sábado, 31 de julho de 2021

CADEIA PARA TRUMP 2.

Com os depoimentos dos diversos envolvidos, sobretudo os guardas do Capitólio, cada vez fica mais claro que o ataque que houve no dia 6 de Janeiro (2021) ORQUESTRADO POR TRUMP, ainda na presidência, FOI UMA TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO, que esperva apoio E suporte da maioria republicana, e em especial do vice-presidente Pence, ação que não se consumou. Resultou na morte de 5 pessoas, no ferimento de centenas, uma tragédia que só não consumou o golpe, devido a reação dos guardas, ao que se somou a inação dos congressistas, que não alinharam com o GOLPE, e,em especial a recusa de Mr. Pence em comandá-lo, como esperava Trump, sabedor que ele não poderia ter outra ambição que não a de poder que voltar a ser seu vice, uma vez o tendo sido manchado por seu envolvimento com tão absurda personagem, não poderia almejar outra coisa, e com tudo que esta figura demencial, o próprio Trump, plantara durante tanto tempo, não haveria ambiente para o vice querer nada, além de voltar a ser vice, esquecendo-se que as pessoas, às vezes, têm dignidade. Não poderia ter havido combinação prévia para o golpe, e que só num momento de irreflexão poderia haver reações que possibilitassem sua consumação, tendo tudo partido da cabeça de uma só pessoa, esse abjeto psicopata chamado Donald Trump. Que, jogando com a irreflexão das massas e a possibilidade de um consequente apoio dos congressistas à reação destas, que logo atuassem para que se parasse a validação formal da vitória do Presidente Biden, que se dava naquele momento no congresso, Trump deflagrou o golpe com seu discurso de incitamento das massas que foram ali reunidas (down hill) escolhidas entre os mais radicais (é preciso se investigar isso) e aquecidas por outros participantes no meeting, inclusive o fracassado Giuliani. Esperava que a surpresa e a imprevisibilidade concluissem seu intento. E por pouco não o alcançou! Agora que se vai sabendo como tudo se desenrolou (falta saber como foi reunida aquela massa de insanos que acolheu o incitamento no Comício intitulado SAVE AMERICA), e que na revisão do discurso absurdo de Trump daquele 6 de janeiro, fica clara a incitação baseada na hipótese de fraude, já apregoada desde antes do ato eleitoral (um plano b em caso de derrota) para essa tragédia tem de haver um culpado. Tanto pelas vítimas, como pela dignidade da Democracia, não se admite que a culpa vá morrer solteira. A RESPONSABILIDADE RECAI TODA NO INCITADOR: DONALD TRUMP. Esse perigoso psicopata com o qual topei logo passados menos de cinco meses dele na presidência, que por duas vezes não foi impedido, e que, com o espaço e apoio que lhe foi dado pelos republicanos, e também pela falta de maior ação dos congressistas, que deveriam retirar a matéria do estricto campo político para o jurídico, quando teriam evitado tanta desgraça, mas pelo respeito à tradição política de resolverem as coisas politicamente, ficaram-se pelos 'impeachments'. Só uma pessoa lhe fez frente sempre o tempo todo, a Sra. Mancy Pelosi,presidente do congresso (Mrs. Speaker) que também topou estar lidando com um psicopata, para o qual as leis, a ordem e a decência, não são empecilhos aos seus intentos, sejam quais forem - possuir uma mulher, acumular dinheiro sujo, ou manter-se na presidência dos EEUU - (Ver: Cadeia para Trump 1, onde fica demonstrada sua vida de crimes, e sua ação em burlar o fisco.) Por isto tudo, pelo respeito às vítimas, pelo respeito pelos guardas atacados no Capitólio, pelo respeito pelas leis, e pela sanidade da vida norte-americana, apesar de se saber que o país precisa ser pacificado da enorme tensão que o dividiu ao meio (pelo constante ação de Trump com suas mentiras e agressões) que é o grande trabalho de Mr. Biden, o de repor com clareza a tranquilidade institucional americana, nada temendo não podemos aceitar que fique impune esse ciminoso, que, movido tão somente pela ambição pessoal, fez todas as diatribes, associações e maldades para manter-se na sala oval (falta apurar a intromissão russa). Em defesa das vítimas e da Lei, eu clamo com todas as forças: CADEIA PARA DONALD TRUMP!

domingo, 25 de julho de 2021

Começaram as comemorações do Cinquentenário do 25 de Abril: Morreu Otelo Saraiva de Carvalho.

O imprevisível governa nossas vidas. Imprevistos que ocorrem e que antes nunca consideramos como possíveis, nunca computamos em nossas análises de perspectivas, e os relegamos a um plano que definitivamente recusam aceitar, e assim menosprezamos esse fator tão decisivo. Não consideramos sempre das imprevisibilidades supervenientes a todas as coisas e ocorrências, indissociável presença da qual, mor das vezes, nos esquecemos, assim são as coisas, ainda que hajam povos que busquem considerar imponderáveis ocorrências em suas análises, esse não é de nosso feitio e índole, e nunca foi nosso molde. E ademais temos consolidada a camaradagem, que num país pequeno é sua maior força e seu maior desastre. O 25 de Abril, marco imutável, que só no de 2024 será cinquentão, tem raízes anteriores, desde logo no 27 de Julho de 1970, cujo cinquentenário não foi assinalado por boas ou más razões, bem como na dita Primavera Marcelista, que completa nesse 2021 seu cinquentenário, até às Caldas com seu 5º de Infantaria, semanas antes do dia que ficará para a História, tendo passado por diversos episódios, cujos mais significativos ocorreriam no seio das forças armadas(*)(o beija-mão dos generais-os decretos de Sá Viana Rebelo-o 14 de Março-o 16 de Março-as prisões.)mas não nos esqueçamos da crise do petróleo, e o auge da Guerra fria, e do o pano de fundo da Guerra Colonial, todos em sua importância, resultando numa reação (MFA) que sem o acolhimento popular haveria de ter sido apenas um golpe fruto de reivindicações carreiristas, e que no imprevisto de sua abrangência, conflagra tensões invisíveis, e torna-se na Gloriosa Revolução. A alma dos acontecimentos é filha da alma das gentes, sendo a segunda que determina a primeira, se porventura as terão. Otelo Saraiva de Carvalho, a alma bufa da Revolução ("Se eu tivesse um cavalo branco era Napoleão") o operacional que, com a discrição de Salgueiro Maia e dos outros "capitães" tornou-se o centro, centro no qual se encontra, e não tendo a ambição napoleônica entrega o poder aos generais, destes, do mesmo posto ao qual será arvorado, para morrer coronel. Otelo será o retrato do povo português (**). O será por força do nome? Que, sem a maledicência de Iago não realizaria a trama, mas que, em curso, tinha em Otelo (o Saraiva de Carvalho) o elemento que estava a par de todo o movimento, e, portanto, poderia ter assumido o poder, mas só fez trapalhadas após o brilhante ato inaugural da concretização do golpe. E depois do adeus viria Grândola... Está no fatalismo das coisas seu fado, sua natureza absoluta, causa e efeito de sua existência, total razão e incongruência, moto e desfecho, valsa e desgraça, maravilha e desarmonia, conquista e perdição. Os portugueses que tiveram o mundo para o perder, tiveram todas as especiarias e o comércio do Oriente para se verem ultrapassados pelos ingleses, holandeses e outros mais, magnificência que degenera em paródia burlesca, na razão de sua liberalidade. Oh Portugal, tão grandioso e tão desgracioso, pudera fazer a escolha, pudera impor seu destino??? Otelo. Há figuras que são maiores que sua história, no caso presente dá-se exatamente o contrário. Criador do plano de ação do 25 de Abril, determinado herói romântico, suprema representação de um ator falhado, que exprime a alma de seu povo como ninguém, resume o antes e o depois de uma tragicomédia, e demarca, para além do expectável, uma condição, espectável condição de maravilhosa insalubridade, que no caso do Coronel Saraiva de Carvalho, para além do impossível destino, determina, em seu último ato de serviço ao país, inesperadamente, o início das comemorações do Cinquentenário da Revolução dos Cravos. => Oh Portugal, tão grandioso e tão desgracioso, pudera fazer a escolha, pudera impor seu destino???
(*) Das conversas que tive com o Professor Marcelo Caetano na Veiga de Almeida, onde lecionava, no Brasil. (**) Opinião formada de entrevista que tive com o Coronel Otelo em sua casa, levado por Rogério Madeira, seu colega de curso que não seguiu a carreira militar, dentro de uma série de visitas que incluem, entre outros, o Comandante Alpoim Calvão.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

ANTOLÓGICAS 10.

Somos instantes.00000000000000000000000000000000000000000000 00000000000000000000000000000 O terceiro e último da trilogia. 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Instantes não somos 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Somos bastantes 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Bastante não somos000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Somos perenes00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Perenes não somos0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Somos carentes, somos000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Do sonho que nos vá realizar.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

TODO RACISMO É DESPROPOSITADO!

 

Que diferença pode fazer o pigmento da pele de alguém? Por ser claro, escuro, avermelhado ou o que quer que seja, que diferença faz para o que é esta pessoa?

Somos todos o mesmo. Na carne na quase totalidade Oxigênio, Carbono, Hidrogênio, e algo de Nitrogênio (95,2% desses 4 elementos) e pequenas quantidades de outra meia dúzia de elementos (0, qualquer coisa % de cada um) e 1,5% de Cálcio. Sendo mais de 60% água, o corpo, onde tudo junto não custa um euro, não difere em nenhum ser humano. E é assim com toda gente, sem tirar nem pôr, seja a pele de que cor fôr. Aliás essa cor é apenas uma impressão que nos causa a luz refletida, impressão que em alguns (muitos?) incomoda que a pele do outro seja de coloração diferente da que vê na sua, pode haver coisa mais despropositada? No espírito o mesmo, onde sendo todos diferentes, na combinação de informações distintas que formam o genótipo,informações inicialmente vindas do pai e da mãe que se combinam em inusitado, logo depois modulado pelas experiências que sofremos, conformando o fenótipo, o modo como somos, aquilo que somos como expressão, e neste termo toda a razão e vida de uma pessoa, pois como ela se expressar irá determinar toda sua vida, e aí o mesmo nas infinitas possibilidades, todas para todos - a escolha é de cada um. Nem carne nem espirito podem explicar esse sentimento de manifesta ignorância que se traduz em rejeitar alguém devido a cor de sua pele, esse sentimento provém de uma incompatibilidade social (ou seja aqui já não lidamos com o indivíduo apenas, mas aquilo que ele reflete do todo onde está imerso, revelando ideias que não são suas [esta ideia racismo não pode provir de um sentimento lógico interiorizado, ou seja autônomo] pois provêm da fricção colectiva, essa fricção que gera entendimentos tortuosos, porque não sendo de ninguém é de toda gente (toda gente que sofreu a diversão, o desvio de entendimento a que chamamos preconceito). A palavra é bem talhada. PRECONCEITO: Conceito prévio, ideia formada por antecipação à experiência, sem nenhum fundamento, logo parcial, e sua parcialidade é expressão plena de estupidez, porque a nenhum propósito há o que explique esse sentimento, que, de origem colectiva, se entranhou na concepção doentia do entendimento de quem o tem. E tudo o que não tem razão de ser, finalidade, ou lógica, é absurdo, despropositado. Entretanto vemos por todo o mundo essa neuropatia que se traduz em atitudes e comportamentos hostís, resultarem em ações extremas como matar o objeto desta aversão marginalizante, cuja falta de lógica se manifesta a tal ponto, que resulta na máxima e despropositada resposta sentimental que alguém pode atingir e dar: MATAR. Diretamente com premeditação, ocasionalmente pelo germe do preconceito que rejeita, repela e diferencia, ou indiretamente pela ação inconsequente do autor que acaba por levar a morte aquele que é alvo do racismo, do preconceito, da marginalização. E houve e há instituições [empresas, grupos, sociedades, e mesmo nações] que povoados desta disfuncionalidade neuropática, colectivamente responderam com ações assassinas na divergente sentimental que se traduz em comportamental apenas por irreflexão, advindo, estou em crer, de uma ilógica ancestral invisivelmente alimentada socialmente, com ideias de grupos, de família, de amizades, de partidos, que inoculam esse despropósito preconceituoso, que ganha raizes na irreflexão vivida, que ao não questionar o sentido que possa fazer esse tipo de ideia traduz-se em sentimento, irracional sentimento. Não pode haver nada mais despropositado. E à falta de discussão, orientação, ou formação filosófica, sói tanta vez se traduzir em targédia. Múltipla tragédia, uma vez que atinge muita gente de ambos os lados da perfídia, pois do lado da vítima, seus amigos, familiares, e os de seu meio, resultam afetados, como é óbvio, e do lado do autor, agora assassino, que salvo em alguma exceção, não têm consciência justificativa de sua ação, nem ele nem seus correlatos, restando-lhes o enorme vazio da estupidez, despropositada como toda.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

CAIU A MÁSCARA, AFINAL.

Após uma prolongada ilusão, a maioria do povo brasileiro entendeu que foi enganada, que tem um pulha na Presidência da República, e que pagou altíssimo preço a conta disso. Os interesses que se perfilaram para promover a ascensão do capitão ao Planalto, sabiam que nada precisavam fazer para que ele desse cabo do Brasil. O que se podería esperar de um ignorante? A estupidez convulsa da elite que só quer as riquezas do Brasil para si, não entendendo que se todos forem enriquecidos, eles ficam muito melhor, promoveu o retorno do Brasil 64/79, sem os generais que eram patriotas e se cercavam de gente competente (apesar dos interesses espúrios)e que, apesar de tudo, levaram o Brasil a crescer, incomparáveis com um capitão analfabeto, o que temos hoje é o naufrágio do Brasil, e aí estamos.
Porque demorou tanto tempo para que os brasileiros (sua maioria) se dessem conta da asneira que tinham feito? 5 razões poderosas: 1. Admitir uma burrada é sempre difícil. 2. Ver o mal onde antes viam o bem, demora um pouco. 3. A força da economia brasileira vai mantendo um razoável ritmo. 4. A normalidade das instituições, algo que conquistamos sendo torturados, roubados, etc... mascara o que se passa. 5. Os efeitos de não estarmos preparando o futuro só será perceptível dentro de anos (perdemos de 10 a 15 anos) Por fim o povo, gente simples, a maioria esmagadora da população brasileira, se deu conta do engano, mas o mal já está feito: I. Meio milhão de mortos. II. Nenhum progresso. III. Destruição do porvir da economia. IV. Desamparo dos mais frágeis. V. Retomada do processo de desvaloriação da moeda (Destruindo o que havia feito Fernando Henrique Cardoso) VI Retorno do precesso de endividamento galopante (Destruindo o que havia feito Lula) VII. Agravamento do Custo-Brasil, que devería estar sendo combatido para permitir o aumento sos investimentos. Com essa sucessão de misérias o Brasil agora demorará mais de uma década a recuperar. Mas, enfim, caiu a máscara, agora começam a ver o capitáo como aquilo que é: UMA DESGRAÇA!

quinta-feira, 8 de julho de 2021

BEM FICA PERGUNTAR SOBRE A PRÓXIMA ATRAÇÃO: QUEM SERÁ O PRÓXIMO LADRÃO?

Questionar bem fica. 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Como o que tenho visto é entrar um ladrão ao sair d'outro. Como o que tenho visto é uma sucessão de ações danosas, fraudes fiscais, e jogadas numa sucessão de ladrões, uns foram preso mas ficaram ricos. Outros não passaram nem perto da cadeia, mas ficaram ricos. Outro embriagado, rico ficou e passou a pasta, passou a bola. Essa a sucessão que Bem fica. 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 É muito dinheiro 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 É enorme a tentação 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 E, muito prazenteiros, 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Vão metendo a mão. 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 0000ooooo0000000000000 BEM FICA, BEM FICA SER LADRÃO!!! 0000000000000000000000000000000000000000000000000 0000ooooo00000000000000 Quer ganhe ou não 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Negociatas em sucessão 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 00000oooooo000000000000 BEM FICA SER LADRÃO 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 00000000000ooooooooo000000000000 Será que não tem jeito? 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Seguirá a sucessão? 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Bem fica perguntar 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 Quem será o próximo ladrão?

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Tempos de contradição.

Raramente encontro nas palavras de outrém ideias que queira ver difundidas tal e qual, hoje é o caso:





# Anti-sistema.

"O crescimento global da extrema-direita voltou a dar uma nova importância ao conceito de anti-sistema em política. Para entender o que se está a passar é necessário recuar algumas décadas." Carta Maior 11/2/21 - Boaventura de Sousa Santos.

O binarismo sistema/anti-sistema está presente nas mais diferentes disciplinas, das ciências naturais às ciências humanas e sociais, da biologia à física, da epistemologia à psicologia. O corpo, o mundo, a cidade ou o clima podem ser concebidos como sistemas. Há mesmo uma disciplina dedicada ao estudo dos sistemas – a teoria dos sistemas. O sistema é, em geral, definido como uma entidade composta de diferentes partes que interagem de modo a comporem um todo unificado ou coerente. O sistema é assim algo limitado, e o que está fora dele tanto o pode rodear e influenciar (o seu meio-ambiente) como lhe pode ser hostil e pretender destruir (anti-sistema). Nas ciências sociais, ainda que algumas correntes rejeitem a ideia de sistema, são muitas as formulações do binarismo sistema/anti-sistema. Distingo duas formulações particularmente influentes. A teoria do sistema-mundo proposta por Immanuel Wallerstein defende que, historicamente, existiram dois tipos de sistema-mundo: o império-mundo e a economia-mundo. O primeiro é caracterizado por um centro político com amplas estruturas burocráticas e múltiplas culturas hierarquizadas; o segundo é caracterizado por uma só divisão do trabalho, múltiplos centros políticos e múltiplas culturas igualmente hierarquizadas. Desde o século XVI, existe o sistema-mundo moderno assente na economia-mundo do capitalismo, um sistema dinâmico, conflitual, com diferentes ritmos temporais que dividiu os diferentes países/regiões em três categorias – o centro, a periferia e a semiperiferia – definidas em função do modo como se apropriam (ou são expropriadas) das mais valias da produção capitalista e colonialista global. O sistema permite transferências de valor dos países periféricos para os países centrais, enquanto os países semi-periféricos actuam como correias de transmissão do valor criado da periferia para o centro (como foi o caso de Portugal durante séculos).

A outra concepção de sistema (e de anti-sistema) tem sido desenvolvida sobretudo na ciência política e nas relações internacionais. O sistema é aqui concebido como um conjunto coerente de princípios, normas, instituições, conceitos, crenças e valores que definem os limites do que é convencional e legitimam as actuações dos agentes dentro desses limites. A unidade do sistema tanto pode ser local como regional, nacional ou internacional. Podemos dizer que, depois da Segunda Guerra Mundial, foram dois os sistemas nacionais dominantes: o sistema político de partido único ao serviço do socialismo (o mundo sino-soviético) e um sistema democrático liberal ao serviço do capitalismo (o mundo liberal). As relações internacionais entre os dois sistemas configuraram um terceiro sistema, a Guerra Fria, um sistema regulado de conflito e contenção. A Guerra Fria condicionou o modo como foram avaliados os dois sistemas nacionais/regionais: para o mundo liberal, o mundo sino-soviético era uma ditadura ao serviço de uma casta burocrática; para o mundo sino-soviético, o mundo liberal era uma democracia burguesa ao serviço da acumulação e da exploração capitalista. Com a queda do Muro de Berlim (1989), este sistema feito de três sistemas entrou em crise. A nível nacional passou a reconhecer-se um só sistema legítimo, o sistema liberal. A crise do sistema internacional da Guerra Fria atingiu o paroxismo com a presidência de Donald Trump. Vistas da longa duração do sistema-mundo moderno, estas transformações políticas, apesar do seu dramatismo, são variações epocais dentro do mesmo sistema, as quais, quando muito, podem estar a sinalizar uma crise mais profunda do próprio sistema-mundo.
São anti-sistémicos os movimentos que se opõem radicalmente ao sistema dominante. Ao longo do século XX, foram anti-sistémicos os movimentos que se opunham ao capitalismo e ao colonialismo (anti-sistema-mundo) e os que se opunham à democracia liberal (anti-mundo liberal). Alguns movimentos foram contra o capitalismo/colonialismo mas não contra a democracia liberal, caso dos partidos socialistas e a maioria dos sindicatos das primeiras décadas do século XX (socialismo democrático). Outros foram contra o capitalismo/colonialismo e a democracia liberal, caso dos movimentos revolucionários – comunistas, anarquistas – e muitos dos movimentos de libertação anti-colonial, com adopção ou não da luta armada. Por fim, outros foram contra a democracia liberal, mas não contra o capitalismo/colonialismo. Foram os movimentos reaccionários, nazistas, fascistas, populistas de direita que, ou não aceitavam sequer os três princípios da Revolução Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade), ou viam na evolução da democracia liberal (alargamento do sufrágio, multiplicação dos direitos sociais e económicos) e no crescimento do movimento comunista depois da Revolução Russa uma perigosa deriva que acabaria por pôr em causa o capitalismo. Estes movimentos propuseram um capitalismo tutelado pelo Estado autoritário (fascismo e nazismo).

Foi sempre importante distinguir entre esquerda e direita, entre movimentos revolucionários e contra-revolucionários. Os primeiros, quando lutaram contra o capitalismo/colonialismo, fizeram-no em nome de um sistema social mais justo, mais diverso e mais igual e, quando lutaram contra a democracia liberal, foi em nome de uma democracia mais radical, mesmo que o resultado acabasse por ser a ditadura, como aconteceu com Stalin. Pelo contrário, os movimentos contra-revolucionários lutaram sempre contra as forças anti-capitalistas e anti-colonialistas, muitas vezes com o preconceito de estas serem protagonizadas por classes inferiores ou perigosas e, pelas mesmas razões, dispuseram-se a optar pela ditadura sempre que a democracia liberal significasse alguma ameaça para o capitalismo.

Entre 1945 e 1989 a dialética entre o sistema e o anti-sistema foi muito dinâmica. Nos países centrais do sistema-mundo, o que chamamos hoje Norte Global, o fascismo e o nazismo foram derrotados e apenas sobreviveram em dois países semi-periféricos da Europa, Portugal e Espanha. Na Rússia (e países satélites), a outra semi-periferia europeia, e na China, consolidou-se o sistema sino-soviético. Nos países europeus centrais a democracia liberal passou a ser o único regime político legítimo. Os partidos socialistas abandonaram a luta anti-capitalista (em 1959, o SPD alemão dissociou-se do marxismo) e passaram a gerir a tensão entre democracia liberal (fundada na ideia de soberania popular) e capitalismo (fundado na ideia de acumulação infinita de riqueza), segundo a nova fórmula dada a um velho conceito: a social-democracia. Por sua vez, os partidos comunistas e outros partidos à esquerda dos partidos socialistas integraram-se no sistema democrático. Aliás durante a noite fascista e nazista, os militantes destes partidos (sobretudo os comunistas) foram quem mais dedicadamente lutou pela democracia, tendo pago um alto preço por isso. É bom recordar, a título de exemplo, que Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, esteve preso durante 15 anos, 8 dos quais em regime solitário.

Na periferia e na semi-periferia do sistema-mundo os movimentos anti-capitalistas e anti-democracia liberal assumiram o poder na China, Cuba, Coreia do Norte e Vietnam, e noutros países alimentaram durante muitos anos a luta anti-sistémica, por vezes com recurso à luta armada, casos da Colômbia, Filipinas, Turquia, Sri Lanka, Índia, Uruguai, Nicarágua, El Salvador, Guatemala. O caso mais significativo de movimento anti-capitalista mas não anti-democracia liberal foi o liderado por Salvador Allende no Chile (1970-1973), neutralizado por um golpe brutal planeado pela CIA.

Em África e na Ásia, os movimentos de libertação anti-coloniais conferiram uma nova complexidade aos movimentos anti-sistémicos. Inspirados pela Conferência de Bandung de 1955 que reuniu 29 países asiáticos e africanos e conferiu força política ao conceito de Terceiro Mundo (o Movimento dos Não-alinhados), propunham-se fazer uma dupla ruptura na lógica sistémica. Por um lado, rejeitavam tanto o capitalismo liberal como o socialismo soviético e dispunham-se a lutar por alternativas que combinavam o pensamento político europeu e várias estirpes de pensamento africano. Por outro lado, procuravam construir um regime político democrático de tipo novo assente no protagonismo dos movimentos de libertação. Grande parte desta experimentação política colapsou durante a década de 1980 por erros internos e pelo cerco do capitalismo global.
Tenhamos em mente que antes de 1945 o fascismo e o nazismo foram, em grande medida, uma resposta ao crescimento da militância das classes trabalhadoras (“a ameaça comunista”) combinado com altos níveis de desemprego e de inflação e o empobrecimento das grandes maiorias. Por sua vez, os limites da democracia liberal (limites do sufrágio, controle total das elites, ausência de políticas públicas universais) não permitiam nem gerir a conflitualidade social nem dar aos movimentos socialistas a oportunidade de consolidar alternativas. Era feroz o confronto entre dois tipos de alternativa: o reformismo e a revolução. Depois de 1945, e como resposta à consolidação do mundo sino-soviético, o mundo liberal dos países centrais procurou baixar a tensão entre democracia e capitalismo. Para isso, as classes capitalistas que o dominavam tiveram de fazer concessões inimagináveis no período anterior: impostos muito elevados, sectores estratégicos nacionalizados, co-gestão entre trabalho e capital nas grandes empresas (caso da então Alemanha Ocidental), direitos do trabalho robustos, políticas sociais universais (saúde, educação, sistema de pensões, transportes). Com isto surgiram amplas classes médias e foi com base nelas que o reformismo se consolidou. Na Europa ocidental a compatibilidade entre democracia liberal e capitalismo ocorria por via da combinação de altos níveis de protecção social com altos níveis de produtividade. Nos EUA, o reformismo assumiu formas muito mais ténues. Ainda envolveu uma resposta à imaginada ameaça comunista (o macartismo), que aflorou na Alemanha Ocidental sob a forma de Berufsverbot (desqualificação para o exercício de certos cargos por parte dos comunistas e “extremistas radicais”). Mas a nova posição hegemónica dos EUA, a militância sindical e a pujança dos “trinta anos gloriosos” (1945-1975) garantiram a emergência de fortes classes médias.

Este compromisso entre democracia e capitalismo, combinado com a desintegração da URSS, foi o que garantiu a queda, nos países centrais, dos movimentos anti-sistémicos, tanto de esquerda como de direita. 

Os movimentos anti-sistémicos

E os movimentos anti-sistémicos neste último período? É de novo necessário distinguir entre movimentos de esquerda e de direita. Quanto aos movimentos de esquerda, os antigos movimentos revolucionários converteram-se em partidos democráticos e reformistas. A luta anti-capitalista converteu-se na luta por amplos direitos económicos, sociais e culturais, e a luta anti-democracia liberal converteu-se na luta pela radicalização da democracia: a luta contra a degradação da democracia liberal, a articulação entre democracia representativa e democracia participativa, a defesa da diversidade cultural, a luta conta o racismo, o sexismo e o novo/velho colonialismo. Estes partidos deixaram, pois, de ser anti-sistémicos e passaram a lutar pelas transformações progressistas do sistema democrático liberal.

Os movimentos anti-sistémicos de esquerda continuaram a existir mas, por definição, fora do sistema partidário. E pode mesmo dizer-se que se ampliaram, dado o mal-estar social crescente causado pela subordinação incondicional da democracia ao capitalismo, traduzido em repugnante desigualdade social, discriminação racial e sexual, catástrofe ecológica iminente, corrupção endémica, guerras irregulares, e ainda pela incapacidade dos partidos de esquerda de travarem esse estado de coisas. Aos antigos movimentos revolucionários e sindicais sucederam os novos movimentos sociais a nível local, nacional e mesmo global (Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, e várias articulações globais surgidas dentro e fora do Fórum Social Mundial que se reuniu pela primeira vez em 2001 no Brasil). Novos actores sociais emergiram, nomeadamente os movimentos feministas, indígenas, ecológicos, LGBTIQ, de economia popular, de afro-descendentes. Muitos destes movimentos têm objectivos anti-capitalistas e visam formas de democracia radical. Alguns deles têm conseguido realizar estes objectivos a nível local, transformando-se, assim, em utopias realistas. Até agora não lograram ter uma influência política mais consistente nem a nível nacional nem global por dificuldades nas articulações translocais e pelo facto de o sistema político democrático liberal estar monopolizado pelos partidos. São movimentos pacíficos, guiados pela ideia de democracia de base intercultural, e pela valorização das economias populares e dos saberes ancestrais das comunidades camponesas, indígenas e, no contexto americano, afro-descendentes.

Por sua vez, os movimentos anti-sistémicos de direita (a extrema-direita) ganharam igualmente um novo ímpeto no último período. A derrota do nazismo e do fascismo (em Portugal e Espanha, só entre 1974-1976) foi avassaladora. Quando sobreviveram foi de forma muito atenuada, como no caso do peronismo na Argentina e do varguismo no Brasil, sem ditadura nem glorificação da violência política nem ódio racial. Foi este sistema híbrido que se designou originalmente por populismo. Depois de 1989, assistimos à emergência ou crescente visibilidade de grupos de extrema-direita, quase sempre envolvidos em retórica e acções de ódio e violência racial. Em 2020, segundo um relatório da plataforma Antifa Internacional, houve 810 ataques provocados por “fanáticos, fascistas e violência de extrema-direita” de que resultaram 325 mortes. Muitos destes movimentos mantiveram-se na ilegalidade ou exploraram zonas cinzentas ou híbridas que tenho designado por alegalidade. Nos últimos vinte anos estes grupos assumiram nova agressividade, procuraram a legalidade e a própria conversão sistémica ao converterem-se em partidos, que conseguiram legalizar com artifícios de linguagem e com a cumplicidade dos tribunais. Quando isto aconteceu, mantiveram estruturas clandestinas formalmente separadas da estrutura partidária, mas organicamente articuladas como fontes da mobilização política que os partidos por si não têm capacidade de garantir. Com a chegada de Donald Trump ao poder os movimentos de extrema-direita ganharam um novo fôlego e diversificaram-se internamente. Os grupos de extrema-direita e as milícias norte-americanas tinham, entretanto, aumentado, sobretudo depois que Barak Obama chegou ao poder. O respeitado Southern Poverty Law Center identificou, em 2018, 1.020 “grupos de ódio”. Alguns são nazis, estão fortemente armados e reivindicam-se da herança dos movimentos de linchamento racial do século XIX (o Ku Klux Klan). Fora dos EUA, grupos paramilitares e milícias na Colômbia, Brasil, Indonésia e Índia chegam perto do poder institucional. Por outro lado, assumiram uma dimensão global que antes não existia ou não era visível. O agente mais visível desta promoção, na Europa e nas américas, é Steve Bannon, uma figura sinistra e criminosa que tem sido bajulada pela comunicação social ingénua ou cúmplice.

Estes movimentos conquistam espaço social, não graças à exaltação dos símbolos nazis (a que também recorrem), mas por meio da exploração do mal-estar social que a subordinação crescente da democracia ao capitalismo provoca. Ou seja, exploram as mesmas condições sociais que mobilizam os movimentos anti-sistémicos de esquerda. Mas, enquanto para estes o mal-estar social decorre precisamente da sujeição da democracia às exigências do capitalismo, exigências cada vez mais incompatíveis com o jogo democrático, para os movimentos de extrema-direita o mal-estar decorre da democracia e não do capitalismo. É, por isso, que, tal como na década de 1930, a extrema-direita é acarinhada, protegida e financiada por sectores do capital, sobretudo pelo capital financeiro, o mais anti-social de todos os sectores do capital.

Duas perguntas surgem neste contexto. Primeira: por que é que reemerge agora a extrema-direita se, ao contrário dos anos 1920-1930, não há ameaça comunista nem grande militância sindical? Esta ameaça era uma das respostas à grave crise social e económica que se vivia então. Hoje essa resposta não existe, mas a crise dos próximos anos ameaça ser tão grave quanto a daqueles anos. Os think tanks capitalistas globais (incluindo os chineses) têm vindo a assinalar o perigo de desestabilização política decorrente da iminente crise social e económica, agora agravada com pandemia. Sabem que a ausência de alternativas anti-capitalistas ou pós-capitalistas não é definitiva. A longo prazo, podem surgir e é melhor prevenir do que remediar. A resposta tem vários níveis. O mais profundo é o aperfeiçoamento do capitalismo de vigilância que, com a quarta revolução industrial (inteligência artificial), torna possível desenvolver controlos eficazes da população. A nível mais superficial, promove-se a ideologia intimidatória, anti-democrática, racista e sexista. A linguagem do passado é, neste caso, mais eficaz que a do presente e, por isso, a retórica de extrema-direita fala do novo perigo comunista, que tanto vê nos governos democráticos como no Vaticano do Papa Francisco. Nos EUA, o partido democrático, de centro-direita, é invectivado como esquerda radical, confusamente ligada ao grande capital e às tecnologias de informação e de comunicação. No Brasil, a extrema-direita instalada no poder federal fala do perigo do “marxismo cultural”, um slogan nazi para demonizar os intelectuais judeus. O que se pretende é maximizar a coincidência da democracia com o capitalismo através do esvaziamento do conteúdo social da democracia, fraca em protecção e forte em repressão. Os think tanks sabem que todos estes planos são contingentes e que os movimentos anti-sistémicos podem lançá-los no lixo da história. Daí que mais valha prevenir que remediar.

Segunda pergunta: a extrema-direita tem ou não uma vocação fascista? A extrema-direita não é monolítica nem se pode avaliar exclusivamente pela sua face legal. Daí a complexidade do julgamento. A história ensina-nos duas coisas. A democracia liberal não sabe defender-se dos anti-democratas e, aliás, desde 1945, nunca como hoje se viu com tanta frequência anti-democratas serem eleitos para altos cargos. São anti-democratas porque, em vez de servirem a democracia, servem-se dela para chegar ao poder (tal como Hitler) e, uma vez no poder, nem o exercem democraticamente nem o abandonam pacificamente se perderem as eleições. Contam inicialmente com o apoio dos média convencionais e, a partir de certo momento, com os seguidores nas redes sociais, intoxicados pela lógica da pós-verdade e dos “factos alternativos”.

Mesmo antes de qualquer desenlace ditatorial, a extrema-direita de hoje tem dois dos componentes fundamentais do nazi-fascismo: a glorificação da violência política e o discurso do ódio racial contra as minorias. Falta apenas a ditadura, mas alguns elogiam a tortura (Jair Bolsonaro no Brasil) e promovem as execuções extra-judiciais (Rodrigo Duterte nas Filipinas). O perigo destes dois componentes pode ser maximizado por três factores. Primeiro, a cumplicidade dos tribunais com um entendimento equivocado (ou pior) da liberdade de expressão. Segundo, o deslumbramento dos média com a retórica “pouco convencional” dos proto-fascistas e o protagonismo dos ideólogos de direita que separam artificialmente a mensagem política, que aprovam, do que consideram ser excessos descartáveis (prisão perpétua, esterilização de pedófilos, deportação de imigrantes, segregação das minorias), silenciando que são precisamente estes “excessos” que atraem parte dos seguidores. Terceiro, a legitimação que lhes é dada por políticos de direita moderada, transformando-os em parceiros de governo na esperança de poder moderar tais excessos. Na Alemanha pré-nazi ficou tristemente famoso Franz von Pappen que, em 1933, teve um papel crucial em vencer a resistência do Presidente Paul von Hindenburg em nomear Hitler para o cargo de chefe do governo e, tendo ele próprio integrado esse governo, se mostrou totalmente incapaz de controlar o “dinamismo” golpista nazi.

A defesa da democracia

A defesa de democracia contra a extrema-direita passa por muitas estratégias, umas de curto prazo, outras de médio prazo. A curto prazo, ilegalização, sempre que a Constituição é violada, isolamento político e atenção à infiltração nas forças policiais, no exército e nos média. A médio prazo, reformas políticas que reenergizem a democracia, políticas sociais robustas que tornem efectiva a retórica de “não deixar para trás” nem ninguém nem nenhuma região do país; num país como Portugal, fazer o julgamento político dos crimes do fascismo e do colonialismo para, com isso, descolonizar a história e a educação, promover novas formas de cidadania cultural e respeitar a diversidade que dela decorre. Acossada pela ideologia global da extrema-direita, a democracia morrerá facilmente no espaço público se não se traduzir no bem-estar material das famílias e das comunidades. Só assim a democracia impedirá que o respeito dê lugar ao ódio e à violência, e a dignidade dê lugar à indignidade e à indiferença.  

Estão brincando com o fogo. O texto que termina com um alerta da possível morte da democracia, alerta aceitável, mas que traz consigo a noção de que os requisitos democráticos de hoje não se encerram na existência de LIBERDADE, que era o elemento fulcral no XX, onde muito dos poderes que se alavancavam em ditadura, extinguindo a liberdade, eram bem amados pelos povos onde se implantavam, até que a maioria sentissem o peso da perda da liberdade, o bem mais precioso, perda que abria as portas do sistema a todo tipo de perversão, dando-se conta que a DEMOCRACIA, esse péssimo sistema, é o único bom, uma vez que traz consigo bem mais precioso, sem o qual não queremos viver. Hoje querem mais as sociedades, mas a Democracia tem que balancear interesses do colectivo dos cidadãos, e o bem-estar material traz consigo dificuldades que o bem-estar espiritual não carece. E a insatisfação destas demandas materiais (desde salários a habitação, com os confortos patrocinados pelo Estado - saúde, educação, segurança, assistência social -) não pode servir para o abandono da Democracia. Assim como um filho não pode mudar de pai se este não lhe der um bonito presente de festas, passar-se-á o mesmo com a mulher, que apesar de poder mudar de marido por esta mesma razão, reconher-se-á 'mobile' (como no Rigoleto) e os motivos fúteis costumam gerar grandes desgraças. Por qualquer dá cá aquela palha votam em partidos anti-sistema (ser de qualquer extrema é Direito do cidadão, mas colocar-se contra o sistema sem um alternativo, só porque de momento o sistema não atende às suas pretenções e demanda é ilógico.) esquecendo-se que ao votarem assim, irrefletidamente, estão legitimando esses partidos oportunistas, e que estão atacando a Democracia, frágil flor que exige cuidados, estão brincando com o fogo nesses Tempos de contradição.

PORTUGAL vem aí o QUINTO IMPÉRIO: O SOL!


 


Energia solar abundante numa Europa cinzenta. A ser acumulada em hidrógeno. Capacidades impulsionadoras, assim como dantes, a posição geográfica, geo-estratégica como preferem dizer hoje, outra vez agora a estabelecer uma preeminência. Mas, como em tudo, há que estabelecer os primados e guiar o caminho da primazia a seu talante, se não tudo se perde na vontade e em alguma parte do sonho não concretizado por inteiro, como tantas vezes aconteceu.

Quando partiram das praias de Sagres e do Restelo, a estabelecer sucessivos impérios, os portugueses não precaveram sua manutenção. Era o sonho, a vontade, o impulso voltado ao infinito, sempre além, mais além na busca do espaço existencial para sua grandeza d'alma. 

IMPROMPTU

Desenvolveu-se o processo, que em muito ultrapassou as possibilidades das gentes. Tinham o mundo e não o podiam suster. Faltavam braços, faltavam pernas, só havia corações, faltava gente. E a Carreira das Índias os matava como moscas, terão chegado ao milhão seus cadáveres, mais os que se dispersaram, na eterna saga da evasão, a eterna diáspora, marcada a ferrete na alma e nas carnes, muita alma e poucas carnes.

Improvisadas ações sucessivas foram dando "mundos ao mundo": E o futuro?

Outra vez...

Repete-se a sanha para a saga, e outra epopeia se propõe fatídica na não aceitação de ser pequeno, glória e ousadia de um povo, fatal proposta de futuro. Agora é engarrafar o Sol, energia infinita, desmesurada fonte de força, e poder. Movimenta-se tudo, das almas inquietas aos conhecimentos, como dantes, e criarão mundos, como dantes, praticarão maravilhas, como dantes, e deixarão fugir as rédeas, não manterão o controle como dantes? Ou desta vez, o tão esperado e propalado Quinto Império alçará de vez Portugal, o pequenino, que dos restos dos outros seus impérios mantém-se como o 35º Império do Mundo, sua 35ª economia, onde tantas e tão ricas outras economias não lhe fizeram sombra, pois, pondo a cabeça para fora do caldeirão, alçando-se entre as grandes nações como sempre fez, quando teve o mundo dividido aqui nesta península, nesta pequena parte senhora das partes novas, traçando a leste e a oeste um mundo que não se conhecia, mas que já era seu.

7 / 6 / 1494.

Outra vez se irão lançar na esperança, sempre lastreada na ciência, em busca do novo mundo, este que terá de ser limpo, sem gases com efeito estufa, sem aquecimento, e que para manter a pujança e confortos alcançados, necessita de uma energia limpa que lhe mova sem o sujar, Portugal lança-se na corrida, sua posição estratégica o qualifica, resta não largar as rédeas, que os portugueses terão de segurar fortemente em meio a tantos interesses que outra vez quererão arrancar-lhes a primazia tantas vezes alcançada, vindo no encalço roubar-lhes as conquistas. Desta vez têm a seu favor, outra vez sua posição geográfica, mas não para irem-se, mas para ficarem-se, debaixo do Sol.