terça-feira, 11 de setembro de 2018

A FALTA DE CONSCIÊNCIA GENERALIZADA.










O Ministro da cultura Sérgio Sá Leitão diz-se de consciência tranquila,  O diretor do Museu, Alexander Kellner, o reitor da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e mais todos os dirigentes governamentais, também, terminando nessa coisa que ocupa a presidência do Brasil atualmente, porém são todos responsáveis, todos igualmente culpados.

O Brasil que agora irá viver por séculos de empréstimos de coleções estrangeiras para tentar educar suas populações, posto que o brasileiro médio que poderia indo em turismo ao Rio de Janeiro, ou mesmo estando em sua cidade, ou capital de seu estado, através de uma exposição itinerante receber uma carga de informação do enorme estoque dessa que existia no Museu Nacional da Quinta da Boavista, agora não pode mais, porque este pela incúria e falta de responsabilidade já não mais existe, e estará dependente da boa vontade de entidades estrangeiras que, por empréstimo, concedam que seus tesouros nos venham visitar. O que será de todo uma incerteza, pois eu não permitiria, se acaso fosse diretor de qualquer museu, que parte das coleções deste fossem expostas no Brasil, um país que nem tem água nas bocas de incêndio para debelar a eventualidade de um qualquer fogo inesperado.

Pois, justo agora, em que o Brasil mais dependerá de empréstimos estrangeiros para educação de seu público, os aeroportos nessa onda de falta de consciência que se generaliza no paíslança mais um empecilho, esse Brasil que está de mal consigo mesmo, esse que, pós-Lula, tomou consciência e experiência de muitas outras possibilidades existenciais, como esta de ter tempo, dinheiro e interesse de ir a um Museu se ilustrar, bem como a de poder comer um bife, e sabe que se o poder voltar para as mãos da elite dominante, jamais verá museus e comerá bifes, e agora zanga-se consigo mesmo e faz escolhas absurdas, sobretudo a larga faixa situada na classe média C, que sem cultura, muitos filhos e netos de gente da média B ou A, ou ainda superior, sendo desconhecedora das realidades econômicas, sociais e políticas, faz escolhas emocionais destorcidas, longe de um entendimento de longo curso, só sugestionados por uma esperança vã. Esse entendimento tão necessário para que se saibam as prioridades da governação e sua escolha, consequentemente. E que estas residem nas coisas que não podem ser repostas, a vida humana e o patrimônio comum, sobretudo o cultural, portanto o bem governar começa em preservar a vida humana em todos os seus aspectos, começando pela sua própria preservação, que se traduz em combate a criminalidade, bons hospitais e em número capaz de atender folgadamente a demanda, emprego com salários justos, que dividam a imensa riqueza brasileira, dando a cada um capacidade de uma vida decente que abranja a todo trabalhador, e por aí fora, até ter certeza de que há água nas bocas de incêndio na eventualidade de um qualquer sinistro, passando antes pela prevenção desses, bem como pela adequada preservação do patrimônio em prédios condizentes e com a segurança mister.

Pois justo nesse momento de tragédia e desespero da enorme perda irreparável, os aeroportos deixam de cobrar por peso da mercadoria transportada, quando esta é uma obra de arte que esteja entrando no Brasil temporariamente, e isto quer dizer que venha para ser exposta, para passar a cobrar uma taxa percentual sobre o valor da obra. Pergunta-se: Que importância tem o valor da obra para o aeroporto, ponto de entrada dessa, que nada mais faz que o serviço de dar-lhe passagem? É uma extorsão essa cobrança despropositada. Suponhamos que o Louvre nos emprestasse a Monalisa, coisa que nunca ocorrerá como aconteceu com os Kenedy na Casa Branca, mas se tal acontecesse, o aeroporto por onde essa entrasse cobraria mais de 20 milhões de euros para deixa-la passar. Isso entra na cabeça de alguém? 20 milhões de euros é a avaliação do patrimônio da maioria dos museus brasileiros exceptuada a meia dúzia do topo.

Contudo essa é uma hipótese  remota, mas há realidades em movimento que são de pronto afetadas por esse despropósito que só prejudica "ao povo brasileiro", conforme esta escarrapachado nas páginas do NY Times de ontem, para ainda mais desmoralizar a já desmoralizada credibilidade brasileira, e, agora mesmo, quando o MASP está preparando uma fabulosa exposição retrospectiva de Van Gogh para 2023, onde se pensa reunir uma expressiva porção de sua obra, com os preços atuais que atingem a pintura do fabuloso holandês, o total pode ir facilmente aos bilhões de euros, 4, 5, 6, dependendo do que nos emprestarem, o que poderia, com esta insana taxa de 0,75%, atingir várias dezenas de milhões de euros só para que entrassem no país, o suficiente para que o MASP pudesse  adquirir até mesmo um Van Gogh. Se isso entra na cabeça de alguém.

A falta de consciência generalizada no Brasil está atingindo as raias do absurdo e da loucura, o que parece o novo normal instalado da estupidez.



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