terça-feira, 8 de novembro de 2022

Quando ele vai ser preso?

Passaram-se dois anos. Ocorreram as intercalares. E QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ASSALTO AO CAPITÓLIO NÃO ESTÁ NA CADEIA? Aquele que tentou um GOLPE DE ESTADO. E diz que na semana que vem vai anunciar sua candidatura? Alguém deve estar brincando com a minha lucidez. NÃO É ABSOLUTAMENTE POSSÍVEL QUE ESSE HMEM NÃO VÁ PARA A CADEIA. Isso mata a DEMOCRACIA. Porque a Demcracia é o regime da normalidade jurídica. E incitamento, mentiras sem fim, e negacionismo são anormalidades ATÉ QUANDO?

terça-feira, 1 de novembro de 2022

A liberdade é frágil, a democracia é um fino cristal.

Estes tempos conturbados fazem-me refletir. Como sabemos o cristal só se parte uma vez, e, uma vez partido, assim permanece, não é como o metal que pode ser soldado, ou a madeira que pode ser colada, ou ainda como tantos outros materiais, como a pedra, que, ainda quando partida, mantêm-se quase sempre. O cristal não cola, não solda, e não se mantem uma vez partido, passa a cacos. E, naquele ponto, só parte uma vez, e uma vez partido, partido fica. A liberdade é um bem tão desejável que sua supressão é a principal ameaça àqueles que transgridam. A prisão, o encarceramento, está em maioria entre as penas que amedrontam o Homem, que, se mantém o respeito aos com quem convive, é por pavor de perder, com o desrrespeito ou transgreção, sua liberdade, este bem invisível para quem a tem, e que é tão esmagadoramente angustiante para quem a perde, seja por que tempo for, e, desse modo, restrige-se a acatar às Leis. No entanto esse fabuloso edifício social cnstotuido pelo Direito, que aparentemente é tão sólido, como as paredes de uma prisão, está construído no vento, no vento envolvente da sociedade que regula e regulamenta, que tão fortemente o abrace, ou não, e tão depressa é órdem como tumulto, é paz como pode ser guerra, é progresso como pode ser atraso. Sua estrutura ao vento é de cristal, também transparente como vento, numa certa perspectiva invisível como este, e friável, mutante, pouco sustentável, frágil. Porque frágil são suas fundações, as quais chamamos liberdade. Muita gente que dá por garantidas suas conquistas, esquece-se quão facilmente se pode tudo reverter. E faz por esperimentar caminhos políticos novos (Velhos como o Mundo que eles são.) gentes que se cançam daquilo que têm, do que foi conquistado com muita luta e derramamento de sangue, e que facilmente se entregam ao canto das sereias, idiotas que ao longo da História estiveram dispostos a experimentar, e outros maiores idiotas, que conhecendo no que deram estas experiências não democráticas, voltam a ser seduzidos por estes devios propostos como A grande solução. Todo edifício social construído sobre as bases do assombro, do constrangimento ou da submissão, tem muito mais força estrutural que os construído no vento da democracia, e muitos mais foram aqueles ao longo da História que seguiram modelos de força e constrangimento, quase como uma prosaica índole histórica determinada pelo reflexo do comportamento individual de poder no colectivo, rejeitando o bem precioso que desejam e repudiam, a librdade, ambicionando-a para si, ao custo da sua perda para o próximo (Assim existiram os mandarins, a nobreza e a escravidão para citar alguns destes edificios sociais onde a liberdade não entrava.) numa torpeza descarada de privilégios para uns em detrimento do dos outros, conceitualizando valores e princípios, critérios e perspectivas que legitimassem suas posições e excluíssm as demais. E, magister dixit, estabeleceram- se dogmas de suas conveniências sem olhar o outro dissemelhantemente semelhante, para não lhes conferir direitos que pretendiam exclusivos. E criaram toda uma dialética confrmando uma gramática no Direito, nas instituições e até no credo. Mundo de espelhos, sem autocrítica, e sem igualdade. E só há dignidade onde há igualdade. Todo privilégio é indigno e excludente! Nesta palavra igualdade, qualidade não atribuível sem alguma perda, posto que ao se fazer corresponder o todo igualmente à todos, abrimos mão de alguns privilégios na equação. Esta palavra, esta qualidade, é a parte mais frágil da Liberdade, posto que de finíssimo e puríssimo cristal, e invisível em sua manifestação, se atendida e efetivamente existente, é contraponto mister à Liberdade posto que sendo outra coisa é a mesma. NÃO PODE HAVER LIBERDADE PLENA SEM IGUALDADE. Exigência necessária. Ao mesmo tempo que é o desgosto esdrúxulo daqueles que a pretendem para si como privilégio. Verdade de casta. Miséria humana. Falsa noção de direitos inexistentes, mas que todos querem ter. E (Muito importante!) diminuição sistemática para aqueles que não entendem que estas gêmeas siamesas ou existem juntas e em igual proporção, em sua condição sine qua non, ou são falsas cada uma de per si. Por isso as adjetivaram, restringindo seu campo de ação, criando critérios e relativizando sua universalidade. Vocês podem ver bem a fragilidade que há em tudo isso, sua estrutura muito friável construída no éter, sua condição instável e movediça à conta dos ventos nos quais, e com os quais, se move, e que só pode existir pelo elemento da vontade que a constitui, e que não é como o de uma qualquer outra construção, que uma vez realizada mantem-se. A Liberdade, assim com o sistema que permite sua florescência, a Democracia, são como a santidade no dizer de Santo Agostinho: "A cada dia se renova.", posto que se alguém é santo e não se mantem em santidade, e se permite desvios, e a praticar injustiças ou maldades, pois deixa logo de ser santo. Por isso todos os dias há que renovar a santidade, como a democracia a cada dia deve ser estimada, como uma planta frágil em meio a um deserto, que deve ser protegida e regada para sobreviver. Muitos cansam-se da morosidade e lentidão com que atua a Democracia, este imperfeito sistema que nos estressa com as exigências que propõe à nossa paciência, e pensam em abraçar outros sistemas mais efetivos. Esquecendo-se que essa efetividade é momentânea, e que há um preço para tudo, e que as coisas ligeiras custam sempre mais porque demandam mais energia. A Democracia, ÚNICO SISTEMA QUE PODE GARANTIR A LIBERDADE, tem esta condição horrível de exigir paciência, confiança, de que aceitemos avanços e recuos, adiantos e atrasos, mas que é o único que nos garante equidade, este bem que nos pode garantir o que mais desejamos: LIBERDAE, a mais preciosa condição, que todos desejamos. Nunca esqueçam o ensinamento de Saint-Éxupery: “Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé” Se queres ser livre cuida da Democracia.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

CENTENÁRIO DE DARCY RIBEIRO - O HOMEM QUE QUERIA SER DEUS.

Neste vinte e seis de Outubro de 2022, o Professor Darcy Ribeiro faria cem anos. Seria um século de bons serviços ao Brasil, como pensador mais que tudo, mas como homem de campo, antropólogo, sociólogo, cientista humano, historiador. Mas nunca podemos excluir o criador cultural, o educador e o político, atuando da Universidade, desde a que criou, a de Brasília, até a escola primária que criamos muitas, atividade à qual Darcy se dedicou também com muito empenho. Eu que fui muito perto da família do índio cor-de-rosa, o Noel Nutels, esse genial médico judeu ucraniano/pernanbucano, que foi o precursor da FUNAI, antes Serviço de Proteção aos Índios, que se casou com a mãe do meu amigo Salomão, Elisa Tratchemberg, o que me levou também a aproximar-me dos irmãos Vilas-Boas, tudo gente com um sentimento de civilismo, civilidade, coragem e decência, que já não há, e que pra com os índios, que são tutelados do Estado brasileiro, é imprescindível. E eles foram empurrados para a exclusão e a morte, nessa sua minoridade política, por falta de gente que os defendesse, o que percebemos com antecipação, o que os levou a participação ativa na vida política, tendo começado com uma ideia do Darcy, quando fomos candidatos no Rio de janeiro em 1982, tendo ele convocado um cacique Xavante para o feito, Mário Juruna, que foi eleito com expressiva votação. Esse centenário do Darcy, faz-me voltar a velhas convicções, tão necessárias hoje, como esquecidas, faz-me voltar a sentimentos de gente ímpar, com capacidades e empenhos que são difíceis de encontrar - lembro-me da casa circular que o Prof. Darcy construiu em Maricá, sua oca, sua aldeia, num último preito aos selvagens que amou tanto. Se o Brasil tivesse vergonha na cara a casa já era Museu, sem terem-na deixado degradar tanto, e tendo preservado suas coleções. Faz-me voltar aos Brizolões, essa ideia do Darcy para que as criança pobres, sem apoio, para que fossem levadas para um ambiente são, onde fosse alimentada, instruída, cuidada. A Criança entrava de manhã, tpmava seu café, tinha as aulas, como nas outras escolas, almoçavam, tinham extenso currícilo de atividades COMPLEMENTARES pela tarde, desde o esporto à biblioteca, passando pelo cinema, atividades lúdicas, assistência médica, jogos, etcetera, etcetera, e faziam um lanche reforçado, para que, se não tivessem o de comer em casa, estarem bem. Um conceito moderno de educação e ensino, que tirava as crianças do mau ambiente da favela, e abria-lhes alargados horizontes educacionais. Foi um passo de gigante no ensino básico. Tudo issso faz-me voltar à FUNAI, ao Museu do Índio no Maracanã, a São Cristovão, o palácio que tinha as maiores e fabulosas coleções... Faz-me voltar a Amazônia, que eu aprendi a amar nas minhas pesquisas entomológicas e ambientais, faz-me voltar a me sentir gente, quando vivemos cada vez mais num mundo de bestas. As ideias e palavras do Darcy. E quando lhe perguntaram em campanha o que ele gostaria de ser se não fosse o pensador, o antropólogo, o político, sua pronta resposta, com toda a sinceridade assustou toda gente, e ajudou a perdermos a eleição: "Queria ser Deus, poder criar as coisas, fazer um mundo melhor." E, é claro, ninguém entendeu, e choveram as críticas. Caro Darcy, aqui fica nesta forma improvisada e abrupta, minha saudade e meu respeito, lembro-me de quando ligava para tua casa para falarmos, quando eu coordenava suas publicações de campanha a Governador, e você atendia: "Sou eu", ou "É de minha casa.". Uma personalidade singular e intensa, peculiar e com imensa graça, que, tolamente, o povo do Rio de Janeiro não escolheu para seu Governador, tendo recaído a escolha no pior que podia haver. Mas a política é assim, as mentiras uma fraude, a desinformação uma angústia, para quem deseja o progresso social. Cante aí em cima seu Daro Wihã, dance seu Kuarup, pois que há mais festa na alma, que as misérias da política, como você costumava dizer: "JÁ VENCEMOS PORQUE NÃO ESTAMOS DO OUTRO LADO".

sábado, 15 de outubro de 2022

Das eternas cartas portuguesas.

Na senda de uma tradição mais que tri-centenária, desde quando Claude Barbin em 1669 publicara a tradução francesa, em idioma que as três Marias também utilizaram, de cinco cartas de amor de uma mulher, uma Mariana, como as Marianas que também evocam essas três Marias, agora por pura obstinação estética, e revolta em seu tempo. Aquelas são cinco cartas que desde o tempo de Luís XIV seguem revelando uma sensibilidade, um grito, aquele emitido desde um claustro, mas que na mesma sensibilidade da mulher, e com a razão, a mais expressiva de todas, o amor. 'Ut ego amo te amo''Amor me ad vos', um desejo singelo, um Direito mesmo, tão reprimido, tão esmagado, que a sua só revelação é um escândalo, mas é junto, uma expressão sublime de beleza que muda o caminho da literatura por existirem aquelas cinco cartas, e em existir se resume muita vez a razão perene de que as coisas sejam de um modo e não de outro, assim como existem essas novas cartas.

Assim como existem também essas três Marias suas autoras, a Teresa, a Velho, e a Isabel, duas que nos deixaram, mas das quais ficaram seus gritos, uníssonos com a outra, a Maria Teresa que segue guardando o testemunho, no mesmo tom, como o daquele grito da Mariana Alcoforado, a anônima, que a partir de seu claustro, o fez ecoar pelo mundo fora, e que, pela sua força e beleza, permanece e permanecerá. É como no registo sentimental de Wainewright quando afirma que "A Arte tocou o seu trânsfuga; pelas suas influências elevadas e puras se purgaram os miasmas fétidos; os meus sentimentos ressequidos, fogosos e crestados, foram renovados por uma efloração fria e fresca, simples e bela para um coração singelo." Melhor definição não poderá haver para o efeito. Porém para a Alcoforado eram apenas seus sentimentos latejantes, já paras as Marianas das três Marias e as suas palavras, foram um exercício para um tempo miasmático em si mesmo, em que o antigo regime se decompunha, e cuja comiseração que nos inspira, hoje histórica, era já prenúncio do "…dia inicial inteiro e limpo…" como o quis Sophia, mas de cuja "noite e do silêncio" uns já se tinham aventurado sair.

São suas cartas, as do XVII, que, assim como as novas, portuguesas ambas, revelam a magia do tempo, cada qual de per si, neste lapso temporal de três séculos entre ambas, assim como existe um sentimento de mulher que cumpre seu desígnio, assim como há forças que se lhe opõem, haverá sempre a expressão desse sentimento que, feminino, vem revelar, quem sabe?, "O lugar comum" como queria a Maria do meio em um dos seus primeiro trabalhos publicados, essa Velho, que com a força de sua escrita marcou seu tempo. Ave Maria de Fátima de Bivar Velho da Costa! Essa que esconde geralmente o nome de sua santa, uma Nossa Senhora, a mais portuguesa de todas as Nossas Senhoras.

Ou quererá a outra o mesmo, a da santa que poderá ser a d'Ávila, a de Lisieux, preferida no diminutivo, a dos Andes, Edith Stein, a judia, ou a santa do último dia de Abril, a de Calcutá, para também nos libertar? Não importa, haverá sempre uma "Minha Senhora de Mim" a nos dar "Educação Sentimental" Ave Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros!

Como ficará para sempre em nós a memória da também Maria que primeiro nos deixou, a do nome dessa santa portuguesa que foi rainha, certamente a mais portuguesa das santas, que n'"A Condição da Mulher Portuguesa", marcou a "Crônica do tempo" sendo um d'"Os sensos Incomuns", esse, de sua época, que, como mulher, recusou-se a ficar n'"As Vésperas esquecidas" fazendo-se presente, expressando sua totalidade na plenitude de sua existência que nunca terminará. Ave Maria Isabel Barreno de Faria Martins!

AS NOVAS CARTAS.

O texto, marcante texto de coragem e ousadia, sobretudo em sua época, traz-nos as muitas Marianas, transgressoras, ou trânsfugas, como quereria Wainewright, suas faces femininas emergentes do Universo reprimido da mulher, hoje alcandoradas pela ousadia, como sempre foram alcoforadas, como pressagiava o apelido da primeira Mariana, aromatizadas por seus sentimentos, mas não incensadas por seu amor, como aquele, o que, verdadeiro, buscou a fórmula epistolar para expressar-se, e cuja "beleza da forma" encantou Barbin, e que na história da literatura manteve-se, após o longo eclipse diegético da fórmula, vivo na alma de muitas Marianas e Marias.

Que Deus abençoe a todas.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

"Como el musguito en la piedra..."

Em respeito a Violeta Parra e Mercedes Sosa, mestras do sonho. Mesmo em pedra dura As coisas que são tenazes À mínima fissura Põem lá suas raízes. Há sempre uma outra dimensão, se não fosse assim, eramos lixo, ou eramos apenas pedra, dura e sem valor, mas a outra dimensão nos abre a porta do infinito, e nos torna melhor, porque conseguimos sentir, porque conseguimos sonhar. Em nós, para além de nós, esta impossibilidade constante tornada possível, pela simples razão de irmos além, de nos lançarmos face ao infinito, na medida em que nos acreditamos ser maiores que as misérias, maiores que as circunstâncias, maiores que as necessidades, voltados ao infinito em todas as suas dimensões. Em Itaipu, Niterói. Nunca esquecerei a promessa. Lutava contra a destruição da Laguna de Itaipu, loteada pela Veplan-Residência, lotes sub-aquáticos, na busca do puro lucro, a querendo transformar em um monte de ilhotas com mansões de milionários em cada uma. Nada contra os milionários, nem contra suas mansões, mas não ali, ali não. A laguna de Itaipu é um criadouro natural de peixes, não podia ser destruída para gozo de esportes náuticos e habitação de uns poucos. Tinha dezessete anos. Dava uma entrevista à beira da laguna, à Folha de São Paulo, um dos poucos jornais que compraria essa briga contra o imobiliário. E alguns anos depois me foi dito, um pouco em forma de afirmação: "A vida, o trabalho, os compromissos, nunca mais se faz a revolução... Não é?" foram as palavras. E eu respondi, comigo só quando eu estiver morto. Mas a gente morre de vários outros modos além do físico, eu talvez não soubesse, mas mantive a promessa de nunca desistir, nunca abandonar a causa da Natureza e dos excluídos, passado meio século ainda estou nisso, e espero morrer lutando. Mas para isso há sempre que se voltar aos dezessete. "VOLVER A LOS DIECISIETE" Porém aos dezessete é de maneira diversa dos 67 e não é, pois para quem luta com convicção, a luta é a mesma, a energia é a mesma, só não é a resposta do corpo desgastado, mas a maior sabedoria compensa isto um bocado. Tudo depende dependerá sempre da opção de vida, e da promessa. "Brotando" Santo Tomás de Aquino dizia que "a santidade se renova a cada dia". Digo eu que assim como a sede e a fome têm que ser saciadas a cada dia, para que vivamos, toda nossa obra também tem de ser guarnecida todos os dias, provendo-lhe o necessário para que se mantenha, ou irá ruir, uma vez que é frágil e imperfeita, posto que obra humana. Assim é o que se passa com a democracia, obra humana feita de ideias e ideais, mas que se mantém viva e ativa, como corpo material e social, na medida em que se realiza, mas que muitas das forças da matéria e da sociedade, com interesses egoísticos, autocráticos, populistas, enganadores, contra o que é mundano e verdadeiramente burguês e popular, atacam-na todos as horas. Carece de nossa ação e vigilância para que se mantenha viva, posto que a democracia é muito frágil e necessita de nossa ação para que se renove e sustenha-se a todos e a cada dia. Como uma planta, a Democracia tem de crescer para se renovar, como o "musguito" que vive o dessafio constante de brotar, e brotar sempre, para resultar e ser efetivo, assim como o amor e a santidade que se não se renovarem, desvanecem, morrem e desaparecem. "Como el musguito en la piedra, Ay, ay si si si" Se entendemos e concordamos que é assim, o que devemos fazer? Sim sim sim, como o musgo na pedra, brotarmos! Mas como se brota? Velando, como a uma criança pequena de quem cuidamos a cada hora, e vigiamos para que não sofra nenhum dano. Velando os sonhos, as expectativas, os valores, mesmo o amor, verdades muito fáceis de serem corrompidas ou destruidas, se não cuidarmos. Para isso falamos, atuamos, participamos, prevenimos, e mais que tudo expressamos nossa convicção, que, como nosso amor que vai tocar o coração do ente amado, nossa convicção vai inundar a sociedade com toda a certeza, e vai espalhar a força da verdade, para que ela prevaleça ante tudo que seja engano ou mentira, e seja nossa solidariedade, para que ela bloqueie o que quer que haja de egoísmo, de tirânico ou de autoritarismo, posto que esse mundo é de todos e de cada um, e temos que preservá-lo, todos e cada um. Essa é uma ação que exige repetição e persistência, como "el musguito en la piedra". É dificil, eu sei, é cansativo, pois é, lembremos, e tinha de ser um poeta, Gonçalves Dias, na sua "Canção do Tamoio" quando diz. " A vida é luta renhida que aos fracos abate, e aos fortes só faz exaltar." e vá brotando, brotando... Em respeito a Violeta Parra e Mercedes Sosa, . mestras do sonho. . As coisas que são tenazes . Quando mesmo em pedra dura . À mínima fissura . Põem lá suas raízes. Há sempre uma outra dimensão, se não fosse assim, éramos lixo, ou éramos apenas pedra, dura e sem valor, mas uma outra dimensão nos abre a porta do infinito, e nos torna melhor, porque conseguimos sentir, porque conseguimos sonhar. Em nós, para além de nós, esta impossibilidade constante tornada possível, pela simples razão de irmos além, de nos lançarmos face ao infinito, na medida em que acreditamos ser maiores que as misérias, maiores que as circunstâncias, maiores que as necessidades, e voltados ao infinito em todas suas dimensões. Em Itaipu, Niterói. Nunca esquecerei a promessa. Lutava contra a destruição da Laguna de Itaipu, loteada pela Veplan-Residência, lotes sub-aquáticos, na busca do lucro rápido, a querendo transformar em um monte de ilhotas com mansões de milionários em cada uma. Nada contra os milionários, nem contra suas mansões, mas não ali, ali não. A laguna de Itaipu é um criadouro natural de peixes, não podia ser destruído para gozo de esportes náuticos e habitação de uns poucos. Tinha dezessete anos. Dava uma entrevista à beira da laguna, à Folha d São Paulo, um dos poucos jornais que compraria essa briga contra o imobiliário. E alguns anos depois me foi dito um pouco em forma de afirmação: "A vida, o trabalho, os compromissos, nunca mais se faz a revolução…" foram essas as palavras. E eu respondi: Comigo, só morto. Bem que tentaram. Mas a gente morre de vários outros modos além do físico, eu talvez não soubesse, mas mantive a promessa de nunca desistir, nunca abandonar a causa da Natureza e dos excluídos, passado meio século ainda estou nisso, e espero morrer lutando. Mas para isso há sempre que se voltar aos dezessete. "VOLVER A LOS DIECISIETE" Porém aos dezessete é de maneira diversa dos 67, e não é, pois para quem luta com convicção, a luta é a mesma, a energia é a mesma, só não é a resposta do corpo desgastado, mas a maior sabedoria compensa este handicap. Tudo depende da opção, e da promessa. "Brotando" Santo Tomás de Aquino dizia que "a santidade se renova a cada dia". Digo eu que assim como a sede e a fome têm que ser saciada a cada dia, para que vivamos; toda nossa obra também tem de ser guarnecida todos os dias, provendo-lhe o necessário para que se mantenha, ou irá ruir, uma vez que é frágil e imperfeita, posto que obra humana. Assim é o que se passa com a democracia, obra humana feita de ideias, mas que se mantém viva e ativa como corpo material e social, na medida em que se realiza, mas que muitas das forças da matéria e da sociedade, com interesses egoísticos, autocráticos, populistas, enganadores, contra o que é mundano e verdadeiramente burguês e popular, a atacam todos as horas. Carece pois de nossa ação e vigilância para que se mantenha viva, posto que a democracia é muito frágil e necessita de nossa ação para que se renove e sustenha-se todos e a cada dia. Como uma planta, a Democracia tem de crescer para se renovar, como o "musguito" que vive o dessafio constante de brotar, e brotar sempre, para resultar e ser efetivo, assim como o amor e a santidade que se não se renovarem, desvanecem.  "Como el musguito en la piedra, Ay, ay si si si" Se entendemos e concordamos que é assim, o que devemos fazer? Sim sim sim, como o musgo na pedra, brotarmos! Mas como se brota? Velando pelos nossos valores, como fazemos a uma criança pequena de quem cuidamos a cada hora, e vigiamos para que não sofra nenhum dano. Para isso falamos, atuamos, participamos, prevenimos, e mais que tudo expressamos nossa convicção, que, como nosso amor, irá tocar o coração do ente amado, nossa convicção irá inundar a sociedade de certeza, vai espalhar a força da verdade, para que ela prevaleça ante tudo de engano ou mentira, e nossa solidariedade alastrar-se-á, para que ela bloqueie o que quer que haja de egoísmo, de tirânico ou de autoritarismo, posto que esse mundo é de todos e de cada um, e temos que preservá-lo, todos, e cada um. É difícil, eu sei, é cansativo, pois é. Lembremos, e tinha de ser um poeta, de Gonçalves Dias, na sua "Canção do Tamoio" quando diz. " A vida é luta renhida que as fracos abate, e aos fortes só faz exaltar." e vá brotando, brotando…

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

À BUSCA DA REALIDADE PARALELA - I.

COISAS COM AS QUAIS CONCORDARÁ CERTAMENTE: A- Tão bom se nossos sonhos fossem todos verdade. Pudessemos concretizar os mais irrealizáveis delírios, que de imagináveis se realizariam pela só ação de nossa vontade. Querer é poder, entretanto (I) só se pode o que é possível. B- À tudo que acreditamos ser de um determinado modo, costuma sempre se apresentar alternativa diferente da que escolhemos, e, para além de nossa vontade, existe outra opção, ao menos uma, posto que (II) tudo tem seu oposto, e também seu obstrutor. C- Cabe-nos sempre fazer escolhas, e baseados nelas tomamos muitíssimas decisões todos os dias, muitas vezes sem nos darmos conta, será mesmo assim? Esse processo de muitas possibilidades são as respostas, sempre as mesmas, à muitíssimas situações e fenômenos, sempre os mesmos, que atuam como variáveis invariáveis, e nos enganamos tantas vezes. Mas (III) fazemos sempre nossas escolhas, pelo menos assim o cremos. NO MUNDO DA MENTIRA. Dentro de nossa dualidade indesvencilhável, e tendo esses três pontos determinantes em vista, dividimos essa análise filosófica, sociológica, científica e artística em três partes correspondentes, e, face a impossibilidade de apresentar os diferentes prismas num mesmo único texto sem acabar por ser confuso, com reflexos de uns altercando com os de outros, assim o dividimos também em três, na intenção da proposta. Sendo que temos o propósito de analisar tendências que se verificam em tudo que existe, e nos confrontam quase sempre com perspectivas muito inesperadas, desde as que a ciência nos vai propondo ao estudarmos os diferentes fenômenos, posto que todos e cada um admitem sempre outra possibilidade de entendimento e interpretação, logo outra conclusão, portanto esta a razão de que Ciência se faz com comprovação da ocorrência do fenômeno em sua igual e fiel repetição, verificando-se este sempre de igual forma, posto que nas mesmas situações-condições, quando repetidas, dá-se o mesmo fenômeno, e deste modo o comprova e explica. Isto não elimina a realidade paralela, só determina a realidade que encontramos em determinadas condições; até às coisas mais banais com as quais lidamos, e para as quais somos muitas vezes convocados a acreditar em narrativas difrentes das da 'realidade', que é ao que chamamos mais simplesmente mentira, e que tem muita utilidade àqueles que as tentam impingir como uma realidade diversa da que ocorreu, e com uma interpretação distinta da ocorrente. Ante a realidade, e com ela cnfrontada, a mentira é anti-ciência, é anti-realidade, anti-arte, anti-normalidade, por mais que grasse como verdade, e seja aceita ou desejada, por só algum tempo que seja. A mentira em si mesma não é realidade paralela, já a sua crença, acreditar nela, é. Sendo isso que permite as tentativas das crianças em propô-las quando um acontecimento não lhes agrada, e mentem inocentemente, na mais singela alteração da realidade, até o que fazem os abjetos desavergonhados como Trump, Boris, Bolsonaro, que, do mesmo modo mentem, mas que pretendem que suas sucessivas mentiras acabem por se impor, e se transformem em realidade, a paralela que traçaram, como possíveis verdades para interpretarem o mundo a seu talante. Entretanto para a maioria que empregue tal opção, a de criar uma realidade paralela, logo verá prontamente dissolvida suas afirmações, lembrem-se da Máxiam de Lincoln (a), (apesar de que por outro lado a capacidade de convencimento desempenhe função muito distintiva em cada caso) eis pois o exemplo dos advogados às barras dos tribunais, se forem confontados com factos provados, logo vêm sua peroração diminuída, ou anulada, o que não os impede de tentar fazê-la prevalecer, até por fé de ofício que seja. E temos ainda esses que têm representatividade mais alargada, eleitos que foram, que, ao criarem essas pseudo-realidades, puras mentiras, as conseguem imputar como alternativa à realidade, tão somente pelo arbítrio que lhes é possível, este alvedrio que é afeto só aos que tem poder, grande poder, o de influênciar pessoas. Entretanto analisando o comprtamento dos humanos, verifica-se que há uma tendência universal para a mistificação, por isso mentimos tanto, e é de tal forma essa tendência, que se vai generalizando como recurso de resposta (uma solução de recurso para poder responder) para toda e qualquer situação indesejada, seja em que campo for, exceto o científico, onde os fatos têm de ser comprovados, em todos os outros campos da atividade humana se vêm ampliando a criação de universos alternativos ao gosto do gerador dessas múltiplas versões, mesmo no campo jurídico, que por princípio segue norma homóloga a da ciência, está legalmente autorizada, e vem prevalecendo tantas vezes a mistificação. (a) "É possível enganar algumas pessoas todo o tempo; é também possível enganar todas as pessoas por algum tempo; o que não é possível é enganar todas as pessoas todo o tempo" (Abraham Lincoln - February 12, 1809 - April 15, 1865) 1. SÓ SE PODE O QUE É POSSÍVEL? A ideia, muito utilizada, de que se algo não significa nada, não existe, é a grande peta, posto que tudo é significante, mesmo o que não alcançamos, ignoremos, ou desconheçamos. O significado é que pode não ser o desejado, ou o sentido não ser o pretendido, ou mesmo não ter a importância ou eco esperado, o que em nada diminui, muito menos anula, sua existência e significação (b). Nosso grande problema é que queremos que as coisas sejam segundo nossa ótica, e, mais grave ainda, que tenham representatividade e peso no tal significado entendido-pretendido, mas as coisas não são assim. As coisas são por si mesmas. (b) Uma coisa poderá ter significante e não significado, já o oposto é impossível. Uma árvore que nasceu, é apenas uma árvore, sem entender sua razão, seu porque, terá funções determinadas (seu Determinismo certamente), mas a razão de sua existência é sincopada num infinito de realidades que não são suas, apesar de lhes serem correlatas, todas e cada uma. Assim é com a maoiria das coisas e conosco. Nossa insistência em lhe atribuirmos, à árvore, como à tudo, um sentido, uma razão, um significado, dirá de sua retidão, se assim crescer, ou, se não, de sua tortura. Dirá de sua utilidade, de suas qualidades todas, adjetivos múltiplos que por infinitos estudos, na busca de inúmeras significâncias, realizamos; trajetória infinita da cultura. Entretanto a árvore, antes de tudo, é tão somente a árvore, para além de qualquer questionamento ou suposição. A interpretação nossa, de todas e cada uma das qualidades que se lhes atribuirmos, é nossa, e só nossa; o que não acrescenta nem retira nada à árvore, que continuará a ser tão somente árvore, como é, independentemente de tudo que lhe venhamos a considerar, e atribuir, ou não. Aqui se impacientará meu erudito leitor afirmando:'Mas ela tem características próprias, umas dão frutos comestíveis, outras não, as árvores...' Peço a Vossa infinita capacidade de compreensão, de que todas as 'características' que tenha reconhecido a árvore, em qualquer árvore, como em qualquer coisa que observe ou estude, são interpretações Vossas, que, como disse, nada acrescenta ou retira ao objeto estudado, que, nesse caso elencado, continuará sendo apenas árvore, independentemente do que possamos lhe querer imputar. Uma árvore é uma árvore, uma árvore, uma árvore, tudo o mais é conosco. Coníferas para obter celulose, as macieiras para se ter maçãs, como não pode ser de outro modo. As coisas são o que são por si mesmas, classifiquemo-las, ou não, é tão somente nosso juizo. Encararmos o caracol. Temos de entrar em sua concha para o vermos cara-a-cara! O caracol não será menos caracol por se encapsular, nem mais por jogar a defesa, é sempre e apenas caracol. Entretanto o passar do tempo, as experiências vividas, o atrito com a realidade, foi generalizando respostas, das mais efetivas, às muitas e diversa situações que se apresentaram. E, como a reação animal é geneticamente determiada ao longo de sua evolução, e o comportamento aprendido, especialmente nos animais superiores como os primatas, portanto há muito pouco espaço de manobra para a invenção ou a experimentação, essas já foram todas feitas e incorporadas, ou, as que não resultaram, rejeitadas. O que não elimina eventuais ocorrências nihilistas, que provocam respostas diferentes das costumeiras e esperadas. E com tudo isso, com o esperado e o inesperado, se criaram muitas estruturas de mecanismos responsivos, que a inteligência humana agrega em diferentes campos, sob diversas perspectivas, criando as mais díspares áreas da cultura, como fez com quase tudo que estudou, onde, saído o caracol de sua concha, revela tudo o que conseguiremos entender da realidade, nua e crua, uma vez assim exposta. DA CONVERSÃO E O ESTABELECIMENTO DO PARALELISMO. Temos porém que existem conceitos que não são transversais a tudo que existe, como a vida e a inexorável morte, comum a todos, porém há outros que são conceitos exclusivos de entendimentos particulares, alguns intelectualizados, o que no entanto pode ser obra de pura ficção, e que nos lança mesmo na realidade paralela, muito para além de nós e nossas possibilidades. Com isso temos implicações originais de várias ordens: => => => De ordem sentimental. A realidade nos inspira energias e emoções muito próprias, que obtêm diferentes respostas, consoantes nosso entendimento e percepção do que ocorre. Entretanto para despertarem nossas emoções passam pelo filtro dos sentidos, esses cinco elementos enganadores que nos desassocia da própria relidade, posto que oferecem-na já adulterada pelo sentido que a captou, ou pela combinação dos vários que assim procederam, criando pois realidade adulterada, ou mesmo alternativa. Ademais nos ocorre muita vez també intuir a realidade, através do que ficou conhecido como sexto sentido, que modifica significante e significado a um só tempo. Temos pois que a realidade é orgânica, já sua narrativa é conceitual. Esta constatação nos leva a um cabuloso conceito jurídico e de investigação criminal, o do testemunho ocular, no qual qualquer pessoa ao afirmar seja o que for, distorce o que viu, por isso o questionamento deve restringir-se aos fatos, e se o conhecimento destes vier de uma narrativa, quase sempre serã desprezados. Porque nossos sentidos nos enganam muita vez. => => => De Ordem Ética - tida como Moral. No âmbito das coisas, que são todas infinitamente interpretáveis, há alterações de perspectiva que se dão por conversão, posto que mantendo a mesma matéria, sofrem profundas mudanças na forma e/ou qualidade como a interpretamos. Esse processo altera o costume, esse a que estamos geralmente afetos, e, convertidos, os apreciaremos diversamente. Olhem um pouco para a História e verão que muito do que se acreditava de um modo, logo passou a ser doutro com a mudança ds costumes, e muito do que era proibido, passou a ser aceito, mesmo até desejado e louvado, e vice-versa, somos pois circunstâncias do tempo. Como verificamos o problema da Humanidade é a adjetivação particular que cada um de seus grupos componentes faz das coisas, tornando-as interditas aos outros que as percebem diferentemente - fonte de conflito - segmentando as perspectivas, para quem as têm, em diferentes porções de gente que à mesma substância atribui formas e qualidades outras. Desse modo os costumes são adjetivados de bons, àqueles que entendemos como os nossos - sãos, úteis, meritórios, bons enfim - sendo os demais o oposto por princípio. Os bons costumes, irmão siamês dos bons modos, os quais muitos tentam impôr ambos pela força e não pela conversão, com o evoluir de sua imposição por que via fôr, tornam-se convenção, que de pacto, e acordo inicial, aquilo que é geralmente admitido, torna-se obrigação, imposição, resvalando de sua função civilizadora, para a de encargo ou ônus. Cabe aqui avaliar as expressões que definem esses critérios: O que será bons modos? Quais são, por exemplo, os trajos ditos menores? Essa ideia abstrata que norteia tanta legislação restritiva. Reflitam sobre isso. Abandonado o âmbito da ética, original e filosófica, mergulha-se fundo no da moral, que imaterial, e muitas vezes não instintiva, pressupõe regras estrictas, logo de pré-conceitos, que preconceituosas logo se verificam, tendo abandonado a amplitude de entendimento de seus conceitos originais, para o restricto âmbito da regra. Perdidos nesse emaranhado de interpretações, aqueles que não detêm as bases da perspectiva de conversão que levou à convenção vigente, tornam-se sensíveis à outra realidade, paralela que será. => => => De Ordem Religiosa. Como a doutrina religiosa compõe-se de preceitos morais, estes edifícios orgânicos da religião, acrescidos das suas particularidades de crença, formam suposta verdade absoluta, compartimentando o mundo, portanto as implicações dessa ordem são as que mais comumente geram fanáticos, religiosos e anti-religiosos, não admitindo outra qualquer interpretação. Eis pois o fim de linha da conversão, na fiel e plena vivência da realidade paralela. => => => De Ordem Jurídica. Para fugir à letra 'morta'(?) da Lei, há o humano que julga, e a jurispridência que se estabelece, gerando doutrina para além da Lei, esta é a realidade paralela no seu melhor, recriando e redirecionando a Ordem Jurídica. A dita correspondência, ou rciprocidade. => => => De Ordem Filosófica. Quanto ao entendimento de querer elevar nossos espíritos para lá dos falsos conceitos -adjetivação-, esse recai nas questões da Ordem Moral em quase todos os casos, já quanto a filosofia do conhecimento, esta é a única que escapa destas implicações convencionadas e assume a postura científica consistente da epistemologia. Aquilo que é moral é a realidade paralela do ético. => => => De Ordem Artística. Salvo esta corrente pós-moderna que pretende fazer a Arte, moral; toda as artes clamam por liberdade e transigência, quando não diretamente, através da mescla das possibilidades, exceção feita a marcial, sendo conceitualmente as artes mais desordem que ordem, logo em tudo atendem à realidade paralela, esta que cria e estabelece, abrindo as portas às possibilidades distintas que a sociedade, mor das vezes reacionária, geralmente rejeita. Certamente esta é a magia da Arte, de todas as artes. Advertência. Nunca esquecendo que na vida cultural nada é garantido convocar, para além de que não há espaços vazios, e que mesmo na busca de uma veradde alternativa, na realidade paralela que se busque, só se pode o que é possível, porque há restrições, mesmo ao ficcionado. E que, mais cedo que tarde, esta realidade criada logo se revelará como fraude, ou terá, entretanto geral aceitação. O que, no primeiro caso, não impedirá a muitos de a escolherem como sua verdade, e no segundo, de vir a tornar-se absoluta verdade.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

'Apokálypsis - ἀποκάλυψις

Reiteradamente tenho escrito sobre as penitências do milenário, no caso, deste terceiro que perseguimos, e em que vamos de tragédia em tragédia desde seu começo. E não veio por fim a New Age. Não houve paz. Apesar da guerra ter ficado na geladeira meio século, acabou por aquecer, aliás o aquecimento é global. Também não veio o fim do mundo Maia, com seus 5125 anos em contagem ultrapassada. Ou, talvez..., quem sabe? E temos na sequência, como também antes tivemos, temos à seguir o depois, causa e efeito de uma mesma ocorrência. E tivemos e temos: A falsa inocência ou paz disfarçada, tanto a que se segue ao sangue derramado, como a que o origina, e vem logo depois a escuridão nas planícies desertas, e por fim um cadáver a se decompor, tudo segundo a visão de João em Patmos, uma descoberta, como ele mesmo a denominou. SAEM AS MONTARIAS: Quatro, em quatro diferentes cores. 1. Primeiro foi o 'híppos leukós', o cavalo acinzentado (branco, também dizem) simbolicamente cavalgado pelo anticristo com a ideia de conquistar, induzindo falsas crenças, coisas falsas para que creiamos, e logo espalha-se a pestilência. 2. O 'híppos pyrrós', vermelho flamejante, cavalgado por aquele que traz a espada, promove a destruição, desencadeia a guerra, eis o segundo cavalo. 3. O terceiro, o 'híppos mélas', negro em sua cor, vagueia pelas planícies desertas, espalha a penúria, a destruição, as trocas injustas, eis que é a Fome que campeia. 4. Por fim o 'híppos khlōrós', também dito Thánatos, amarelo-esverdeado, com a cor de um cadáver em decomposição, segundo João sua meta é destruir pela guerra, pela fome, pela peste, pelas doenças, as de seu nome, formando a desgraça final, chamam-lhe MORTE. Vêem-se vaguear pelo mundo esses cavalos a seu turno, desgraças que nos afligem regularmente, tendo predilecções geográficas, o vermelho gosta muito dos campos da Europa, o acinzentado da Ásia, o preto de África e Thánatos de toda parte. Dizem que são destinos, creio mais serem evocações. Armagedon. No monte Meggido, como em toda parte, dentro de nós também, dá-se o combate, e, como em todo combate, é decisivo para as forças combatentes ganhar, e não perder, viver ou morrer, sendo sempre uma indecisão que se procura ultrapassar em vitória, esta que só é possível a um dos contendores, só a um pode abraçar e conter, só um pode ganhar. Escatologia ou não, a grande tribulação que nos profetizou Daniel, tornou-se, apesar de pretensiosa, comezinha. E a batalha é sempre pelo mesmo, por saúde, paz, fartura, e vida, tudo que nos opõe ao cavalgar dos quatro cavalos, tudo que desejamos como os anseios básicos em nossas existências, tudo o que queremos, e por isto rechaçamos as cavalgaduras. Quem trocará seja o que for, por sua saúde? Ou, visto noutra perspectiva, não ter suficiente alimento, sua miséria por sua paz, ou por sua vida? Esse combate de todos os dias em nosso viver, que nos queremos vivos mais que tudo, combate perene, diuturno, persistente enquanto durarmos, não escolhe terreno, o campo de batalha é em toda parte, combate sem tréguas, e sem armistícios, que também se dá em Meggido, como em toda parte, digo outra vez. Rompidos os selos. Seis dos sete selos, Apocalipse capítulo 5, são partidos. Penso que esses selos são as riquezas do planeta(*), e com sua destruição (dos selos e das riquezas), são libertos os equídeos, começa a cavalgada, essa sanha incontrolável, essa desgraça que se espalha, que se pode ver tanto em sucessão de acontecimentos interconectos, como autônomos, como também em progressão inopinada, permitindo a campanha dos quatro cavalos coloridos. Foi como o que se passou quando se destapou o vaso de Pandora, a mulher primeira,'kalón kakón', criação vingativa de Hefesto à incúria de Prometeu por nos ter dado o fogo e seu segredo; vaso do qual se libertaram os males, materiais e morais, desgraças que de há muito nos afligem, que estavam guardadas num vaso, não sei se o mesmo, na mansão de Zeus, como nos conta a Ilíada, mas que com o tempo, consubstanciadas as desgraças, através do aperfeiçoamento que há em tudo, nelas também, e do mesmo modo com a expansão humana, gente à mais, os quatro passam a cavalgar pelo mundo mais livre e intensamente. Vulcânicas, tecnológicas, mesmo científicas, para o Bem e para o Mal, alastram suas possibilidades, como também se dera na caixa de Urashima Taro, com os seus anos de vida, muitos ou poucos, não importa. E do vaso da primeira mulher todas fogem, menos elpís, a antecipação, raiz da esperança para o positivo, ou, por outro lado, o duplo sofrimento para quem vier a conhecer antecipadamente dos males que irá sofrer. Assim resta-nos a esperança, que como virtude, teologal e não, guarda todas nossas expectativas, toda nossa confiança pelo melhor, mesmo que às vezes não seja assim. Por toda parte. Vendo campear os quatro cavalos indago-me: Qualquer semelhança com o que hoje se passa, será mera coincidência? (*) As riquezas do planeta são: seus climas, suas águas, suas terras, seus ares, sua flora, sua fauna. Riquezas que têm sistematicamente sido conspurcadas, usadas sem lógica, consumidas abusivamente, impiedosamente poluídas, arrancadas do berço para serem dispersas e desperdiçadas. Consumir e consumir por consumir. Produzir e produzir, pelo lucro desenfreado, tendo como resultado tudo ir o mais rápido possível para o lixo, para voltarmos a consumir. A eliminação sistemática das espécies animais e vegetais, a terra, a terra que é antes de tudo suas substâncias, que nos permite plantar nela, produzindo alimentos, remédios, roupas e utensílios, fibras vegetais, e madeiras de todos os tipos. Desperdiçamos esse fabuloso patrimônio alucinadamente. Toda essa riqueza tem também sua forma antiga, vinda de outras eras, que ficaram guardadas no seio da Terra, desde águas cristalinas, jazidas minerais, como o petróleo, o sal gema, etc… etc… E vamos acabando com tudo. Até quando? E depois? Eu estou convencido que a Humanidade enlouqueceu.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

A lã da cabra e a lei do aleatório a darem fé.

Vivemos o tempo da insânia, imprevisível e realizavel à vez. Tudo ao acaso, tudo à ventura, entregue ao fortuito, no gozo pleno do presente, supremo engano das possibilidades, quando só o impossível nos espreita. E a lucura vem. Para vencermos tudo isso, a única possibilidade seria abandonarmos nosso individualismo e termos um projeto global para salvar o planeta. Vocês acreditam ser isso realizável? Vocês estão a ver metade do mundo, ou mais de metade, abandonando seus interesses para se dedicarem a uma tarefa comum em prol de todos, única forma de nos safarmos? Esqueçam as expressões: Vai correr tudo dentro do previsto. Como nós prevíramos... De acordo com programado, etc... etc... Não cabem mais nesse nosso mundo de hoje, nesse estado de coisas, que é o de não terem estado algum. Hoje o estado é de contingência, de calamidade, de emergência, de sítio, mas sobretudo o estado de alerta, que não nos dá descanso, e o léxico tem de ser compatível. ATENÇÃO: Não é que tenha falhado o estado da arte, pois tudo era sabido, o que faltou foi coragem. E ainda falta. Nada é provável. Nada é dentro do conforme, ou das possíveis expectativas. Expectável? Nada mais é expectável, ou dentro do previsto, não há previsão possível seja para o que for. É mesmo dentro das impossibilidades que vivemos. E assim é por nossa culpa, única e exclusiva. Recitemos repetidamente o 'Confiteor'. "Num domingo qualquer, qualquer hora... Sei que nada será como antes, amanhã... Sei que nada será como está Amanhã ou depois de amanhã Resistindo na boca da noite um gosto de Sol. ... Ventania em qualquer direção." Nas palavras premonitórias de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. (Guerra, detruição, incêndio...) "Que notícias me dão dos amigos? Que notícias me dão de você? Alvoroço em meu coração". Este terrível sentimento de perda e desolação que nos aflige. CONTRATEMPOS X CONTRA-SENSOS. Contra-abertura, contra-acusação, contratualizado não, contra-alisados ventos, contra-alegação. Contra ventos e marés, contra a corrente, contra a vida, incômodo, atentado, crime, contra tudo, contra naturam é que são. E vamos todos pagar a conta. A lã da cabra, que será quase nada para a ovelha, é tudo neste mundo para a cabra. Nós somos as cabras da Natureza, e não nos devíamos deixar tosquiar. Sofrida a machucadura, não haverá lanolina suficiente para pomada que nos possa curar, nem será o pisão tão forte que se a obtenha da suarda mister, estará já tudo perdido. As contrariedades serão muitas, contratempos absolutos a nos obstaculizar, e não há como os esgrimir ou contornar, sua existência independente e autoritária nos oprimirá para a morte. Brincamos com o perigo, não ouvimos os avisos dos cientistas, estabelecendo contra-sensos aos quais não conseguimos fugir ou ultrapassar, e os políticos a brincar de pequenos deuses, deuses da fatalidade que são. À BEIRA DO PRECIPÍCIO DÃO O PASSO SEGUINTE. Que esperam? A polarização, a forçada multilariedade, o extremo partidarismo, a generalizada bipolaridade em tudo e por qualquer razão, para estabelecer linhas divisórias que atendam conveniências e às diversas áreas de influência, às contigências geográficas e mesmo a determinante estupidez que está por todo lado, tudo leva-me a crer que sempre estarão dispostos a dar o passo seguinte em toda e qualquer direção. Esse artigo já estava escrito há meses quando o Senhor engenheiro Guterres veio agora avisar que enfrentamos o "suicídio coletivo", e ninguém dá ouvidos. Eu bato nesta tecla há décadas, mas eu sou ninguém, se não ouvem o Secretário Geral da ONU, a quem ouvirão? Por isso, entretanto, não publiquei o artigo, inútil que o reconheço, foi de momento esse aviso do Guterres o que me motivou , e só o faço por fé de ofício, mas sem esperança, eu que sou tão otimista. Quando uns imbecís fazem guerra, outros pioram mais a situação com mais poluição e mais perda de tempo, e a maioria nada faz por absoluta falta de consciência, que esperar? Para adiantarem serviço podiam já começar uma guerra atômica, modo em que o fim seria menos doloroso, posto que na hecatombe nuclear morremos logo, na climática seremos assados lentamente. Esses pretensos "líderes" são assassinos antes de mais, e serão logo a seguir suicidas, mas aí já será tarde demais para todos. Lana-caprina política, busílis da Humanidade crucial de nossa existência, à cada dia estamos perdendo tempo, tempo que se pagará com vidas e mais vidas, mortes melhor dizendo. Enquanto houver um resto de lã, irão tosquiá-la. A ganância infinita do poder político e geopolítico, da supremacia pretendida, do poder econômico, do crescimento, dos mercados, da fatalidade financeira, dos fatores que governam o dinheiro, ou os que o dinheiro governa, como preferirem, assim o determina. Os homens não sabem parar, já o disse. Segem em sua Insânia analgésica. Até onde irão nesta loucura? Só quem viver, fugazmente verá.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

O carvalho, o salgueiro, a bétula, e o equívoco.

Do emprego correcto das palavras.
Muitas vezes até os opostos se confundem em sua ação, é verdade, mas não deixam de ser opostos em virtude dessa eventual confusão. Nós sabemos, como disse L-S Mercier, que: "Les extrêmes se touchent". Tudo mais disigual é apartado. Só a Arte em sua ação faz exceção, como diz Mario Cavaradossi no primeiro ato da "Tosca" (1), ao referir-se à "Recondita Armonia" posto que "... Le diverse bellezze insiem confonde..." o que não deixa de suscitar a indignação do sacristão que expulsa ao 'Satanás' que vê aí (Fuori, Satana, fuori.) e que segue avisando ao artista: "Scherza coi fanti e lascia stare i santi.", lembrando que há dominios intangíveis, que devemos respeitar. Só à Arte é permitida tal confusão, por puras razões artísticas, bem entendido. Muitos achando essa mescla positiva tornam-se promíscuos, temos pois, então, essa mania que se tem hoje de dizer resiliência por resistência, o que é no mínimo estultice.
Assim também disse o vento num ensejo: "Que você seja tão forte quanto o carvalho, mas flexível como a bétula, que você seja tão alto quanto a sequóia, viva graciosamente como o salgueiro e que você sempre dê frutos todos os seus dias nesta terra." (2) Não sei se foi bem assim que disse o vento, pois deveria crer o salgueiro ainda mais flexível que a bétula, elasticidade que confere enorme graciosidade ao salgueiro, às vezes a própria de um bailarino em movimento. Porém deixando de lado extamente o que terá dito, ou não, o vento, o fato é que a força e a solidez do carvalho em contraste com a flexibilidade do salgueiro, ambas características admiráveis, bem o sabemos, será muito difícil de as reunir e de as fazer conviver numa mesma entidade, exceto quando se o faça em espírito. Posto que nosso espírito deve ser forte e sólido em suas convicções, mas flexível na maneira de as colocar, para não ferir ou melindrar ninguém, porque sabe que poderá sempre as recuperar em sua totalidade original sem perder sua robustez por ter sido dócil, e sem ter imposto pela força sua opinião convicta, mesmo que só pela força das palavras, uma vez que sempre, diplomaticamente, a pode fazer valer. Acho boa essa atitude de juntar coisas diferentes formando um compósito, mas daí a extrapolar e misturar, e chamar preto ao branco, e branco ao preto, é algo que termina sempre num mundo muito cinza de cedências e mistificação, sem ser por brincadeira alguma, mas por desgraça própria, a do equívoco, desarmonia oculta para quem não quis ver.
Não negligenciemos o Vento em sua benção, nem Puccini em sua magia, mas há coisas que se não podem confundir, e não é engano misturá-las, é despropósito, é suspeito, é o próprio equívoco manifesto. A capacidade de recuperação após um revés, a de superar as situações de crise, admirável qualidade, não se pode confundir com a capacidade de resistir, de se opor, e de manter-se. Quando acabamos por jungir coisas tão dissemelhantes apenas por soarem parecido, estamos abolindo o sacrossanto valor do significado, numa negligência para levar a crer que as semelhanças fonéticas possam aproximar realidades distintas. NÃO PODEEM! Resiliência não tem nada a ver com resistência. Se temos convicção devemos sempre resistir e nunca resilir. Essa confusão que fazem, é bem um traço desse nosso duvidoso tempo de covardia ambígua, vivido nesse penitente segundo milenário que iniciamos há duas décadas. Por isso hoje os ucranianos têm causado tanta admiração em sua resistência firme, quando vemos tantos outros tão mais afeitos a transigir, a ceder, a capitular, a se submeterem, a voltar atrás, a escapar, a resvalar, a fugir. Sempre na esperança resiliente de se recomporem, que vejo já muito espalhada; prefiro a resistência. Sou dos que enfrenta, e não aceita nenhuma capitulação. Resistir é bravura, resilir covardia... Este é um indício denotativo agourento que agora temos, pois seguem usando a palavra resiliência, já até a dizem sem o 'i', "resilência", sem o (termo que não existe), insistindo no uso desta palavra como se soubessem o que dizem. (1)Tosca, a ópera com a magistral música de Puccini, tendo libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, a partir da peça homônima de Victorien Sardou. (2)"And the wind said: May you be as strong as the oak, yet flexible as the birch may you stand as tall as the redwood, live gracefully as the willow and may you always bear fruit all your days on this earth." Native American Prayer.

sábado, 9 de julho de 2022

O golpe de Estado, "bird's are not real", e uma incógnita.

Quando a Livraria Hachette pensar em atualizar o livro que editou em 1963 sobre Os Golpes de Estado, muito já em falta para brasileiros, 1964, portugueses, 1974, e muitos outros, e que culminam hoje com os americanos do norte, 2021, terá de convidar outro historiador, uma vez que Jean Dumont faleceu em 2001, e rever detalhadamente a história destes golpes recentes, que, por êxito ou desgraça querem ser entendidos como outra coisa, que não são, sendo apenas Golpes de Estado. Os golpes de Estado terminam em êxito como o 19 Brumário de Napoleão, ou em rematada desgraça como a de Catilina. Já o de 6 de Janeiro de 2021, terminou na morte de uns quantos dos que bravamente defenderam o Capitólio contra os golpistas, tudo já provado e comprovado, decorrido mais de um ano de que as investigações começaram e teve a conclusão óbvia. Mas o "House select committee" cautelosamnte ouviu mais de um milhar de testemunhas, não deixando margem para dúvidas de suas conclusões. Um golpe com preparação prévia. A única justificação possível para o incitamento popular, para ter apoio ao golpe, era acusar haver fraude nas eleições, e este processo começou cedo, mesmo antes do que deveria começar, mesmo quando ainda não se sabia dos números apurados, posto ser esta a única maneira de permanecer na Casa Branca encontrada por um 'presidente' em apuros vários, para além do eleitoral, uma vez que sabia que nã ganhava as eleições, e logo a seguir, quando foi informado que não havia fraude alguma, o que não o conteve de permancer na narrativa (que soube desde sempre ser mentirosa) única centelha a poder despoletar as forças que acreditava obteriam bom desfecho do golpe que estava em movimento desde há muito. O que não evitou que tentasse fraudar as eleições, tendo ligado para vários chefes da apuração em diversos estados cuja margem era pequena para Biden, visando que eles "encontrassem" a diferença, os múmeros de votos misteres para o fazerem ganhar. Não resultando essa via insiste na versão de fraude (igual a que ele tentou e não conseguiu concretizar) insistindo à exaustão na cantilinária de que havia um processo de fraude eleitoral em curso, toda vez que fala como Presidente da Nação mais poderosa do globo, insiste, o que culmina no comício de 6 de Janeiro, realizado há muito pouca distância do Capitólio, para, como útimo recurso, tentar impedir a homologação da Vitória do Presidente Joe Biden, que se daría em poucas horas. Tudo preparado adrede, do local, passando pelos convidados que foram ao comício, às palavars de incitamento, tudo medido, tudo preparado previamente, dolosamente. Quando a Hachette for fazer a atualização de seu livro sobre os Golpes de Estados, este miserável golpe americano estará lá, mácula no currículo da Demcracia Americana, incontornável, ademais porque o próprio establishment ds Estados Unidos da América oficialmente o reconheceu, logo entrou para a lista, o que resta saber é com qual conclusão. Uma incógnita. Nestes tristes dias que vivemos desde que começou este terceiro milênio, surgiram forças absurdas, ridículas algumas, e, ademais, outras que pensavamos definitivamente mortas e enterradas, estão aí de volta, com variadas feições e intenções, promovendo a desordem, trazendo o caos, em diferentes perspectivas manifestas. Dão-se coisas tão repugnantes como os pogroms, acontecimentos tão insólitos como os 'mass shootings', figuras tão ridículas quanto o criador de frangos Himler, criador também dos Einsatzgruppen, e dos camps de extermínio, e outras tão medonhas como, Hitler, Ivan, o terrível, Napoleão etc... Temos no caso do autor intelectual e moral, bem como incitador do golpe de Estado americano, essa figura sinistra, distópica e miserável, uma mistura, recoberta de chanttily para enganar, de Himler, Napoleão, Hitler, com a incompetência que nenhum desses equívocos humanos teve, pois eram muito competentes, o Sr. Donald Trump é um equívoco, mais que tudo, mas que anda por aí. E nesse existir todo o perigo. Quantas convrsas teve com os generais do Pentágono para começar uma guerra? Eles cnseguiram evitar, dizendo que não lhes obdeceriam as ordens, o momento mais baixo da presidência americana. Quantas tramas fez com outros líderes, de Putin a Xi e Bolsonaro, passando pelos Saud, e os muitos acordos que decumpriu, de Paris à NATO e a ONU, a instabilidade que gerou, a miséria que disseminou, o caos na Ordem mundial, que abriu portas a muitos autocratas, mas a polítca esconde tudo isso. 0k. Já a tentativa de golpe, a incitação a violência, a tentativa de fraude, comprovadíssimos pelo Comitê, não dão margem para outra coisa que sua condenação. A incógnita é até quando manter-lhe-ão um estatuto que ele não tem? Seu estatuto é mais que tudo o do falsário, do mentiroso, média de 56 mentiras por dia, todos os dias em que esteve na Casa Branca, o do golpista, do criminoso. Até quando?

Porque há que se humilhar a Rússia.

Humilhar, antes de mais quer dizer tornar humilde, o que é absolutamente impossível com os russos por outra via que não seja a da força. É também rebaixar e vexar, o que, como sabemos, depende do que o outro venha a sentir evidentemente, mas humilhar também é abater, submeter, e é isso que é imprescindível fazer aos russos, não é só a Putin, posto que a grande maioria dos russos também pensa serem suas as áreas de expressão russófona, é como se a Inglaterra quisesse hoje incorporar os EEUU, o Canadá, a África do Sul, só por falarem Inglês, ou Portugal ao Brasil, a Angola, Moçambique. Dentro dessa maioría de russos que assim pensa, vive um soviético.
Lá, no norte da Eurásia, eles têm mau perder, pois os fazedores de ruinas não reconhecem se não a derrota ou a vitória, a força e o aniquilamento, preto e branco, desconhecem o cinza, preferem a destruição e matarem inocentes, para intimidar, como a violação e a tortura que são seu modus operandi. Também desconhecem acordos. E como também não os respeitam, não os merecem. A tão propalada via diplomática como solução para a guerra da Ucrânia não existe, essa ideia do Sr. Macron de não humilhar Putin, não mostra nem infunde respeito, mostra medo. Quem conhece História, sabe como são os franceses quando as guerras se apresentam. Tenham por adquirido que com os russos, o acordo de hoje é mais guerra, a continuidade da guerra amanhã. Como já escrevi anteriormente o Coronel do KGB Putin tem a visão da URSS, a União Soviética, o que quer dizer das antigas Repúblicas Socialistas que eles crêem ainda lhes pertencerem, crêem-nas "parte da patria-mãe" segundo sua visão, e isso só acabará, como soí ocorrer com toda presunção colonialista, com a cabal derrota do colonizador. No caso russo é ainda mais grave porque como suas ambicionadas colônias ficam junto às suas fronteiras, as conduz à simples anexação. Portanto fica evidente que qualquer concessão seja entendida como uma situação precária no caminho da futura anexação, e como uma etapa no processo de (re)conquista, logo só uma derrota absoluta pode pôr cobro às suas intenções belicistas pondo fim ao conflito, e só a pujança econômica e militar das ex-Repúblicas Soviéticas bloqueará quaisquer futuras intenções de voltar a possuí-las por parte da Rússia. Os invasores devem sempre ser derrotados pelos invadidos, para que estes saibam que não devem promover a guerra, e para que se faça Justiça, posto que a vítima, tendo o Direito a se defender, deve sair vitoriosa, recolocando em seu justo lugar suas fronteiras, e reassumindo o 'status quo ante'. Hã por aí muitos pretensos defensores da Paz, e penso que todos a desejamos, porém os que alegam que para obtê-la devemos fazer concessões, enganam-se, visto que é muito fácil dar o chapéu alheio, em todo caso antes de tudo é preciso compreender que para tudo que se queira ter nesse mundo, há um preço a pagar, e nesse caso o preço é o da guerra sem quartel, pois como anteviu Churchill em relação à Alemanha Nazi,uma vez que só a rendição incondicional a pararía, estamos no mesmo dilema hoje com os russos, só a derrota os parará. E para todos os que querendo mostrarem-se 'pacifistas', os ditos 'apaziguadores' que defendem outras vias como solução às agressões russas temos o exemplar 'sound-bite' que, com sua graça muito peculiar, nos deixou o percuciente Churchill: "Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado". No entanto a precariedade da situação quando tratamos com obstinados, ademais com a gigantesca diferença na correlação de forças, uma vez que tratamos com a maior potência nuclear, com o maior país em extensão do mundo, ocupando um nono das terras do planeta, e sendo um dos dez mais populosos, o antigo grande império que se converteu em superpotência à conta da estupidez Hitlerista que levou à terrível querra que a Rússia veio a ganhar, derrotando a Alemanha. Não sozinha, é verdade, mas foi essa vitória que a pôs numa posição de poder muito alta, muito para além da que detinha no tempo do império, despoletando um outro tipo de guerra, uma vez que os lados beligerantes dispunham igualmente da bomba atômica e, com poder semelhante não era bom que a guerra fosse quente, tivemos portanto a guerra dita fria, que a Rússia veio a perder, e juntamente com esta derrota perderia todas as "Repúblicas" que constituiam seu bloco, a dita União -URSS. Consequência que não engoliram, e não engolem, por falta do calor das armas no processo, esse calor no qual acreditam residir sua supremacia. AGORA SÓ A DERROTA À QUENTE OS DETERÁ. E onde devem ser derrotados? O mais próximo possível de suas atuais fronteiras, é a resposta. Porque ao incorporarem o parque industrial e bélico do Dombass (Carvão, aço, maquinaria, componentes, etcetera) a conssecução desse objetivo os torna ainda mais poderosos, e perigosos consequentemente. QUALQUER CONCESSÃO AGORA É PORTA ABERTA A AÇÕES FUTURAS, OU SEJA: MAIS GUERRA! Não entender isso hoje é comprometer o futuro. É preparar uma bomba-relógio que virá a deflagrar. Compreendemos perfeitamente que ninguém queira começar a terceira guerra mundial, nós também não queremos, mas se não a pode evitar a qualquer custo. Perdoem-me a pretensão, mas este artigo deveria ser entregue aos do G7 e aos 30 da NATO, devidamente traduzido, para leitura antes de começarem suas reuniões, e aos do G20 também, logo depois. Será que não viram que a guerra já escalou? E que não há outra saída para a guerra, que a guerra. Por enquanto esta pode estar a ser travada em solo ucraniano, mas com a demora e hesitações em fornecer as condições que permitam que a Rússia possa ser contida com uma derrota vexaminosa ante a Ucrânia, esta poderá terminar mal em duas vertentes. Primeiro levando a um acordo de cessão territorial ucraniana, com tacitamente aconteceu na Criméia, permitindo com essa vitória a derrota da NATO e de todos que se empenharam pela vitória ucraniana. Segundo consolidando o processo expancionista russo que se vem fazendo há décadas, com sucessivas anexações, afastando cada vez mais qualquer conceito de respeito pelas outras nações, pelo Direito, bem como por regras de convivência que não sejam convenientes aos intúitos russos, em sua arrogância de sucessivos enfrentamentos. A loucura nuclear. Sem sequer pensarmos que se possa ir por este caminho sem retorno, que, como meio de intimidação, a toda hora é posto em cima da mesa, sendo que a só existência dessa possibilidade é a insanidade materializada, e, não duvidemos, há loucos para tudo nesse mundo, logo certamente não faltarão os capazes dessa loucura. Esta ameaça presente é o molde e modelo de intimidação que quer levar a que os demais desistam da luta, boa maneira de criar vitória numa etapa, abrindo a possibilidade para a etapa seguinte, e, pouco a pouco irão atingir metas avantajadas e significativamente relevantes, que num confronto único seria muito mais difícil alcançar, e criariam muito mais resistência, podendo mesmo inviabilizar suas pretensões, por isso vão progressivamente. Por quem lutam os Ucranianos? Diretamente por sua existência como aquilo que são, ucranianos, um povo e uma nação. Indiretamente pelo futuro da Europa, porque se os russos não forem contidos agora, irão sempre continuar na sua pretensão de novas conquistas. INFELIZMENTE MUITOS AINDA NÃO SE APERCEBERAM DA IMPORTÂNCIA DO QUE ESTÁ EM JOGO HOJE NA UCRÂNIA, NÃO SABEM QUE ESTES COMBATES SÃO PELO FUTURO DA EUROPA, E BRINCAM ÀS AJUDINHAS. Os ucranianos continuam quase sem meios aéreos, sem radares, sem mísseis de longo alcance, etc..., etc. A China. Que, retomando seu paradigma histórico, reconquistou seu lugar de superpotência, posição que gradualmente (r)estabeleceu nos diversos campos, começando pelo econômico evidentemente, e que, com sua calma visão de bem longo prazo, vai consolidando nos outros campos, ultimamente vem sendo sua frota, que pretende que seja maior que as duas abaixo combinadas, seguindo a premissa inglesa que se estabeleceu no século XIX e deu ao Reino Unido seu Império. Disputa com os EEUU a posição cimeira de superpotência a vários níveis, configurando-se essa disputa primeiramente no Indo-Pacífico, deixando claro à Rússia que os tempos de sua posição a par com os americanos acabou, e que no jogo estratégico dos interesses, única realidade que governa o mundo, cabe-lhe agir em outras plagas, e, como sabemos que sempre se impõe a determinante geográfica, sendo que é para os lados europeus que caberá se movimentar a Rússia, pois não será certamente nem para a China, nem para os EEUU, os lados para os quais quererá, ou conseguirá se mover. PLANO DE LONGA PREPARAÇÃO. A Rússia de Putin fez-se simpática,"confiável", parceira econômica, establecendo, destarte, muitos negócios que ao mesmo tempo que a enrriqueciam, enfraqueciam a Europa, que na sua ilusão 'merkelista' deixou-se ficar a depender das commodities russas, desde o ouro, o gás, o petróleo, aos fertilizantes e alimentos, numa relação cada vez mais próxima com um parceiro que não é confiável, também escrevi muito sobre isso, mas quem sou eu contra as opiniões dos Bush e das Ângelas deste mundo, afinal, lamentavelmente, eu tinha razão. Estamos pagando o preço, e para o qual agora volto a avisar, há que paga-lo todo. NÃO TENTEM EVITAR A GUERRA. Hoje é possível ganhá-la, amanhã não sabemos. Não busquem a Paz de Chamberlain. A verdade é só uma, e a entendeu bem, há milênio e meio, Flávio Vegélio na sua De l'arte militare: "Si vis pacem para bellum". P. S. Já tem preço a 'paz'da Ucrânia, 20% de seu território. O que isso significa encontra razão e resposta neste artigo.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

E afinal ficou independente.

 

Foi há 20 anos, 20/5/2002, acabávamos de entrar no novo milênio, e esse parecia nos augurar coisas boas, passadas estas duas décadas sabemos que não é bem assim. Foi no mesmo dia que Cuba se libertava do domínio dos EEUU, um século antes. Há 120 anos, Cuba tornava-se independente, mas, sabemos, na verdade era mais escrava e submissa que uma cadela agrilhoada, Timor padecerá da mesma situação. 

A geografia tem determinismos macabros, Timor é muito longe de tudo mais para, sendo uma ilha entre muitos milhares de ilhas do arquipélago indonésio, ser verdadeiramente independente. Um sonho idiomático português que cada dia mais se esvanece, uma presença que cada dia mais é de fumaça, 

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Portinari em Paris.

Um rapaz de 26 anos, paulista de Brodowski, no interior matuto do grande Estado de São Paulo, Brasil, só com a quarta classe, vai para o Rio de Janeiro cursar Belas Artes, e ganha o prêmio de viagem. Irá passar todo o ano de 1930 em Paris. Tinha o fogo em si, e queria provar o grande pintor que realmente era. Aborda diversas temáticas que irá retomar mais tarde, produz incessantemente, sempre com a ideia de superar-se.
O rapaz Cândido descobrirá nesta estada um mundo novo, muito diferente do Brasil-caipira que ele conhecia tão bem, e que retratara desde o começo de sua carreira aos 9 anos, e que sempre iria retratar em suas particularidades, como os casamentos-na-roça, tão expressivos, como um que eu adoro, que pertencia à Coleção Colagrossi (Rio de Janeiro), mas esse conhecimento da Europa revela-lhe todas as fragilidade e misérias brasileiras, revoltando-o, levando a querer fazer qualquer coisa para mudar essa situação. Porém deste inconformismo nasce uma temática na sua obra, este será o tema que mais o lançou, e deu uma grandeza particular a sua arte, as figuras brutais dos trabalhadores, homens e mulheres, dos jovens, das famílias campesinas. Retirantes, ou não. Meninos tortuosos como os da fazenda de café onde nascera. Toda essa química está nos painéis da Guerra e Paz que fez para a ONU, local onde se iria evitar a guerra e promover a Paz.
"Vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor…" Essa característica da sua arte, é a sua visão do Brasil, que ele decidira retratar nas suas múltiplas perspectivas e expressividades diversas, que tinha esse aspecto rude pela carga laboral do povo, que Portinari soube captar como ninguém. Entretanto essa raíz mista de rusticidade e grandiloquência sempre estivera presente em sua arte, como podemos ver nesse trabalho seu da época de sua estada em Paris, uma maternidade, forte, intensa, violenta mesmo, que já continha aquela componente de influência da arte tribal africana, verosimilhante, que Picasso tão bem soubera captar.
Essa 'Maternidade,de 1947, tem um raro registro de sua estada em Paris, posto que há um desenho da época de Paris, que reúne as linhas que depois explodem nesta obra, desenho que já continha a intensidade da denúncia da pobreza, das dificuldades, mesmo da dor. Numa plasticidade de força inequívoca, obtida a partir de uma posição superior - 'vista de cima' - o que é muito raro, e mostra-nos essa mãe com sua criança ao colo, sendo do período de maior pujança da arte de Portinari, que vai desde o final da 2ª Guerra mundial aos painéis da ONU, essa década fantástica na vida do pintor paulista, mas o croqui de Paris já guardava a memória das caboclas de Brodowski, mesmo com o autor longe, na cidade Luz.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Lugar de encontro.

   "A vida é a arte do encontro, malgrado haja tanto desencontro nessa vida."
                                                                                                           
                                                    Vinícius de Morais.

Dos extremos, como nas estações do ano, para o calor e o frio, 'locus horrendus' versus 'locus amoenus' como se demarcava então na visão literária romântica, posto que será com essa visão literária que se consolidará a ideia antiga, consumada no sexto século antes de Cristo, donde teremos o 'testimonii loco', o 'Colletio loco', um 'locus tutum', lugar seguro, o lugar do encontro, posto que com as oferendas das Musas na Grécia antiga, formaram-se coleções de objetos preciosos e exóticos que eram exibidos mediante o pagamento de uma pequena taxa. Pouco depois, no final da época Neobabilônica (530 a.C) a princesa Enigaldi-Nana, filha de Nabonido, com as coleções da dinastia caldeia, que vinham desde Nabucodonosor II, formou o primeiro Museu, entendido como hoje o entendemos, com finalidade eminentemente cultural. Teria de transcorrer mais de um milénio, onze séculos, para voltarmos a valorizar esta ideia - museu - lugar de encontro.

'Collectio loco'.

Essa expressão, que é a forma latina do título escolhida para este artigo, bem como sua introdução via literária, se devem ao fato de que é do coleccionismo que nascem os museus, mesmos os coleccionismos involuntários, como ocorre tantas vezes com as peças que deixaram de ter uso corrente e permaneceram guardadas nas cafuas das famílias e instituições. E tanto é, o que quer significar aqui 'encontro', exatamente como está também na raiz da palavra coleção, como temos as Musas, as nove filhas de Zeus com a Memória [Mnemósine] (e que eram as das Poesias, épica e lírica, a da História, as da tragédia e da comédia, as das Músicas, a corrente e a sacra, a da Dança, e a da Astronomia e Astrologia) Calíope, Erato, Clío, Melpomêne, Tália, Euterpe, Polímia, Terpsicore, e Urânia respectivamente, que deram origem com suas coleções de objetos preciosos ao termo Museu, para o local da exposição dos mesmos.

E é deste encontro que Vos quero falar, posto que o lugar de encontro que desejo referir aqui e agora, é o Museu da Misericórdia de Cascais que se inaugura neste dez de Abril de 2022, data solene, visto que é enfática e infunde respeito a um só tempo, daí sua solenidade, a que na magia do tempo restará por testemunho, capsula do tempo, universo de referências, razão nossa, posto que nos define, razão de memória, com M grande, da mãe das Musas, que reunem todas as artes, visto que sem Arte, a vida é nada. A mim, que escrevo esse texto, cabe uma mui pequenina responsabilidade por esse Museu vir a existir, cuja Missão é a da Misericórdia, assumida em sua plenitude pela sua Provedora, Dra. Isabel Miguéns de Almeida Bouças, na realização das obras que a definem, tanto as corporais, como as espirituais, que aqui permanecerão no testemunho de sua realização, e cujo incumbente é, por sua visão maior, o Presidente da Câmara, Dr. Carlos Manuel Lavrador de Jesus Carreiras, que com sua simplicidade e objetividade, tem assumido a lúcida visão do futuro mister.

Futuro necessário.

Na continuidade do passado é que se constrói o futuro, uma vez que ninguém pode partir do nada, posto que quando todos aqui chegamos havia já uma realidade estabelecida, ignorá-la é desmerecer a História (Clio) e a Memória (Mnemósine, sua mãe). Assumir esse passado é a grande obra necessária ao futuro, que em si mesma se alimenta, posto que por preservá-lo criamos o que virá, o testemunho rico, o registo da História que remanesce após a vida ter acontecido em cada sítio, preservar o conhecimento dessa história, é criar o futuro necessário. Para o turismo, por exemplo, mais frequência, mais negócios, que ninguém vem a uma terra onde não há o que ver. Para os da terra, um outro exemplo, é o de seu passado, o caminho que estabelece seu auto-respeito, seu patriotismo, e seu orgulho. Infelizmente pouca gente entende isso, mas o futuro, esse que é necessário, revelará que assim é.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

PODEM TANTO AS PALAVRAS: 12/3/1572 - 12/3/ 2022

Quatro séculos e meio d'Os Lusíadas! Editado no doze de março há 450 anos, esta impressionante história de uma epopéia comum, a que hoje, mais certamente, intitularíamos 'Os portugueses', essa gente que protagoniza o mais de milhar e cento de estrofes que vão contando sua história, a História de Portugal como nação. A algum outro povo ocorreu contar sua história desse modo? O livro que foi escrito por várias terras por meio mundo, em condições adversas para o autor, sendo que a que mais me emociona é a da gruta de Macau, entre os dois penedos onde se abrigava o gigante escritor (1), não é incrível que um homem em tão difíceis condições, pulse seu gênio em profunada erudição do saber de seu tempo, com o conhecimento perfeito da historia de seu povo, numa rigidez estrutural rigorosíssima, em oitavas decassilábicas sempre no mesmo esquema difícil de rimar (as seis primeiras cruzadas e as duas últimas emparelhadas) ao longo dessas 1102 estrofes? Sr. Luís Vaz, que ousadia? Que coragem!
Para que lado olha o pelicano? Conto-Vos já o porque desse reparo ao pelicano que encima a capa, mas antes falemos do que significa o pelicano, o que se vê bem ao meio da referida capa das primeiras edições d'Os Lusíadas. Quanto a história que conduz a obra, é a de Vasco da Gama, escolhida pelo poeta das gentes portuguesas, seu povo, ao qual admira e glorifica, que, ao escolher esse fio condutor, convidando-nos à viagem, o fez porque essa era a inigualável obra dos homens de seu tempo, desde o grumete desconhecido ao rei que, à época da publicação, este outro não era se não o menino Sebastião, que em seu sonho de grandeza, se pudera haver maior que a já realizada (2), e em quem termina a dinastia do Pelicano, apesar dos dois seguintes sucessores desta linhagem, era já o fim, e o glorioso Portugal iría acabar por ser espanhol durante seis décadas. Aviz, a do primeiro João de Boa Memória, que por bastardia do cruel primeiro Pedro, criara essa nova dinastia, uma vez que o formoso fora infeliz, tendo rasgado o documento de Alcoutim apaixonado por uma trasmontana venenosa que roubara ao marido, anulando seu casamento. Com a morte do rei D.Fernando a oportunista Leonor é regente, e com seu amante indignou toda gente, pondo fim ao período afonsino,eis que então viría Aviz, com Dom João, o primeiro, que, casando-se com a princesa inglesa, mãe da "ínclita geração", a Lancastre da rosa vermelha e do pelicano, inaugura a nova dinastia. O pelicano em sua piedade, como o chamam, pois que bica o próprio peito para com o sangue alimentar aos filhotes, torna-se o símbolo ingente desta família. Essa a tradição que começara com Elizabth I de Inglaterra, como se pode ver em seu retrato de circa de 1575, atribuído a Nicholas Hiliard, hoje na Walker Galery. Elizabeth que foi a última Tudor, ou seja York e Lancaster ao mesmo tempo. Esse é pois o pelicano em sua piedade na capa da primeira edição d'Os Lusíadas. A edição de António Gonçalves de Lisboa em 1571, que é a primeira, na época em que Elizabeth reinava em Inglaterra, e um descendente de D. Felipa de Lancaster em Portugal, portanto nada mais apropriado que lembrar o pelicano, posto que era com esse sangue que começara a nova dinastia, a do João, o irmão bastardo d'O Formoso, em quem terminara a primeira dinastia portuguesa. Esta edição teve sucessivas reimpressões, e o pelicano que na primeira aparece voltado à esquerda, nas seguintes olha à direita, mas são todas igualmente raras, posto que só se conhecem 34 exemplares sobreviventes. A épica camoniana. Batalhas e feitos heróicas sobejavam para serem cantados, e os iam sendo esparsamente, loas diversas narrando momentos gloriosos nunca faltaram (3), concertá-los numa narrativa única e sequenciada onde o herói multiforme e multifário (4) emergisse com uma identidade una e absoluta a partir de uma propositura universal, que, sincrética, apresentasse seu caminho traçado e trilhado como via solitária na qual sua decisiva intenção fosse o forjar-se, e o amalgamar sua existência na própria senda de existir (5). Onde o pequeno se torna grande, e o trivial, inusitado. Este o feito alcançado nestes versos, que de seu tempo, eternizaram-se. 'PACTUM'. "Os Lusíadas" trazem consigo uma convenção implícita, a da portugalidade, não patriótica somente, mas universal, por cometer a transgressão da especificidade lusitana, no congraçamento (pactum em latim) que extrapola os liames do tecido com o qual fabrica sua conjuração, que é mais que trama ou narrativa, indo compor este elemento de unidade, que segue bravamente sua senda a caminho do meio milênio, em seu continuado trabalho cívico, sina de maravilha. Podem tanto as palavras! (1) Os penedos no outeiro de Patane, conforme a tradição indicam dois poemas da Lírica: "Sustenta meu viver uã esperança" e "Onde acharei lugar tão apartado". (2) Como está na estrofe 45 do segundo Canto. (3) Como se pode ver alguns exemplos desta poesia épica recolhida no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516). (4) Hoje, diriam, mais credivelmente, multipolar, termo agora em uso nos meios diplomáticos internacionais. (5) Como fica claro nas estrofes 2 do Canto I, 44 do Canto II, 3 do Canto VII, que destaco entre outras.

quinta-feira, 10 de março de 2022

O anunciado Haraquiri russo.

E o reles autocrata russo cometerá seppuku? Como um samurai sem honra nesse caso, porque nunca a teve, o sr. Putin cortará o seu próprio ventre ao cortar o fornecimento de matérias primas, -energéticas (gás, petróleo carvão) assim como -metais, e -cereais à Europa. Posto que a Europa é uma princesa muito melindrável, ciosa de seu poder e glória, não sendo susceptível a aceitar ofensa sem grande e vigorosa resposta. Assim como seus três irmãos, netos do furioso Netuno/Poseidon, orgulhosa e difícil, não aceitará ficar dependente de ninguém, nem ignorará a ofensa de quererem regulá-la, ou cercearem o que quer que deseje ou necessite. Para Putin será fatal cortar o fornecimento de gás. Quem viver verá.

Um suicídio doloroso enquanto rasga horizontalmente a barriga, retalhando os intestinos, esventrando o interior no qual se alimenta. Expropriar empresas estrangeiras instaladas em território da Federação como retaliação, seria a segunda parte deste suicídio, pondo a mão onde não deve, situação inaceitável, que legitimaria a manutenção das medidas. E, como sabemos, que o alimento de uma economia é o dinheiro, aquele montante que consiga obter com seu comércio e indústria, na qual seus recursos, sobretudo os naturais, permitam alcançar riqueza, que distribuída e multiplicada permita que uma nação se sustente e mantenha, assim como sempre fez a Grã-Bretanha, nominalmente a quinta potencia econômica do planeta. Estripação bastante elaborada pretende perpetrar o coronel, em que seu Wakizashi será a torneira do gasoduto, o 1, que o 2 ainda não há, nem mais haverá proximamente. Putin tendo já destruído boa possibilidade de progresso de uma economia, que sendo o décimo primeiro PIB nominal, é débil e insuficiente para 150 milhões de almas, e de onde umas quantas dúzias de oligarcas, entorno de uma grosa, arrancam a maior porção, montante ao qual se somam os custos de seu poderio bélico, diminuindo muito a riqueza que possa ser distribuída. Pobre povo russo, fantoche de um "socialismo" que só lhe trouxe miséria, sobretudo por não ser socialista mais que no nome. A riqueza russa que cai no per capita para a quinquagésima oitava posição, e que com a desvalorização do rublo mais as atuais sanções, já estará abaixo da centésima posição, depois do Peru, da Colombia, da Guiné, de Palau, da Moldova. Este será o resultado final da prepotência de Putin e de seu sonho de recompor a União soviética. Bem sabemos também que a ideia do per capita é estatística, como aquela de 200 galinhas para alimentar 100 famílias, que, estatisticamente, dá 2 galinhas para cada uma, mas como na realidade uma come galinha e meia em sua 'dacha', sobra apenas meia galinha para a outra da estatística se alimentar. O coronel Putin está a espalhar a miséria pelo povo russo, e nãpo só. O qual esperamos o mande embora, possibilidade que só se verificará através de uma revolução, bolchevique (?), solução feliz para acabar com a pobreza num país cheio de recursos e ladrões. O kaishakunin do presente ritual de seppuku, a Bielorússia, este país, onde na praça principal de Minsk se situava o gigantesco prédio da KGB, a Belarus sem oceano, confinada, desejosa de um porto, quem sabe no Negro face da impossibilidade báltica? Belarus que não cumprirá o ritual, decapitando o samurai, situação que, quem sabe o ajudará, levando a que o urso acorde de sua longa hibernação, enquanto foi autocraticamente vampirizado; esse poderoso gigante de dois continentes, 17 milhões de quilômetros quadrados, dois Brasís, adormecido, e sugado por sucessivos execráveis meliantes gatunos no poder e seus associados. Tornando aos filhos de Agenor, irmãos da poderosa princesa que raptada deu nome ao continente que habitamos, dentre eles o que tinha nome da ave que, antes de ser grega foi egípcia, mas que era mesmo chinesa, que, entrementes, fundou a Fenícia, que guarda seu nome, já seu irmão Cílix, seguindo a tradição, fundou a Cilícia, que ao penitenciar-se em mortificação no pelo da cabra, seguindo a tradição familiar, também não volta, e o outro que completa o trio, Cadmos, que funda Tebas, a grega, a que, quando terminada a Guerra do Peloponeso, expulsa os espartanos de seu território, transformando a antiga poderosa cidade-Estado de Esparta para sempre num Estado de segunda categoria, a história nos ensina tanta coisa, não é? Devemos estar atentos! Este conjunto de contra-medidas, se aplicadas, poderá se converter no fim da Era Putin. Que os anjos digam amém! Ainda veremos a Ucrânia na NATO, e uma Federação Russa falida. O que será um perigo acrescentado para o mundo, porque um agressivo urso moribundo é sempre muito perigoso, ainda mais quando detém o maior arsenal nuclear que existe.