sexta-feira, 7 de maio de 2021

Antes de Glasgow.




Tic-tac...

Glasgow é a COP 26 adiada há um ano, ou seja a 26ª Conferência entre as partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as alterações climáticas. [Só em eu ter de explicar isso já mostra um enorme perigo, porque denuncia que as pessoas não estão focadas no que lhes vem aí pela frente.]

Que há um problema ambiental, creio que, excepto o imbecil do Trump, ninguém tem mais dúvida, mas sua real dimensão, suas raízes profundas, como o solucionar, e sua urgência (Tic-tac) não é do domínio público, e muito menos da preocupação geral, permitindo atrasos sistemáticos para um problema que mesmo se tudo para o solucionar for feito hoje, já vamos tarde, pis serão necessárias muitas décadas para a Natureza se recompor. E foi preciso uma menina de 12 anos esbofetear os dirigentes mundiais com suas palavras, para que muitos se dessem conta da gravidade do problema. No entanto as medidas tardam, tic-tac, e a falta de conscientização também.  

 

A REAL DIMENSÃO DO PROBLEMA QUE TEMOS PELA FRENTE.

Nos espera uma tarefa que é tão grande que o termo para a adjectivar ainda não foi criado (mais que hercúlea, mais que imensa, mais que enorme) posto que mesmo os modelos de previsão de suas consequências não conseguem antever tudo que se irá passar. Dividamos então o problema em suas vertentes de causa, efeito, e solução:

                                                            1. Degradação ambiental. -causa-

                                                            2. Alteração da inclinação do planeta. -causa-

                                                            3. Crise climática. -efeito-

                                                            4. Fome. -efeito-

                                                            5. Empobrecimento. -efeito- 

                                                            6. Multilateralismo. -solução-

                                                            7. Nova economia. -solução-

E as consideremos cada uma de per si:

1. DEGRADAÇÃO AMBIENTAL.

Viemos destruindo sistematicamente o planeta há séculos, e sua imensa capacidade regeneradora vinha sempre o recuperando de nossas agressões. Em 1802, com uma população de um bilhão de seres, era uma tarefa mais leve para a Natureza se recompor, com o dobro ocorrendo 126 anos depois, já era muito mais difícil porque entretanto havia ocorrido a Revolução Industrial, mas as ainda baixas demandas energéticas e de consumo em geral, mantinha o impacto ambiental ainda baixo. Até que essa população passou a requerer níveis de consumo (entendidos erradamente como qualidade de vida) níveis que, para se realizarem, agridem o ambiente de tal forma que torna impossível sua recuperação em tempo útil, sendo a seguinte agressão realizada antes de que ele possa se ter recuperado da agressão anterior, degradando desse modo irreversível e continuadamente o ambiente, sem que ele se possa regenerar.

O mau hábito de entender como infinito o poder regenerador da Natureza, o que levou aos antigos romanos designarem aos oceanos de cloaca máxima, ou seja, como destino final absoluto de nossas imundícies, com a ideia de que podemos poluir a vontade que tudo se tornará limpo outra vez, foi uma ideia parecida com a da falácia ptlomaica do século II, que vendo a peta diária do Sol a passear pelos céus, e todo o firmamento a mover-se ao redor da Terra, acreditou ser esta o centro de tudo, geocentrismo enganoso, ferindo verdades maiores e transcendentes, que só Copérnico, treze séculos depois, iria repor em verdade, entretanto vivemos um milênio e meio de engano, tic-tac... Os poderes de recuperação do ambiente são limitados, e ultrapassados numa certa medida, tornam-se ineficazes e inoperantes.  

Cometemos atualmente o grande equívoco de acreditarmos estarmos vivendo numa crise climática, quando esta relativa ao clima, é apenas a face mais visível da crise em que estamos mergulhados. Sendo como o passeio diário do Sol no firmamento que enganou toda gente por tanto tempo, posto que a crise que vivemos é muito mais profunda e difícil de resolver. VIVEMOS UMA CRISE AMBIENTAL! Crise exponenciada pela criação de hábitos de consumo, pelo comércio mundial, e por valores retorcidos de uma realidade que o planeta não suporta, e não esqueçamos: NÃO HÁ PLANETA B!


2. ALTERAÇÃO DA INCLINAÇÃO DA TERRA.

Há cada 26.000 anos o eixo do nosso planeta sofre uma alteração em sua inclinação, mudando o lado de sua declividade, o que traz enormes consequências para muitas regiões do globo, uma vez que altera os níveis de insolação, e, consequentemente o clima e suas diversas respostas dos biomas na superfície, criando desertos, onde antes não os havia, e vegetação mais intensa, onde esta era rala (para darmos uma perspectiva geral do que se passa), modificando as coberturas vegetais em muitos pontos, como é bem visível no sul da península ibérica atualmente, que se desertifica. Com essa ocorrência se dando ao mesmo tempo da forte resposta climática ao aquecimento, uma das manifestações da degradação ambiental a qual sujeitamos o planeta, por isso temos o problema aumentado, com forte perspectiva de secas, convulsões entre povos, na luta pelo acesso a água, e teremos fome, e mesmo guerras. VIVEMOS UMA CRISE AMBIENTAL, e temos de resolvê-la aqui com atitudes corretas, pois NÃO HÁ PLANETA B. 


3. CRISE CLIMÁTICA.

Fruto de uma virose mortal, o paciente apresenta uma obstrução nasal que o impede de respirar, tratá-lo com descongestionantes, ou seja, tratar o sintoma, ainda que necessário e muito útil ao paciente, não irá salvar-lhe a vida, porque a ação do vírus em outros órgãos acabará por matá-lo. De mesmo modo estamos encarando (já com muito atraso, tic-tac)  a crise climática como solução para a doença que afeta o planeta, a crise ambiental que inclui: poluição, extinção de espécies, destruição de ecossistemas, enorme pressão no ambiente a nível global, evitando que possa contrabalançar uma destruição com outra que se recupere, gerando aumento exponencial das águas residuais, enorme lançamento de produtos tóxicos e poluentes no ambiente, inclusive imensa quantidade de gases com efeito estufa, que geram a crise climática, a face mais visível do problema.   


4. FOME.

Da combinação trágica das causas da crise ambiental, resultará inevitável fome, uma vez que extensas áreas de cultivo se têm perdido e se irão perder, com a irrigação a ser mais exigente, e novas áreas a serem incorporadas todos os dias, posto que ademais não se determinaram ainda os limites populacionais para a capacidade do planeta, para que estas populações possam ter qualidade de vida com produção e consumo sustentados, com divisões das áreas cultiváveis a cada grupamento populacional, contra essta situação atual que faz crer que sempre haverá lugar para mais um, o que não é verdade. A crise alimentar já começou em muitos países, e as respostas dadas só se apresentam paliativas, sem um projeto global integrado, onde se deve programar as possibilidades e necessidades futuras. VIVEMOS NUM ECOSSISTEMA FECHADO, COM UM LIMITE  DE POSSIBILIDADES ADSTRITAS A SEU TAMANHO.    


5. EMPOBRECIMENTO.

Do impacto destas alterações geomorfológicas, como se dizia antigamente, ou geobiológicas como se diz e se dirá doravante cada vez mais, resulta amplo impacto econômico que modifica toda a relação da criação de riqueza com o ambiente onde esta é criada, transformando intensamente as possibilidades econômicas das diferentes regiões e, consequentemente de suas populações. Teremos empobrecimentos diversos para áreas ricas, algum enrequecimento de zonas pobres, e maior empobrecimento de outras já pobres hoje, se não houver uma interferência a nível global que altere essa perspectiva. Cada vez mais a globalidade, com seus órgãos de expressão, como a ONU, que serão os fóruns de decisão para os problemas e conflitos advindos das  alterações ambientais, com sua visão alargada, e esperamos que estratégica, a atuação global será o caminho de entendimento e ação de todas as nações, o que nos leva ao primeiro ponto da solução, que trato a seguir.


6. MULTILATERALISMO.

Premidas pelas circunstâncias, todas as nações verificam a pouco e pouco, que não há outro caminho, qual não seja, o da cooperação mundial, a que eu espero ampla, geral e irrestrita, e que os articuladores do processo classificam como em rede, tic-tac, plurilateral, tic-tac, de agenda comum, tic-tac, visando alcançar uma Ordem multilateral com regras gerais comuns que, tic-tac, visando remediar o ataque a autonomia de cada país, apesar deste se dar por uma necessidade geral, buscam evitar um confronto derivado do Estado de Emergência, que já afeta a todos, e que, por enquanto, só é visível a nível climático.

Cooperação a nível global significa, entre outras coisas, o fim das guerras, e cabe a pergunta: Como poderá viver o Homem sem guerras? Essas que o tem levado a definir sua História enquanto espécie. (?) Será pedir muito? Ou será um começo de uma Nova Ordem Mundial? Estará a Humanidade preparada para isso?


7. NOVA ECONOMIA.

Além das imposições que a cooperação promoveria, e as que a superação das crise ambiental irá pôr sobre a mesa, uma alteração do projeto e do entendimento da economia nos moldes atuais, bem como de seus instrumentos de trabalho, percepção e valoração atuais, como os dos diversos caminhos operacionais do processo econômico (individualistas e gananciosos caminhos) que geraram ao que chamamos mercados em suas múltiplas vertentes, e os muitos sistemas existentes (não sei qual mais distorcido) realidade através da qual está também se tentando criar a Regulação do Mercado de Emissões de Gases com efeito Estufa, um novo mercado num ambiente contra os mercados, numa realidade que ultrapassa realidades conjunturais ou circunstanciais, exigindo um novo tratamento da realidade que venha a suplantar as visões segmentadas que temos. Seremos capazes de criar uma Nova Economia? A que se quer justa, e que se impõe limpa, para o desejo de ser sustentável. Será uma revolução para a qual não estamos preparado, sendo necessário e suficiente  PARA TANTO, ADOTAR 7 MEDIDAS BÁSICAS:

1. PROIBIÇÃO TOTAL de vendas de qualquer coisa em EMBALAGENS PLÁSTICAS. (Voltar ao vidro, ao cartão, ao papel encerado, ao tecido, ao alumínio, etcetera...)

2. PROIBIÇÃO de QUEIMA DE HIDROCARBONETOS dentro de 15 anos, excessão feita só às aeronaves.

3. Só autorizar o abate de uma árvore com o plantio prévio de duas ou mais da mesma espécie, durante uma década, ou, a partir daí, para sempre de pelo menos uma de mesma espécie.

4. Só poderá levantar voo aeronaves com mais de 90% de sua lotação, não podendo ter prazo para isso.

5. PROIBIÇÃO TOTAL de lançar resíduos de qualquer espécie in natura, sem tratamento prévio, onde quer que seja.

6. OBRIGAÇÃO TOTAL DE RECICLAGEM DE MATERIAIS POR PARTE DAS INDUSTRIAS QUE OS UTILIZE, OU POR UMA SUA ASSOCIADA, na proporção de mais de 70% do material utilizado.

7. PROIBIÇÃO TOTAL de emprego de SUBSTÂNCIAS que demorem mais de uma década no ambiente até que desapareçam (biodegradem-se, e retornem aos solos nos níveis que existem naturalmente nestes, etc...) 


ANTES DE GLASGOW.

Há perspectivas de esperança!  1º- Os EUA voltaram ao Acordo de Paris, o possível acordo conseguido em 2015 na 20ª COP, com uma expectativa de baixarmos grau e meio Celsius da temperatura do planeta para que o futuro do clima possa ser prometedor, 2º a China deixou sua posição de intransigência (Porque se arvorava o direito de poluir, uma vez que os que construíram sua riqueza o fizeram antes e a proíbem agora.) e  3º -juntamente com 74 países abraçou o acordo de Paris, 12/12/20 é um dia para celebrarmos, e 4º- a meta, pouco ambiciosa, é bom que se diga, de total neutralidade carbônica em 2050, e de algo entorno a 50% de diminuição dos níveis atuais, até 2030[a UE 55%, a China 65%, etc...] e 5º- incluamos o Japão, a Coréia do Sul, o Canadá e a África do Sul, entre outros neste grupo, temos então mais de duas centenas de nações no Acordo de Paris, voltadas para terem seus valores de emissão iguais aos da absorção, até a metade deste século, o que paralisaria o crescendo do processo climático, segundo as avaliações climatológicas existentes, mas que levará ainda muitas décadas a se recompor, mas que é afinal alvissareiro, uma vez que se comece por algum ponto.  

                                                Tic-tac - atrasar o relógio.

A circunstância da pandemia demonstrou que rapidamente podem decair as emissões de CO2, visto que caíram 7% em pouco mais de um semestre e que se mantiveram assim por mais uma ano, apreciado a nível global, segundo a OMM, Organização Meteorológica Mundial, o que representa muito pouco nas atuais circunstâncias, mas é um indicativo apreciável. E temos que o World Ressources Institute alerta que para atingir-se a meta desejada em 2050, será necessário acelerar seis vezes a taxa atual de substituição do uso energético por renováveis, ao mesmo tempo que teremos que acelerar em 22 vezes o ritmo de substituição de nossa frota por veículos elétricos, condicionado a PARARMOS A DESFLORESTAÇÃO em todo o planeta. Tic-tac o relógio não para, para viver ou morrer qualquer hora serve: A ESCOLHA É NOSSA!  


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