domingo, 9 de outubro de 2016

Papa Francisco: O golpe de misericórdia.









São 17 novos cardeais! Irão somar-se aos 117 cardeais eleitores, dos 216, onde 99 têm mais de oitenta anos, não podendo votar. Esses 17 vão somar-se aos 16 de 2014, perfazendo 33. Este número mágico é o necessário para reformar o colégio cardinalício, e os consistórios, mas sobretudo o conclave, porque o que o fez Papa, bem sabemos, o fez em desespero de causa, e como Francisco quer que uma nova linha prevaleça na Igreja, necessita a limpar das teias de aranha, do mofo e do pó que se acumularam ao longo dos séculos. Gerando novo número que prevaleça nas votações para não passar mais pelo infortúnio de as perder.

Quando em 2014 reuniu a Igreja para a tentar modernizar com a aceitação dos divorciados, dos homossexuais, de todos os excluídos por diversas razões, seguindo a regra que diz: "Odeia o pecado, mas ama o pecador" Francisco, já sabedor da oposição dos cardeais, não reuniu um consistório, mas um sínodo, alargando desta forma a base votante, e tendo feito pela primeira vez na história bi-milenar da Igreja um inquérito prévio, onde ficava clara a opinião dos fiéis, tudo na esperança que com o sentimento dos católicos em mãos e com uma base mais alargada onde entravam todos os bispos e não só os cardeais, obteria uma votação favorável às mudanças, não o conseguiu, portanto sabe que tem que mudar a relação de forças no interior do colégio de cardeais, para poder tentar algum progresso numa Igreja anquilosada.

Nunca esquecer que os cardeais vêm de entre os bispos, e serão esses que proporão novos bispos, mantendo o 'stablishment'. Com os novos 17 atinge os 33 que sempre foram necessários na contagem de espingardas para haver uma maioria renovadora entre os cardeais. Esse é o golpe de misericórdia para acabar de vez com aquela Igreja retrógrada e reacionária à qual Francisco sempre se opôs, desde as ruas de Buenos-Aires até a cadeira de Pedro, e por sentar-se nela não mudou de opinião, nem contemporizou.

Eu que não gosto dos dois anteriores papas por razões diversas, devo reconhecer seu trabalho na reformulação e modernização do colégio cardinalício. João Paulo II, que foi trazendo lentamente sangue novo ao colégio e Bento XVI com seus cinco consistórios em menos de 8 anos de papado, fez 76 novos cardeais, com alguma preferência para a Igreja progressista, e foi esse esforço desses dois papas que permitiu a eleição de Francisco.

Agora com os 33 de Francisco, todos progressistas, muda definitivamente a preeminência dos conservadores.

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