sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Afélio e Periélio

Duas palavras conhecidas e que quase nunca as utilizamos,e que em sua sucessiva ocorrência nos trazem as quatro estaçãoes, assim como a rotação da Terra nos traz os dias e as noites; ações que combinadas permitem aquilo a que chamamos VIDA esse bem tão precioso que contraditoriamente preservamos e desrrespeitamos ou atacamos à vez, na insania humana de gerar e matar, todos os dias, todas as horas, como se num determinado ângulo, o equívoco que encerra fosse natural, e só o é na medida em que carecemos de vida para mantermos vida, e aínão é equívoco. Assim quando o leão caça e devora a gazela, tira uma vida para manter outra, muito bem, é assim. No entanto quando matamos para que o outro não exista apenas, sem o propósito de manter a vida, abandonamos a faixa do normal, para ingressarmos na do injustificável, porque essa relação de vida e morte, permanente ação no Universo, foi quebrada no que ela tem de tangível, uma vez que abandona o natural, e torna-se abominação. Nos ciclos de vida e morte que gerem o planeta numa sucesssão infinda, tudo se manifesta à vez, gerando as possibilidades, mesmo quando esta possibilidade é a morte. Perguntem às flores de cada estação, aos frutos em cada época, aos bichos que comem outros bichos, inclusive nós que também somos bichos, e teremos as diversas possibilidades. A das flores tornarem-se frutos, estes que são alimentos, como os bichos devorados, e que mantém vida com a sua, e que manterá o equilíbrio das coisas, o da própria vida que desse modo estará mantida pela limitação gerada, uma vez que tudo tem limite. Assim pois, quando o Sol se afasta a caminho do afélio, leva seu calor consigo, nossa fonte de vida, ou o fruto devorado deixa sua semente algures, ou o animal, mantendo uma população possível aos que devora em seu espaço de existência, tudo opera para justificar que estes enormes contrários realizem esta maravilha tão banal e tão rara da Vida, vida que queremos plena, de tal modo poderosa manifestação, que justifica todas as mortes que gera. Temos em seu contrário que uma morte que não mantém ou gera vida, é absolutamente irrazoável, posto que inaceitável, como toda a estupidez o é. O despropósito recusa nada, inadmissível que é. E se assim é, porque a banalizamos em desrespeito ao que há de mais precioso? Assim parece. As guerras, do mesmo modo como o Sol, vêm e vão, só que o que deixam não representa nada além do grande fruto de nossa estupidez: mortes injustificadas. Passos sucessivos da inconsequência e irreflexão, resultantes de um menor descortino, os atos guerreiros que têm sido a História da Humanidade, são também a maior confissão de sua falta de entendimento, da manifestação dos impulsos precários que regem a violência, esta manifestação pronta da falta de entendimento verdadeiro, falta de questionamento e introspecção, cujo maior exemplo é a afirmação superior e determinante que é feita ante um grupo de homens irrefletidos. Conhecem a história. Trouxeram-lhe uma mulher sob a acusação de adultera, que, pela lei mosaica era passível de lapidação. Tinha já o grupo as pedras na mão, eram fariseus e doutores da lei que buscavam incriminá-Lo, e queriam por outro lado matar a mulher a pedradas. Envolvendo-O, incriminá-Lo-iam, porque sabiam que em hipótese alguma Ele aceitaria a lapidação, logo seria contrário a lei, portanto culpado, no entanto questionavam-no, insistindo: E Tu que dizes? Sua resposta dá-se colocando-se entre os agressores e a acusada, incitando-os: ⁷ Aquele que de entre vós está sem pecado, que atire a primeira pedra (*). Todos se foram, ninguém atirou pedra alguma das que tinham já na mão. Deixando de lado a autoridade de quem falou, ainda que seja quase impossível ignorar, o que a história nos diz, é que se abandonarmos os preconceitos, os maus intentos e as ambições, e refletirmos, abandonaremos nossos piores propósitos, entregando-nos à verdade que nos liberta de todo sentimento injusto. Como o Sol que faz seu percurso iluminando todas as veredas, nossos sentimentos e entendimento também se iluminam ante a luz da verdade, como indefectível resposta aos sentimentos mais negros, tão só à custa de alguma reflexão. (*)João 8:7

Ministério do Vício e da Virtude - um roteiro..

Na interpretação religiosa de 'cura das almas', ou na essencial de 'execução de uma função', o ministério visa um trabalho, um ofício de resolução de problema que exista no seio social, com a a necesária atuação de força que aja com esse propósito, e destarte consiga sucessos promotores da paz e bem-estar social. Além dessa função, ou melhor, emerge desta função o שפיר - shefer, o benigno, uma vez que todo processo de realização do Bem traz consigo em paralelo todo o terreno místico, o universo das razões incompreensíveis, coisas imperscrutáveis que se manifestam pela simples presença do ofício, este que deverá ter função clara e determinada, o que quer dizer que tem propósito e intenção, ou seja existe como razão, como causa, e não como resposta. Eis o ministério. Por isso temos os problemas carecendo de resolução, que são muitos, havendo ministérios específicos para cada yn deles. De modo que temos em sociedades diversas, diversos ministérios dedicados a múltiplos problemas, muitos são os mesmos, posto que os seres humanos por toda parte carecem das mesmas coisas, entretanto há especificidades locais que requerem outros ministérios para enfrentá-las.
No Afeganistão criaram o Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, cuja finalidade última é implementar as regras islâmicas por toda sociedade, sendo uma agência estatal para a implementação da lei islâmica, conforme determinado pelo Talibã,temos portanto o religioso, que entendem esse ofício como o de cura das almas, por ministrarem o credo, um santo ofício que ao longo dos tempos sempre cuidou de impor suas regras comportamentis a toda sociedade.Ministerium, ministerii, a palavra ficou por significar as ocupações, os cargos, as funções e o serviço profissional do corpo de auxiliares neste mister. Este ministério afegão visa a fiscalização das mulheres, tidas como um mal, agente de corrupção, que devem obedecer a estrictas regras, desde suas indumentárias, aos seus comportamentos, para tanto havendofiscalização de suas vestimentas, , bem como de seus modos.. O outrongrande mal está na música, que deve ser proibida por seu caráter libertador, que abre janelas, às vezes portões, para a sensibilidade humana, retirando-a da prisãodo comportamento - a própriapalavra comportamento vem de colocar portas, ou seja trancafiar as emoções e os sentimentos, prevenindo sua expansão.Na Arábia dos Sauds, a família que domina e governa o país, há o "Mutaween", uma comissão com a mesma finalidade (Comissão para a Promoção da Virtude, e Prevenção do Vícioo E o vício e a virtude? A quem cabe decidir o que é vicio e o que é virtude? Estes que se alteram com o tempo, numa mesma sociedade de um determinado país, houve tempo que um certo comportamento era considerado vicio, e evoluiu para virtude, mas mesmo não escoljendo o exemplo estremo, este de um vicio passar a ser virtude, mas quanta coisa que era má e passou a ser boa e vice-versa. É certo que está em ós esta noção de bem e mal, do bem e do mal, como dizem como se fossem entidades absolutas, todavia seu entendimento evolui, e que a noção mais profunda que temos mantem-se, e revalida-se, como bem mostrou Machado de Assis em seu adorável conto "A Igreja do diabo." Mais além do entendimento médio do que seja virtuoso e vicioso, podemos sempre aquilatar que defeitos e imperfeições fazem parte da natureza humana, e os devemos compreender, disse compreender, que não é aceitar e muito menos legitimar, e aqui temos o magnífico exemplo que nos deixou Jesus, como nos relata João, no início do capítulo oitavo de seu evangelho apresentando um caso de depravação e libertinagem (que quer dizer vicio) o da mulher adúltera. E quantas vezes lapidamos pessoas com palavras e atitudes, julgando-a despresivelmente, quando já nos foi dada a lição: "Atire a primeira pedra..." Erro de ofício, defeito, imperfeição, perversão, pecado,mau-hábito, tudo que é apontado como vício, quantas vezes não é, antes de mais, um pedido de socorro. Induz ao bem e a evitar o mal, boas quaidades morais, pudicícia, castidade, eficácia, validade, força, vigor, tudo que é apontado como virtude, quantas vezes não é, é máscara. A cada expressão tanto do vício, como da virtude, podemos descreditá-la como taal. Comecemos pelas virtudes que são mais difíceis de se ver como não podenso ser, o que se acredite que sejam. Das várias dezenas de virtudes classificadas, mais de 50, uma das menos evidentes de que possa resultar no oposto, é assim por exemplo com a fraternidade e o companherismo, duas virtudes muito favoráveis, mor das vezes. Mas quanta fraternidade levou a mortes? Quanto companherismo é mal interpretado? Dir-me-ão: mas a culpa não é da virtude! Decerto, taanto quanto não é da arma o feito de matar, mas de quem lhe puxa o galiho, certamente, mas se não houvesse a arma, não haveria gatilho a se puxar. Muito bem, então escolhamos outras: A amabilidde e o comedimento, ambas mal interpretadas dão em desgraça muitas vezes, como o comedimento que interpretado em fraqueza faz escalar a situação em desgraça, para não irmos mais longe. Com as mais exaltadas, as teologais e as acrdeis, dá-se o mesmo. Não culpemos as vitudes, mas elas são muitas vezes degraus, caminhos, instrumentos para o pior. Com os vícios dá-se o mesmo, sendo bem mais evidente que sempre se pode extrair o bem do próprio mal, considerando os vícios um mal.

"Há que dizer-se das coisas" e das pessoas.

Poucas coisas serão mais legítimas, verdadeiras, absolutas, quanto a integridade, essa condição de inteiro, onde não falta nada, onde nada está alterado, posto que as coisas só são o que são em sua totalidade e em sua inteireza, toda outra condição ou circunstância é uma forma de lesão, onde a pureza primitiva foi subtraída, e a intenção original terá sido retirada, roubando-lhe, de certa maneira sua integridade, essa que não admite rupturas, ou desagregação. E me vêm as palavras do grande poeta Carlos Ary dos Santos, imenso poeta, em seu poema "O Objeto" onde diz: "Há que dizer-se das coisas o somenos que elas são." e fazendo muitos questionamentos nos lembra que algo que se parte transforma-se em caco, parte desintegrada do original, perdendo sua pureza primitiva, que, não mais intacta, passa a ser outra coisa, deixando de ser o que era, condição diversa, nem melhor nem pior, podendo vir a ter qualquer uma destas novas condições, mas ainda que ficando na mesma, passa a ser outra coisa. O artista prima pela materialidade de sua obra, uma vez que entende que a concatenação das partes só é perfeita no todo original, aquele que motivou sua realização, sem tirar nem pôr, o impulso original deve perpassar inalterado toda a obra, preservando a mensagem, para que nenhum caco sobrevenha. É curioso notar que as falas introduzidas pelos atores num texto original no teatro, chame-se justamente caco, uma vez que são pedaços outros, não a matéria original com que se fez a obra. Deste modo a luta principal de um autor é conservar sua inteireza original, que tantas vezes é alterada em virtude de um entendimento mais fácil, de uma simplificação de natureza vária, até mesmo comercial, uma vez que nossa obra não é nossa, assim como os filhos, quando tomam corpo assumem a autonomia própria de todas as coisas, e aqui outro imenso poeta, libanês este, Kalil de seu nome, que nos lembra que a ânsia da vida tem seu papel, e que esta afasta de nós nossa obra, nossos filhos. Muitas vezes lutamos para que não seja assim, pretendendo reter a originalidade, que nos será sempre roubada em sua relação com o mundo, este que tudo altera e corrompe. A razão desta minha reflexão reside nos ventos originados duma conversa que tive com a Lídia Jorge, por quem já confessei minha admoiração e meu apreço profundos, em que eu perguntava dos livros que saíram no Brasil, e ela disse-me que "O vale da Paixão", de 1998, foi a segunda escolha, já tendo sido publicado o "Misericórdia", mas que ela exigiu que se repusesse no 'Vale' seu título original: "Diante da manta do soldado" que evidentemente tinha sido alterado por razão que ignoro. Não tive coragem de perguntar a razão, poderia ser uma, não direi imposição, mas uma sugestão insistente da editora, que tem todo o direito de ver o lado comercial da coisa, e que aceitamos, devido a tudo que envolve a publicação de um livro. Calei-me. Entretanto fermentou em minh'alma esse detalhe. E deu-se aquilo a que os franceses muito sensivelmente chamam de 'clocherie', torre sineira, lembrando que sempre algo badala para nos lembrar uma coisa que nos tenha escapado, Lídia Jorge quiz restaurar a pureza original de sua obra "Diante da manta do soldado" preterindo o título "O vale da paixão" já com tanto sucesso editorial. A isso chama-se INTEGRIDADE, fidelodade às coisas e a si mesma, talvez por isso, e só por isso, mais que todo o resto, Lídia é o que é, tem o sucesso que tem, e revela uma grandeza nas pequeninas coisas oriunda desse caráter, tenho vontade de dizer canino, desta natureza que tanto apreciamos e respeitamos nos nossos aigos de quatro patas, e que muitas vezes subalternizamos nos humanos como nós, esquecendo que "Há que dizer-se das coisas o somenos que elas são" pois só se é grande quando se é inteiro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

TER DÓ NO CORAÇÃO - "SECUNDUM MAGNAM MISERICORDIAM TUAN".

A Natureza Humana desde sempre demonstrou compaixão, pondo-se no lugar do outro que está em sofrimento, tendo piedade, sentindo pena, tendo dó. Essa sensação empática e solidária que nos toca a todos, expresando-se em grande compaixão. Podendo ser incondicional como a 'Kuan Yin', a deusa, bodhisatva, A Senhora da Misericórdia, Domina Misericordiae. Porém ser misericordioso, perdoar, aceitar o erro de alguém, não significa compactuar com ele, "Ama o pecador e odeia o pecado.", nos indica a reflexão teológica. A ação simbólica de expulsar os vendilhões do templo deixa ver claramente a mensagem, o Ser mais misericordioso que passou por este planeta não tolerou a ação de desrespeito e ultraje de transformarem a Casa de Seu Pai num negócio, e os expulsou violentamente sem hesitar um só momento, deixando-nos a lição. A frágil relação entre esses dois procedimentos, o de entender o erro, sem compactuar com ele, é a terrível corda bamba, na qual se encontrará todo aquele que quiser ser misericordioso sem tolerar o pecado. Este romance de Lídia Jorge transita nas esferas antagâonicas destes dois valores, sem perder a noção nem de um nem de outro, na conformidade da indulgência com o pecador, e na intolerância com o pecado. Longe de ser um romance religioso, é um romance humano, no que a Humanidade tem de melhor e de pior, na sua condição contraditória de dor e alegria a um só tempo, "Misero me. Però brindo a la vita.", ou, melhor, em dois tempos tão próximos que se confundem. Em realidades tão antagônicas que se igualam e homogenizam, uma vez que os extremos se tocam. Só lendo. As catorze ações misericordiosas, muito bem conhecidas e documentadas, as ditas obras de misericórdia, que são sete ao nível do corpo e sete ao nível do espírito. As corporais: dar de beber a quem tem sede, dar de comer a quente fome, vestir os nus, albergar quem não tem teto, visitar os doentes, visitar os presos (visitar=consolar) e enterrar os mortos. As espirituais: Aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência aos desagradáveis e orar pelos vivos e pelos mortos. SEREMOS ETERNAMENTE CARECENTES QUE ESSAS OBRAS SE REALIZEM EM NÓS! DECLARAÇÃO DE INTERESSE. Meu envolvimento com o romance acontece desde logo por uma correspondência que troquei com a autora, sugerindo procedimentos emocionais para a escrita de semelhante enormidade, para que escrevesse sem tentar conciliar ou expor as desproporções inerentes à temática, e aceitar sua adversidade como moto e razão de existência, uma vez ultrapassada pelo tema. Assim aconselhava à autora, presunção a minha, ainda mais neste âmbito incomponível, que só um sentido e um sentimento do universal permitiria abordar tema com propriedade, nada há que dizer ou fazer, onde só a sensibilidade conta, e Lídia a tem com louvor, é mesmo incrível ver sua percepção e entendimento! Naquela correspondência lhe sugeria então que ouvisse o 'Miserere' cantado por Zucchero e Pavarotti, em sua confissão de nossa condição de miséria, pequenez na qual, perdidos na carne, falseamos, mentimos, com dúvida e desorientação, espanto sem humildade, perturbados, pecamos. "Ma che mistero." E mais sugeria o 'Miserere mei, Deus', de Allegri, invocando mesmo: "Incerta et oculta sapientiae tuae manifestate mihi." E Dona Lídia foi plenamente atendida. "Ancora non che" "Stabat mater Alegri." Ou ao reverso: Como um ocaso, assim se pôs ela, a mãe, como não pode deixar de ser na imagem de lidarmos com o incognoscível, e Lídia o sabia desde sempre. - Ao declarar logo no início de que valeu-se da melopeia-guia sugerida, faz-me tornar substância intrusa neste contexto, e dá noção da intensidade e verdade da autora em cada palavra, a nada menosprezando, nada excluindo. Alcançando seu intento: MISERICÓRDIA.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Partir qualquer coisa - Lídia Jorge.

Ninguém gosta de partir nada, mas às vezes é necessário, ninguém não é bem o caso, não nos esqueçamos dos psicopatas, mas não iremos falar deles. Contudo para falar seja o que for, carecemos de palavras, estas que são nada, e que são tudo - nada a nos ferir fisicamente, tudo a nos conspurcar, inevitáveis presenças aterrorizantes quando trazem verdade reveladora. Algumas das palavras geratrizes desta reflexão, que nem será preciso dizê-las em contexto, posto que só sua enunciação, suas presenças reveladoras, rasgam o duplo véu de equívocos e hipocrisia, fruto de um tempo de enganos: diversidade - "um é alto, outro é baixo, outro é gordo", Camões - 500 anos, cemitério - Lagos, animar - "o futuro está cheio de passado", discurso - ler "uma coisa íntima", divisão - apupos e palmas, controvérsia - "o que está visível", denúncia - "o mar é azul e tem ondas", símbolo - qualquer coisa pode ser, realidade - qualquer coisa pode ser, patriota - "os seres humanos são seres com ambiguidades", nacionalista - chantagem, agressões, insultos, sociedade - minar, esperança - "atravessar a lama". A palavra atravessar traz consigo, em contradição com seu sentido original, a ideia de ultrapassar, vale dizer: deixar para trás o obstáculo, logo quem visa atravessar, tem esperança forte num futuro melhor. E quem não tem esperança não pode viver.

Contudo sempre há escolhas: Respeito ou desrespeito, qualificação ou desqualificação, equilíbrio ou desequilíbrio, prisão ou liberdade, ordem ou desordem, bom ou mal, narrativa ou realidade, amor ou ódio, dizer ou calar. E neste processo de eleição só nos vale nosso íntimo, as verdades que fomos acumulando e que nos moldam. Fora isto, sem interiorização, somos levados pelo 'l'air du temp', tão propício a enganos, e há tantos enganados hoje, mas não deixam de ser nossos irmãos, que devem ser esclarecidos, devem ter informação crítica que os elucide. Todo silêncio é cúmplice. Ser-se menos do que se é, é pactuar nestes tempos em que a bomba, que é já octogenária, mas sempre presente, fala sem nada dizer, fala de nós, tempos esses onde ressurgem os falsos profetas. Só em nossa inteireza de tudo que foi avaliado e acumulado em nosso interno, temos verdade, e a devemos expor. Infinitos precursores de possibilidades positivas. Tudo mais é desgraça, tudo mais é minoritário, afastando-nos do infinito da percepção, gerando atropelo por faltar coragem em mandar calçar as galochas para evitarmos a lama, uma vez que isto denuncia a lama. Uma pessoa ATENTA E INFORMADA, PATRIOTA, PREOCUPADA, SINCERA (Como bem notou a Sra. Margarida Devim em relação a Lídia Jorge) não se pode furtar a dizer a VERDADE em sua INTEIREZA, e apontar a lama, correndo todos os riscos que isto representa, desassombradamente, porque seus valores são os dos que têm esta característica extraordinária de sentir "dor pela dor dos outros" um factor agravante da dimensão da verdade interior em toda sua plenitude. Se isso nos tornar impopular, se isso antagonizar muita gente, aqueles que são movidos pelo 'l'air du temp', pois que seja. Não há como ser menos!

Da infinitude.

Muitos não compreendem a extensão que tem a condição de disponibilidade, a imensidão do possível, pelo que representa de amor, porque a maior forma de amor é doar-se, comungando com o outro, esta condição maravilhosa de pertença, de ser parte, de ter parte, de participar, que é o processo mágico de criar, mudar e construir o mundo.

Infinito só Deus, mas fazermos a transposição, para irmos além das nossas limitações mesmo não tendo o entendimento pleno do universal, cingidos por não tentarmos contemplar além, se formos assim, restringimo-nos ao circunstante e ao ego, esquecendo do que está além, e do outro que está connosco. A mais perfeita condição de ser, é ver o próximo e comungar com ele, profissão de fé absoluta. A bem da verdade temos que reconhecer que criamos uma sociedade de ilusões e meias verdades e mentiras, e também falsas realidades, que no dia a dia alimentam e re-alimentam condições destorcidas. Encontrar a maravilha que nos rodeia, abrirmo-nos para o transcendente, requer o interminável exercício de busca da compreensão. O que nos exige sempre constante esforço a alma.

Quem conhece Lídia Jorge, ao menos que seja por seus escritos, terá noção da dimensão de seu entendimento do mundo, e de sua capacidade de exoneração, livre que é, mas como isso é tão raro infelizmente, ao mesmo tempo assusta, como gera incompreensão. Toda verdade transcende por ser universal na expressão, mas é também de todos na percepção, e, como tal, ultrapassa os liames das restrições da sociedade, os das meias verdade e das ilusões, sendo o que é: completa verdade, e evidentemente partindo sempre qualquer coisa.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Shiva

Como crê o hinduísmo: "É preciso haver destruição para haver renovação." entretanto o desempenho desse papel de destruidor, quando não é feito por um deus, tem consequências graves devido ao retorno. As reações expectáveis ao processo de destruição que ninguém deseja, processo que só mais tarde revelar-se-á útil, talvez até mesmo necessário, mas como é doloroso, é indesejado e indesejável, e causa enorme sofrimento, suscitando fortes reações contra. Nesta perspectiva, Donald Trump, o nosso Shiva de plantão, presta enorme favor ao mundo com sua imensurável estupidez, papel que desempenha brilhantemente por sua cegueira quase absoluta, total falta de empatia, fruto da ignorância e do narcisismo, onde nada mais vê do que a si mesmo: Herói do universo, posto que o mundo será pouco certamente para tanta presunção. Cabe aqui lembrar Eclesiastes 1:2, 'Vanitas vanitatun et omnia vanitas', tendo em vista que de sua presença, como de sua passagem, resultará a vacuidade de sua existência oca, esta mesma que o obriga a marchar. Criar delírio, irritação, demonstrar contradição, bizarria, excentricidade, fraquesa psíquica, como método, ser agressívo, provocatório, torcido e retorcido, cabuloso, discricionário e ofensivo, para gerar irritação e constrangimento generalizado, e mentir, mentir, mentir, gerando suspeitas e instabilidade até atingir o estágio dito de podridão cerebral, onde o indivíduo perde os critérios de análise, sendo este o modo de instaurar o caos. Entretanto a destruição. Como eu havia assinalado ainda durante a primeira campanha eleitoral (2016), trata-se de um psicopata perigoso (título mesmo do artigo disponível na net). Durante seu primeiro mandato não conseguiu, graças à forte estrutura do poder executivo americano, criar o caos, sua constante intenção. Porém agora retornou preparado, industriado, com companhia adequada, lançado em 'Ordens Executivas' às centenas, que vão desregulando, desfazendo, destruindo. Desregulando porque toda ordem é contra o caos, portanto é preciso atacar a ordem, o que faz com essas 'ordens' executivas, um recurso extraordinário da presidência dos EEUU, em caso de crise. Desfazendo, posto que o grande edifício da Democracia necessita ser partido aos pedaços, desfeito aos bcados, para que o caos sobrevenha. É pois a obra de Shiva, só que o deus indu tem uma intenção que, apesar de destrutiva, é renovadora, como quando se derruba um edifício para construir outro. Trump só deseja os escombros. Em todo o caso, em defesa de Trump. De facto o que parece estar por detrás das ações de Trump, é a falta de dinheiro da administração central americana que, como sabemos, desde há muito é deficitária, se financiando ora com a emissão de papel moeda, ora com o aumento da dívida pública, que há muito atingiu valores impagáveis, e que tem a China como maior detentora dos valores em débito. Trump como comeriante-merceeiro, viu que não é nada bom esse endividamento, e a constante derrapagem da dívida pública com aumentos anuais do déficit resultando em mais dívida, vendo uma incontornável tragédia no horizonte, patrocinada por uma dívida impagável. Desde há muito que a China, do enorme estoque da dívida americana que detém, só recebe pagamentos em Yens, ou em ações de empresas sólidas americanas, o que evidencia o nível de descrédito a que chegou o débito e seu meio de pagamento, o dolar (Com o Euro a situação piorou muito, se os BRICS lançarem sua moeda, será ruinoso para os EEUU.). Se a situação chegou ao ponto de não haver voltas a dar, e ele está cortando em tudo, está certo, se o faz preventivamente, está certo. Se o faz por qualquer outra razão, como por exemplo atender os interesses dos milionários que o elegeram, com diminuição de seus impostos, terá de arranjar a falta, o buraco que vai gerar no orçamento, em algum lugar. Se o faz por boas razões, seu único erro verificável é a violência com que o faz, como mereceiro insandecido. Lembra-me uma história do interior de Minas Gerais, onde um merceeiro de nome João, sem recursos para pagar suas dívidas, resolveu dobrar os preços de toda a mercadoria de sua mercearia, em cidade pequena, muita da freguezia não teve outro remédio se não pagar, por não haver lá outra mercearia. Mas um belo dia, quando ele chegou a loja, havia um rato pendurado à porta com um cartaz que dizia: "Chamaram João de rato, João não importou-se. Chamaram o rato de João, o rato suicidou-se." Para além do divertido da história, ela revela a reação que provocam as decisões unilaterais, e que elas não são solução para os problemas. É assim como alterar os nomes das coisas, não muda nada, só causa desorientação. Faz porque faz, e porque faz. Milhares de despedimentos, o fim de muitas agências, o corte em muitíssimos subsídios, e as absurdas tarifas, evidenciam algum problema grave de caixa. Para além de Trump ser um psicopata, que o é, não é estúpido o bastante para promover o caos que promoveu sem que algo efetivo o afligisse, e menos ainda a administração norte americana o permitiria se não houvesse um efetivo problema a os atingir. O enorme mistério, como sempre, acabará por ser sabido, entretanto o caos disseminado terá destruido a força da sociedade norte-americana, tanto mais quanto mais Trump atuar nesse sentido. Ao espelho. Uma pessoa que não fez curso superior não tem nem respeito, nem tem estima, pelas Universidades, pela Academia, pelos elementos do saber e da cultura, há nobres excessões, é verdade. Uma pessoa que não tem formação não tem respeito pelas instituições, sem excessão, aqueles que não atendem às ordens judiciais, aos conselhos de Estado, às sugestões e evidências técnicas e científicas, pensam que tudo se reconstrói, não importa o tempo, os custos humanos e as vidas destruídas. É Shiva que dissemina o caos sem renovação. Ser que só valoriza os elogios. Ignora as críticas. Não tem noção da realidade. O MEDO COMO ARMA. A arte do medo, de seu emprego como instrumento de coerção social, desde as mais remotas épocas, traz resultados imediatos, ao mesmo tempo que gera um altíssimo poder de reação, pressão que se vai acumulando, que uma hora certamente arrebentará. Desconhecendo outro meio mais refletido, e despido da camisa de força que lhe impôs a primeira administração, grande embusteiro, age indiscriminadamente com as armas mais eficazes que conhece, sendo o causar medo e espanto a todos, a mais efectiva. Megalomania pre-ditatorial. Só os reis comemoram nacionalmente seus aniversários. Os faraós queriam ser deuses, e se proclamavam. Esse desejo incontrolável de se ver reconhecido leva o senhor Trump a cometer os maiores despautérios, mas poderemos delinear uma intencionalidade dictatorial nessas atitudes, que veremos se agravar com o desenrolar do mandato. A autocracia. Tivemos o 'Shiva' francês do princípio do XIX, depois no princípio do XX, o da Alemanha, instrumentos encarnados do mal, agora o 'Shiva' do princípio do XXI, americano, irá também deixar um mundo diferente, e também pelas piores razões, sendo o traço comum, o desejo de poder absoluto, poderes como aqueles que tiveram outrora os reis, e que só a componente bélica o permite. A tentativa feita no Capitólio é o mais rematado exemplo de suas intenções. Posto que o princípio desestabilizador é o veículo para sua deflagração, só o efetivo poder das armas permite que se instaure e permaneça enquanto durar esse poder. O triste fim. Disseminar o pânico. Reindustrializar o país, quando este período já foi ultrapassado, apesar de ainda possa ser possível repetir, são retrocesssos para o "again", trazer de novo o passado para evocar o futuro, quando sabemos que a realidade é e será sempre outra. O poder de destruir as instituições, que é um poder avassalador, configura uma capacidade de realizações, que primeiro o que subjuga é a alma de quem a tem, de quem tem essa capacidade, tornando a alma do poderoso priioneira deste poder, corrompe-a de tal modo que Shiva nada mais vê que seus feitos destrutivos, sempre mais, até quando for muito tarde para qualquer ação de renovar, refazer, restando escombros por toda parte.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

CUIDADO: A verdade é que Não há farsa que não termine em tragédia.

Todas as vezes que a impostura prevalece, que um ato ridículo se difunde, o final é trágico. Resultante da assertiva de Karl Marx quanto ao processo histórico e sua ocorrência, ao complementar a ideia de Heguel, forjando a frase tantas vezes mal repetida, que aqui damos em sua formulação original traduzida: "A História repete-se sempre, pelo menos duas vezes..." "a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa", temos aí a conjugação de dois polos opostos das possíveis consequências do processo histórico que se verifica sempre como solução de sua ocorrência, sendo esta repetida, como podemos verificar, mas não da mesma maneira. Uma vez que todo ato ridículo atinge e ofende a quem ridiculariza, tanto como a quem a ele exposto sente o absurdo do ridicularizar. Se o processo for deixado livre, se irá espalhar ofendendo, agredindo aos que tomarem parte, e por oposição reagindo de forma grave, muitas vezes perigosa, e às vezes funesta. Sói também dar-se o inverso, a brutalidade da consequência grave ou mesmo funesta, degenera na sua repetição em ridicularia, tornando-se farsa. Entretanto cada vez mais temos processos falsos, onde sua ocorrência foi premeditadamente programada para o ridículo, este que no todo, em seu conjunto, não passou de farsa encenada, esta mesma que irá provocar reação muito intensa da parte dos afetados por ela, uma vez que ninguém aceita ser ridicularizado, ou ver sua posição ridicularizada impunemente, sem reagir. O RESULTADO costuma ser, em maior ou menor grau uma tragédia, como resposta, uma vez que reagem violentamente na maioria das vezes. Se o farsante for expressivo, e a farsa bem encenada, temos que a audiência, as testemunhas, poderá ser enganada pela situação, ou até mesmo envolvida nesta. Cada vez mais temos farsantes em toda parte encenando seus dramas, políticos, pessoais, familiares, institucionais, etcetera, com o fito de envolver os pacientes, obtendo deles apoio, dinheiro, trabalho ou coisa semelhante que lhes renda proveitos de formas várias. Cabe aqui muito bem agora a frase difundida por John Fitzgerald Kenedy, de autor desconhecido, adaptação de uma frase de Jacques Abade atribuída a Abrahan Lincoln: "Você pode enganar uma pessoa por muito tempo, algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo." Com isso os logros sempre terminam, mais cedo ou mais tarde, e quando terminam revelam sempre seu aspecto trágico, sua face devastadora, uma vez que os dois polos tendem a se confrontar, razão do consequente desaparecimento, em quase todos os casos, do farsante. Essa ideia cômica da farsa, geralmente representada em um só ato (por razões óbvias), uma impostura encenada teatralmente com o intúito de divertir, logo se gneralizou a denominar o ato ridículo como zombaria, onde a intrujice ganhava o contorno de gozação para além da pantomima sendo que seu ponto nevrálgico era esse mesmo; apesar de que nunca iremos saber o que nasceu primeiro, se a farsa como encenação teatral, ou se a farsa como logro, inspirando-se mutuamente, um no outro certamente, sem podermos determinar qual a fonte, a ordem da ocorrência, a precedência. Fato é que ao longo dos milênios de vida em comunidade, os homens sempre instituíram, estabeleceram farsas, enganado ao amigo, ao vizinho, à família, aos seus eleitores, às autoridades, numa sucessiva pantomima indecente que vem se alargando com o decorrer do tempo. Hoje temos farsas universais, com amior ou menor calibre de engano, abandonando o caráter bulesco e popular, e mantendo o caricatural pouco visível, para uma dimensão de sucessivas narrativas políticas pretensamente credíveis, visando enganar cada vez mais gente, e se institucionalizando quando o farsante consegue atingir o poder, tendo como substrato a operacionalidade da farsa que, instituída, torna-se corpo de ideias, possibilidade angular, permitindo o desenvolvimento da mentira falseada - a farsa em si - para dar asas a sua intenção de controle da credulidade, visando sempre o lucro, para tal promovendo as narrativas misteres, alguns farsantes com grande poder para as legitimar. Eis pois o cerne de toda revolução e/ou golpe, de toda ascensão de forças oponentes ao poder a que se opõem, tomando-lhes o lugar; e de toda verdade propalada, ou de toda mentira afirmada como verdade, enquanto durar sua crença, e sua difusão. Porém, como tudo nesta vida, passa, e ao passar trará consigo a tragédia, desde a colectiva, expressa em banho de sangue, em sua versão mais abrupta e intensa; até a individual, tantas vezes ocultada, para evitar a chacota geral, até de outros que também caíramm no logro e não o irão revelar. A tragédia do engano é indissolúvel, e perdurará contra todas as desinfecções. Por outro lado "A Igreja do diabo" como no conto Machadiano, criará raízes por seu turno, reafirmo, sanitárias, que curarão, por quanto tempo forem lembradas, os logrados - tragédia íntima, pessoal, quase sempre ocultadas , mas não menos trágicas. Assim tivemos as concepções mitológicas de milhões de deuses ou das sirenes; as peças de Aristófanes, Terêncio e Plauto, depois as de Sheakespeare, Molière, Dancourt, Lesage, e as do próprio Gil Vicente; bem como, abandonando o terreno literário, temos os grandes embustes do Gigante de Cardif, da Sereia de Barnum ou do Museu Nacional da Dinamarca, do Homem de Piltdown, do big foot, muitos com identidade científica: SEMPRE A MENTIRA E O DINHEIRO. Agora, o relativismo do falso 'ministério da palavra', o do embuste, difunde-se cada vez mais, mas como todas as ondas sobre a praia, acabará por se recolher, e a tragédia sobrevirá. Quanto aos grandes engodos realisados na apostasia da verdade, que tendem a se materializar nas grandes tragédias de nosso tempo que abre cada vez mais espaço a farsantes de toda laia, pelo apoucado senso crítico das massas, que com isso comungam com os impostores, sendo igualmente culpadas. Deixo-Vos por fim para reflexão, a colocação daquele que foi "sígno de contradição", como queria o velho Simeão, "Luz dos homens" Jó 1: 4-5; aquele que veio para dar "testemunho da verdade" Jó 8:32, e poucos o ouviram, e não esqueçamos o alerta na primeira carta a Timóteo, 2-5, que ensina que Deus quer que conheçamos a verdade, quando diz: "Ai de vós, fariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes a túmulos brumados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos, e de toda a imundície. Assim também vós por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade." (Mateus 23: 27 e 28.). Ninguém engana ninguém por qualquer justa razão.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

Morreu um gigante.

Cedo vi a notícia na NET, mas como as redes estão cheias de mentira, aceitei a ideia de mentira. Como ela se repetia, fui ficando incomodado até que fui ver nas televisões. Tristemente era verdade. Não existe certamente melhor ou pior tristeza, mas como a minha não é religiosa, não me posso considerar católico, e mesmo qualquer prática religioisa nunca me seduziu, o que nos leva a poder concluir que minha tristeza terá mais peso, nem melhor nem pior, mas, quero crer, é mais consubstanciada. Eu o ser político, o guerrilheiro, o socialista, me entristecer, leva a questão do porque da tristeza, e quão funda ela é, ou possa ser. Tendo lido n'A Pátria o excelente texto de Gilda Jardim, lembrei-me do meu intitulado Valores, inspirado por uma pintura mural de rua, onde Francisco aparece como um super herói, tipo super homem, com uma pasta na mão onde está escrito o título do texto, demonstrando o que já no princípio de seu pontificado havia ficado claro para todos nós que Francisco tinha a um nível raramente visto, e sem máscaras. Evidentemente tudo marchava muito devagar, como é sempre no Vaticano, o que sempre me afastou da Igreja, juntamente com a califasia, os valores retrógrados, e as ideias apartadas da realidade mundial praticadas por esta entidade a que chamamos cúria romana. Estava sempre consciente que Francisco tinha de ultrapassar todas essas adversidades, entre muitas mais, como se fora o guerrilheiro que caiu no Pontifex Maximus status, afinal foi uma escolha de seus pares cardeais, não foi? Mas Francisco era diferente -Valores - Propósitos - Ação - Exemplo - um conjunto de coisas muito simples, mas que não enganam ninguém. Todos somos capazes de sentir se é ou não verdadeira a demonstração, a forma, a intensão. Sim, havia ali qualquer coisa. Mais que tudo um homem normal. Se refletirmos bem, encontramos sinceridade, frontalidade, verdade. Tão mal acostumados andávamos de aparências de sinceridade sob capas de aparência, nada mais, treinados que são. Francisco aos poucos nos convenceu de sua verdade, por ser verdade. Palavras muitas vezes difíceis, mas sinceras, que traziam algo novo, sintonia com o nosso tempo, ecos da realidade, essa que era tão distantes ao papado, pensando talvez preservar a Igreja, mas que soavam como fraqueza, como covardia, e nada pior que a fraqueza moral, em Francisco víamos ruir tudo isto face a uma análise lúcida e sem califasia, vinda de uma preocupação legítima, que mais se pode querer de um homem de Deus? Eu gostaria que ele fosse eterno, que não faltasse neste tempos difíceis, particularmente difíceis à conta d'A Época dos psicopatas, essa que vivemos, como escrevi aqui no final de Fevereiro passado, porque Francisco era uma enorme barreira, gigante que era, a esta sanha que vivemos neste terceiro milênio. Entendia que o mundo era igualmente de todos, assim como sua Igreja, que deve ser o espelho do mundo, única forma de nos safarmos neste planeta que é único, não há planeta B, e é mesmo de todos, porque os avanços tecnológico assim o permite; mas eu não havia gostado nada de sua voz quando nos apareceu a desejar "Buona Páscoa". Sabia que a chama se iria apagar, só não queria que fosse já, sendo esse 'já' um sempre, posto que será muito difícil um outro Francisco. Contraponto absoluto à insania actual. Possibilidade de ainda podermos ouvir a verdade dita por alguém com poder, e sem mistificação, sem contornos, e sem dúvidas, porque sua inteireza era muito visível e audível, para lá de qualquer ilusão. O que é verdadeiramente importante nisso tudo, é nos trazer esperança, essa que brota de suas palavras. Certificado de que era verdade, que não iremos mais contar com a lucidez de Francisco, restou-me a mim, o socialista convicto, enxugar uma lágrima no canto do olho por alguém imprescindível, o gigante que morreu.

sábado, 29 de março de 2025

Do vazio à queda do céu.

No princípio Uaueaue imperava, logo nada havia, mas como Rotumodi se manifesta, muda como tudo era. Uma queda, e tudo mudou. Cosmovisão Yanomami : Ruto kara - o plano terrestre. Ruto modi - o céu. Sukunima modi - o embrião, o proto-céu. Uaueaue - o Vazio. Rotumodi vai cair sempre, como a mais avançada ciência o confirma, pois que viemos do nada é bem sabido. Cosmogonia Yanomami: Uaueaue - Existia antes da queda do céu. Rotu modi - O CÉU VAI CAIR SEMPRE, o céu sempre cai. Propriedade - Não somos proprietários de nada. Com quantos nomes eu me satisfaço? Não eu sou! Do que seremos dono? Deus não pode ser outra coisa que universalista, donde se conclui que não há onde comecem e onde terminem as terras de Deus. Assim nos ensinam que não existe começo nem fim do mundo. Filosofia Yanomami: Ruto kara - Parte do céu de onde a terra nasceu. Não pode existir nem começo nem fim. Não pode haver nem princípio nem fim do mundo! Tudo é! O entendimento Yanomami, nos confins da Amazônia, onde vive esta tribo, que por quatro séculos e meio evitou o contacto com o homem branco desde que este chegou ao continente, tendo sempre desenvolvido e mantido a percepção da separação do que é material e não é material, do que é humano, e do que não é, o que é seu legado mais precioso. Prática Yanomami: Quando caça - O animal é de todos. Não entendem que algo que existe para todos, possa ser só de uns. Essa ideia posta em prática cria uma vida comunal, na qual tudo é de todos. Xamanismo Yanomami: Xapiripê - O espírito. O espírito que habita tudo, todos os seres, os animais, as árvores, as rochas, as cascatas, tudo, é habitado, tem alma. Antes do céu cair: Vou fazer umas quantas perguntas para ver se entendemos que existem diversidades de entendimento, de percepção, e de sensibilidade, que podem criar dimensões totalmente diferentes do que nós acreditamos ser a verdade absoluta. Não há verdade absoluta. Há verdades, e todas elas são relativas. Do que seremos donos? Quem dirá que a nossa noção das coisas está certa e a deles, os Yanomamis, não? O que é realmente meu? O que será propriedade de alguém? Mais genericamente: O que será propriedade? Fico a matutar quantas guerras, quantas mortes, quanto desentendimento, quanta desgraça teria sido evitada se pensássemos como esses índios pensam? É uma gente tão bonita, se ornamenta com penas, as mais bonitas e coloridas, sorriem com o mais fundo de sua alma, e vivem sua intensidade na plenitude. Eu penso cá comigo que haverá de ser melhor e mais feliz quem vive no mundo Yanomami.

quinta-feira, 27 de março de 2025

AVISOS.

Quem trata destas coisas nunca é bem visto, ninguém quer ouvir que as coisas vão correr mal. Mas o que eu posso fazer se as coisas vão correr mal? Ignorá-las, como agora fazem os políticos? Os da ciência não fazem assim. Temos de dispor do tempo que a antecedência com que percebemos as coisa nos dá, empregando-o em prevenir, transitiva ou pronominalmente, em todas suas acepções, é prevenir o que nos resta, porque o tempo de evitar já passou mor das vezes. Não tendo ainda dito do que se trata, e o meu caro leitor ponderado, calmo, senhor de si, aguarda tranquilamente pelo desenvolver do tema. Fato é que esta interpretação serve para muitas coisas que por aí andam a nos ameaçar. Primeiro vejamos o que é prevenir: 1.Dispor (se) de antemão, preparar, precaver (se), precatar (se).. Assim como evitar, prevenir é uma ação anterior a qualquer ocorrência adversa. Por exemplo no caso da imensamente danosa ocorrência global a que intitulam alterações climáticas, mas que, como demonstrei em vários outros textos, é muito mais que isto; foi oferecida há 20 anos a via de evitarmo-la, o que foi sistematicamente menosprezado por expresiva parte dos político (poder de fazer). No caso das Nações Unidas, onde é mister dar-lhe feição e poder efetivo, idem, nada foi feito. Há muitas e muitas situações em que deixaram passar o prazo de actuar para EVITAR, deixando logo passar também o prazo de prevenir, restando a possibilidade de remediar, mas, como veremos, há situações irremediáveis. 2.Avisar, informar, advertir. Foi e tem sido amplamente difundido avisos, advertências, quanto as muitas ocorrências danosas, desde as movimentações para a invasão da Ucrânia por parte da Rússia, até ao retorno da tuberculose. E as consequências da advertência feita por quem tem saber para fazê-la foram menosprezadas por quem tem poder para evitá-las. Vamos perder a guerra na Ucrânia, e uso o plural porque todos perdemos com a derrota da Ucrânia, o quanto, ver-se-á mais adiante quando se consumar. 3.Tentar evitar. Como ficou visto prevenir, a qualquer tempo, é tentar evitar o mal caminho. Quando complexas e dispendiosas as ações misteres para prevenir, estas não são operacionalizadas. Ninguém que enfrentar a realidade inconveniente, que exige maiores inconveniências para eliminá-la. 4. Acautelar-se, livrar-se. São tantas as vezes em que a cautela, mesmo a do comportamento mais banal, pode contribuir para nos livrarmos de situações piores, mais graves, comportamentos que vão desde separar o lixo, não consumir determinados produtos, não fazer determinadas coisas, criando hábitos que acautelem problemas que ocorrem em razão dos hábitos errados, até alterarmos nossos hábitos. Sendo verdade que há medidas em bem maior escala necessárias a coibir a queda no poço, no precipício, para onde tantas vezes caminhamos, como por exemplo ACABAR com 80% da industria do plástico. E não querem falar disso porque incomoda inúmeros interesses instalados, desde os empregados aos donos das fábricas. 5.Evitar, impedir. Nesta acepção, só pode impedir quem tem poder para tal. Evitar todos podem! Fato é que as populações em muitíssimos casos não se colocam para impedir as muitas desgraças que as ameaçam - QUE NOS AMEAÇAM - ação só possível com manifestações e com o uso do VOTO. 6. Predispor o ânimo de. É o que tento fazer aqui. Sabendo que sou desagradável, logo mal visto. Meu caro leitor, penso que sem excepção está muito, muitíssimo consciente que o prazo de evitar as desgraças que a resposta ambiental está, e continuará a dar a um nível cada vez nais violento, e não é só no clima, pensem um pouco: Onde nos irá levar a ingestão diária de microplástico a que estamos sujeitos? Em que medida as populações afetadas pelas alterações climáticas serão protegidas? O que está sendo feito? Todos os dias constroem-se muros! PIORES OS INVISÍVEIS, QUE OS EM MATERIAIS RESISTENTES! O que faz você, caro leitor, para PREVENIR situações que sabe serem negativas, destruivas?

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

A ÉPOCA DOS PSICOPATAS e seus imitadores.

A responsabilidade pelas opiniões emitidas neste artigo é exclusivamente minha. TRUMP - BOLSONARO - PUTIN - Kin Jong Um - ORBÁM - ELON MUSK - LUKASHENKO - BARADAR - KHAMENEI - NASRALLAH - SINWAR - BEN GUIR - AKHUNDZADA - RAISI - FARAGE - J. D. VANCE - MILEI. => TODOS ÚTEIS AO NAZIFASCISMO E ÀS AUTOCRACIAS. CARACTERÍSTICAS São em geral pessoas com baixo nível de empatia pelos outros seres humanos, com pouco ou nenhum caráter, ou máu caráter, egocentristas, com pouca cultura, uma vez que seu verdadeiro interesse pelo conhecimento é muito baixo, ou não existe, ligadas a irrrealidades, ao que chamam erradamente de 'realidade paralela', neuróticas na maioria das vezes, criam narrativas falsas para justificar suas ideias, quase sempre envolvidas em conspirações e atividades secretas, sem princípios humanistas, sem escrúpulos, muitos sem noção do que estão a promover, outros a atender extamente aos interesses mais espúrios e miseráveis com os quais estão comprometidos. Todos com enorme ganância e desejo de poder e riquezas. Nunca foi tão fácil listar mais de uma dúzia de imbecís em altos postos pelo mundo fora! Vivemos uma época anormal. Em posição cimeira em seus países, o que significa que tiveram alargados apoios para conquistar o poder, evidenciando o grande número de estúpidos que há em toda parte. Além desses acima mencionados, há outras largas centenas que poderíamos destacar em postos de alta qualificação para onde foram alçados. Às vezes é difícil de acreditar que haja tanta gente maluca com poder, gente que vive a chicanear as instituições e a tentar destruir o estado de direito democrático, posto que se pensarmos só nos seguidores destes que listei, entre os quais há gente que se dispõe a morrer, ou a ir para cadeia para defender as ideias destes psicopatas, assim como se passou no Capitólio - Washingtos D.C., na depredação dos prédios dos três poderes - Brasília D.F., ou a apoiarem a matança na Ucrânia e em Gaza. Quem tem juízo fica pasmado com o número de imbecís dispostos a segui-los. Pobre gente. E estes imbecís formam a enchente de psicopatas que reflui, uma vez que todas essas ações são fruto de uma época de desordem e de desvios, onde um doido qualquer munido de uma faca, numa qualquer esquina, apunhala todos os que por ali passam nos quais consiga pôr a mão, até ser abatido, ou, noutro caso, se conseguir ter uma arma, a dispara enquanto houver balas. Esta desordem recorrente é a da época dos psicopatas. A psicopatia nestes infelizes, se manifesta por diversas maneiras, que vai desde apresentar comportamentos bizarros, até a assassinios curéis. O traço comum entre essas personagens é a falta de cultura, e um certo sentimento desiludido de realidades pretendidas. Posto que a falta de cultura é factor mister para que possam pensar os absurdos que pensam, e permitir a desfaçatez de afirmarem o que afirmam: "Que a Terra é plana." "Que as vacinas matam." "Que não houve o Holocausto.". Já quanto à desilusão, temos que suas distorções do que é o corpo social, criaram espectativas de um mundo desejado, em contraste com a realidade, contra a qual se revoltam ao verificarem a impossibilidade da existência de suas fantasias, fazendo manifesto seu outro traço comum, que é o ódio, e também os preconceitos que o geram, tudo partilhado na ideologia política a que chamamos de extrema direita, mor das vezes. São todos anti-democratas, empregam uma linguagem chula e violenta, pregam golpes ou os materializam, ou pelo menos tentam, no âmbito de suas ilusões mais convictas. Populistas até chegarem ao poder, fascistas e autocráticos depois de o alcançarem, arrastando outros psicopatas que realizam seus desígnios, grupos de seguidores que assim motivados fazem as suas almejadas ações. Quase sempre tendo um lider político, como no espaço mediático ha ainda outros grupos, hoje sobretudo nas redes sociais, onde empreendem ações que vão desde a pregação ao incitamento ao extermínio, tanto de outros grupos aos quais se opõem, como até de inocentes transeuntes ocasionais que tenham a infelicidade de estar no local quando eles empreendem suas ações, e ainda os de caríz religioso dos mais diversos matizes, intoxicados com a ideia da supremacia de sua "verdade". "Ditadores benevolentes" e o "bem comum". "Benignos" dizem outros. Não existe semelhante coisa, nem benignos, nem benevolentes, pois isto implicaria estarem ligados a ideia do bem, e, ainda que muitos ditadores tenham deixado a ideia de terem feito algum bem, como Salazar, os ditadores só semeiam o mal, e os que almejam este estatuto, ainda mais, porque tudo farão para o alcançar, não importa o que. Semeiam o mal porque eliminam a única verdade absoluta que reside no mundo, a DEMOCRACIA, que, mesmo quando se equivoca, está no caminho da verdade, porque representa um consenso, e todos temos de aceitar os consensos, quando fugimos a isso, nós erramos. A grande falácia é a de que tendo em vista as condições a que certas sociedaes chegaram, sería aconselhavel um regime ditatorial por um tempo, pelo menos, para restaurar as condições, restaurando o bem comum, que desmontasse a polarização, "fonte da desordem" e banisse a corrupção, restaurando os valores de decência e união, que fizesse que a nação desconjuntada se recompusesse, e voltasse ao bom caminho, como pudemos ouvir da boca de uma mulher instruída e preparada, como a dra. Manuela Ferreira Leite, a que recusei cumprimentar, deixando-a com a mão estendida. Neste caso de breve ditadura, PIOR A EMENDA QUE O SONETO, diz o brocado, que se aplica coadjuvado por todas as provas históricas existentes séculos fora, onde e quando se seguiu por este caminho, sempre se perdeu o rumo, e se lançou a nação em pior situação com o decorrer do tempo. É horrível para quem trabalha honestamente ter de lidar com a corrupção, e igualmente grave é vermos os países divididos por interesses diversos e conflitantes, ao sabor de interesses políticos, que os puxam em direções opostas, e que não permitem encontrarmos um rumo profícuo comum. É verdade, mas o engano de uma vontade forte única que una e limpe a nação, posta na mão de um indivíduo, é situação muito pior e destrutiva. É um mito que muitos povos assumem, cansados da instabilidade democrática que nos obriga ao grande esforço da eterna vigilância e à uma luta constante contra os interesses que pretendem se impor, usurpando os dos demais, retirando aos mais fracos seus direitos. Com o tempo este mito torna-se comum, criando a falsa expectativa de solução com a entrega do poder na mão de alguém que diga o que fazer, que aponte o rumo a seguir - ditadura - regime tão plausível quanto qualquer um outro, aliás mais antigo e mais frequente e difundido ao longo da história. A Democracia nos exige, a todos, um esforço maior, e uma particiapção a que muitos estarão dispostos a abdicar, em troca de sua comodidade diária, entregando o poder decisório. A velha e boa ideia grega que se opõe ao poder na mão de um, para o pôr na mão de todos, é frágil, requer empenho comum, e esforço assíduo, e atenção frequente, um trabalho ao qual, como afirmei, nem todos estão dispostos. ESPAÇO ABERTO AOS DEGENERADOS. Aquele que, vendo a oportunidade, corrompe de algum modo o sistema, e se lança na obtenção do poder, de todo o poder que possa alcançar para si. E lembrando o que dizia Marco Aurélio: "o objetivo da vida é escapar de estar na fileira dos loucos." Vamos olhar para alguns destes degenerados. YAHUA SINWAR, lider do Hamas. Mesmo os menos visíveis, uma hora dão as caras, e promovem grandes desgraças, porque contaminaram gente suficiente para as executar. ... Continua mais abaixo. Instrumentalização. A mentira é o instrumento máximo destes grupos, mistos de políticos e terroristas, é a forma absoluta de promover suas ideias que a realidade não acolhe, portanto a mentira deve ser instrumentalizada para responder às intenções daqueles que propagando o que não é, conseguem expandir horizontes que consigam incluir suas intenções, para as tornarem credíveis; e para isso não hesitam um momento sequer em enganar, falsear, inventar, mentir, criar supostas realidades e ilusões, para terem mais seguidores e instrumentalizarem o poder nos países onde atuam. Sinwar é hoje o exemplo mais expressivo deste tipo de lider vindo do limbo, que, entretanto, foi eliminado sem deixar substituto designado; no outro extremo temos Donald Trump, que valendo-se dos mesmos instrumentos, mas com imensos recursos, usa-os para vender a mesma peroração mista de política e terrorismo, criando horizontes ficcionais capazes de englobar suas pretenções, onde farão tudo e ainda mais para atingirem seus fins. Bolsonaro, o psicopata de plantão. Foi longo. Durante décadas manteve seu plantão na Câmara dos deputados, sendo reeleito pelos psicopatas seus seguidores, com o apoio dos oportunistas que aguardavam pelo momento em que tivessem chance, e assim foi mantido como uma forma larvar, aguardando pela metamorfose e pelo vôo, que em muitos casos não se verifica, mas neste foi uma sensação ocasionada por uma miséria que se chamou lava-jato, e o levou a presidência do Brasil. Como nada surge do nada, teve de haver longa fermentação para gerar esse composto nauseabundo. Por fim atentemos a seus eleitores, e vejamos que nós somos os culpados, enquanto sociedade, por eles existirem, pois não fizemos o necessário esforço para sua integração no espaço largo da Democracia. => Falsário, mentiroso, golpista, ladrão, agressor de mulheres, corrupto e corruptor, pertubador da ordem, incitador à desobediência civil e ao ódio, à violência, ao golpe de Estado e ao crime, temos nesta figura a mesma estrutura das células adormecidas dos grupos terroristas. Aquele a que chegou ao mais alto posto da hierarquia mundial. Trump, que é criatura de Putin, e serviu e serve bem a seus intentos, é uma realidade quase absurda. O bloqueio da ajuda à Ucrânia, patrocinado pelos Republicanos Trumpistas, dando tempo à Rúsia, tempo - esse bem precioso tão necessário às guerras, e assim temos que essa ação republicana é a consumada estupidez dos que não percebem a que interesses servem. Agora se irão assustar com o que se irá passar, mas será um pouco tarde. Agora ao sair dos Ac0rdos de Paris, sair da OMS tem de ser mais que psicopata. Raisi, o carniceiro de Teerão. Ebrahim, de seu prenome, desencarnou em maio deste 2024, o que não mudou nada no Irão, porque há fileiras de psicopatas prontos à substituição desse distorcido. Criminoso contra a Humanidade, expandiu muito os próxis iranianos. Indicado por Khomeini, nomeado por Montazeri, eliminou metodicamente toda oposição política ao regime teocrático, matando milhares, com o método suis-generis de os fazer desaparecer. Esta é a face sangrenta de quem atingiu o poder, e está empenhado em eliminar seus opositores. Assim foi com Franco em Espanha, assim é com Putin na Rússia, assim será com todos aqueles que detenham o poder fora da Democracia. Bandos e mais bandos, e ainda mais bandos. 1º Os que assaltam o poder. No Capitólio em Washington, nos 3 poderes em Brasília, os que com ou sem mandato agem, e podemos bem apreciar a ação de formação e atividades destes bandos, industriados por sua liderança psicopata (os Proud-boys é um dos muitíssimos exemplos). 2º Os que tomam o poder. Na eventualidade de consumarem o assalto, atingingindo o poder, desses bandos serão recrutados os que irão formar a nata do regime que se implante, vejam o Irão. 3º Os que se achegam ao poder. Instituido um regimem, não faltarão bandos e mais bandos para servirem-no. Sem nenhuma convicção ou ideologia esses novos bandos que se criam, são imitadores dos bandos geradores e institucionais, que somente almejam as benesses do poder, tudo fazendo por sua manutenção, vejam a Venezuela. Psicopatas, seus líderes, seus asseclas, seus imitadores, seus beneficiários, convictos ou não, pululam na camada superficial da sociedade que logo se forma na perspectiva geral de predileção do novo status quo que se implanta, servidores acefalos e subservientes que sempre surgem para seguir ideias e afirmações "convincentes" para os que se desejam convencer. Dentre os que ascendem, e sua possibilidade de ascende, só nos falta Incitatus. Com os neonazis por toda parte, os do 6 de Janeiro no Capitólio, e os do 8 nos Três Poderes, todos psicoparas ativos. vemos uma onda que se sente fortalecida para se espraiar. Vou escusar-me de continuar a dissecar a lista dos nomes apostos, uma vez que cada vez mais são bem conhecidos, e o artigo já vai longo, e não Vos quero cansar. Destes, Deus livrai-nos!

sábado, 25 de janeiro de 2025

XENOFOBIA, PORQUE?

Este sentimento de aversão, transformado em conceito, pode ser analisado de diferentes perspectivas, desde a sociológica, a antropológica, a psicológica, a política, até à jurídica, a jornalística, etcetera, etcetera. Quanto menos culta, e informada, é uma pessoa, mais ela mergulha e se isola em seus medos ancetrais, e em suas crenças, crendices e preconceitos. Esses últimos prevalecem como asserções por falta dos conceitos que se revelem científica e filosoficamente como certos, comprovados e comprováveis, ficando-se por um universo mais desfocado e primitivo, ligado a percepções não científicas, devido exactamente à falta de cultura da pessoa, encontrando as respostas a seus questionamentos, em seus próprios preconceitos. Incompatibilidade evolutiva. Nossa mente e hábitos comportamentais vêm de uma forma de ser e estar de há muito tempo atrás, transmitida por hereditariedade, uma vez que incorporada se tornou genética. Nossa programação psíquica, física e emocional ainda não absorveu a nova realidade que, com a ciência e a tecnologia, as sociedades que se desenvolveram, criaram, e que é a nossa nova realidade e entendimento. Continuamos todos, de certo modo, ligados a entendimentos de uma realidade que não mais existe. Fomos moldados e projetados para viver nesta outra, antiga, realidade, que a nova baniu, ultrapassou, e para a qual não estamos ainda interiormente preparados para lidar com ela, vale dizer, não digerímos, com os sentimentos e o entendimento, o novo, de sorte que formemos as capacidades e as habilidades que estabelecerão a forma de estar necessária para lidarmos com essa nova realidade, mantendo várias barreiras da nossa incompatibilidade evolutiva, ou seja, nos deslocando, nos afastando, e até mesmo nos restringindo, da convivência (aceitação e bom relacionamento) com a nova realidade cada vez mais mutável e dinâmica, que todo dia nos força a nova ótica. Dado o deslocamento humano a nível planetário, surge uma rejeição aos que chegam. A forma pelo conteudo e vice-versa. Tomamos a forma por conteúdos que não mais existem, ou, às vezes ao contrário, percebemos conteúdos em formas que não mais existem também, porque sempre buscamos fórmulas e formas reconhecíveis, que aparentemente significam valores, substância, elementos e materialidade já inexistentes, devido a evolução e à nova realidade que se instalou, mas que interpretamos ainda pelo que a forma nos sugere. Se é de fora é mau, é perigoso. Essa forma de entendimento projetou uma grande generalização, em razão de algumas ocorrências infelizes, criando esse entendimento, raiz da xenofobia. Vamos olhar para elas no contexto histórico quando as localidades, as vilas, as cidades, eram muito pequenas, com poucos habitantes, o que permitia um controle social muito grande, que muita vez degenerava em algum tipo de rejeição ou de exclusão social em virtude da língua, da religião, dos hábitos alimentares, etcetera, firmando a ideia de que o que é estrangeiro, o que não é nosso, é mau, pode ser perigoso, e quase sempre deve ser rejeitado. E mesmo um grupo relaivamente numeroso de estrangeiros em nossa cidade pode representar um potencial perigo, devido a sua força como núcleo de ação com objetivos específicos, diferentes dos da urbe, ainda que sejam apenas fortúitos. RACISMO. O prato do dia é preconceito regado ao molho racista. Um claro elemento fortemente mobilizador da exclusão é a cor da pele, o aspecto físico, bem como o comportamental, as vestimentas e linguagem corporal de um indivíduo, ou grupo, diferente dos demais, tornando-o reconhecível como estranho e, portanto, indesejável. Os buracos 'gaps' do entendimento, da integração, do reconhecimento, e da ambientação, vazios que pronto se estabelecem pela simples razão de ser diferente, sendo motivador de incompreensão, negação, rejeição, repulsa, raiva e mesmo ódio ao elemento, ou elementos diferentes que são classificados como estranhos, logo indesejáveis. Há que se perguntar: Indesejáveis porque? O vazio sentimental. Como todo vazio sentimental é angustiante, ele busca ser preenchido por alguma coisa para deixar de ser vazio, mesmo que essa coisa seja uma estupidez como a aversão, porque seja lá com o que for que preenchamos o vazio, isso irá lívrar-nos da angústia, que é o pior sentimento que há. Toda xenofobia está centrada neste vazio sentimental, ou seja, na falta de um sentimento positivo em relação aos indivíduos que desconhecemos, não os podendo apreciar, só por serem diferentes, causando um vácuo na sensibilidade de quem os aprecie, preenchendo este buraco com a estupidez da aversão denominada XENOFOBIA. Justiça é ação. Nenhuma resposta branda no campo da ordem poderá se estabelecer perante ideias consumadas em má percepção, que se expressam em sentimentos absolutamente primitivos, como o racismo e a xenofobia, nem qualquer entendimento filosófico, social, ou jurídico terá o condão de se contrapôr à incompreensão gerada pela irracionalidade da xenofobia, sendo ela mais forte por ser irracional(*). Só a força da lógica social expressa em norma de Lei, poderá, juntamente com a necessária ação que daí resulte, pela força da Lei manifesta, coibir a ação da estupidez que representam tanto a xenofobia como o racismo. Tudo orientado pelo sentimento avassalador que dirige os homens: a sua infinita estupidez, como nos alertava Einstein. Para a coibir e prevenir é mister forte ação da Lei e da Justiça em seus diversos intrumentos de civilização. Do deslocamento das pessoas. A par com tudo isso, vivemos um tempo em que as pessoas sentem-se insatisfeitas onde vivem, e buscam outros horizontes. O processo migratória reforça sentimentos alienígenas, quando de facto sentem repulsa aos que não são da terrinha, da localidade de onde provém os que formem certa comunidade, esquecendo que muitos desta comunidade também migraram. Imigrantes os que emigrantes são rejeitados, emigrantes os que os nacionais rejeitam, imigrantes os que buscam acolhimento, em qualquer caso condição equívoca do entendimento biunívoco, única realidade que satisfaz esses entrincheiramentos. Devemos aceitar o que não podemos mudar. (*)irracional, advinda do cérebro reptiliano que sempre opta pela violência e preconceito como meios de defesa contra o que desconfie.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

A Democracia na balança da Justiça.

'Uma pulga na balança, deu um pulo e foi a França.' Parlenda folclórica brasileira. FALTOU O PULO. Desse ímpeto que faz mover todas as coisas, carecem os estamentos sociais e políticos de nosso tempo, pois, como que entanguidos pela estupidez imperiosa atualmente disseminada, soprados por um vento gélido, paralisassem, posto que atingidos pela falta de visão sócio-econômica, onde, prevalecendo só a parte econômica, pois apartam o social, entretanto razão única de existir do econômico, que isolado se permite as maiores crueldades e devaneios. Vivemos um tempo de falsidades e de máscaras. Dias de enganos, dias de agonia. Não se devera buscar o pulo. Onde o político afasta a civilidade, sua característica intrínseca, rui a civilização, assim como, com o maquiavelismo que impera, restam apenas suas espertezas, astúcias, e oportunismo, império da má-fé, onde a política, relegando sua estrutura nobre e acolhendo sua face prática, pura e dura, a dos interesses que a regem, que naturalmente esses interesses também fazem parte de seu todo, mas o todo a eles não se deve restringir, tem também de ter sua face social presente. Aí, neste estágio dos interesses tão somente, resta à Justiça o poder de atuar para manter um processo de equidade, cerne da Democracia. Porém quando a Democracia já se encontra no prato da balança da Justiça, é porque faltou, lhe foi retirado, o espaço civil ativo que lhe é mister, falindo seu exercício, uma vez que faltando civilidade não há Democracia. Eis quando temos desregulado, ou restrito, o espaço natural da Democracia, que, necessitando algum refúgio para manter-se, rompe-se e corrompe-se. E este refúgio, por mais nobre que seja, alcançado, faz-nos entrar numa anomalia, numa deformidade do tecido social, onde a Democracia, já sob ataque, fica a mercê de poderes que a querem eliminar. Como é evidente isto é feito à socapa, uma vez que se for dito às pessoas que estão atuando para lhes retirar o único poder que têm, estas, certamente, se oporiam, mas enganadas, alegando aqueles que querem defender seus Direitos, os quais, supostamente, a esse passo, teríam ficado diminuídos, ou não teriam sido sancionados, ou se supõem ameaçados por alguma contingência, de forma que os enganados alinhem-se com esses poderes, acreditando em redenção. Essa a raiz de todo golpe que busca no processo agregar poder para dar-se. Com a manipulação do econômico, vale dizer do social em reflexo, ficam criadas as condições para enfim agregarem as forças misteres. Nem a balança, ou não. Se esses interesses referidos, que se movimentam, alcançarem reunir forças efetivas suficientes para um golpe, então nada mais poderá ser feito, sendo que buscarão durante o proceso dispersar os elementos de civilidade, restando, se perdidos os poderes constituídos ativos, executivo e legislativo, o Judiciário como única possibilidade de resistência ao processo golpista instaurado, o da dita dura. Tempo e circunstância. A circunstância no tempo (num certo período temporal) bem como o tempo na circunstância (quando esta qualidade que causa ou acompanha um acontecimento num determinado período de tempo se manifesta) são determinantes da ocorrência ou não de determinado fenômeno, impossíveis de serem separadas do fenômeno. Quando o fenõmeno Democracia é submetido à circunstância de ser colocado no prato da balança da Justiça, seu último recurso, temos, nesse tempo, uma situação que só depende de sua própria eficácia, ou seja que os resultados que colha no sentido de restaurar-se, se operem, uma vez que a Democracia já estará corrompida no sentido de sua manutenção, ou, por oposição, no de afastar qualquer ameaça a sua existência já em franca desagregação. Por toda parte. Vivemos hoje, por toda parte, esse processo em diferentes estágios, com menor ou maior salvação, posto que o necessário resgate popular só pode se dar com um encaminhamento único, esse mesmo que lhe é negado por ser retorno à Democracia, esta mesma que pretendem suprimir.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Países Estilhaçados.

Temos um grande número de países aos pedaços, como resultado de várias ondas que fluíram e refluíram fraturando o todo social e as instituições, criando várias tendências, com ou sem representatividade partidária, mas ativas em semear antagonismos e beligerância, que se vão cada vez mais multiplicando, sem que nada as pacifique, procurando sempre assumir o poder, e desconjuntando-o. Estilhaçam-se ou por ação externa, quando existem pressões contra a normalidade do funcionamento das instituições destes países, como por exemplo ocorreu na Ucrânia, pressão que não atingindo seu intento de transformá-la num país fantoche, a invadiu e mantém uma guerra de conquista, decepando boa parte de seu território; ou, então, outras vezes por razões internas, quando os governos não aproveitam as potencialidades do país, ou pretendem instituir autocracias, em que temos multiplos exêmplos. Ou seja: ou são estilhaçados, ou se estilhaçam a si mesmos. Nas Conferências do Estoril, tive uma boa perspectiva de que o mundo ainda não se deu conta de que caminha para uma enorme tragédia ambiental, que vai desde as reações climáticas às agressões sofridas, até a destruição de inúmeros habitats, com a poluição disseminada, e o plástico em toda parte, passando pela libertação de muitíssimos micro-organismos, que estavam presos (no gelo, em partes dos oceanos, etcetera) e com as mudanças de temperatura que agora ocorrem, foram introduzidos, ou reintroduzem no nosso espaço de existêmcia, o que irá matar milhões, muitos milhões de pessoas, por toda o planeta. Enquanto se vão acumulando energia que subitamente se liberam, causando enorme destruição, bem como gerando uma nova estrutura social dilacerada que se vem verificando em muitos lugares ao abrigo da insuficiência, ou ao descaso, da ação governamental para dar resposta aos ampliados e diferentes problemas que vão surgindo, e também com fruto do aproveitamento político que passou a ser feito nesta situação, barganhando votos em cada caso. Sobre esse pano de fundo, o que deveria atrair as atenções de todos para o que é verdadeiramente importante, é esquecido e relegado, sendo onde movimentam-se as sociedades dos diversos países prioritariamente preocupadas com outras realidades, e não com a avassaladora realidade ambiental que as afeta, e cada vez mais intensamente as afetará nos diversos biomas, desestruturando-os, e criando tensões e desequilíbrios absolutos e irremediáveis, posto que a destruição que provocam só será superada com reconstrução física das desgraças ocorridas. O que demandará muito tempo e recursos. O ódio alimentado pela ignorância visando atender aos ímpetos da ganância, é a razão central destas fragmentações - dividir para governar, como se sabe - promovendo situações que demandarão anos para se recomporem, décadas para sararem, e muito mais para encontrarem bom caminho para conseguirem alguma normalidade democrática, a única possível à convivência. FRAGMENTAÇÃO. - Retalhados, estilhaçados, demolidos. Sem tomarmos em consideração a realidade material de destruição, decomposição social, e inexistência de recursos para algo parecido com recuperação, como no caso da Palestina e da Síria, por exemplo, as razões orgânicas que levaram à fragmentação destes inúmeros países não atingiram solução, apesar da intensa mortandade, do aniquilamento do território e do edificado (na Ucrânia, acredita-se, serão necessárias quatro década só para a desminagem)chegamos a conclusão da futilidade desse esforço, da miséria do realizado, para nada, porque nada resolveu, ao contrário, agravou o ódio e a desgraça desses povos. VÍCIOS E VIRTUDES - herança e realidade. Os colonizadores deixaram tudo que têm de pior enquanto tentaram implantar suas melhores capacidades - idioma bem falado, literacia, base cultural, estruturas administrativas, etc... - sendo o cerne de seu legado sua percepção das coisas, essa que distorce nossa própria reaqlidade, ainda mais a alheia. O legado de opressão e exercício da força em solos conquistados, por mais que traga consigo avanços culturais e civilizacionais, muitas vezes para povos em estado tribal, incapazes de assimilá-los em boa medida, e que se nos indagarmos: Será esta a sua expectativa de AVANÇO? Talvez nos assustemos com a resposta... Se, como na culinária, juntarmos os diversos ingredientes para fazermos uma só receita, em vez de obtermos um bom guisado, teremos como resultado uma mixórdia amarga e desconexa, como a de um vidro que partimos, donde só restaram os cacos.