segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Enfrentar a morte!




É o que 'peshmergas' quer dizer, eles, os curdos, que se disponibilizaram para derrotar o Estado Islâmico, o Daesh, que, aqui em sua capital, Mossul, é ainda mais perigoso, no reduto mais crucial, onde dizem jogar tudo, jogar seu futuro, e onde esperamos se jogue mesmo a cartada final.

Estão entre quatro e oito mil homens entrincheirados nesta cidade à beira do Tigre, em sua margem oeste. A Nínive bíblica assíria, a cidade da rebeldia eterna, má marca para um lugar tão importante, capital daquele império, onde Ishtar dominava. Mepsila de que nos fala Xenofonte, depois capital da província de Ninawa no Iraque, onde era a terceira maior cidade, e é a atual capital de algo que se criou por vontade própria, e, contra todas as possibilidades, fruto de uma estupidez ocidental, que deu vaza à toda rebeldia sufocada secularmente.

Hoje a arruinada capital do Estado Islâmico joga a supremacia dessa ideia baseada  no terror, sob muitas formas, sendo a mais desgraçada a do terrorismo internacional, e que com a ação de conquista territorial, como outrora, como desde os tempos medievais em que era esse o jogo do poder. Após as últimas tentativas alemãs na segunda grande guerra, essa tendência havia parado, para recomeçar com essa gente atrasada que emerge de uma época antiga em que vivem, para levar sua ideia de conquista territorial a efeito, sendo esta sua única possibilidade de existência. Tive já ocasião de dizer em outra crônica que as diversas regiões do globo guardam estágios de desenvolvimento diferentes, referentes à sua evolução histórica, estando umas numa antiguidade confusa, outras ainda na idade média, outras estagnados na idade moderna , outras na dita contemporânea, e ainda outras numa que se intitule pós contemporânea, havendo, dessa maneira, enorme variedade de desenvolvimento, e, como é claro, conflito entre os diversos estágios.

Essa insurgência autodenominada islâmica, que pretende ser um califado expansionista, solução tida como retrógrada pelo progresso de uns, e avançada pelo atraso de outros Estados, origem de todos os conflitos, porque ninguém quer abrir mão de qualquer parte de seu território, está hoje no cerne dos problemas do mundo, porque sua existência nesses moldes pretende, fora do tempo, contrapor uma realidade impossível, vinda de um estágio da evolução ultrapassado, que foi muito conveniente aos poderosos em seu tempo, permitindo-lhes conquistas territoriais que a história consolidou, ou não, porque logo a seguir perderam-nas, ou foram ultrapassados pelo momento seguinte de outros que os avassalaram ou se independentizaram.

O fato é que tendo encontrado o mundo com as fronteiras que tinham, o Estado Islâmico quis demarcar as suas, conflagrando guerras em que os poderosos, devido a más experiências anteriores, com altos custos em vidas humanas para as suas hostes, não quiseram empreender no terreno, optando pela ação aérea, indiscriminada ação com numerosos danos colaterais em vidas de civis, crianças e adultos que nada tinham diretamente com o conflito, e com destruição brutal das cidades, da qual Aleppo é o mais eloquente exemplo, promovendo um inusitado número de refugiados que fogem dessa guerra com todos os meios que encontram, gerando enormes pressões em outras zonas do globo para onde se deslocam.

Em meio a esse inferno generalizado, os 'peshmergas', cumprindo seu desígnio nominal, irão enfrentar a morte com renovada convicção de vitória, para reconquistar Mossul, retirando ao Estado Islâmico sua capital.

Quem viver verá!

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