sábado, 13 de abril de 2019

Meio século da BNP - Lisboa, em casa nova.





Num mundo onde os livros vão perdendo sua importância, onde as pessoas cada vez mais isoladas vivem uma realidade paralela, uma biblioteca de grande porte cada vez mais se assemelha a um museu, um lugar onde a realidade está coleccionada, guardada, arquivada, protegida, muito longe da ideia original que concebeu os museus. As pequenas, das freguesias e dos bairros, sempre manterão seu caráter utilitário e lúdico, aonde ainda as pessoas frequentarão em suas disponibilidades de tempo, acompanhando os filhos, visto que estes ainda não nascem por encomenda, nem crescem ao abandono, logo uma ida a biblioteca sempre estará no programa existencial por longo tempo.

Mas e as fantásticas, as fabulosas e monstruosas que pretendem abarcar todo o universo de impressos existente, e conservar esses originais raros, únicos alguns? Essas bibliotecas são o brio de um povo, de uma gente que se orgulha de seu contributo para a humanidade, que se envaidece das maravilhas de seu país, ali registradas nas páginas dos livros pelos cientistas que as estudaram, e as maravilhas da Natureza, também rócio de uma nação, que refletidas nos estudos que lhe são feitos e editados, representam, materializadas em livro, um duplo orgulho, como também são duplos os orgulhos que sentimos ao visitarmos a literatura de nosso país, sua iconografia, sua imprensa, etcetera.



Maior ainda é um desses gigantes quando se propõe, para além de ser o guardião intransigente desse passado, exercitar a preparação do futuro na difusão da informação e na evidenciação dos valores que preserva, com a lembrança necessária e contínua desses valores. Essa a missão que cumpre exemplarmente a BNP.

Essas cavernas de muitos Ali-babás, são o repositório dos verdadeiros grandes tesouros da humanidade, da excelência de suas realizações, da história viva na palavra de quem a viveu, registro fecundo de um passado que se projeta no futuro, gerando inúmeros filhos prolíficos, numa capacidade mirífica da multiplicação dos pães, eterno alimento, numa cadeia sem fim a repetir e a criar grandeza.

Em 1969 a grande biblioteca que reunira Portugal, desde o acervo privado de seus reis, até aos exemplares muitas vezes repetidos para o uso das gerações que a frequentavam, necessitava de uma nova casa em sua capital. Foi escolhido o local mais favorável ao pé da Universidade, onde todos os centros de difusão do saber se instalariam, e onde a torre de todos os tombos iria conhecer sua nova versão, importante elemento de conservação de passado tão largo, indispensável instrumento a futuro tão promissor. Assim nessas duas fabulosas casas, ANTT e BNP, estariam, como estão, reunidos os documentos do último milênio da existência humana em português, afetando a população habitante de mais de doze por cento da superfície do planeta, 25% da habitável, os lusofalantes.

Hoje, meio século depois, com seu destino traçado, a biblioteca nacional portuguesa ganhou muito maior importância, primeiro porque nesse mesmo meio século, o número de falantes da língua guardada em seus tesouros duplicou, segundo porque é o centro nevrálgico do país fundador da língua, terceiro porque está na Europa unida, quarto porque estabelece o contraponto entre uma pequena nação que preserva seus tesouros, com nações gigantes e fabulosamente ricas que os deixam perder e muitas vezes perecer. Viva a Biblioteca Nacional de Portugal! Vivam os portugueses!  Viva Portugal!







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