terça-feira, 29 de maio de 2018

O Bloco dos retrógrados. UMA VISÃO D'ALMA.








"...públicas de figuras do PSD a apelar ao voto contra. Pedro Santana Lopes, Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Hugo Soares, Mota Amaral - todos juntaram argumentos para chumbar a legalização da" EUTANÁSIA. (*)

Não importa aqui o sentido de voto, sua legitimidade, ou mesmo as razões políticas desse sentido, mas sim algo mais profundo que faz parte dos 50% com os quais se debate a alma portuguesa, mesmo com argumentos fúteis, contra os outros 50% que quer avançar, muitas vezes também só pelo avanço. E dessa dicotomia um desassossego, uma conflagração, que tem sido desde sempre o desespero ebuliente da formação da sociedade lusitana fundado em crenças controversas que nos deram Aljubarrota, a Usurpação com Miguelistas contra Cartistas, o país velho contra o novo, e tudo que tem sido sempre Portugal, duas metades de uma mesma laranja com sabores tão diferentes.


E então agora no debate e votação da eutanásia se juntaram essas almas apartadas, que foram apeados do poder pela primeira conjugação, quase conflagração, das esquerdas, na história da terceira república portuguesa, como todos os escolhos que elas configuram, a apregoarem argumentação contra a aprovação da lei da introdução da morte medicamente assistida no país. É absolutamente um direito de toda a gente ter opinião, contra ou a favor, não julgo melhor, nem pior, ter opinião num sentido, ou noutro, não defendo, nem ataco, nem a uns nem a outros, sobretudo por ser matéria do foro íntimo, de crenças profundas, baseadas e lastreadas em valores que ultrapassam a argumentação lógica, tendo mesmo laivos míticos, paranormais, sagrados, transcendentais. Não me admito o direito de julgar quem quer que seja por suas crenças espirituais. Ponto parágrafo.

Entretanto as razões da argumentação empregada pelas figuras reunidas as quais o Expresso menciona na notícia, as quais busquei ler para encontrar pontos de seu argumentário que me convencesse no sentido da rejeição, posto que minhas crenças espirituais põem obstáculos grandes a eutanásia, na mesma medida que minhas convicções filosóficas aprovam o direito a por um ponto final na existência em determinadas condições extremas. Nesse trânsito fui buscar argumentos de um e de outro lado. E o que encontrei? Encontrei um rosto de Portugal, cruel, duro, insípido, abastardado, ridículo às vezes. Desde a querela miúda, da que costuma se 
conflagrar entre adeptos de torcidas adversárias, ou entre vizinhos que não se toleram, até aos partidários de valores mais universais e amplos que ao serem discutidos postulam por uma elevação que infelizmente nem sempre está presente, e esta divisão do país demonstra uma pequenez de espírito, uma tergiversação perene de facções beligerantes convictas de sua superioridade intelectual, ou espiritual, poderemos dizer ainda filosófica ou política, seja em que plano for, revelam sempre os equívocos da presunção da posse da verdade, quando esta está um pouco por todo lado.

Então esses donos da verdade, em vez de escolherem argumentos lógicos para, mesmo tendo uma motivação espiritual, promoveram suas opiniões na matéria, seu direito, NÃO! Escolheram foram os mais preconceituosos argumentos, desde terem chegado mesmo alguns a dizerem que só por ser iniciativa apresentada pelos blocos parlamentares da esquerda deve ser rejeitada, até a alma danada que não tendo mais nenhuma responsabilidade política começou a campanha eleitoral mais cedo, destorcendo a realidade, como é seu estilo, para não discutir a eutanásia, mas as próximas eleições.  

Terminado meu périplo pelo argumentário das figuras gradas que se opõe a aprovação da lei que admite o direito de morrer com assistência médica, encontrei-me tão ignorante de ideias que me convencessem de ser contra, como a favor da aprovação de semelhante legislação. Entretanto tinha alcançado uma visão da alma deste bloco de retrógrados, que acham bonito se oporem para poderem fazer política, mesmo aqueles que não tenham, ou não irão ter, mais participação política de espécie alguma, a não ser o voto, pondo esses sentimentos tortos, diria mesmo torpes, sempre a serviço de suas facções, sem se importarem com a matéria que se discuta, com os interesses gerais de orientação requeridos seja em que nível for. 

Triste visão tive de suas almas.


(*) Retirado de uma notícia do Expresso.

sábado, 26 de maio de 2018

1968, 50 anos depois ainda não se realizou.





                                                                                                      Antes que Maio termine. . .

Independentemente do que quer que se tenha conseguido, independentemente do que possa representar, independentemente do nível de conscientização, evolução, legislação, mudanças, ou realização de objetivos pretendidos, independentemente do que possa representar como linha divisória, como aviso, como alerta, e como obstáculo ao desenvolvimento da exploração do homem pelo homem, independentemente de tudo que representa, que, afinal, é um avanço, Maio de 68 está tão presente hoje passados 50 anos como estava naquela época.

Talvez mais presente ainda, talvez mais sem solução, porque as soluções que 68 apontava, já não servem, que os caminhos que se apresentavam como possíveis de serem trilhados, foram lenta e minuciosamente obliterados, Maio de 68 serviu bem como aviso, aviso para que se tomassem medidas preventivas, e os instrumentos do poder viram que na desmaterialização das relações a todos os níveis, a começar pela do trabalho, das finanças, da economia, quando possível, do feixe de vínculos que constroem a sociedade como inter-relação, e com mútua dependência, com o objetivo primeiro de eliminar a dependência do capital ao trabalho, volatilizando-a, transformando os meios de produção numa realidade apartada, cuja única finalidade será cada vez mais satisfazer as necessidades das grandes massas, que se tornaram por sua vez prisioneiras de suas próprias necessidades, a outra componente da equação, cada vez mais dependerá de si mesma, posta e contraposta em estruturas que só dela dependam, realimentação-se como se existisse por si mesma, sem qu participasse da equação. Por isso se formulou o mundo financeiro tão absoluto, e por isso o dinheiro ganhou uma ascensão absurda e irrealista, como se  existisse por si mesmo, como um agente auto-gerador, onde o trabalho, base de tudo que existe, fosse uma não realidade, ou uma ficção.

Alcançada a irrealidade que se antevia em 68, razão da insatisfação pressentida, mas não compreendida, sobretudo pela ignorância dos agentes dessa insatisfação, com a subversão total dos valores que formam a sociedade, com a dilaceração do 'corpore filosofico', não havendo mais regras de decência ou de razão que orientem o todo social, chegamos ao terceiro milênio.

E as inimagináveis transformações do mundo ocorridas neste meio século, com as mudanças absolutas de estruturação do meio social, e, evidentemente, de suas relações, onde a realidade, que se traduz em informação, se dispersa instantaneamente no planeta, e com a formatação das injustiças, e bloqueio definitivo dos antigos caminhos, o 'plano' dos que definem a ação do poder no seio da sociedade conseguiu seus objetivos, e verdade, sendo o mais absoluto deles o controle total das realidades, com suas imposições instantâneas, como, por exemplo, transferir dezenas de bilhões a um toque de uma tecla, ou mesmo sufragar uma alteração da realidade a milhões de almas pela mesma via, posto que com essas mesmas conquistas haja se posto, e posto consequentemente a todos nós de novo na encruzilhada de Maio de 68. Por isso afirmo que este não se realizou, posto que as mesmas insatisfações perduram, as mesmas inquietações fermentam, a mesma opressão aflige.

Não sei quantos Maios de 68 serão necessários, como a Al Queda, ou que nome venha a ter, não saberá quantos onzes de Setembro seriam necessários para atingir seu objetivo não alcançável, porém    
no processo de ação contra-natura que pretende a Al Queda, o gol é a desgraça, já no de dar cobro a insatisfação reinante, o gol é a felicidade, talvez extremos impossíveis ambos, mas que se trilharão pela obstinação humana, sendo que no caso da Al Queda, acabarão as pessoas dispostas a se imolarem pela imposição da estupidez e distorção fanática de alguns, e no caso da JUSTIÇA SOCIAL, pois é disso que se trata, sempre haverá gente disposta a lutar para que ela se imponha.

Esta é quase a história da Humanidade, a da luta contra as injustiças, e as consequentes reações do 'establishment' para manter seus privilégios financiados pelo quanto de subtração de riqueza possa promover aos demais no estabelecimento de injustiças. Porém com acredito que tudo tenha um fim, não essencial, quase sempre, mas episódico, para que toda a ciranda reinicie, tendo portanto dado margem à famosa afirmação redutora mas efetiva, que afirma que tudo deve ser mudado par que tudo permaneça como sempre foi, assim como um vulcão que regurgita uma porção de sua lava para continuar fervendo tudo que tem dentro. Porém sabemos que apesar de ser raro, apesar de ser demorado, apesar de ser ocasional, no processo fortuito do tempo, as violentas erupções acontecem.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A FACE DA TRAIÇÃO.



Há uns quantos dias eu publicava a crônica intitulada O mais perigoso dos Jogos, onde afirmava haver uma agenda escondida da parte do Sr. Trump. Que toda aquela ação de se aproximar da Coreia era mistificação. Agora se confirmou. Logo após King Jong-un ter destruido os túneis dos seus sistemas de rockets, Donald Trump anuncia que NÃO VAI HAVER MAIS ENCONTRO. Além de que isso destrói a ação da diplomacia dos EEUU, além de que isso mostra que enganou o outro, seu igual, além de que isso é uma traição, além de que essa ação unilateral é a própria expressão do descaso, tudo isso prova que Trump busca uma ação belicosa, e que tem uma agenda escondida. assim a Coréia deu tudo e não recebeu nada. Todas as nações do Mundo devem apoiar a Coreia. E Trump no próprio texto de cancelamento do encontro aproveita para desafiar a Coreia, afirmando sua superioridade militar. Coisa mais execrável não há registro. Que Jong-un terá mais juízo que Trump, esperamos, mas que a resposta natural seria guerra, à traição, ao engodo, à mentira, à desfaçatez, não há dúvidas.

http://hdocoutto.blogspot.pt/2018/05/o-mais-perigoso-dos-jogos.html

Procurem O mais perigoso ods Jogos, no motor de busca aqui.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

O MAIS PERIGOSO DOS JOGOS.






                                                                                                         Há uma agenda oculta.                                                                                                


Donald Trump é Howard Beale depois de convencido por Mr. Jensen de que o mundo é feito de corporações, não de países, é feito de negócios, não de democracia, como se passa no filme 'Network', sobre a realidade televisiva e sua distorção da vida real, enfatizando umas quantas coisas, e menosprezando outras. Trump foi um homem com nome feito na televisão, e lidou com essa distorção da realidade. "You're fired!" foi sua frase de eleição nesse mundo de distorções, sabendo que criar imprevisibilidades é uma maneira de ter sucesso, de se projetar na mídia, e que esse fator e suas implicações, com sua grande amplitude no meio social criando através dos imprevistos uma realidade paralela, que substitui a realidade do dia-a-dia, e a suplanta, subtraindo-a com tudo mais  que é importante, e pondo essa realidade ficcionada, ou criada, paralela à outra que existe por si mesma, e posta no lugar dessa, permitindo que os interesses que esta governa assumam o comando. Mr. Trump, muito bem assessorado, vem lentamente fazendo a transição. Com essa mesma equipe oculta que o levou ao poder, que mexeu os cordelinhos certos para leva-lo para a Casa Branca, e ele lá está disseminando essa network (teia) de interesses ocultos, como único e principal meio de governar, fazendo dinheiro, e se o americano médio não for atingido pelos benefícios que daí advierem, então, sua ação estará consumada.

É bem verdade que como na "Igreja do Diabo" o conto brilhante de Machado de Assis, tudo volta ao anterior porque a humanidade tem raízes profundas, coligadas com as coisas decentes desse mundo, mas ter-se-á pago enorme preço no atendimento desses interesses que se movimentam ao redor do Sr. Trump, e que o criaram com a única finalidade para qual existem: MAKE MONEY! E fazer dinheiro a qualquer custo, pouco importando quantas vidas irá custar, ou quanto do futuro será empenhado, e, mais  terrível: O QUÃO PERIGOSO PODE SER ESSE JOGO, se algo der errado.

Como nos alertava o computador em "War Games"(outro filme marcante) após ter analisado todas as possibilidades necessárias para se ganhar uma guerra termonuclear, dizendo ao cientista que o havia programado: "Strange game professor, the only way to win is not play." Porém o Sr. Trump está jogando o jogo através do único canal que lhe dá acesso aos comandos do jogo, a sala oval da Casa Branca. E somos todos parte nesse seu perigosíssimo jogo, e só porque estamos nesse planeta. Tenhamos em atenção que certos lugares de comando ao serem ocupados por gente que não hesita em mentir e enganar, que não titubeia em promover interesses, os mais perigosos, com o único intuito de auferir lucros, nos põe a todos em risco mortal.

Por mais de uma vez clamei pelo impedimento do Sr. Trump continuar a desempenhar as suas funções de presidente, e o fiz por razões de dignidade e ética. Hoje o faço no interesse de salvar vidas, de prevenir um desastre, de evitar conflitos, talvez até de salvar a Humanidade. Porque estamos todos a jogar, voluntária, ou involuntariamente, O MAIS PERIGOSO DOS JOGOS.

domingo, 13 de maio de 2018

A Arrogância ao morrer.






                                                     A ÚNICA SOLUÇÃO PARA A VIDA É A MORTE.
                                        RESPEITAR O ADVERSÁRIO É MAIS QUE TUDO REPEITAR-SE.
                                               A GRANDEZA DE EXISTIR ESTÁ NA SUA INCERTEZA.
                                        PACTUAR COM A VIDA É ACEITAR SUAS IMPOSSIBILIDADES.
                                           A CADA INSTANTE SOMOS FÉRTEIS POR SERMOS NULOS.
                               O TODO E O NADA SÃO O VERSO E O REVERSO DA MESMA MEDALHA.
       


Pode alguém ser arrogante na morte? Sim pode! Ao dizer basta, escolhendo-a como opção, agimos com extrema arrogância, com a total presunção da altivez.

Botânico e ecologista, Dr. D. Goodall certamente não amava a Natureza, nem a vida em sua inteireza. Cansado de viver, aos 104 anos resolveu por fim à vida, não porque essa estivesse terminal, mas porque não tinha a qualidade que ele esperava dela. A vida e todas as suas condicionantes, as que as tornam tão rara no universo, bem como as outras que estabelecem os padrões de sua manifestação, são em si mesmas um dom, dádiva absoluta a ser gozada, e, bem mais, a ser entendida e aceite com todas as suas condicionantes e limitações, para que o espírito mergulhe na universalidade infinita de sua manifestação como aquilo que é: uma presença! Essa presença que deve ser aceita e recebida com seu quanto de eternidade e brevidade juntos ao mesmo tempo, no supremo antagonismo dos extremos que se tocam. Só essa verdade concilia, une, e abre o universo de encantamentos a que chamamos vida. E no processo de aceitação encontra-se a inteireza daquilo que podemos entender por viver!

Receber a presença basta para a plenitude de a podermos, e de a estarmos, a receber, porque ela é dadivosa, e se dela nos damos conta, é porque ela já foi generosa conosco, dando-se a nós. Querer qualifica-la e determinar quais suas qualidades devo aceitar ou receber, como faz quem compra um bem, um utensílio, uma utilidade para seu uso, é desprezá-la como dom, é diminuí-la, é restringir seu contesto infinito para malbarata-lo como se fora algo mesquinho e diminuto na ambiguidade de sua grandeza, e roubando-lhe a dimensão infinita a querer pôr um ponto final que só ela mesma pode e deve por em sua etapa de manifestação, assim re-dimencionando sua perspectiva, é algo como o que se passa com quem se lança ao mar, pois sabe-se nas mãos de forças descomunais que, em muito, ultrapassam as possibilidades de quem nelas se lançou, e, portanto, deve-se cingir a elas. Querer governa-las, é um ato de estupidez e impossibilidade. E todo aquele que estupidamente deseja o impossível, viola o que de mais sagrado há na existência, o pacto do possível, esse que nos é dado como dádiva, nos é favorecido como entendimento, e que se manifesta como amor, mas dentro de parâmetros, porque mesmo o amor que é infinito em suas possibilidades, sabe que só existe dentro de parâmetros. Alguém que aceite morrer para dar a vida a outro sabe que não pode, alguém que deseje ser ele a sofre para dar a alegria a outro, sabe que não pode, ainda que, não obstante o possa desejar.  Violar o pacto? Só mesmo com a morte, e nessa o fim do pacto e o começo da miserabilidade, essa condição esdrúxula da existência que nos rouba a beleza, e que nos exclui, mesmo antes de manifesta, pois só em sua intenção já somos miseráveis, além do ato de extrema covardia que isso representa.

Como podem perceber essa apreciação não é em absoluto, não é aplicável a todos os casos, eu posso entender a eutanásia para alguém que em fase terminal, sem solução, onde e quando o pacto do possível já foi quebrado pela própria vida, queira se evitar enorme sofrimento, imensa dor, eu não o faria, mas entendo completamente, mas fora desse parâmetro, determinar a morte é apenas um ato de arrogância, de pretensão, o mesmo de quem compra um relógio cravejado de brilhantes, quando a intenção ao se comprar um relógio é possuir sua capacidade de dar as horas, que, é suposto se desejar seja a mais acurada possível, que tenha alguma graça estética o relógio, é acessório, mas é aceitável, mas que seja uma jóia caríssima, é apenas pretensiosidade.

Quem tem a arrogância da morte, de determinar a morte, está a mergulhar na negação do pacto do possível por achar que é seu direito pôr o ponto final, dispor do entendimento recusando o favor, como alguém que pudesse dominar o contesto, fugindo ao pacto, menosprezando o favorecimento que lhe foi dado, e é também recusar o amor, pois que o amor é vida, e a morte sua negação. Nessa situação, ultrapassando a situação de vida, que é sempre limitada por algum fator, e que temos de aceita-la como é, e dispor-se a termina-la, ÚNICA ARGUMENTAÇÃO POSSÍVEL À SUA NÃO ACEITAÇÃO COMO QUER QUE ELA SE APRESENTE, É AO MESMO TEMPO FUGA ABSOLUTA, SUPREMA COVARDIA, E DERRADEIRA ARROGÂNCIA!

quarta-feira, 9 de maio de 2018

"Um mundo de corrupção moral..." A circunstância dos ódios e das retratações.





                                                                                                      A lição de Inês Pedrosa.


O nome PachecoPereira não foi mencionado em momento algum, mas não poderia estar mais presente, ou mais evidente, posto que criou-se um contraste muito forte, muito vincado entre a Dra. Inês e o Dr. Pacheco.

Ao comentador cabe comentar.

Quem escolheu essa função, que serve à sociedade para elucida-la, para aclarar pontos subjetivos, que, como tais, necessitam de análise porque se encontram na correspondência, havendo ou não simetria, daqueles atores que estejam envolvidos no assunto em questão, que tendo suas razões, essas devem ser avaliadas em confronto com a dos outros atores também envolvidos na referida questão, com o intuito de mostrar os diferentes interesses em jogo, as diversas razões, as múltiplas intenções que o caso envolva, devendo portanto limitar-se a essa específica atuação, podendo tirar conclusões na avaliação dos interesses que observou, ou das razões que cada parte terá tido para ter agido como agiu, das verdadeiras intenções que motivaram aqueles agentes a agirem ou reagirem como se observou, como agiram. Nada mais.  Ao comentador não lhe é dado ter opiniões na matéria, não lhe é permitido tomar partido, não é lícito demonstrar sentimentos, porque em qualquer dessas situações deixará de ser comentador ou para ser agente no caso que comenta, ou para criar corrente de opinião, o que, em ambas as situações, destrói a credibilidade do comentador, e, com seu status alterado, sendo portanto de alguma forma parte da notícia, da matéria que para além de a comentar agregou sua opinião, mostrou seu sentimento. Os sentimentos do comentador, que os terá certamente, nunca podem vir à tona, porque nessa emersão destroem a função mais nobre do comentador que é elucidar a quem o ouve, a quem o vê, ou a quem o lê. Das diversas componentes do quadro avaliado, para que seu ouvinte, seu leitor, seu tele, ou próximo, espectador, possa, munido de sua análise, tirar sua conclusão final, fazendo também a sua análise ao caso. As conclusões que terão sido enunciadas pelo comentador deverão apenas ser de ordem avaliativa dos fatos e dos valores nesse envolvidos, ou das razões que não eram evidentes, conforme já o disse, e nunca daquilo que acha, sente, presume, pressupõe, ou mesmo sabe ocultamente o comentador, mesmo se tiver uma informação desconhecida que traga à colação, deixa, nesse momento, de ser comentador, passando a participar da trama como denunciante. A maioria dos comentadores, infelizmente, faz isso.

Tirar a conclusão.

Essa ação de concluir, não é julgar, porque quem recebe a informação, mais o comentário que a enquadra e elucida, NÃO É JUIZ, tomara sua nota, entenderá o que passou, poderá ter algum sentimento, mas NUNCA arvorar-se em juiz, e resolver concluir o caso com um julgamento do que se terá passado, o que será apenas opinativo. Todo julgamento é subjetivo, e não cabe aos sem toga fazê-lo. Triste a função dos juízes a quem compete julgar, que recebendo a 'toga sórdida' dos réus, passaram a ser eles os dignos de pena, e essa toga negra, dos juízes e advogados, são o símbolo da investidura, de que não são eles que julgam, mas a lei acima deles. Logo não compete a ninguém julgar, podendo tirar conclusões sem pretender assumir as funções magistrais, ou mesmo as do 'uestiplicae' pois a ninguém se deve impor a toga. Julgamentos, muito menos em praça pública, não são tirar conclusões, nem definitivamente comentários.

Dos sentimentos.

Em toda a ação humana há sentimentos, há cores opinativas, há inclinações emocionais. Quem as não souber controlar NÃO PODE SER COMENTADOR. O valor intrínseco, a qualidade, a substância do comentador reside em sua isenção. O comentador a demonstrar sentimento perde a isenção, deixando de ser comentador. Entre os diversos sentimentos a que estão sujeitos os seres humanos, há os mais intensos, como os há mais ligeiros, dentre os de virulência maior, que demonstram maior acrimônia e violência, está o ódio por oposição ao amor, que sendo paixão desenfreada, rouba o critério, empana a isenção. Por tanto todo o sentimento é anti-comentário, e o ódio em especial, é perturbador, e, sabemos, que do comentador é esperada serenidade.

Responsabilidade.

A Dra. Inês Pedrosa no programa intitulado "O último a sair apaga a luz." de quatro passado, deu uma lição do que é ser comentador, aliás no programa só a Dra. Inês e o jornalista Joaquim Vieira têm a contenção necessária para o feito de comentar, sendo sua ação a de sempre questionar, estranhar, promover a atenção, chamando-a, e não postulando-a, ou se envolvendo. Pois a lição foi afirmar sua postura como comentadora, após achar positivo o aumento das ações judiciais,  dizendo verbis: "Ninguém me ouvirá dizer o que que eu posso pensar, porque aqui enquanto eu estou num espaço público eu estou a comprometer essa presunção de inocência..." Nem mais, e usou sempre o tempo presente, o que mais demonstra a consciência perfeita de sua responsabilidade.

As retratações.

Portanto a responsabilidade do comentador está em não ter de se retratar, ou seja, expressar-se de forma tal que não dê margem nem ao equívoco, nem ao juízo injustificado, logo arbitrário, e arbitrar é julgar, voltamos a vaca fria, logo nesse espaço de corrupção moral, e a expressão no título está entre aspas porque foi referência da Dra. Inês Pedrosa também, posto que é na corda bamba que ao comentar e não avaliar, só referir apenas, é que andam sempre os comentadores, portanto é invocado tantas vezes o direito de resposta, o desmentido, e há tantas retratações, aqui devemos chamar à cena também os políticos, que tantas vezes têm de voltar e mudar o que haviam dito. Fica-nos de tudo isso uma certeza: quem seja apenas COMENTADOR É COISA RARA!

sábado, 5 de maio de 2018

Dia da Língua portuguesa e da cultura lusófona.

66


MINHA LÍNGUA


Tudo quanto amarei
No mar largo escondido
Foi em ti que encontrei
Com sentido perdido

Oh minha língua
Tão pura, tão casta
Tão crua, tão gasta
Que quem dela cura
Pela ganga se arrasta
A que impura, brilha
Que do infortúnio é corte
Que sepulta, deslumbra
És vida sem morte
És luz sem penumbra
Maravilha e sorte

De tuas palavras
Compus meu ofício
E em tuas lavras
Assumi meu vício

Ao perder-me em ti
Em min me encontrei
E em cada verso reli
Sonho bom que sonhei

Que o sentindo, a senti
E sem ti o perderei
Pois bem sei que é em ti
Tudo quanto amarei.