quinta-feira, 15 de março de 2018

Socialismo e liberdade são signos de sonho: Viva Marielle!






Forças perigosas se movimentam no Brasil.

Aquela gente sem cultura, mal informada, que sobrenada num espaço de alguma ascensão social, classes médias, c, d, e, e f, que com uma visão destorcida da realidade acreditam num governo forte, isso que pode traduzir-se por regimes não plenamente democráticos, de excessão, até ditaduras, mais ou menos virulentas, permeadas de diversas gradações que fogem a democracia, esse legado grego tão antigo, que é o único que podemos compreender como justo e decente, pois é o único onde há espaço para a manifestação de todos, inclusive desses desinformados, desses marginalizados culturais que acreditam desde a ideia que se possa jurisdicionar o executivo até em um endurecimento do regime através de variados caminhos, melhor será dizer descaminhos, que poderão levar a um futuro brilhante o Brasil. Como a ignorância é o pior dos desastres, irão como que chocar contra o muro da estupidez ao cavalga-la, e a história é tão recente, tão fácil de ser apurada, lembrada, e revisitada, 64 foi ali ao virar da esquina, e redundou em uma dívida monstruosa, um atraso de décadas, e na exclusão de dezenas de milhões de brasileiros, e algum proveito medíocre para essas turvas classes médias que só por ignorância histórica querem reimplantar o dito regime forte. Por outro lado o governo lula/Dilma pagou a dívida externa, incluiu dezenas de milhões destes excluídos, gerou progresso e trouxe esperança, e, é claro, como tudo isso tem um custo, na medida que se deu a uns, negou-se a outros. O grande problema foi o final da história, onde o PT, com gente gananciosa pôs fim ao sonho de um Brasil democrático, progressista, com ascensão social para todos, ou seja, um Brasil não excludente. E os corruptos, os de alma vendida, estas dezenas que formaram diferentes partidos para poder jogar o jogo corruptor dos interesses que se joga todos os dias nas duas casas do legislativo e nos corredores dos ministérios, essas duas câmaras, a alta e a baixa, que ao tempo do Juscelino eram alcunhadas de 'já comi, e estou com fome' pelos dois potes da cúpula que conformam o edifício que as abriga, voltados alternadamente para cima e para baixo. Essa gente maldita, mestres da corrupção, que inviabilizou o trabalho de gerações, inclusive dos militares que detiveram o poder por longo período, pois com o advento da democracia estava realizado o sonho, esse mesmo que esses corruptos de hoje, essa escória que transita pelos corredores do poder, com ou sem cargos eletivos, destruiu, e que fizeram os desvios e as falcatruas que levaram o país ao caos, e que permitem a uns quantos justificar a possibilidade, ou necessidade, como queiram, de retornarmos a ditadura, onde há uns quantos que já esfregam as mãos na expectativa ávida de tomar o poder, e uns quantos que de momento o detém, não vêm nada para além da satisfação de seus interesses pessoais ou de grupos, permitindo que o país decaia no poço sem fundo do retrocesso.

A execução de Marielle Franco, a moça da Maré, que lutava por dois sonhos que atendem por nomes muito bonitos: Socialismo e Liberdade, emblemas de seu partido, é um: 'Calem-se!' É uma intoxicação prévia do panorama político, um aviso, um signo da extrema direita, de grupos que atuam no jogo pelo poder para muito além das fronteiras políticas, sociais, econômicas e partidárias, jogando um outro jogo fatal, mortal, sanguinário, o jogo do extermínio, esse que também o sabem jogar os marginais, os traficantes, os bandidos, esses mesmos que alguns sabem dizer que bons são mortos, mas que existem, exatamente como tais, no seio dos partidos de interesses, no seio das nações que se querem imperialistas, e que se afirmam como regimes duros, sejam de que cor forem à direita e à esquerda, à direita e à esquerda de que? A resposta é só uma: dos interesses dos povos, das gentes, das populações, atendendo aos interesses de uns poucos que só querem usar o poder em benefício próprio. Vi tantas vezes isso por todas as repúblicas Sul-americanas, em África à exaustão, nos Orientes, próximos e mais distantes, mesmo na Europa, em tantas formações, estas mesmas que ainda perduram em certos grupos partidários que pelejam pelo poder, mas que o império da democracia e a liberdade de informação, as discussões constantes dos analistas políticos, a força do jornalismo livre,  evitam que povo cegue.

Marielle era tudo que se pode dizer excluído, era negra, era mulher, era combativa, era ativista, era participante, denunciava, incomodava, e calaram Marielle, como certa feita há muitos anos, quando eu fui á Maré, antes da visita de um coronel que era ministro, chamava-se Andreazza, e queria, na época da ponte Rio-Niterói, expulsar do mangue os desgraçados que lá viviam, posto que a Maré é um mangue, que nunca devera ter sido ocupado pelo efeito de despoluição que tinha esse mangue na baía de Guanabara, e eu, então, defensor do meio ambiente, fui a Maré para falar-lhes do mangue, da importância desse ecossistema, mas, como sempre, comecei meu trabalho de conscientização com uma conversa, acabei, com essa conversa, a ser eu o conscientizado por eles, os da Maré, onde a fome e o desespero imperavam, gente sem uma mesa, sem uma cama, sem uma escola, sem um prato de comida, e eu acabei incitando-os a que pressionassem o Andreazza, que o rasgassem se fosse necessário, pois eles não tinham mais nada a perder, o que realmente acabou por acontecer, e eu fui naquele dia o maior agitador do Brasil, eu que só queria defender o mangue. Marielle é um cadáver nesse momento, mas serve de pouco, sua luta fica por fazer, corajosos como ela, cada vez há menos, sua condição de excluída-incluída fica perdida por umas quantas balas que lhe enfiaram no corpo, bem na cabeça, comprazem-se nas execuções, como aviso, como remoque, como alerta, como barreira que põem, como fronteira que demarcam. Essa gente que faz isso também é paga, não tem ideologia, quem os manda o faz para manter seus interesses, também não têm ideologia, os estúpidos ignorantes que apoiam os partidos que reclamam milhares de Marielles mártires, que não sabem que o verdadeiro poder se conquista com o sangue derramado do povo, e, como inocentes úteis aos interesses mais inconfessáveis, esses que sem consciência, coitados, por pura ignorância, por pura desinformação, acham bem os regimes duros, desejam e votam em opções ditas 'fortes'.

Agora que pensam que calaram Marielle, necessitaremos de milhares e milhares de Marielles, onde suas vozes clamem e conclamem multidões, não para morrerem como ela, mas para que por serem muitas possam por cobro a essa desgraça para a qual escorregou o Brasil como lama em lodaçal se confundindo com a miséria envolvente escorrendo para um fosso, mas que como lama também é terra, muito molhada e enredada, é fato, mas é terra, e como terra, terra brasilis, é essência de sonhos, de lutas, de possibilidades, de anseios e esperanças, como os sonhos e as esperanças de Marielle
                                                       ---==oo0O0oo==---

24 horas depois o mundo respondeu com manifestações de repúdio, a imprensa discute, e as nossas Marielles se vão multiplicando e dando voz a esperança. É muito importante que esse movimento continue!
Aqui temos as manifestações no Rio, enfrente a ALERJ, a assembléia dos Deputados estaduais, na rua 7 de Setembro, em frente ao Teatro Municipal na Cinelândia, já somos muitos milhares. Seremos milhões!
Essas as fotos recebidas do Rio de Janeiro.


                                                                                     Lisboa ontem a noite, foto de André Espeleta.

Mas houve manifestações por todo Portugale haverão muitas, Braga está muito concorrido segundo dizem, pela América do Sul fora, Buenos Aires teve grande manifestação. As respostas à estupidez e ao risco do Brasil descair pro fundo do poço se vão fazendo. Felizmente há muita consciência ativa.

Vão chegando todos os tipos de manifestações, desde as individuais, como as coletivas, e Marielle vai revivendo:


Logo depois se soube que as balas que a mataram eram da Polícia Federal, por isso repito: Forças perigosas se movimentam no Brasil. A sublevação da ordem com quem a deve manter assumindo um poder discricionário, é o fim da ordem e da justiça.


Sem comentários:

Enviar um comentário