sexta-feira, 29 de março de 2024

Inesquecível e Imperdoável - Unforgettable and Unforgivable,

No dia da mentira.

Dia em que a mentira foi tanta, que inclusive mudaram o dia do golpe. O golpe militar contra a democracia e o governo progressista do Brasil dado em 1964, se deu no dia 1º de Abril, com o conluio das altas patentes, valendo-se das estruturas militares brasileiras, lideradas pelo exército, que dispõe das tropas necessárias para impor um regime ditatorial.

D I T A D U R A.

Tomado o controle do país, instala-se uma ditadura militar que promove valores, posições institucionais e de pessoas, que consolidaram as ideias fascistas que norteavam muitos movimentos que se difundiram pelo Brasil, e que são as raízes e geratrizes de todo esse processo que perdura até hoje. Foram 21 anos de perseguição, tortura, mortes, censura, extermínios e implantação de ideias e 'ideais que favoreciam e favorecem grupos que se beneficiam economicamente das riquezas do país, desde os tostões dos bons salários, até aos bilhões de empresas como a Petrobrás ou as dos minérios e das terras onde se desenvolve o agro-negócio, griladas em grande parte.

Para impor as injustiças, as benesses e as perversões, buscaram apoio exterior, entregando as riquezas do país em grandes negócios e vendas de matérias primas, 'comodities' em vez de venderem produtos industrializados, hematita, magnetita, bauxita, que estão nas mãos dos interesses estrangeiros que controlam os negócios das 'comodities'. Façam uma pesquisa rápida e vejam na mão de quem estão os negócios dos minérios brasileiros, em vez de haverem mais CVRDs, Companhia Do Vale do Rio Doce.

A resistência esteve sempre ativa. Para impedir sua ação, quase cinco anos depois lançaram um após outro atos coercitivos, o ato institucional (atenção ao nome) de número 5 (fins de 68) foi o mais restritivo das 17 medidas lançadas para dar foros de legalidade às suas ações anti-democráticas. Não podemos esquecer o que foi feito e continua sendo feito (Atenção!!!) como uma jogada internacional, não esqueçam a refinaria que Bolsonaro vendeu recentemente ao desbarato, uma vez que o GOLPE DE 64 tem sua gênese e gestação voltadas para atender aos interesses estrangeiros.

T O R T U R A.

Do outro lado da História houve gente que pondo suas próprias vidas na balança, resistiu. Combateram, se opuseram a esse processo de entrega das riquezas da nação, e lutando de todas as maneiras possíveis para evitar o descalabro, e levantar as massas, uma vez que o mais poderoso elemento a dar um basta e a estabelecer bloqueio às ações danosas é a OPINIÃO PÚBLICA, essa que demora muito a reagir, mas que acaba por ser despertada. Para bloquear toda a ação de resistência, prendiam e torturavam aos que ousavam se manifestar, ou trabalhar contra as ações de disporem das nossas riquezas contrariamente aos interesses do Brasil e lutar pela liberdade. Pau-de-arara, afogamentos, porrada, privação do sono, enfiar fósforos debaixo da unhas e acendê-los, etc… etc.. eram as especialidades destas criaturas que se dispuseram a amedrontar, torturando aos infelizes que caiam em suas mãos. De um e de outro lado da trincheira estava gente que podemos sintetizar em dois nomes: Dilma Rousseff e Brilhante Ustra, a torturada e o torturador. A História que prossegue traz luz aos interesses de uma e de outro. Não é preciso dizer mais.

A vontade e o agrupamento dessa gente continua.

Em 1982 eu estava em cima de um caminhão na Baixada fluminense na campanha do Brizola, quando vejo que minha presença incomodava um grupo de pessoas que estava junto as caixas de som, presas a um poste - não revelarei nomes. Mais tarde vim a saber que eram os matadores que não conseguiram cumprir o contrato de me eliminarem. E foi por puro acaso. Como tinha escapado por pouco a duas bombas, havia logo depois desaparecido, o que não lhes permitiu terminar o contrato. Às bombas também foi por pura sorte: A primeira foi no show a que me levaram para falar sobre a Ação Popular que eu estava fazendo contra a derrubada do Prédio da UNE (União Nacional dos Estudantes). Estava em palco, e logo após a apresentação do Chico Buarque, eu falei; e como morava em Niterói fui logo embora, não vendo o resto do show. Da Barra da Tijuca até Icaraí de ônibus e barca, leva tempo. Só soube no dia seguinte que tinham explodido uma bomba no Riocentro. A outra foi pouco depois, na sede do HORA DO POVO, jornal onde era diretor, e puseram uma bomba debaixo da minha secretária. No dia anterior a explosão da bomba, que matou muitos companheiros meus de redação, uma gatinha em que andava de olho há muito tempo, deu sinal verde, resolveu jantar comigo, e ficamos até altas horas da noite. Acordei muito tarde, e não fui para a redação como fazia todos os dias. Salvei-me da segunda bomba e não quiz experimentar a hipótese de uma terceira.

Senti na própria pele todo esse processo da Ditadura Militar no Brasil. E bem sei que nunca se dispersaram. Passaram a atender a outros interesses, como milícias e assassinatos a soldo. E no primeiro momento que puderam atuar, o fizeram, e andam por aí fermentando mais outras coisas. Por isso fui contra a Anistia, queria pagar pelo que dizem ter sido nossos crimes, e ver também na cadeia os outros, que sob o abrigo das estruturas do Estado, prendiam, raptavam, torturavam e matavam.

Como sabemos isso não acabou. E temos que lembrar de tudo, para que nunca esqueçamos, e que esta memória seja o alerta mister para que a História não se repita. DITADURA NUNCA MAIS.

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