quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Dickens alive.






                                                                           



Charles John Huffan Dickens que caminha já para século e meio de morto, está mais vivo do que nunca, e a cada Natal revive com mais força, ainda que durante o ano também viva e ponha-se a correr nas pernas de meninos valentes como Oliver Twist e David Copperfield, ou nos faça chorar com Nell Trent ou com a pequena Dorrit. Mr Dickens sempre viverá enquanto houver sentimento digno deste nome nesse mundo.

Vejo-o anunciado por todo o lado como se ainda saíssem semanal ou mensalmente suas histórias no Household words, ou no Master Humphrey's clock, e a acolhida pelos vistos é a mesma, pois que a força de seu nome é ainda grande atrativo para jornais que oferecem, junto às suas edições, as obras do Grande Dickens, e subitamente vemo-nos em meio àquela Londres untuosa do período vitoriano, a caminhar por seus orfanatos e prisões, e a correr por suas ruas estreitas com medo de entidades portentosas que nos perseguem. A força do verbo de Mr. Charles toca profundas verdades, e como mágica faz-nos estáticos e inebriados ante uma realidade ficcional poderosa que sai de suas páginas como neblina ou fumaça que nos envolve, nos enreda e nos prende com a força de suas palavras, e mais que isso nos transforma a alma.

Cento e oitenta anos faz que nos deu a conhecer esse traquinas Oliver Twist e ainda  mais a Mr. Pickwick que é do ano anterior, o contesto vitoriano não tem traço no nosso mundo, aquela gente, grotesca ou bela, esvaneceu-se numa realidade mudada por ainda outras três revoluções industriais, e novos hábitos, nova sensibilidade, mas é como se fosse ontem nas páginas, e muitas páginas, nas histórias, e muitas histórias, que deram peças, filmes, e ainda outros romances dos que seguiram o imortal Charles Dickens, na força de sua criação, na graça de seu dizer.

Vivo, mais que vivo, nos leva a voar com Scrooge a cada Natal, do passado, do presente ou do futuro, no sentimento de realidades que nos ultrapassam, mas que nos tocam tão fundo que nos compungem e nos martirizam, para nos tornar melhor e mais conscientes. Sim Mr. Dickens You're alive, much more alive than many others dead in their silence.

A razão desta crônica é mesmo a de ser retrato de nosso tempo, crônica portanto, uma vez que vejo Dickens por aí, pelas ruas, nos jornais e anúncios, diretamente, ou através de suas personagens, bem como ele gostava, menino do porto a rodopiar pelos mídias, imortal como é.


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