de dar esperança a tantos que não sabem mais se a têm, se a perderam , se desesperaram, ou se desesperam, posto que a esperança não é, e não pode ser, contra todas as expectativas. O peso nos ombros de Francisco é imenso. É o peso da esperança que este Papa do Novo Mundo possa trazer, enfim, um Mundo Novo.















sábado, 23 de novembro de 2013

DAS TUAS PALAVRAS

                                                       
                                                                                                     para  Oswaldo Lenine Macedo Pimentel.
Martelo-bigorna
Um bicho que rosna
Olho de peixe - cão
Na pressão
Não teme a morte
Comunista - Cristão
Leão do Norte.

É um bicho que canta
Puro Soul, pura alma
fingindo ter paciência,
ou um pouco mais de calma.
Posto que estamos sempre sós,
pra quem espera do mundo
o que ele não espera de nós.

No Último Por do Sol,
desta espera da cura do mal
contemplar o arrebol,
dormir como um deus
e amanhecer mortal.

Quando como flor de cactos desabrochando
nos teus vinte anos menino
Elba; vez primeira; te gravou,
foi como um grito; foi como um hino
que todo mundo deu e que todo mundo cantou.

Do silêncio das estrêlas
nos traz esta Sinfonia de silêncio e luz
e esta Falange Canibal
onde nem tudo é invenção
...pelo sentimento,
pelo envolvimento,
pelo coração!

Tão diverso, o poeta da procura,
em teu verso, e em teu gesto assim
repetindo os mesmos erros
retratando essa loucura,
e toda esta busca que já não tem mais fim.

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma,
já que ninguém faz idéia que todos os caminhos no mesmo vão dar,
pela gentileza que é fundamental à cada palma,
tudo por acaso, já que há tanta coisa por se desvendar.

Disto que é importante, já que a vida é tão rara,
no que é forte, no que bom e no que é bonito,
vê-se verdade que se espalha e se anuncia
pela boca, pelos olhos, pelas mãos e pela cara
na tua poesia que é esta porta aberta pro infinito.



sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O sentimento de cada um.

       Papa Francisco - Joseph Blatter -Cristiano Ronaldo - Bashar Al Assad - Obama - Papa Bento XVI -                 Malala -  Snowdem - Berlusconi - Messi - Brasileiros - Chineses - Alemães - Portugueses



A cada qual seu igual. As opiniões sempre variam muito, mas todas têm o limite da verdade e o limite do respeito que é devido à tudo e todos que existem e, que como tal, têm de ser respeitados. Quando ultrapassamos estes limites, seja porque motivo for, perdemos a razão, e uma pessoa sem razão, não tem o Direito de expressar-se, da mesma forma que não o tem aquele que mente, que engana, que sofisma.    

Na lista acima temos alguns dos que de melhor e pior se houveram na ação e manifestação de opiniões recentemente, sobre os temas que lhe são afetos , ou portaram-se mal, ou excusaram-se a proceder conforme lhes era exigido no desempenho das funções para as quais se propuseram, ou, ao contrário, aqui são destacados pelo seu proceder correto. É claro que esta lista é apenas exemplar, ou seja aí está como exemplo do tema título deste artigo, e foram escolhidos porque podem ser analisados de uma forma branda, os que o serão pela negativa, posto que outros em que o gráu de abjeção é tal, que me seria impossível tratar deles sem perder-me, e, como não desejo perder-me, escolhi esta lista com a qual ainda consigo lidar, sem expor todo o meu desprezo e irritabilidade, ultrapassando o limite do civilizado, posto que suas ações e/ou afirmações ultrapassaram os limites do respeito que é devido aos outros seres humanos que, infelizmente, dependem deles, ou que estão sujeitos às suas ações, ou por elas são influenciados de alguma maneira, o que inclui praticamente todos nós.

De cada um se espera que desempenhe a função que lhe está atribuída. Ninguém pediu ao Cristiano Ronaldo para ser jogador, ou ao Obama para ser presidente, para começarmos com duas figuras simpáticas, mas na medida que um foi ser jogador e o outro presidente, é justo esperar que o jogador jogue bem e o presidente seja um presidente correto, esperando de ambos sobretudo consoante às promessas que façam e as espectativas que criem. Nada mais lhes é exigido, e quando não cumprem, podemos nos sentir defraudados nas nossas expectativas, estas criadas pelos próprios, quando se puseram nas importantes funções que desempenham. Assim é com qualquer  cidadão, é com aquele condutor de trens ou comboios que permitiu que o seu descarrilasse matando centenas de pessoas. Perguntem aos familiares das vítimas o que elas pensam da sua ação, ou da falta dela, por seu erro. Encontrarão unanimidade na responsabilização, portanto, sabemos bem, não há inocentes entre aqueles que se portam mal no desempenho de suas funções, por ação ou omissão. Logo não há desculpas, pode haver limites e não terem atingido as metas às quais se propunham, mas quando propõe uma coisa e fazem outra, ou quando deveriam portar-se com respeito e urbanidade e mesmo humanidade( que falta à muitos) e não o fazem, podem crer, a condenação é unânime, porque ninguém é bobo. Fomos enganados, isso fomos, mas não pensem que não temos consciência disto.

Por outro lado, não tenham dúvidas, o que move tudo isto é o interesse que cada um tem no momento que o levou a fazer isto em vez daquilo, ou que o levou a fazer o oposto do que prometera, ou ainda que o levou a se escusar de fazer o que devia, o que o levou a dizer tal coisa ao invés de outra, fugindo à  verdade  e à probidade, como ainda por ter agido consoante um interesse que tem ou serve. Ou ainda, como Obama, cedeu às pressões e não teve forças, ou coragem, para levar sua proposta avante, ou ainda, como Cristiano Ronaldo, aguentou a enorme oposição e com coragem arranjou as forças para dar a resposta da única maneira certa e desejada, com atos consistentes, só a boa tentativa não vale, não resolve.

Quando analisamos por exemplo os dois últimos Papas,citados na lista acima, sabemos que um se escusou de fazer uma série de coisas às quais não podia fugir, não importa as razões, e que o outro tem se empenhado em fazê-las. Quando analisamos o Sr. Joseph Blatter e o que disse sobre Cristiano Ronaldo e Messi, verificamos que tem todo o Direito de preferir Messi a Ronaldo, tem todo o Direito de preferir o jeito bailarino de Messi ao jeito,digamos, militar de Ronaldo. O que não tem Direito é de expressar isto em público, nas funções que ocupa e muito menos quando estão decorrendo votações em que os dois estão envolvidos. É claro que em tudo isto está milhões em publicidade deste ou daquele que ganhar a bola de ouro, é claro que isto tudo importa muitos mais milhões para este ou aquele país que estiver presente na Copa do mundo no Brasil no próximo ano. É claro que cada um responde como pode, mas não se enganem, tudo isto tem uma terrível e horrenda teia de interesses por detrás, que, se revelada, punha muita gente na cadeia, o problema é ser muito difícil de provar.

Agora temos figuras que assumiram o cargo máximo em seus países de orígem , Obama e Berlusconi, tão diferentes e tão iguais. Berlusconi por ser um bufão em certa medida e Obama por o não ser, diferenciam-se a olhos vistos. Porém de Berlusconi, todos não esperavamos grande coisa, já Obama até um Nóbel chegou a receber por aquilo que todos esperávamos dele e, que, por falta de coragem em suas atitudes, da mesma forma que Berlusconi, falhou totalmente, claro que internamente agradaram a uns quantos, mas no compto final, guardadas as devidas proporções, trairam a confiança de todos que esperavam deles coisas muito diversas das que fizeram.

Malala, a garota paquistanesa jogada na boca do mundo por, inconformada, ter  incomodado os Talibãs até eles tentarem matá-la e Snowdem da mesma maneira jogado na boca do mundo por não se ter conformado que a administração de seu país andasse a espionar o mundo. Duas pessoas dignas, com motivações bem diversas, agem por um motivo homólogo e nos levam a desejar que tenham êxito em suas cruzadas. Porém, tanto um quanto o outro, são anti-sistema, e isto nos leva a uma realidade maior que se tem revelado nestes tempos do terceiro milênio, os sistemas autonomamente fazem coisas às quais as pessoas não estão mais passsiveis de aceitar. Se chamarmos para aqui  Brasileiros e Portuguêses teremos por diferentes razões um gráu de descontentamento com o sistema em que se incluem, de tão alto nível, que assusta. Os Brasileiros não aceitam mais passivamente que disponham de sua riqueza sem que eles decidam destas disposições. Os Portugueses não aceitam que o estilo de governação que os levou à tragédia econômica em que se encontram se renove. Ainda que tanto uns quanto outros ainda não saibam que medidas tomar, que consequências tirar, que rumos buscar para mudarem as suas realidades, feridos de morte, sabem, entretanto, que devem fazer alguma coisa, e alguma coisa irá ser feita, mesmo que ainda não saibamos bem o que.

Bashar Al Assad, assim como uns quantos outros nascidos no e para o poder, não se furtam à todas as ações necessárias para mantê-lo, mesmo que isto custe a vida de milhares de seus concidadãos de um modo direto, furtando-as, o que não é menos grave, porque muitos outros  o fazem de uma forma indireta, levando seus concidadãos a uma situação de miséria ou desespero que, por ser menos visível, não passa a ser menos genocídica, se não como agentes de mortandade, que também são, como agentes do furto da paz de espírito, da dignidade e/ou da  felicidade de milhões, situação não mensurável, mas que  nem por isto é menos grave, ou menos incidiosa.

Por fim se analisarmos o que se passa com Alemães e Chineses, que por muitas boas razões deveriam estar contentes com os modêlos de sociedade em que se encontram e que o perfil econômico do modelo  os deveria satisfazer, têm que as componentes sociais e políticas  muito os importuna. Na China já se pode observar, de algum tempo a esta parte, que há uma convulsão social fermentando(o que chamo la clocherie) e na Alemanha dá-se o fenômeno inverso, também de insatisfação, mas a via escolhida é a da ausência de muitas das perspectivas às quais era espectável que quisessem conquistar e atender, os Alemães, parece que escaldados (como o gato da expressão) têm pavor e recusam-se a promover uma sociedade mais participante, mais feliz e mais consumista e, por outro lado, assumir a liderança de uma Europa feita à sua feição.

Temos por todo lado que o sistema já não satisfaz, temos que os sentimentos percebem que se viram prisioneiros de uma realidade, que lhes ultrassando, atua sobre eles tornando-os infelizes e insatisfeitos, posto que desejavam coisas e situações diversas, pensavam que os resultados iam ser diferentes, posto que as propostas eram boas, porém a prática se revelou contrária, porque as atitudes dos que foram atores nestes casos, quase sempre, frusta e defrauda o desejo dos que lhes deram os poderes para representá-los e não obtiveram o resultado esperado. Ao assumirem estas posições fogem ao controle dos que lá os puseram, passando a, autonomamente, atuar no desinteresse, ou não no interesse pleno, dos que os escolheram. Este sentimento de frustação exige que mudanças sejam feitas no sistema, para que impeçam que isto aconteça.

Tudo isto junto revela que para além, muito além das condições pessoais de cada um, para além do gráu de satisfação econômica, política ou social em que cada um se encontre, muito ainda além de sua condição cultural, podendo o menor ser maior, para muito além também do gráu de liberdade de que se possa desfrutar, do gráu de interesses que possam estar em jogo, do gráu de bem estar que se possa ter, o sentimento de cada um é resultante direta de seu entendimento da realidade num dado momento, e este entendimento tem as motivações mais variadas e imprevisíveis, mas podemos destacar que a coragem pessoal, a falta de fantasmas (desassombro) a ambição de cada qual, que alteram ou moldam este entendimento, promovendo um sentimento muito diverso e imprevisível em cada pessoa, habilitando-as, ou não, para atenderem às responsabilidades a que se propuseram, faz alterar com isto o curso da história de forma permanente. Por isto podemos afirmar que a realidade do que acontece depende do sentimento de cada um. 


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mickey The mouse.

Como foi-me pedido para postar no blog este comentário que publiquei em outras redes sociais, atendendo à solicitação, o faço, mesmo sem entender a razão do pedido, já que este comentário não se aplica ao espírito deste blog, mas como também não o prejudica, o faço.

MICKEY THE MOUSE.


O octogenário ratinho que criou um enorme império há oitenta e cinco anos hoje, dezoito de Novembro de 2013, tinha na sua marca a displicência, a informalidade, a gentileza, a altivez, a voz e a graça de seu criador. Hoje, quando muitos outros ratinhos ganharam notoriedade, inclusive como utensílio, Mickey continua sendo o número um. O rato, este ausente presente, que nos faz transitar entre o medo, o ódio e a adoração, o mamífero mais urbano que se conhece, incluindo os seres humanos, tem vivido no nosso imaginário desde sempre, pelas piores e melhores razões. Se Disney tivesse escolhido outro animal como sua personagem talvez não existisse este lugar de encantamento infantil que se chama Disneylândia ( e isto teve por pouco para acontecer, foi quase um coelho o escolhido). Porém como tudo deu certo podemos ver nas Disneylandias as estátuas de bronze de Disney e Mickey de mãos dadas, em frente às quais eu sempre me interrogo: Quem leva quem pela mão?


 

sábado, 16 de novembro de 2013

Tenha sempre esperança.

 Tenha esperança !

                                                            Porque sempre se acredita em algo que virá.
                                                             


Quando menos se espera….
o inusitado  abalrroa-nos.
Não se sabe bem como, nem porque…
Chega-nos inexplicavelmente.

Para além das nossas expectativas,
ou para aquém,
ou mesmo para quem não espera,
chega.

Por isto esperamos…

Esperar para que?
Não se sabe nem onde,
não se sabe nem quando,
não se sabe bem como,
menos ainda se sabe porque.

Porém sabe-se que virá.
Porque sempre vem, inesperadamente.

E como vem, esperamos.

E esta é a profissão de fé:
Ter esperança !

===ooo000ooo===


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A DERRADEIRA LUTA DE FRANCISCO, O PAPA.

Francisco está numa posição muito perigosa, como eu previra no segundo artigo que escrevi sobre ele em catorze de Julho passado e que pedia orações para Francisco. Apesar de ser sincera minha preocupação então, como, na história da Igreja, cheia de Papas, muitos deles Santos, cheias de homens que sentados na cadeira de Pedro se postularam como inquebrantáveis, homens apenas. Como na história da Igreja nunca houve um Papa como Francisco, minha preocupação, apesar de sincera, repito, era, mais que tudo, uma expectativa. Era o começo de seu pontificado, e como em todos os começos as coisas começam com força, força esta que se vai esvaindo, que se vai perdendo, que se vai diluindo, quando confrontada com as dificuldades que se lhe antepõem, quando encara a dura, duríssima realidade, que em todas as coisas há para transformá-las de um pensamento em algo existente. Quem já empreendeu, seja o que for, sabe bem do que falo. Porém no caso particular de Francisco,D. Jorge Bergoglio, e as forças que se lhe antepõem, em virtude da grandeza destas e da solidão dele como seu oponente, pois, creiam, Francisco está praticamente só. Não que não haja gente sincera que o queira ver triunfar, não que não haja gente solícita que o queira ajudar, há. Porém sua decisão será sempre solitária, o estatuto do cargo o isolará, o medo das circunstâncias o manterá sozinho, o restringirá, e sentirá a solidão do deserto absoluto no confronto, porque a guerra que trava tem este caráter, tem que ser ele, e ele só, até porque ele nunca saberá de entre os seus pares os que são sinceros, já que o envolvimento entre os muitos que o cercam é de tal modo profundo que ele nunca poderá saber de onde virá a traição. Interna e externamente este homem está cercado de víboras. E sabedor de tudo isto eu desejava, mais que acreditava, que Francisco fosse fazer o que está fazendo. Mas agora vem a confirmação de todos os meus temores, que é também a confirmação de que o que ele está fazendo vai no caminho certo, porém este caminho é o caminho de sua morte.

OREMOS MUITO POR FRANCISCO.


Como eu já disse antes estes interesses instalados são o do tráfico de drogas, de armas e de seres humanos, são os interesses do crime organizado, do submundo do crime, das máfias, das camorras, dos bandidos de diversos calibres, também os há de colarinho branco, e muitos. Todos estes bandidos que conseguem por vários meios, inclusive o da extorção, mais ou menos violenta, direta ou indireta, através de taxas de proteção (chama-se pizzo em Itália) através de negócios excusos, através de jogadas financeiras, acumular bilhões que não podem gozar. Para gozá-los é necessário limpá-los, transformar estes bilhões em dinheiro com orígem, para que o Fisco e a Justiça não ponham na cadeia seus donos quando desfrutarem dele. Não se pode comprar iates, mansões, aviões, super-carros, obras de arte fabulosas sem que a origem do dinheiro seja controlada, portanto é preciso limpar o que tem esta orígem ilegal. E nas últimas décadas o Instituto para as obras religiosas, mais conhecido como  Banco do Vaticano, tem servido à todos estes interesses, juntos ou em separado, como a mais fabulosa máquina de lavar dinheiro jamais instalada. A escolha recaiu no Vaticano por várias razões, mas a mais clara delas, é de que o Instituto tem tradição de lidar com grandes somas de origem não comprovada, já que a quase totalidade do dinheiro da Igreja vem de doações. E agora Francisco está trabalhando para tirar todos estes crminosos das centenas de milhares de contas do Banco, evidentemente causando grande desespero para estes que tinham a origem de seu dinheiro assegurada e com isto estavam livres de irem presos ( não se esqueçam que Al Capone foi preso pelo fisco, todos os seus outros crimes nunca se conseguiram provar.).

OREMOS MUITO POR FRANCISCO.


O Dr. Nicola Groterri, Procurador da Reggia Calabria, vem agora confirmar minhas preocupações de há cinco meses, dizendo ser o Papa "coerente e credível", alerta de que o crime organizado está muito incomodado com tudo o que Francisco anda fazendo. E traz à luz um nome tenebroso entre as máfias : Ndrangheta, a perigosa máfia da região do procurador que, se reformando e reformulando, tornou-se praticamente invisível, mantendo seu império de criminalidade fora do alcance da Lei. Alerta também para o perigo que corre o Papa de ser assassinado.

OREMOS MUITO POR FRANCISCO.

Pró-memória lembremos alguns dos recentes destinos dos Papas, e fiquemo-nos pelos últimos. João Paulo I apareceu morto uma bela manhã no trigésimo terceiro dia de seu pontificado, sabe-se que queria reunir todas as informações sobre isto que se passava no Instituto para as obras religiosas. O segundo João Paulo sofreu duas tentativas de assassinato, mudando o rumo das investigações que tinha em curso. Bento, o décimo sexto,passa pelo que ficou conhecido como Vatileaks, que levou à sua renúncia, quase nunca se viu antes na Igreja um Papa renunciar.

OREMOS MUITO POR FRANCISCO.

Lembremos o Vatileaks: O jornalista Gianluigi Nuzzi publica uma carta do segundo administrador do Vaticano, Carlo Maria Viganò, na qual implora à Bento XVI  para não ser transferido por suas atitudes em casos de contratos super-faturados que custaram milhões à Santa Sé. Logo à seguir outros documentos começaram a vazar para diferentes jornalistas mostrando a luta pelo poder dentro do Vaticano posto que Bento XVI queria transparência financeira no Instituto, e evidenciando os documentos a lavagem de dinheiro, que era enorme no Vaticano, a  pressão vai aumentando sobre o Papa Bento até que em Janeiro do ano passado ele sofre uma ameaça de morte. O Jornalista Nuzzi publica um livro que revela as cartas secretas de Bento XVI - a moral do Papa Bento cai por terra - onde ele tem ação destacada contra, mas sabedor, de toda a trama nos calabouços da Santa Sé, sem eliminá-la, o que o compromete. A crise revela as finanças pessoais do Papa Bento, revela ainda venda de audiências, revela coisas escabrosas. 23 de Maio o mordomo do Papa Bento - Paolo Gabriele - é preso com imputação de crimes que o iriam por na cadeia trinta anos, muita sujeira vem à tona, a pressão sobre Bento torna-se insuportável. Ele indulta o mordomo em Dezembro e renuncia em Fevereiro deste ano de  2013.

OREMOS MUITO POR FANCISCO.

De uma forma ou de outra as forças poderosas, poderosíssimas, que fizeram do Vaticano seu pouso, atuam contra todos aqueles que se lhes opõem, sem olhar a sua posição, sejam mordomos ou Papas, aqueles que se lhes opuserem estão fadados a serem retirados de seu caminho, seja por que meios  forem, inclusive a morte.

OREMOS MUITO POR FRANCISCO.

Resta-nos agora que sabemos que são sinceras as ações de Francisco, e mais que sinceras são efetivas e que vão no caminho certo, pois estão incomodando os interesses instalados, e ações dentro e fora da Cúria começam a ser urdidas, e mais sabemos que pelo seu temperamento só a morte o parará, indagarmos qual será a reação destas forças de dentro e de fora para pará-lo. Um outro Vatileaks? Francisco é esperto demais para isto. Desacreditá-lo? Francisco desde o primeiro momento sabedor desta hipótese usou de todo seu poder mediático para trazer para seu lado a opinião pública. Tramarem um golpe interno na Cúria, como já foi feito antes? Sabem que Francisco é sério demais para se deixar enredar. Ameaçarem-no? Sabem que Francisco é forte demais para se deixar intimidar. Resta-lhes, como é óbvio, a última via....

OREMOS, MUITO, MUITO, POR FRANCISCO.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Once upon a time : Charlie

                                                                                                                 25/12/12 - 35 anos sem Carlitos.




The man with the bowler hat
spinning the walking stick
and doing this and that
and, of course, some trick
got an emotional hit.

                                          When so ever whatsoever impossible
                                           and not imaginable,
                                           becomes possible
                                           by the art of the believe...
                                           The man with the bowler hat
                                           comes to do this and that.

Belonging to no class whatsoever,
whatsoever whatsoever the class,
we must truly believe and fess :
Come the man of the bowler hat
whatsoever to do this and that.


                                          In any way seeming classy
                                          with charm this almost beggar,
                                          the man spinning the walking stick
                                          looks like a dreamer never too gassy,
                                          who makes us dream a love regard

to see the forks spiked on the breads
going up and down and up and down
it's a feeling who strongly  spreads
the image of the perfect clown.





                                       

domingo, 10 de novembro de 2013

Isto aqui Ary, é um pouquinho de você ai, ai...


                         
                                              " Eu sou Bom ! "  Com as suas palavras.
                                                                  Aquarela de Ary.

7/11/2013 - 110 anos
do Nascimento de
Ary Barroso.


Sertanejo, sambista
Violeiro-pianista
Chorão, autor de modinha,
de revista, de canção,
muita ginga ele tinha
-criador do samba exaltação.

                                               Chiribiribiri quá quá
                                               De camisa amarela
                                               Ele é o tal
                                              Que viu este Brasil Moreno
                                               nem grande nem pequeno,
                                               como é, tal e qual
                                               Cantando a Florisbela
                                               Cantando a Florisbela, ô.

Na sua cadência 
Requebra a mulata,
Canta o calouro,
Caminha a Cabocla,
Vem a morena boa
que nos faz pecar
Pra ser Rainha.
Olerê, olara.

                                                  Colhia a expresão popular
                                                   o dizer do povão,
                                                   ou o sentimento invulgar
                                                   Pra machucar meu coração
                                                   Prossiga o samba canção
                                                   Que É luxo só, na sua emoção.

Dr. Ary 
que achava amor bobagem 
que agente não explica.
Que amava a Bahia, mineiro.
Que compunha A boa mazurca
e exaltava o mulato isoneiro,
na roda dum bar, ou no casino na Urca
seria sempre o primeiro
a cantar o Brasil, brasileiro.
  
                                                   Que gostava de um jeito frajola
                                                    que guardou, preservou, 
                                                    e com ele fez escola
                                                    que nos modificou 
                                                    a o cantar ainda agora.

Você é destes raros
pianista batuqueiro de Sambão,
com versos muito claros
nas Cantigas de enganar tristeza,
descrevendo com precisa noção
como que a descobrir a beleza,
que só o  Senhor, Dr. Ary, viu,  e diz
na verdade de sua emoção.
-Você é o Brasil que canta e é feliz !


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

YOUR CHOICE: WHAT IS EVER WHAT IS NEVER, OR NOT.




                                  HOPE

                         The last to die they say
                         Never is ever last
                         The only way today
                         To something best.

                                                     Love ever last
                                                    What is never
                                                     To say the best
                                                     Hope lives forever.


                                    NO HOPE

                       The first to die they say
                       Now is ever last
                       No way today
                       To nothing best.

                                                       Love never last
                                                       What is ever
                                                       To say the best
                                                       Cause Hope RIP forever.

domingo, 3 de novembro de 2013

A DEMOCRACIA NA IGREJA



Pela primeira vez  na história do mais antigo Império autocrata que existe, vai se fazer uma consulta popular para determinar a opinião de seus membros e seguidores. A Igreja Católica Apostólica Romana que desde a sua criação, já lá vão dois milênios,  nunca havia decidido nada, ou mesmo encaminhado qualquer assunto de outra  maneira que não fosse autocrática. O  soberano deste Estado ao qual chamamos Papa além do mais é considerado infalível, portanto incontestável em suas desições. A própria legislação canônica dá-lhe este estatuto, dispensando toda e qualquer opinião. Agora em assuntos tão melindrosos como o casamento homosexual e o divórcio a Igreja vai consultar seus fiéis.


São sinais dos tempos dirão alguns. Pois são, mas o tempo se dá, ou se faz, com gente, e sem uma personalidade como a do atual Papa, isto nunca seria possível. Tão melindroso é o assunto que obrigou ao Porta-voz do Vaticano a mentir. O Sr. Frederico Lombardi declarou ser esta a 'praxis' da Igreja Católica. Só quem não conhece a história eclesiástica poderá afirmar isto, a Igreja nunca consultou nada nem ninguém. O Papa sabe que estes assuntos são melindrosos, e que têm até agora sido tratados com motivações antagônicas. Por um lado os preconceitos reinantes, por outros os lobbys. No próximo Sinodo estas matérias irão ser tratadas, e, para marcar a pauta, o Papa quer mostrar a seus Bispos a opinião reinante dentro da Igreja real, ou seja entre seus membros leigos, o bilhão de fieis que são o verdadeiro corpo da Igreja, e não ficar-se apenas pela opinião do clero, para tal ordenou um inquérito, que já está em marcha, à todas as dioceses e que servirá de base à discussão da pastoral da família.

                                            "QUEM SOU EU PARA JULGAR OS GAYS?"



" Faz mais barulho uma árvore que cai que uma floresta que nasce."


Francisco tem uma agenda complicada. Tem que tomar decisões adiadas por décadas, algumas por séculos, sabe que é chegada a hora, e ele não pretende se excusar. Por isto vai amealhando os apoios que pode. Para um tema que sabe que a opinião reinante na Igreja difere da do clero, precisa confrontá-lo com esta opinião, daí o inquérito. Com isto inovou numa realidade milenar, com isto instaurou um princípio da democracia. Como já havia destacado em outros artigos, como os dois intitulados Papa Francisco I e II, este homem tem muito de especial, e iremos ainda nos regogizar de, em nosso tempo, o termos à cabeça da Igreja. Este terceiro milênio tem se mostrado muito inquietante com a abertura de dossiês muito complicados, parece que soou uma trombeta deflagrando o começo de uma jornada incontornável. Sem a pessoa certa no lugar certo as coisas tornam-se muito mais difíceis, veja por exemplo a Europa que agora atravessa um momento tão fragilizante de sua história e não tem um líder europeu a altura do momento, calhou o rebutalho às lideranças européias. Francisco é um homem capaz de dizer em resposta ao caso do Monsenhor Ricca (suspeito de ter amantes) destacando que casos como o abuso de menores são diferentes,mas que quando uma pessoa pecou e esconde e Deus perdoa, devemos esquecer, assim como Deus esqueceu. Conhecem algum outro Papa que fosse capaz de afirmar isto?

Vício de forma.

Fomos acostumados, até pela califasia, a Papas que falavam coisas  distantes, bem comportadas, politicamente corretas, mas que tinham pouco à ver com a nossa realidade diária, difícil, conturbada, frágil, errada e errônea, de pecadores. Era muito preciso acabar com isto, é muito necessário inaugurar-se um tempo de verdade e de proximidade e fazer-se isto com o diapasão certo é mesmo muito difícil. É necessário não se ter máscaras e é necessário abrir-se mão da califasia, de uma postura empostada, é preciso humanizar-se. Sabem que eu acredito que o pecado é a condição intrínseca da condição humana, porque ele nos revela e nos renova na verdade humana da nossa limitação e pequenez. Por isto Deus nos perdoa, e no seu perdão nós renascemos. Por  isto Deus nos deu liberdade. É um processo, humano. Rejeitar tudo isto à mim parece o mesmo que rejeitar Deus. Por isto vai fazer-se agora esta bateria de perguntas, perguntas que implicam saber por exemplo: Se um gay procurar Deus através da Igreja Católica, esta não o deve receber e intermediar esta busca? As uniões irregulares afastam ou impedem os que nelas estão de comungarem com Deus? A Igreja tem uma resposta muito antiga para isto, que tem sido posta pouco em prática, mas que é reveladora, inclusiva e universal : Odeia o pecado, mas ama o pecador !

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Guião à fundo perdido.



«Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia.»
                                                                                        Eça de Queiroz

Solteirão sem família, alto, magro, de agora em diante passará a se  vestir todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito, o rosto aguçado no queixo (e no nariz) ia-se alargando até a calva vasta e polida, um pouco amolgada no alto.(Calva invisível, presentemente, pela forma como deixa crescer o cabelo e penteia-o para emcobrí-la.) à partir de agora tingirá os  cabelos, que de uma orelha à outra lhe farão o colar parta trás da nuca ...Tinha uma covinha no queixo e as orelhas muito grandes, muito despegadas do crânio... e, é claro, não lhe faltarão as polainas

Comendador com  Estrela da Ordem do Mérito da Polônia, Cavaleiro da Ordem de São Tiago( Se não é  o Dr. Cavaco resolve isto certamente.) em atenção aos seus grandes merecimentos literários e às obras publicadas, de grande utilidade, no campo da economia política. Era autor das seguintes obras: Elementos Genéricos da Ciência da Riqueza e sua Distribuição. Discrição Pitoresca das Principais Cidades de Portugal e seus mais famosos estabelecimentos (no prelo) e do famoso Guião da Reforma do Estado, tão importante que esteve na gaveta do Primeiro Ministro vários meses, e  que agora  atende pelo nome de" Um Estado Melhor", com 112 páginas que visam recuperar a autonomia de Portugal.

Paladino da família e das virtudes cristãs, moralista  com frequentes e insistentes declarações à favor da sã moral e dos bons costumes, defensor dos agricultores, e dos grandes valores como o nosso Garrett, o nosso Herculano, o nosso Saramago, defensor dos nossos reformados e dos nossos pencionistas, na defesa perene das nossas virtudes pátrias. Ministro de Estado várias vezes, quase, digo melhor vice,-primeiro-ministro, assinante do Teatro São Carlos há 18 anos (deve ser) para aperfeiçoar a personagem mudar-se-á pra um terceiro andar da Rua do Ferregial. Os seus gestos muito medidos, mesmo a tomar café. Nunca usava palavras triviais, citava muito, se expressa por chavões e frases muito elaboradas e vazias de conteúdo como: " A vida é um bem inestimável." " Reformar é diferente de cortar." " Estar no Euro é incompatível com a demagogia."  Nem Estado mau, nem Estado mínimo, um Estado melhor." " É preciso reformar, é preciso remodelar" Com seu frasiado elaborado e vazio e com obviedades, temos o Conselheiro Acácio.

Está é a nudez forte da verdade : O Dr. Paulo Portas dando sequência aos vários  renascimentos da personagem, o faz no melhor estilo acaciano, dando-lhe relevância raramente vista nos inúmeros políticos que a fizeram renascer pelo mundo fora. Pois que como disse no entre o 'g' e o 'j' toda a verdade se esgota, é valendo-se destes meios que se atinge uma grande posição. Pois este é o mesmo Paulo Portas de quem falei no Irrevogável Upgrade I e II, tendo o primeiro por título : Portugal e o futuro, e não é título de livro? Sim é o mesmo e não é limitado como o Conselheiro Queiroziano. Então porque isto? Não havia outra solução. Fez todo o possível para ver se descalçava esta bota. Deixou passar o tempo, transformou o documento em secreto, criou várias manobras de diversão, vendeu-o à peso de ouro, ou melhor à peso de alto cargo. Inútil. Todos queriam o Guião. Pois então está aí o Guião. Como ele não pode conter nada de substantivo e imediatamente exequível, havia de ser vago, genérico, óbvio, um apanhado de banalidades, para ser inconteste, e não comprometer o autor.

Muito esperto o Dr. Paulo. Fê-lo sem o fazer. O momento escolhido é ótimo. Durante a votação do orçamento de Estado( e que orçamento) onde muito será discutido, tudo estará na ribalta, menos o Guião. Além do mais, como este não desperta grandes contestações, por ser um conjunto de boas intenções e de objetivos indefinidos, irá logo voltar de onde nunca devia ter saído, para o limbo das propostas cheias de boas intenções e sem sentido prático e sem intenções para se cumprir. Há alguns inocentes, ou incautos, que acreditam na intencionalidade do documento. Provavelmente também acreditam no Pai Natal, e sua intencionalidade. Só que se o pai, a mãe ou o avô da criança não comprar o presente, ficam-se por aí as boas intenções do Pai Natal, mas há gente para tudo. E, ademais, sabemos, bem o que é que está cheio de boas  intenções. As propostas do Guião são como os Pais Natal de shoppings, só servem para a fotografia.

E agora o manto diáfano da fantasia : O Dr. Paulo Portas cumpriu, deu o seu grande contributo para a Reforma do Estado, tão desejada e tão esperada, e ficaremos todos a esperar que Portugal tenha um crescimento real do PIB de 2%, como ele mesmo salienta no documento, até lá, vão se fazendo mais cortes e privatizando-se tudo que for possível do Estado Social e companhia ilimitada, será a Reforma em ação. E, como este aumento real do PIB de 2% (4 ou 5% nominal)  vai demorar mais de uma década para acontecer, o Dr. Paulo Portas está salvo. Não foi culpa sua. O guião está pronto, mas só se poderão começar as filmagens depois da tempestade, e esta está para durar.

 *** Para a leitura de brasileiros, que não há acordo ortográfico que dê jeito:
          Descalçava esta bota é livrava-se deste problema de qualquer maneira.
          Pai Natal é o Papai Noel, e « está para durar  »  é que vai demorar.

  P.S. Ninguém como Eça para estar tão vivo e presente em todas as situações,
          especialmente as políticas. Que escritor formidável !




terça-feira, 29 de outubro de 2013

Que dizer?

As palavras muitas vezes são fracas. Perderam sua energia pelo uso. E por outro lado os fatos são  tão eloquentes, que ultrapassam tão fortemente o poder descritivo e qualificador da expressão vernácula.Quais palavras usar para o caso da mãe que durante dois anos criou a sua filha bebé récem-nascida numa mala de um carro? Inimaginável? Intolerável? Incrível? Desumano? Absurdo? Impossível? Inacreditável? Qualquer expressão é fraca, e há ainda outras que me occorrem, mas são todas impotentes em face da violência do ocorrido. Uma bebé durante dois anos crescendo atrofiada, mas cresendo, mantendo-se viva, já que a vida tem muita força, numa mala de um automóvel? Foi encontrada imersa em fezes, o que prova que era alimentada, que a sua mãe a queria viva. Até quando? Para que? O que pretendia? Loucura? É mãe de outros três filhos, segundo todas as testemunhas, bem criados, amados, tratados, cuidados, com bom e normal desenvolvimento. Que dizer então desta pobre menina da mala, atrofiada, atrasada em seu desenvolvimento, reclusa logo ao nascer, dois anos de prisão sem condenação e sem pecado ou culpa....Que dizer?

Voltemos às palavras, que  sem elas não nos safamos, não nos comunicamos, não nos entendemos? Qual palavra será suficiente? Sugeri inimaginável e inacreditável. Sim a situação é inimaginável e olhamos para aquilo e não podemos acreditar, mas aconteceu, para além de todas as possibilidades e para além da nossa imaginação mais perversa, aconteceu! E o mais impensável é não ter havido intenção de maldade com a criança dois invernos e dois verões confinada na mala de um veículo de passseio, sem desenvolver suas capacidades  cognitivas, sem desenvolver sua musculação -um ser não ser- algo mais que Shakespeariano, mais que kafkiano, mais que Hitchcockiano, mais que inacreditável... Pois bem: absurdo é, mas aconteceu. Desumano foi, intolerável é, essa mãe que pode ser presa por 10 anos, que privarão seus outros três filhos e até mesmo esta bebé de seus cuidados, pois que era para o resto da família uma mãe normal, não podemos temer a palavra....normal, apesar do duplo comportamento oposto e antilógico. O que, mesmo sem temer e sem acreditar, não conseguimos definir é o que fez esta mulher. Que palavra classifica ou define esta mãe?

Então que dizer deste fato, fato indiscutível e incontornável, uma bebe dois anos numa mala de um carro, logo os dois primeiros anos de sua vida, crescendo, chorando, sentido frio, sentindo fome, querendo aconchego, querendo luz, querendo ar, querendo se movimentar...Não sei que dizer, Deus Pai !

Onde estão as palavras? Costuma se dizer que a arte imita a vida. E que às vezes, tragicamente, a vida imita a arte, mas a arte mais ousada, e para além de seus três ícones que citei, não foi capaz de imaginar,de engendrar trama mais horrenda e macabra, e mais (QUAL A PALAVRA?) absurda? Inverossímel? Irracional? Disparatada? Nada se pode exprimir, portanto explicar, a atitude desta mãe. Sabem, eu sinto, nesta condição de tomar conhecimento de que isto se passou, que me falta qualquer coisa, que me subtrairam uma parte da minha capacidade de entendimento. É-me incompreensível. E o que eu não consigo entender, não consigo expressar, portanto faltam-me palavras, não consigo dizer nada, pois nada posso dizer, a não ser a pergunta que dá título a este  texto.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NO ÂMAGO DAS COISAS


Síntese da mediocridade.


                                        Entre o 'g' e o 'j' toda verdade se esgota.

                                                                                                          Aos que se ficam por aí.


          Se cuidássemos de alfa e de ômega,
          que seria dizer de 'a' a 'z',
           teríamos à luz sôfrega
           tudo o que há pra dizer.

                         Como não cuidamos de mentiras,
                         de bocados, ou daquilo que se parte em postas.
                         Pois se cuidássemos do que se reparte em tiras
                         teríamos tudo consolidado num jogo sem apostas,
                         num arco bem cuidado sem pestilências ou ziquiziras.

        E seguindo-se por este caminho zetético
        de se crer resolvido o que não tem solução,
        sempre a esquecer o ético, no cuidado do estético,
        buscando por esta via alguma satisfação,
        o que é bem menos frenético.
                   
                        Como são incertos os caminhos
                         e imprevistas as circunstãncias,
                         é melhor deixarem-se ficar nos ninhos,
                         fazer ouvidos môcos às instâncias.

        Quem diria : Seguir em frente?
        Melhor é a indecisão.
        Esta coisa mais indolente
        que é não ter opinião,
        pra não ter que dar explicação.

                        É assim que se atinge uma grande posição:
                        pouco fazer, pouco arriscar,
                        não se expor, não contestar, guardar discrição.
                        Pouco pensar, menos saber, ainda menos falar,
                        para atingir perfeição.

        É essa gente que se fica
        entre o 'g' e o 'j'
        e com isso fica rica...
        Já que por aí toda verdade se esgota.

                      Como conheço mais umas quantas letras
                      devo ter perdido meu rumo , espremido até o sumo,
                      esmagado por essa gente,  envolvido nessas tretas.
                      Fui cuidando  de seguir, de manter-me sempre a prumo
                      Sem deixar de ser eu mesmo, sem perder-me nessas petas