terça-feira, 7 de outubro de 2014

CHINA : A infecção que acompanha.




                                                                                               Muitos guarda-chuvas, e já nem chove.



Há uma segunda infecção que acompanha a primeira. A infecção do mercado livre que dominou a China no último quarto de século, vindas das duas pústulas reservadas para espalhar lentamente a infecção da economia de mercado por todo o gigante: Hong Kong e Macau. O problema é que a primeira infecção faz-se acompanhar de uma segunda menos controlável, Tiananmen o mostrou, esta segunda infecção que atende por uma antiga palavra grega: DEMOCRACIA.

Um país, dois sistemas, tem sido o lema  para a solução de transição encontrada pela China, do sistema socialista para o capitalista, 'doucement'. Tem sido a solução chinesa para mudar, e mudar necessita de implantação de novos valores, mas a filosofia oriental não gosta de solavancos, de convulsões, novos valores sim, mas têm de ir se alastrando, nada de mudanças bruscas, por isto assassinaram em Tiananmen as mudanças, não para que elas não ocorressem, mas para dar tempo a que elas pudessem ocorrer.

Tiananmen foi logo no início da infecção, reprimiram com violência e morte, já a resposta de agora ao território, em Hong Kong, ao movimento dos guarda-chuvas, é totalmente outra, estamos vendo uma China dialogante. Quem imaginaria um dia isto? É o pragmatismo chinês no seu melhor, sabem que vão soltar a fera, sabem que a fera é incontrolável, mas como sempre 'doucement', porque, e aí é totalmente justo e compreensível, pois existem muitas Chinas, e há que se preservar as conquistas comunistas/socialistas da China (comida na mesa) nas suas áreas rurais, nas suas áreas subdesenvolvidas, e eles sabem que uma China tem de resgatar a outra, com o tempo, por isto vão devagar, devagarinho. A isto chama-se desenvolvimento. Os chineses gostam de tudo que é boa solução antiga, e como nós sabemos a democracia é o pior de todos os sistemas, com a exceção de todos os outros.

Longe de mim, ocidental, defender essa lentidão, mas a compreendo, e mais ainda, a respeito, porque ter a responsabilidade de governar 1. 338 612 968 de seres humanos (*), com suas vontades e conflitos não deve ser nada fácil. Além do mais é minha obrigação respeitar, ao observar, a forma de ser de cada um, e a filosofia oriental, e seu modo de sentir e perceber as coisas, merece respeito, posso não sentir da mesma forma, mas nada me autoriza a apontar-lhes o  dedo. Os chineses são como são, e os veremos, agora, como qualquer governo ocidental negociar com os guarda-chuvas e obter uma solução de consenso.

(*) Enquanto escrevo este artigo já nasceram umas quantas dezenas mais, e enquanto você o lê dá-se o mesmo. 

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