domingo, 10 de abril de 2016

E por fim um poeta.





A terceira República portuguesa conheceu 21 Ministros da Cultura, onde teve de tudo, desde sargento até iletrados, desde  técnicos até, sua maior incidência no cargo: Políticos! Ocupavam o cargo pelo simples fato de serem políticos, e porque o ambiente político os alçava. Espero que esse tempo esteja definitivamente encerrado, e que tenhamos a pessoa certa no lugar certo, e que este ministério tão importante porque é a sala de visitas do país, e é de sua boa ação que o desenvolvimento do turismo depende, que uma certa coesão nacional depende, que a identidade portuguesa se mantém na expressão de seus autores, de seus artistas, de sua gente, e é como se deve manter voltada para o mundo, sobretudo num país de serviços como Portugal, onde essa função, a mais expressiva representação de sua alma,  deve assumir a preeminência que merece e necessita, fazendo com que as pessoas se dêem conta da dimensão do cargo de Ministro da Cultura.

Nessa longa lista em que teve de tudo, nunca houve um poeta, vale dizer um ser com a sensibilidade aflorada, uma pessoa voltada para a percepção do mundo na sua dimensão mais profunda, nunca contou-se entre seus titulares um cidadão que, no universo de seus cuidados, tivesse publicado poesias, tivesse, por as cometer, assumido plenamente o estatuto de vate. O único caso de poeta neste âmbito, aliás muito bem sucedido, foi o de David Mourão Ferreira, que foi Secretário de Estado da Cultura na época dos ministros sem pasta do primeiro governo Mário Soares, e David Moura Ferreira foi, como sabemos, um grande poeta e um grande secretário de Estado da Cultura.

O atual ministro é um beirão interior, e, como sua gente, tem a dimensão do país, é de Idanha-a-nova, coração da Egitania, desde sempre uma identidade, como a identidade do Senhor Ministro é desde sempre ser poeta, e, desde que pode, seguiu a 'carriérre'. Seu rumo desde muito novo estava traçado.

Agora que temos alguém da mesma estirpe de um Mourão Ferreira, e por em cima diplomata de carreira, um homem com provas dadas, o ilustre Embaixador Luis Filipe Castro Mendes, podemos estar esperançosos que a Cultura vá tomar rumo, depois de preterida anos pela insânia que dominou a última legislatura, temos, portanto, um reconforto.

Como é reconfortante ver um homem de cara limpa na pasta, basta olhar para ele para ver sua postura psicológica, que é o que define uma pessoa, o que a caracteriza, e a faz ser verdadeira ou falsa. Depois de tantas mentiras e aberrações, depois de tanta gente inadequada, POR FIM UM POETA!

E bom poeta! Os poemas do futuro ministro são bons, intensos, verdadeiros, só desejamos que sua ação na pasta seja da mesma ordem: boa, intensa, laboriosa, verdadeira. Esperamos para ver o que teremos então. " E todos os mistérios que se fazem promessas e se perdem nos versos..."(*) revelar-se-ão.

(*) Do poema "Das Palavras" in "Os Amantes Obscuros" de Luis Filipe Castro Mendes.

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