quinta-feira, 30 de abril de 2015

Um inédito de Florbela Espanca.







                                                                                             

                                                                                                           Rainha d'Aquém e d'Além dor.



Encontrada esta deliciosa quadrinha que Florbela dedicou a Adolfo Faria de Castro, que retiro aqui de seu ineditismo, ensejou-se oportunidade para relembrar este ser excepcional, que viveu, que amou, que sofreu, que desesperou sem nunca se entregar efetivamente ao desespero, pelo Portugal do final da monarquia e começo da República, tempo de mudanças, tempo do novo, mesmo assim onde sua alma novíssima não foi, não podia ser, entendida.

Quando na última década do XIX nascia em Vila Viçosa, em Évora, a filha primogênita de Antônia da Conceição Lobo, após ter sido " alma e sangue e vida em Antônia, era o dia de sua Santa padroeira, a Nossa Senhora do seu nome, naquele Dezembro Alentejano já de final de século; e escolheram para a menina o nome de Flor, uma Flor Bela (separado portanto) e acertavam quanto ao aspecto físico, porém a escolha do nome recairia também na apreciação de seu espírito, pois a bela Flor que designavam seria «de Alma da Conceição» ou seja evocavam o espírito da mãe de Jesus, espírito divino, que não lhe faltaria, e nunca lhe faltou, por, e para, toda a vida. Assim lendo o nome como vos apresentei era a Flor bela, a mulher bela que foi, sensual e sedutora, intensa e deslumbrante, e sendo da alma da Conceição era um espírito sublime, que também o foi, mas se lermos o nome todo como lhe foi dado temos a Bela de Alma que é o que ela mais foi sem dúvida alguma. Pois era seu nome Flor Bela de Alma da Conceição, não sei se alguma vez foi Lobo, como a mãe, creio que não, não importa, Espanca mesmo, em vida, nunca foi.

A mãe certamente inspirada, corajosa e apaixonada, pois por amar não se furtou a ser, como o nome indica na sua plenitude, a amante do remendão João Marya Espanca, o genitor de Florbela, o homem de Antônia, que ela ama até a morte. Como João era casado, Florbela é, então, no papel, filha de pai incógnito. O amor de João e Antônia perdura com o nascimento do irmão aviador de Flor Bela, mas João, mesmo já tendo família com Antônia, não deixa Mariana, com quem era casado, havia amor para as duas, faz-nos crer. E também João não foge das suas responsabilidades de pai, criando ambos os filhos, primeiro com a amante, depois com a mulher, porque mais tarde a grandeza de Mariana, que estava fadada a ser a mãe daqueles dois, já que filhos não tinha, nem os podia ter, batiza-os (ambos) e em sua casa, na casa de João, o pai, é onde irão viver e ser educados, cria-os como mãe, mãe-madrinha, fazendo com que Florbela deixasse, ainda que momentaneamente, de ser "a que no mundo anda perdida".

Não se sabe bem quando Florbela, poeticamente, passou a usar o apelido paterno, mas sabe-se que em vida não teria civilmente o Direito de o usar. Teve certamente os apelidos de casada, dos homens com quem se casou, mas para a história ficará o nome de família do sapateiro seu pai. O Direito de usar o nome do pai so lhe vem 18 anos depois de morta, João fez questão de lhe dar-lhe o nome já passadas quase duas décadas da morte de sua filha poeta. E Flor Bela foi Espanca, como Inês foi Rainha, só depois de morta, porque este pai que a amava não pode deixar passar, este homem simples com gosto refinado, que publicou de seu bolso o segundo dos dois únicos livros que Flor Bela viu impressos, ela que tem hoje centenas de edições de suas obras em todo o mundo.

No oito de Dezembro de 2015, completar-se-ão 85 anos de sua morte e 121 de seu nascimento, já que morreu no dia em que nasceu, essa mulher maior que a vida. E do artista a quem esta quadra é ofertada, Adolfo Faria de Castro, são 60 de sua morte e 111 de seu nascimento neste 2015. Recordo esta quadra, talvez a última que poetizou Florbela, posto que é de Julho de 1930, morrendo Flor Bela no próximo dia da Conceição, nunca mais voltando a frequentar, sendo este seu último sarau, onde num álbum, colheu Adolfo oito quadras, das quais ainda de futuro vos darei conta, de oito poetas, todas as poito mulheres, presentes a este sarau de Julho de 1930, nesta tarde de adeus de Florbela quando com mágoa afirma:


                                                     " Eu sou do Sul, tu do norte:
                                                       Nunca mais serei feliz...
                                                       Nem sequer seremos terra
                                                       Junto da mesma raiz. "


Curioso é notar a personalização dela, mulher, em relação ao homem, Adolfo, sempre num tom intimista e evocativo, mostrando sua intensidade, ainda que ocasional. A inconteste feminilidade de Flor Bela flui-lhe pelos poros, demarca-se na sua elegância, quase 'coqueterie', no trajar esmerado, na presença etérea e sinuosa, mulher ao extremo, feminilidade que se derrama em seus versos e que a constrange, como tenaz, durante toda sua curta vida de incompreensão e busca.



terça-feira, 28 de abril de 2015

A cidade da casa grande.









Quase parece um nome indígena brasileiro, mas é puro irlandês Baile an Tí Mhóir, que significa exatamente o título deste artigo, nome destinado, que nos chega pela sua fórmula anglicizada Baltimore, cidade que assim se chamou em homenagem ao Lorde deste nome que era o proprietário de Maryland, estado onde esta cidade é a cidade mais populosa, aliás a cidade independente mais populosa dos Estados Unidos da América.

Não ouvia falar dessa cidade desde as Viagens Extraordinárias, onde uma das sessenta escritas por Jules Verne era Da Terra à Lua, esta premonitória história que contava o lançamento pelos americanos de um módulo com três astronautas que fica a orbitar a Lua, sendo lançado da mesma região onde seriam lançadas as missões Apolo, que cumpriram na realidade o previsto na ficção, e, na história extraordinária, o autor da façanha de mandar o homem da Terra à Lua era um suposto Gun Cub de Baltimore. Ficou na minha imaginação adolescente a cidade que realizara este prodigioso feito há século e meio atrás, posto que a história de Verne data de 1865.

Depois disto não mais ouvi falar de Baltimore até os recentes acontecimentos que inflamaram a cidade, levando ao decreto do estado de sítio, dito estado de emergência pelo governador do Maryland. No entanto Baltimore ostenta o triste título de ser a trigésima sexta cidade mais violenta do mundo, terceira mais violenta norte americana, com uma taxa de quase quarenta homicídios em cem mil habitantes. Curiosamente violência não totalmente retratada em nenhuma das séries que relatam o historial das diversas cidades na sua ação policial, só aparecendo no sitcom Futurama da Fox, no thriller Hannibal da NBC, e na The Wire da HBO, esta última um policial que retratou bem a ocorrência da droga em Baltimore, tendo centrado nos seis anos da existência da série vários aspectos do departamento de homicídios de Baltimore, mas não denunciando toda a violência das ruas da cidade, séries que não passaram na Europa.

Certamente ouvi, e ouviu-se falar muitas vezes na Johns Jopkins University, e no Johns Hopkins Hospital, que era a mesma coisa que falar de Baltimore, mas são corpos tão poderosos na cidade que se individualizaram, e era como dizer-se Baltimore sem lhe pronunciar o nome, e passava desatenta a ideia de Baltimore, hoje Baltimore a sitiada, pois que a polícia fechou a cidade devido aos conflitos, estes conflitos que nos Estados Unidos têm sempre um de dois panos de fundo, e que neste caso é o racial, esta adormecida questão sempre pronta a deflagrar rebeldia por toda América, porque não há real  integração dos negros, ainda que presentemente eles tenham um presidente negro, estranha dicotomia.

Os americanos acatam as leis nas aparências, mas não as acatam no coração, mantendo sempre um estado de tensão e de segregação, não mais socialmente explícita, mas humanamente implícita nas relações entre os cidadãos das duas colorações opostas, o branco e o negro, incompatibilizando uma verdadeira integração, que de quando em vez desplota numa insurgência popular, como é o caso agora de Baltimore, sempre por um jovem negro ter sido morto em condições não muito claras, já que os Estados Unidos são os campeões da violência, tendo o maior número de cidades violentas contado entre as suas,  violência permanente e latente, que a qualquer momento e por qualquer motivo pode explodir.

sábado, 25 de abril de 2015

Quando o deputado João Galamba será PM?






                                                                                                  "Quero construir um país melhor."
                                                                                                                            João Galamba.



Bate forte, conhece do que fala, demonstra grande capacidade de visualizar a totalidade das situações e de equacioná-las, possui excelente conhecimento econômico, tem uma liderança natural e sabe ser elegante e condescendente no debate sem se afastar de suas convicções e propósitos, sem ceder em nenhum pontoda sua argumentação, tem boa velocidade mental, alta dosagem de ironia e boa frontalidade; ao lado de boa visão global tem também muito boa ação na minúcia, e tem amadurecido muito com o bombardeamento violento que todas as pessoas que têm senso de justiça, solidariedade e honestidade intelectual sofreram em ver seus ideais e suas perspectivas abalados, e verem seus paradigmas tão desvirtuados, que é muito difícil lutar,  penso que com isto humanizando e aumentando suas respostas políticas afastando-o da técnica, na qual tem domínio e até um certo vício de sua formação o que desumaniza muito os políticos, tendo se tornado, creio, um ser humano melhor como resposta a tanta adversidade com que se viu confrontado. Penso que tudo isto somado o individualiza para funções destacadas no cenário político português.

O que resulta destas vocações, condições e atributos que reúne? 

A resposta é terrível, e ele lá terá consciência dela: Resulta na sua EXCLUSÃO!

E porque?

Porque se lhe derem espaço ele será capaz de singrar até o topo, e isto causará muito medo a muita gente que quer garantir seu espaço, espaço que com a atuação do deputado João Galamba fica muito diminuído, porque ele está voltado para coisas grandes e abrangentes, procurando soluções, discutindo caminhos, pensando Portugal, conjunto de atitudes que, em seu conjunto, certamente aterrorizam  seus pares, porque em grande parte não conseguem sua abrangência, e muitos dos que a conseguem, não igualam sua dialética, e os outros que conseguem atingir esta segunda condição, perdem na terceira, o rigor no detalhe, e os que o igualem, há poucos, uns detestarão sua juventude e genica, que talvez invejem, outros não o quererão como adversário, preferindo certamente outro com menor brilho, mais fácil de derrotar.

Sequioso de mostrar seu valor a nível administrativo, como ministro numa pasta que lhe dê visibilidade, caminha num fio de navalha de um PS dominado por outra geração que não a sua. Certamente o preferirão primeiro secretário de Estado, por uma, por duas legislaturas? Veremos se lhe será, ou não, dada esta oportunidade ministerial, que permitirá sua vertiginosa ascensão se bem sucedido na pasta que lhe caiba, as finanças seria o maior sonho acalentado entre os/as possíveis, ou então será excluído por demasiado motivado, ou por demasiado abrangente. Quem viver verá se lhe será dada oportunidade, e, se lhe for dada, qual.

Nada disso impede que por força de sua presença, e necessidade que tenha seu partido de uma liderança com possibilidade de vitória, seu nome possa emergir como opção para a liderança partidária, ou como agora se diz porque ficou bem demarcado após o fenômeno das prévias intrapartidárias, ser candidato a Primeiro Ministro. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A década do movimento e da música na rede no dia da palavra escrita.




A ideia que vale hoje muitos milhares de milhões, uma ideia simples que deflagrou todo um processo que se transformou numa das maiores empresas do mundo, que para além de tudo isto tem prestado importante serviço na divulgação dos artistas que cantam, tocam e dançam, e suas canções, suas músicas e seus bailados, com um registro imperecível na nuvem.

Para além do reino da palavra e da imagem estáticas, fabuloso mundo de imenso alcance e importância, e universo em que inclui em ambas as vertentes, o movimento do dizer, do cantar e da imagem, que para além do contemplar e do informar, permite-nos vivenciar a experiência do som e da luz em movimento. Com isto conquistou seu espaço, transformando-se já num clássico no ambiente da net. I do tube, do Youtube?

Dia de Ogun, São Jorge na Igreja católica, de quem já quiseram tirar o São, dia em que morreram coincidentemente os dois maiores escritores da humanidade em língua espanhola e inglesa, estes dois fabulosos e criativos escritores que transformaram de muitas maneiras a forma da palavra ser usada, que neste dia do ano de 1616 nos deixaram, como se uma página da história do mundo fosse virada e com isto nos alertasse que haveria um mundo novo no dizer e no sentir, seu legado, e que estas duas forças da natureza tinham vindo ao mundo para mudar este mesmo mundo, e que ali, naquele 23 de abril daquele 1616, podiam partir, pois haviam já cumprido sua missão.

No ano que vem estaremos aqui lembrando os quatro séculos que estes dois fenômenos nos deixaram, e que no mundo do falar destes dois luzeiros se comemorarão sem fronteiras sua genialidade e presença eternas, pois que habitam os muitos mundos das línguas em que se expressaram, e que cobrem grande parte do planeta, e que também, pela força de seu dizer, ultrapassaram a barreira da língua, tornando-se universais.

Dia de se trocar rosas por livros, dia que marca, por decisão da UNESCO, o do livro, este objeto incontornável que promove a maior viagem da humanidade, esta maravilha física que multiplica pensamentos e reproduz ideias, num efeito quase mágico, que transporta, ensina e liberta o espírito. Ou como sintetizou o Padre Antônio Vieira com sua esplendorosa verve: " O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."

Não podiam escolher outro dia que não este em que se deu esta dupla  coincidência neste já longíncuo 1616, quando esta dupla insuplantável, inultrapassável nas suas duas formas de dizer, e que já há dezenove anos marcam com o dia de suas mortes esta data, e que ano que vem, o dos quarto-centenários deste dia em que nos deixaram, quando se completarão quatro séculos que o mundo perdeu estes dois fachos de luz que iluminaram o mundo da palavra, completar-se-ão duas décadas em que se comemoram o dia desse objeto tão caro a todos nós que amamos a palavra, e que sem o qual não conheceríamos nem Cervantes nem Shakespeare. 


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Dia da Terra.







                                                                                            Quem foi que dsecobriu o Brasil?
                                                                                             Foi Seu Cabral,foi seu Cabral.
                                                                                             No dia 22 de Abril.
                                                                                             Dois meses depois do Carnaval.




Imagem do Google do dia da Terra 22/4/2015.



Tal não foi minha surpresa hoje ao abrir o Google, que dar com esta imagem aqui ao lado, com o globo rodando ainda por cima, a nos informar e querer lembrar que hoje é dia da Terra, sendo que só me lembrava que hoje é o dia do descobrimento de uma sua porção, o daquele gigante país onde nasci.

Deverá ter a Terra um dia? Confinados a este planetinha azul, no qual flutuamos no espaço sideral, nosso lar e nossa nave espacial, na qual e com a qual encetamos a viajem interminável de nossas existências, para nós, como matéria, única e derradeiramente prisioneiros deste monte de materiais conformados nesta bola arredondada onde vivemos e morremos, onde tudo se  vai transformando, mas onde tudo permanece,  exceção feita aos que morreram no espaço e por lá ficaram, privilégio de alguns animais, não tendo ainda a espécie humana experimentado tal situação.

Se imaginarmos da Terra, a terra, nosso paradigma, nossa consistência, dela feitos, e nela refeitos, por seus frutos e suas circunstâncias, criados e recriados por seus materiais, Terra, terra, nosso lar e nosso dilema, temos presentes que esta que tudo nos dá e tudo nos conflagra, nosso princípio e fim, talvez seja tão presente, tão nós mesmos, que ter um dia para comemorá-la, ela que é o nosso dia-a-dia, nosso tudo e nosso nada, seja um contrasenso, uma ideia descabida, um despautério.

Porque ter um dia para o que é todo dia nossa razão e existência? Ao escolhermos um dia, este dia o vigésimo segundo de Abril, estamos rejeitando 364 outros dias de convivência diária, e, para quem tiver noção da maravilha imensa e da dádiva infinita que é termos este mundo como nosso, fantástico mundo de beleza e alegrias, sabe que deve, devemos, festejá-lo todos os dias.

Não faz muito sentido, sei que é um simbolismo, festejar a Terra. E não faz sentido porque é um simbolismo redutor, assim como os aniversários, este dia, é uma redução temporal e existencial, que só é justificada em nossas vidas como lembrança de até onde chegamos, e de até onde poderemos chegar, marcação do tempo que é: registro do que passou e do que se poderá passar. Para o planeta essa demarcação é sem sentido porque quando tivermos noção de que o tempo que poderá passar tem um fim, este será o nosso, como o de todas as coisas, ou se estivermos tão avançados que vamos mudarmo-nos para outros mundos, será o dia da eterna lamentação, porque teremos perdidos o melhor abrigo que alguma vez se possa imaginar, e isto só poderá ter acontecido, só poderá acontecer, por nossa culpa.









terça-feira, 21 de abril de 2015

Alterações cinegéticas do cenário lusitano.





                                                                                                   Não há mal que sempre dure...



Com os últimos acontecimentos  de hoje no cenário português, modificam-se as expetativas de ordens várias, o que podemos avaliar como algo sólido e consistente, uma vez que com pés e cabeça, dentro de um cenário macroeconômico realista, enfocado no estreito leque das escolhas que  existem, e, com as que agora foram apresentadas, tendo já sido estudadas as múltiplas possibilidades, levantando vários cenários, o que traz seriedade na forma, muito embora as propostas não sejam muito empolgantes, refletem uma prudência e uma fiabilidade reveladoras, pois querem acelerar o regresso à normalidade sempre com a intenção de não virem a prometer o que não possam cumprir, e movimentando-se dentro desta faixa estreita das alterações necessárias com a manutenção do equilíbrio frágil que receberão da atual situação, e que poderão ir mudando lentamente à medida que forem havendo  respostas que o permitam. Teremos, pois, horizonte, estou em crer.


-Confiança, alternativa, inovação, dignidade e vigor.




PS abriu a temporada de caça ao Coelho.




NB - (23/4) Dois dias depois desta minha análise das propostas do PS de Antônio Costa, veio a Dra. Manuela Ferreira Leite dar-me razão avaliando a proposta do PS como credível, ou seja sólida e consistente como eu disse, com pés e cabeça, e, como tal, deve ser avaliada e discutida, e inclusive alterada onde mister.

NB -(25/4) Três dias depois o Coelho com as Portas abertas sai da toca como primeira reação a abertura da sua temporada de caça, acordando em correr.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Alô: Isto é um assalto.






Recebi na sequência de um outro telefonema da mesma empresa, uma chamada da nova empresa NOS ( ZON + Optimus) esta protagonizada pela menina Soraia Pereira, que dizendo, com um pouco de embrulhamento,  que eu teria o meu crédito estabelecido, conforme havia-me dito um seu colega (o do anterior telefonema) e que este crédito eram 2000 minutos de chamadas telefônicas grátis mais dois mil SMS grátis, num cartão que ser-me-ia enviado, totalmente gratuito portanto.

Todas as vezes quando a fidelização acaba, ou está por acabar, tentam por algum meio envolver o cliente-consumidor no sentido de mantê-lo fidelizado, em troca de qualquer oferta ou situação privilegiada, ou em troca de qualquer suposta vantagem, para terem, como é perfeitamente compreensível a nível empresarial, uma perspectiva, um horizonte, de um biênio em que possam contar com aquelas entradas daquele grupo de clientes que consigam por nesta condição, os fidelizando. Agora que há um clamor generalizado, uma insatisfação universal, quanto a esta condição de fidelizar um consumidor, condição totalmente descabida, diga-se por antecipação a qualquer outro comentário, que não traz qualquer vantagem para o lado mais fraco do compromisso, valem-se de outros métodos e modelos para obtê-la.

Voltemos ao telefonema: Esclarece, que não esclarece, pergunta atrás de pergunta, pedido de esclarecimento sobre pedido de esclarecimento, fica claro que com a utilização do dito cartão ficava eu fidelizado por mais dois anos, 24 meses como preferem referir, aos serviços da NOS, cuja primeira fidelização está terminando. Tendo solicitado, reiterado na verdade, o pedido de que enviassem-me por e-mail a proposta, tentou estabelecer o pacto já, sem mais demora. Como insisti para receber a proposta e poder pensar calmamente sobre ela, disse-me que não saberia ser possível tal possibilidade. 

Perguntei-lhe se era casada. Respondeu-me que não, então indaguei se recebesse uma proposta de casamento se aceitava que esta tivesse que ser respondida no exato momento em que esta era proposta, ou se era justo que lhe dessem tempo para pensar? Resolveu então a menina Soraia, perguntar a um seu superior hierárquico se poderia ser desta maneira, enviado por e-mail. 

Resposta: Não! 

Então concluímos os dois que a situação criada com este telefonema da oferta de um brinde era, na verdade, um assalto (*) era como se o telefonema fosse: Alô: Isto é um assalto.

Fique entendido que é assim como muitas das grandes empresas atuam no mercado, dando pouco tempo de reação e reflexão, exigindo respostas prontas para agarrar o consumidor, que não há Deco que o defenda. Não são todas, mas fica visto que é um número grande, e que deste procedimento, o mínimo que se pode dizer, é que é oportunista.

CUIDADO MEUS CAROS LEITORES, MUITO CUIDADO COM RESPOSTAS TELEFÔNICAS, CUJAS CHAMADAS SÃO GRAVADAS, CUIDADO QUASE SEMPRE ESCONDEM UM ASSALTO, E MUITAS VEZES PODEM ESCONDER UMA BURLA.

(*) Assalto - acontecimento repentino e em tropel. Ou seja: acontecimento onde se configura grande confusão, onde há atropelo, que é passar por cima, neste caso passar por cima dos detalhes que interessam.





quarta-feira, 15 de abril de 2015

Mr: Obama: I may remembered you...




Well done Mr. Obama, well done.
But I have to remember you, Guantanamo is in Cuba,  but it is not Cuba.
And by the way, I have to ak you something.
And what I have to ask you is quite simple: Do you remember what you have said about Guantanamo?


I know it is very difficult to fulfill your word when you have no majority at the Congress, but one, to promise something, first have to think the possibilities. Now is too late to Mr. Obama, he has no other way than close this prison.

Now his time is going to an end...

At the end of his time, he will try anything to be remembered as a good president, as a good man, and to justify the Nobel prize, but he has to do everything he can, everything what be possible, everithing to the limit of his possibilities, and may be also beyond of it, to close Guantanamo.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Adeus às armas, às palavras não.






                                                                                    "Vem, vamos embora que esperar não é saber."
                                                                                                                            Geraldo Vandré.



Após trinta e sete anos de silêncio Geraldo Vandré deu uma entrevista que terá alegrado bastante a muito torturador, revelando um Vandré transtornado, evasivo e em negação. Não me doeu, porque pouca coisa ainda me dói, mas certamente foi mais uma vitória da ditadura desfocar meu herói da palavra cantada, apagando para sempre a gloriosa verve, refugiada na negação, inteligente como sempre, apontando um Brasil massificado, com uma realidade que não deseja, que, apesar dos pesares é o nosso Brasil, aquele pelo qual lutamos, pelo qual morremos e com o qual temos que nos defrontar, continuando a luta porque sua realidade ainda é muito distante daquela que desejamos, dá-me vontade de dizer: A luta continua!

Entretanto quando aceitamos em 80 a anistia, aceitamos o caráter de sua generalidade, de sua máxima envolvência, e de que sem restrições assim fosse, portanto não aponto o dedo a ninguém, mas sabemos que há muita coisa que não merece perdão, e se abandonei as armas, não abandonei a palavra, e perante ao muito que fizeram, não me posso calar, nunca me calarei!

Este Vandré lavado, afastado do brilho de sua contestação, sem falar de flores e sem falar de balas, não é propriamente bom, porém não esperava muito de um homem com quase oitenta anos, que passou a metade de sua vida em silêncio, após ter tido um lugar cimeiro na esperança do Brasil, e não se esqueçam de qual é nossa profissão, a mais linda de todas, que o Vianinha nos arranjou, e que a encaramos como profissão de fé.

Não, não podia querer milagres, mesmo que esta tenha sido a história de minha vida. Nunca esperei que nada acontecesse, corri atrás. Porém esperava de um dos meus heróis, o da palavra cantada, ouvi-lo reafirmar que: Valeu a pena! Pois sempre vale a pena quando a alma não é pequena, agora calar não, a pior coisa que há é calar. Todos vivemos de, e com, preocupações, umas maiores, outras menores, não importa! Seguimos em frente. Agora tirar a força de quem canta é o matar duas vezes. Pois quanto a mim, apesar das misérias que passo todos os dias como subproduto de tudo que fiz, como a dura fatura que tenho de pagar por ter sonhado um Brasil melhor,  não me arrependo de nada: Sigo cantando. Valeu a pena! Faria tudo de novo. Tudo de novo outra vez!

"Vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora" e eu tenho a sensação e a consciência irrecusáveis de que fiz a minha parte, que afinal era a do Brasil. Mesmo não tendo evitado a derrubada do prédio da UNE, o meu não, a minha oposição, disse que o Brasil não ficaria mais calado, e que era a hora, e ninguém esperaria acontecer.

Portanto com o respeito que lhe é devido, saúdo desde aqui Geraldo Vandré, porque um homem é seu passado, se sente dores, se sente angustia, se perdeu o rumo, ficam suas canções, ficam suas palavras, porque estas sempre ficam, são eternas, e  nunca as poderão calar, fica seu grito, sua conclamação, seu Canto Geral das Terras de Benvirá, que sempre nos assinalará que é Hora de lutar, porque A luta continua! Vamos embora...





sábado, 11 de abril de 2015

Um nicho vazio.












A vespa asiática avança  100 kms/ano, tendo entrado por Bordeaux, já está no norte de Portugal, e vai se espalhando por toda a Europa. Quando chegar a costa portuguesa terá completado toda a península e terá uma amplitude de abrangência territorial inédita para um inseto em toda a Europa.

É terrível esta situação porque estas vespas são inimigas poderosas das abelhas, destruindo colmeias inteiras na sua luta por alimento de alto teor nutritivo, tendo como alvo principal a abelha europeia, a Apis mellifera, um inseto manso e praticamente indefeso frente a agressividade da vespa asiática, a Vespa velutina nigrithorax, que se compararmos com a da Vespa crabro, europeia, a nativa, a indígena, essa última é um anjinho, sendo, portanto, a asiática muito mais predadora. As abelhas que por várias outras razões conjugadas têm visto seu número decrescer assustadoramente, agora encontra-se sob mais esta ameaça, que tem força mui intensa, que pode mesmo a médio prazo exterminar a Apis mellifera. 

Temos mais uma primavera para vermos se o avanço da nigrithorax continua imparável ou se por razões climáticas ficará circunscrito ao norte de Portugal ou se desce até o Algarves, dominando todo o país. O reconhecimento desta vespa é muito fácil, porque diferentemente das nacionais tem o abdômen muito mais escuro e faz-se logo identificar. A presença e expansão das africanizadas é outro grande problema que sofre as populações da Apis mellifera, tendo todo um equilíbrio muito antigo no continente sido posto em risco.

Um erro de 2004 ocorrido em França liberou esta vespa asiática para o meio ambiente em 2010, tendo se firmado na antiga Gália, invadiu Espanha, no ano seguinte era a Bélgica, e logo em 2012, ainda, invadia a Itália. Tendo dominado Espanha, atingiu Portugal onde há dois anos tem feito razias por todo o norte do país, podendo este 2015 expandir-se vigorosamente em direção ao sul. 


Tudo isto se deve a um único fator, ao nicho desta vespa estar desocupado, não havia em seu padrão e em sua capacidade existencial nenhum outro inseto que lhe bloqueasse a passagem, ou lhe controlasse o número, nenhuma barreira natural que lhe impedisse a proliferação, nenhum predador que lhe controlasse a população, permitindo-lhe ocupar este espaço numa cadeia onde semelhante animal não existia, porque não se produziu neste ambiente, no continente europeu não havia nada semelhante a nigrithorax, logo com sua introdução se lhe permitiu acesso pleno e livre por poder ocupar um nicho vazio.

Foi assim com a carpa asiática em alguns rios norte-americanos, onde se tornaram uma praga, multiplicando-se descontroladamente, sem predador natural, atingindo um número descomunal, e roubando o espaço vital a toda a fauna indígena destes rios, caminhando imparável em direção aos grandes lagos, pondo em risco uma estrutura econômica de bilhões de dólares, e muitos milhares de famílias que vivem desta economia pesqueira, porque, quando as carpas lá chegarem e suprimirem com sua voracidade incontrolável e incontrolada todas as  demais espécies, deixará de existir a pesca tradicional explorada há centenas de anos. À semelhança do que se passa com esta vespa, muito em nossas vidas pode ser ocupado de uma hora para a outra porque mantemos nichos existenciais vazios, e o ocupante muitas vezes não é o que nos convém.






NB: No verão de 2019, atingiu Lisboa.  Agosto de 19.
17/9/19 Um ninho no Parque da Pena em Sintra, destruído na madrugada de 18.
22/11/19 Sabe-se que a produção de mel caiu 20% devido aos ataques da vespa.
                E que na Beira Alta, aparecem há toda hora colónias totalmente mortas.
22 e 23/11/19 Na Feira do mel em Viseu o tema é a vespa asiática, devido ao pavor que suscita.

8/6/2020 - DN : mais de 1100 ninhos destruído...
Eu avisei há 5 anos, agora vai ser cada vez mais difícil.


IMPORTANTE:
                              A detecção de um ninho da nigrithorax, mesmo que não totalmente confirmada, deve ser reportada imediatamente por um desses meios: 
                                                                                        1. Internet (computador ou smartphone) através do portal www.sosvespa.pt.
                                                                                               2. Telefone: 808 200 520 -SOS ambiente.

                                                                                              3. Ou na Junta de Freguesia mais próxima.
                                                                 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

O funil no qual não convinha ter entrado.





Juntaram dívidas a outras dívidas. Não se deram conta do que se estava passando. Permitiram-se, para manter seus modelos de sociedade, e num momento em que havia crescimento econômico generalizado, ultrapassar limites de endividamento com o consequente comprometimento do futuro, para muito além do comportável, desconhecendo o que isto ia representar. Não viram que no frágil equilíbrio da economia, surgiam outros agentes que alteravam totalmente a relação de forças existente, e que isto iria, como fez, criar uma dinâmica totalmente nova à qual teríamos que nos adaptar, e adaptar custa tempo e dinheiro. Empenharam mesmo toda a sociedade, para manterem ilusoriamente seus próprios moldes de funcionamento, hipotecaram premissas de margens de boa gestão econômicas com a credulidade  de quem espera ter outras fontes de riqueza a seu dispor. E vão todos pagar caro por isto. 

A única verdade que permanece é a da pobreza. Os mercados fizeram seu trabalho! (*) Portugal, Grécia, Irlanda, Itália, Espanha, França, e até a Alemanha, estão todos mais pobres. Perderam empresas, perderam clientes, perderam espaços de comercialização que demoram anos a se formar, perderam definitivamente poder de compra, e capacidade negocial, as reservas, e tudo que há, são dívidas, dinheiro que custa dinheiro, e que se dão alguma tranquilidade a curto e médio prazo, dão desespero a longo prazo. Continuamos a cavar num buraco que nos enterra cada vez mais, porém o mais grave é que este buraco onde nos encontramos fica a cada momento mais apertado pela terra que geramos ao cavá-lo.

A imagem que mostra bem o que está acontecendo é a de você estar dentro de um funil, ou se está parado porque obstruiu-se a circulação, ou move-se, mas é  sempre para baixo, e quanto mais para baixo se vai, mais apertado fica, e menos espaço de manobra há. A forma de não se ir para baixo e obstruir a circulação o que para tudo e deixa tudo na mesma, como está, sem hipótese de solução. Estamos no famoso beco sem saída, que, neste caso, é o nosso funil.

O grande embuste de que os mercados diminuindo suas taxas de juros tornarão pagáveis dívidas impagáveis, para irem todos ganhando tempo para adiar um desastre que por ser adiado todos os dias não deixará de sobrevir, não deixará de acontecer, e este desastre, que será a crise definitiva, ou faz sucumbir o euro, voltando a tocar sozinha a moeda do dólar por algum tempo, ou desde já, pois que ou já, ou logo a seguir, assim será; o Yen passará a prevalecer, como já prevalece sua economia que, num longo e demorado trabalho, paciente e bem construído, como só mesmo os chineses sabem fazer, conquistou o mundo. Mas os chineses não merecem ser apontados como culpados de nada, conquistaram seu espaço, que é o de maior economia do mundo, com trabalho, com má situação para seus trabalhadores, é verdade, mas isto é um problema interno da China que não nos compete, foram conquistando espaço e poder por seu próprio mérito, não fizeram chicana no mundo, nem jogadas, nem se fizeram de polícia do planeta. Trabalharam, entraram e furaram em todos os países do mundo vendendo suas bugigangas; e ficaram ricos, riquíssimos, se os outros não fizeram nada e cederam espaço, pior para eles, os chineses não podem ser apontados. O mundo está prestes a mudar definitivamente, já mudou, mas a configuração definitiva está sendo adiada, sobretudo porque convém aos americanos do norte este adiamento, para manterem a falácia de sua supremacia, quando tudo isto desmoronar, cuidado, pouco vai restar de tudo que conhecemos e temos como referência.

O grande problema é que a Europa não soube, não sabe, ver que está num funil onde a colocaram, e que no funil só há espaço quando todos juntos fazem-no, e é entre eles, os que estão no funil, e não podem esperar que por fora a eles mesmos, no funil ou na sua parte exterior, vá ser criado espaço. Terão de partir deste aperto e irem conquistando seu espaço a partir deles mesmo, daquele aperto do funil onde se encontram. Nada lhes será facilitado, não conseguirão um milímetro que não seja conquistado por si mesmos. O problema de a Europa não ver sua condição,  é que a Europa se acostumou a olhar só para si mesma, e como que deslumbrada por sua beleza, esqueceu que há mais mundos por conquistar, ou que estes mundos a viriam conquistar, como ela fez outrora com eles, não perdoando nunca a fatalidade da ocorrência absoluta da condição de que o mais forte engole o mais fraco.


(*) Ninguém me tira da cabeça que estas duas crises que funcionaram juntas, e que começaram no 'sub-prime' dos Estados Unidos, não tenham sido orquestradas. Dentro da guerra das moedas, dentro da resistência do dólar que ao perder sua universalidade tinha inúmeras desvantagens, e não podia aceitar o euro de ânimo leve e sem nada fazer. Sigo cogitando que fizeram artificialmente estas crises, em que ninguém foi punido e que deu uma mão cheia de bilionários, e que tudo isto teve como único objetivo ATACAR A EUROPA! DESTRUIR O EURO!
Escrevi sobre este assunto os seguintes artigos: A couve de Bruxelas, Tirar as consequências das eleições europeias, Dívida impagável, UE: Só o dinheiro impõe-se, Dívida soberana: No Reino da Mentira, Que se lixe a UE, os três da série De boas intenções o inferno anda cheio, e Brave New World. 

terça-feira, 7 de abril de 2015

A Grécia não vai entrar em incumprimento.






Agora que temos a loucura instalada. Agora que temos a insânia solta nas ruas. Agora em que tudo se tornou possível, porque um grupo de inadequados está no poder em diversos países, e não entenderam que a solidariedade entre nações que se formaram em união está acima de todos os outros valores que possam prevalecer dentro desta união, ou que estas nações têm o Direito de fazer diferente, e que podem e devem ser autônomas, manter sua independência e atender ao clamor de suas populações como primeiro objetivo, tudo pode acontecer.

Entre as coisas que podem acontecer estão:
                                                                     1. O fim do Euro.
                                                                     2. O  esfacelamento da União Europeia.
                                                                    3. A perda por parte da Europa  de sua dimensão política, e a consequente menorização de todo o continente, que desmilitarizado como está será presa fácil ou poderá ser o  epicentro de um conflito mundial,  mudando definitivamente a civilização como a conhecemos.
                                                               4. Ou mais restritamente só o desaparecimento da Grécia como nação.

Em qualquer uma das hipóteses, que no caso das três primeiras podem vir em sucessão, nenhuma será a melhor ideia para resolver uma situação que só depende de papel impresso, sim papel impresso pelo Banco central europeu, papel a que chamam euros, que, diferentemente do que se possa pensar, não tem nenhum valor real. O seu valor é fruto da riqueza produzida na zona a que está afeto, riqueza que é o único fator que o credibiliza, e o faz ter interesse a nível planetário, que foi no que se transformaram as economias de dinheiro sem lastro, onde tudo é uma questão de relativização dos valores afeitos ao país ou a zona onde a moeda circula prioritariamente, e, por isto, a solidariedade que devera ser um valor fruto da dignidade e do relacionamento positivo entre as nações, tornou-se um imperativo neste caso pela necessidade de coesão entre nações compostas num grupo, numa união, sobretudo monetária, para que aquele valor atribuído continue credível no âmbito das outras zonas por onde se propaga. Quando esta noção falha, falha a união, e tudo, mas mesmo tudo pode acontecer, por isto afirmando estas possibilidades comecei este artigo.


Vejo as coisas muito mal paradas se a Grécia tiver de emitir dracmas para resolver um seu problema, que é, além de seu, da zona econômica onde existe. Como a usura mencionada por Ezra Pound, este acontecimento será um câncer no azul, a corroer este azul, esta união de nações, onde se instalou. E, de acordo com a Lei de Gresham, sabemos que a moeda má expulsa a moeda boa, logo se houver uma Grécia com Euro e Dracma, em breve será uma Grécia só com dracmas, e em breve, tudo o que a Grécia quer evitar poderá vir a ocorrer, porque os euros que conseguir amealhar deverão ser insuficientes para saldar os compromissos de sua imensa dívida.


Porém o que pode morrer, o que a sobrevivência estará em causa com a rejeição de um apoio efetivo a Grécia em momento tão desesperado, quando há todo um povo que decidiu ir por um rumo, mesmo sabendo que talvez tenha de pagar um alto preço por isso, o que está em causa aqui e agora, é o futuro de todos nós, o nosso modelo de vida, o modelo de vida da civilização ocidental, que tem sido o padrão e o molde pelo qual todas as outras civilizações se querem formatar, alcançado maior ou menor similitude com o modelo, mas por muitos séculos tem sido assim. Perder este patrimônio é mudar tudo! Pode até ser que vá haver um modelo chinês, ou um modelo muçulmano, que, como tantas outras civilizações ao longo da história, a nossa esteja chegando a um fim, quem sabe? Entretanto sabe-se que nunca na história houve uma civilização capaz de atingir tantas realizações e materializar melhor modelo de sociedade do que esta , e que,  apesar de todas as dificuldades, por fim o poder foi parar à mão geral, foi para a mão do povo, e com isto estabeleceu-se uma sociedade mais justa, com este modelo a que chamamos democrático, que ao fim e ao cabo começou na Grécia. 




P.S. 6 de Maio -Conforme diz o artigo, hoje a Grécia deu mais um passo, pagou a parcela referente a sua dívida vencida neste  seis de Maio. NB: Sem receber nenhuma ajuda que a negociação não ficou resolvida, continua a novela.






domingo, 5 de abril de 2015

LOUVAÇÃO.






"Vou fazer a louvação, louvação, louvação, do que deve ser louvado, ser louvado, ser louvado." com a licença de Elis Regina e Torquato Neto, " meu povo preste atenção, atenção, atenção, e me escute com cuidado." Este processo de conquistas diárias dos que perseveram é louvável. "Louvando o que bem merece  deixo o que é ruim de lado":




  1. Louvo o jornalista que não hesita em fazer a pergunta incômoda, dele depende tanta justiça.
  2. Louvo quem tem princípios e coragem para correr riscos, e os oferece à sociedade.
 3. Louvo ao anônimo que em passeata reivindica Direitos para todos, inclusive para os que, na sua  
           comodidade, ficaram em casa.
  4. Louvo os têm coragem para denunciar, quando tantos calam.
  5. Louvo os que não se excluem, quando a 'prudência' é  norma.
  6. Louvo os que sofrem perseguição por ter indicado erros e faltas, quando é tão mais fácil calar.
  7. Louvo os que clamam e reclamam em Tribunal, porque não se conformaram com a injustiça.
  8. Louvo os que dão toda sua vida para que seus filhos subam um degrau que eles não conquistaram.
  9. Louvo os que usam sua capacidade de dar esperança, porque transcendem o humano.
10. Louvo os irascíveis e inconformados, porque eles almejam uma situação melhor.
11. Louvo os que dão sua vida na luta por Justiça, luta que é sempre reprimida com grande violência.
12. Louvo aos que mesmo calados dizem muitos com seus atos, quando muitos falam e não agem.


Louvo a palavra de quem tem força para usá-la.
Louvo, e mais louvo tudo o que deve ser louvado.



Há tanto para ser louvado neste mundo iníquo, onde a Justiça é uma conquista e não um Direito, mesmo assim dificilmente obtida, onde tudo se fez às custas de imenso sacrifício, e só a bravura  dos que ousaram e aceitaram pagar o preço, nos tirou de um mundo de privilégios para poucos, nos querendo colocar num mundo de igualdades e possibilidades para todos, o que vai sendo cada vez mais verdade, quanto mais louvor há destes que elenquei.

























quinta-feira, 2 de abril de 2015

As eleições mais caras do mundo.







As legislativas portuguesas de 2015, vão ser as eleições mais caras de sempre da história da humanidade . Não importando quanto vão custar, vão ser as mais caras, custarão muitos bilhões ao país, já estão custando. 

As eleições que se realizarão entre o fim de Setembro e princípios de Outubro, aguardando marcação pelo presidente da república, e que elegerá o governo do país que sai dentre os que são eleitos para deputados na Assembléia da república, onde o partido que for o mais votado constituirá governo, é o regime parlamentarista, terão um custo imenso ao país. Custo que não sei bem se o país o pode suportar.

Paralisando Portugal por um ano, que começou em Fevereiro, e que irá por este ano fora, as eleições legislativas, cujas contas de seu passivo começam com o custo dos juros da enorme dívida externa do país durante este 2015, que é em torno de oito bilhões, a que se irão somar os custos de milhões de vidas e expectativas paralisadas, que além do imenso custo humano, têm um custo que se pode medir em dinheiro, que é o dinheiro que é jogado fora na previdência social, mais o dinheiro que não é pago nem cobrado a cada cidadão que permanece no desemprego, mais o que ele não gera de riqueza para o país e mais o que não paga em impostos, mais o que custa ao Estado como desempregado, mais um ano de procrastinação de uma dívida impagável, que sabe-se lá onde irá levar o país, podendo mesmo este ano ser fatal, ser a gota d'água, aquela que entorna muito mais volume do copo que o que representa, desandando toda a coisa, e a coisa toda, podendo mesmo desestruturar o país definitivamente. Pobre Portugal e pobre portugueses!

Nesta novela de mútuas acusações e pouca, pouquíssima, substância governativa que se anuncia, irá todo o 2015, sendo que as contas não param, sendo que as necessidades continuam, sendo que o país espera uma rápida e eficiente administração que o faça crescer gerando empregos e esperanças para uma gente que não tem pão à mesa, e se o tem por caridade ou fraternidade, não o querem ter por estas vias, querem o fruto de seu trabalho, mas para isto é antes preciso que ele exista e que possa acolher a tanta gente que deseja e espera ansiosamente trabalho. As eleições que são uma manifestação de esperança para além de serem a festa da democracia, devem-se materializar em possibilidades, devem discutir rumos, devem promover expectativas possíveis, que ver-se-ão materializarem logo que um governo se eleja. Estas eleições, mais que todas, têm de materializar uma mudança de ciclo, um recomeço de possibilidades, e uma porta para que Portugal entre no universo das possibilidades do qual se afastou, tornando-se um país inviável nesta perspectiva em que se encontra, e da qual se deve falar sem medo e com verdade, no objectivo de buscar soluções e estabelecer caminhos pro futuro que dela a tirem. O que ninguém faz, independentemente do cenário macroeconômico.

Entretanto a hipocrisia dos mercados e as suas possibilidades de acesso, infantilmente, sem nenhuma tônica na realidade, mantém a ilusão que esta dívida é pagável no intuito incerto de se ir pagando, e renovando com mais dívida, até que um milagre aconteça, ou até que vá tudo ao fundo. Sou crente em milagres, e os espero bem, o que se dá porém é que eles não acontecem costumeiramente no dia a dia, e, ademais, para que aconteçam é necessário procurá-los, e é para isto que existem renovações, entre estas as eleições periódicas.


É verdade que a forma como a questão grega foi e está sendo tratada não recomenda nenhum contacto com a realidade, falar verdade é uma coisa muito inadequada, e, como tal, perigosa ou infrutífera, redundando uma exclusão, ou numa purga, ou, quem sabe, numa punição. O que, e nenhum caso altera a realidade. As coisas são como são, os problemas existem, para a Grécia existem aos borbotões, para Portugal aperta-se o laço, ainda que todos façam que não vêm, e a ditadura dos mercados mantem-se, e quanto menos se falar melhor.

Não sei como, assim, distante da realidade, sem discuti-la, sem pô-la sobre a mesa, se irá encontrar qualquer solução, mas é assim que as coisas estão, e parece que vão continuar. Talvez espera-se que as catadupas de dinheiro que se vai imprimir no BCE e se vai pôr a circular, ou com um suposto plano de recuperação econômica proposto pela comissão europeia, que ninguém sabe de onde virá o dinheiro para executá-lo, e com a boa vontade da banca que é quem vai se assenhorar das centenas de bilhões de euros que vão entrar em circulação, que com muito boa vontade comece a acreditar na economia real, esquecendo a do casino, que tem sido sua principal preocupação e objetivo, e por fim comece a compreender que toda a riqueza vem do trabalho e da Terra, e só da transformação desta criam-se mais valias que permaneçam.

Aguardando consciência, ansiando que alguém se dê conta de que  sem verdade nada se faz, e que finalmente, caídos na realidade, possamos todos falar de futuro e começar a construí-lo, veremos passar o 2015, com um custo de 10 bilhões, ou como preferem os portugueses, de dez mil milhões de euros, a ser acrescido à sua dívida, para financiar este ano eleitoral, ano de espera sem expectativas até agora que já se cumpriu um quarto dele.