terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Entre os homens só há uma raça, a humana.

Somos todos macacos, e, como é sabido, nossos ancestrais primatas evoluíram, muito provavelmente, desde o Australopitecus afarensis, a conhecida Lucy, o primeiro macaco bípede, derivando em muitas espécies, das quais só restou uma, o Homo sapiens sapiens, nós, bem entendido; tendo todas as outras, inclusive os outros Homo, sido extintas. Homo sapiens é a única espécie do gênero Homo.
Entretanto na Natureza ocorrem variações como resposta, além da evolutiva em outras espécies ou sub-espécies, por exemplo as variações de padrões como respostas alternativas às pressões ambientais de vária ordem, desde as sexuais, necessárias à perpetuação da espécie [hoje nos humanos é muito reduzido qualquer dimorfismo de natureza sexual, mas em Artrópoda, por exemplo, este é muito acentuado, ocorrendo em quase todos os insetos muitas variações dimórficas sexuais, que são bem visíveis e vincadas] até às respostas aos padrões climatológicos, acentuadamente demarcadas com características adaptativas às variações de latitude, como resposta às diferentes radiações ultravioleta (Esta a razão de haver diferentes pigmentações cutâneas – latitudes mais altas = pele mais clara, latitudes mais baixas = peles mais escuras – o receptor melanocortina [hormônios peptídeos] atuam nessas respostas.) o que tem repercussão alelomórfica, com taxas de mutações variáveis, e com diversos polimorfismos. No entanto não há diferenças genéticas significativas (ref. Geneticista Alan Templeton).
Macho e fêmea de Ornitoptera croesus. Dada esta gama de variações, historicamente buscou-se o conceito de raça para estabelecer uma categorização biológica que se consolidasse como taxonômica, pela evidente relação fenotípica entre a herança ancestral e os nossos genes, mas que não passa daí, apenas uma relação, que por ser muito visível da-se-lhe importância que não tem, criando uma divisão em grupos, d mesmo modo que os sanguíneos, mas é só isso. NESSE ENTENDIMENTO NÃO PODERÁ HAVER MAIOR EQUÍVOCO, duplo aliás. É como a peta que nos prega todos os dias o Sol “ao percorrer os céus”, fazendo-nos crer no Geocentrismo em lugar do Heliocentrismo real, nossos olhos nos enganam, mas este equívoco está resolvido há 400 anos graças ao genial florentino. Já o equívoco de existirem raças humanas, como a maioria de nós terá estudado no colégio, e que ainda permanece na cabeça de alguns, é absolutamente inadmissível e disparatado depois de que Craig Ventel, em abril de 2000, sequenciou o genoma humano, revelando, para além de qualquer dúvida razoável, que somos todos de uma mesma “raça”, de uma mesma espécie, todos nós os humanos que por cá andamos. O outro equívoco é de que este conceito possa continuar a ser usado em Biologia como uma possível noção de “esclarecimento”, ou “explicação”, seja do que for, e pior ainda em Sociologia como reflexo de uma taxonomia absurda e inexistente (Siga-se a recomendação publicada na Science Vol 351, issue 6273, de 5/2/2016 págs 564 e 565.) equívoco que, refletindo-se no léxico, faz com que a parte do vocabulário cujas palavras e expressões envolvam ou derivem da palavra raça, deva ter suas definições urgentemente alteradas, posto que palavras como racismo, racista, e ‘racé’ para os humanos, baseiam-se num conceito sem o menor fundamento científico.
ENTROPIA PSICODÉLICA. O antropomorfismo condicionado de diferentes etnias, faz com que exacerbem as reações do cérebro reptiliano à similitude, ou diferenciação entre grupos, estabelecendo associações positivas e negativas, conforme o caso. É muito reveladora a experiência desenvolvida no Chile pelo Neurologista Facundo Emane, fazendo-nos crer, à primeira vista, que esse impulso associativo é biológico. Dr. Emane colocou eletrodos em milhares de Mapuches, mostrando-lhes fotos de diferentes grupos sociais, a resposta foi quase instantânea, com o cérebro apercebendo-se imediatamente se faziam parte de sua etnia ou não. E de forma preconceituosa associava a imagem a algo positivo se sim, se fossem de sua etnia, e a algo negativo em caso contrário. É plenamente compreensível, face a História da Humanidade, que dêem-se essas associações, posto que deve-se sempre identificar o inimigo, e que devemos sempre estar precavidos, mas esta reação comportamental fica-se pela individualidade cultural, posto que, com o grupo, em sociedade, temos de aceitar os outros, diferentes que sejam, e os temos de aceitar como iguais, uma vez que não há sub-espécies humanas, caso contrário entramos no reino da entropia, e entropia psicodélica, porque as relações humanas são as da aceitação do diferente, e diferente em todos os sentidos, não agir assim é disseminar o caos, é perturbar a ordem da Natureza no que ela tem de mais profundo e abrangente: sua diversidade. Abandonando a conceituação hipocrática, que tanto, ao longo de 3 milênios, tem servido aos preconceitos “Claros = valentes X Escuros = covardes”, sem esquecer que o oposto também tem servido de elemento motivador de repulsa, com declararam achar os chineses aos europeus, bem como os indianos, por sua vez, no mesmo diapasão, o que em nada impediu milhões de cruzamentos, a que gostavam de chamar inter-específicos ou inter-raciais, também duas rematadas tolices preconceituosas, que ainda hoje se mantêm e propalam. DISSONÂNCIA “ÚTIL”, OU AGRADÁVEL. Como lamentavelmente o número de preconceituosos de toda ordem permanece em percentual significativo, ainda que sempre bem minoritário, devemos ter em atenção os disparates difundidos, e combatê-los, como São Paulo na segunda carta a Timóteo nos ensina, e nunca nos arredarmos da luz da ciência que deve iluminar nossos corações, posto que um dislate, por mais repetido que seja, nunca se tornará sensato, nem uma mentira, verdade.

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