sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

A Democracia na balança da Justiça.

'Uma pulga na balança, deu um pulo e foi a França.' Parlenda folclórica brasileira. FALTOU O PULO. Desse ímpeto que faz mover todas as coisas, carecem os estamentos sociais e políticos de nosso tempo, pois, como que entanguidos pela estupidez imperiosa atualmente disseminada, soprados por um vento gélido, paralisassem, posto que atingidos pela falta de visão sócio-econômica, onde, prevalecendo só a parte econômica, pois apartam o social, entretanto razão única de existir do econômico, que isolado se permite as maiores crueldades e devaneios. Vivemos um tempo de falsidades e de máscaras. Dias de enganos, dias de agonia. Não se devera buscar o pulo. Onde o político afasta a civilidade, sua característica intrínseca, rui a civilização, assim como, com o maquiavelismo que impera, restam apenas suas espertezas, astúcias, e oportunismo, império da má-fé, onde a política, relegando sua estrutura nobre e acolhendo sua face prática, pura e dura, a dos interesses que a regem, que naturalmente esses interesses também fazem parte de seu todo, mas o todo a eles não se deve restringir, tem também de ter sua face social presente. Aí, neste estágio dos interesses tão somente, resta à Justiça o poder de atuar para manter um processo de equidade, cerne da Democracia. Porém quando a Democracia já se encontra no prato da balança da Justiça, é porque faltou, lhe foi retirado, o espaço civil ativo que lhe é mister, falindo seu exercício, uma vez que faltando civilidade não há Democracia. Eis quando temos desregulado, ou restrito, o espaço natural da Democracia, que, necessitando algum refúgio para manter-se, rompe-se e corrompe-se. E este refúgio, por mais nobre que seja, alcançado, faz-nos entrar numa anomalia, numa deformidade do tecido social, onde a Democracia, já sob ataque, fica a mercê de poderes que a querem eliminar. Como é evidente isto é feito à socapa, uma vez que se for dito às pessoas que estão atuando para lhes retirar o único poder que têm, estas, certamente, se oporiam, mas enganadas, alegando aqueles que querem defender seus Direitos, os quais, supostamente, a esse passo, teríam ficado diminuídos, ou não teriam sido sancionados, ou se supõem ameaçados por alguma contingência, de forma que os enganados alinhem-se com esses poderes, acreditando em redenção. Essa a raiz de todo golpe que busca no processo agregar poder para dar-se. Com a manipulação do econômico, vale dizer do social em reflexo, ficam criadas as condições para enfim agregarem as forças misteres. Nem a balança, ou não. Se esses interesses referidos, que se movimentam, alcançarem reunir forças efetivas suficientes para um golpe, então nada mais poderá ser feito, sendo que buscarão durante o proceso dispersar os elementos de civilidade, restando, se perdidos os poderes constituídos ativos, executivo e legislativo, o Judiciário como única possibilidade de resistência ao processo golpista instaurado, o da dita dura. Tempo e circunstância. A circunstância no tempo (num certo período temporal) bem como o tempo na circunstância (quando esta qualidade que causa ou acompanha um acontecimento num determinado período de tempo se manifesta) são determinantes da ocorrência ou não de determinado fenômeno, impossíveis de serem separadas do fenômeno. Quando o fenõmeno Democracia é submetido à circunstância de ser colocado no prato da balança da Justiça, seu último recurso, temos, nesse tempo, uma situação que só depende de sua própria eficácia, ou seja que os resultados que colha no sentido de restaurar-se, se operem, uma vez que a Democracia já estará corrompida no sentido de sua manutenção, ou, por oposição, no de afastar qualquer ameaça a sua existência já em franca desagregação. Por toda parte. Vivemos hoje, por toda parte, esse processo em diferentes estágios, com menor ou maior salvação, posto que o necessário resgate popular só pode se dar com um encaminhamento único, esse mesmo que lhe é negado por ser retorno à Democracia, esta mesma que pretendem suprimir.

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