domingo, 12 de abril de 2020

O Mundo trancado em casa.



Há duas possibilidades de interpretação do título desta crónica.

Comecemos por alterar-lhe o título como primeiro pensamento sobre o tema, se retirássemos a palavra trancado, teríamos O mundo em casa, o que é algo muito bom, e que hoje qualquer computador nos proporciona. Se caminharmos para trás no tempo, teremos cada vez menos mundo em casa, porque as possibilidades de acesso a ele, mundo, todas as coisas que há, eram muito menores, e muito mais caras, aumentando os dois obstáculos, dificuldade de acesso e custo, sempre mais e cada vez mais, à medida que retrocedemos no tempo.

Os primeiros obreiros que cumpriram a tarefa de pôr o Mundo em casa, foram os livros, esses maravilhosos e insubsituíveis instrumentos de transporte, que trazem em si acesso a muitos infinitos, universos paralelos, alcançáveis com a simples abertura de suas páginas.


A biblioteca foi o mundo trancado em casa, por séculos, com seus diferentes aspectos, mostrados e demonstrados por diferentes caminhos através de cada um de seus livros, que, quando tomados no conjunto, reuniam esta capacidade multi-disciplinar, e de universalidade de interpretação, tão cara e tão arrebatadora.

O mundo trancado em casa do título proposto, a que de momento me quero referir, é o mundo das pessoas que têm, à conta do coronavirus, seus movimentos restringidos e, sem possibilidade de ir ao mundo, se encontram confinadas. Todos confinados, tendo como único acesso à realidade exterior, a via virtual, essa maravilha da criação humana que altera tanto o formato da vida, mas que aproxima muitos de seus aspectos.

Pois bem, nesse mundo que nos foi imposto inopinadamente, com enorme dimensão e sem visão de sua extensão, um acontecimento histórico pelas suas características de cisne negro, seguindo a visão económica de Taleb, que classifica assim as ocorrências com essas características, as incógnitas sugestionam más expectativas, ao mesmo tempo que transformam nosso entendimento e compreensão. Será bom? Será mau?

Depenando o cisne, não para fazer nenhuma almofada, que seria bem ao gosto das influências do ADN do economista Taleb, originário do oriente próximo, ou do sudoeste asiático, como preferem dizer agora, onde há muitos tapetes e almofadas, inclusive o próprio termo é originário da região, e as de pena de cisne ou ganso, são as melhores. Uma vez com o animal bem depenadinho, iremos observar que seu pescoço longo é signo de sua extensão, e, em sendo negro, variedade destas aves que é rara, tendo sua ocorrência inesperada, mas, como tudo que há, se bem estudado, mostrará claramente sua relação de causa e efeito, já pra conhecermos de sua dimensão, será preciso medir-lhe o longo pescoço, que variará de ave para ave, criando incertezas.

Posto que não devoraremos o bicho durante nosso confinamento, nem tão pouco, longe dos laboratórios, teremos meios para estudar o animal convenientemente, devemos, portanto, esperarmos por mais informação, porque o Mundo está trancado em casa à espera de melhor compreensão desta peste que se abateu sobre nós, bem como que a ciência dê as soluções, o que expõe cruelmente nossas fragilidades e impotências.

Com esta convicção avassaladora, e por comparação, será estimável refletirmos sobre o que nos espera à seguir, no que a outra coisa ruim que virá a seguir, a crise económica, a que já vinha vindo e que o corona travou, para melhor ou para pior, logo veremos, é insignificante, face a outros perigos maiores, e reflitamos sobre o mundo que nos foi legado, e que está a espera que o resfriemos  de novo, porque ele tem temperatura certa para existir, assim como muitas vegetais que fora do frio, que  ressecam e morrem, por isso criamos os frigoríficos,  e  OUVINDO A CIÊNCIA, temos que URGENTEMENTE REPÔR A TEMPERATURA DO PLANETA EM VALORES ACEITÁVEIS.

Devemos refletir também o quão somos dependentes do ambiente, e que essa insistência estúpida em se arvorar em deus, menosprezando-o, só nos pode destruir. Vimos fortemente a manifestação daquilo a que os cientistas chamam de efeito asa de borboleta, evidenciando que tudo está relacionado. E oremos para que não insistamos em querer experimentar o ambiente, continuando a poluí-lo, porque a fatura será elevadíssima em termos de vidas. Ou talvez ainda pior.






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