sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A ignorância, o desrespeito, a intimidação, e as disfuncionalidades cognitivas temporárias.





A ignorância é um estado de falta de saber ou de ciência de quem a tem.

O desrespeito depende sempre de quanto o outro julga desagradável algo que se fez ou que se disse.

A intimidação é uma ocorrência que se dá quando alguém se revela incapaz de superar a ação adversa, decaindo frente ao receio que essa se lhe apresenta.

As disfuncionalidades cognitivas temporárias podem ser (e faço notar que disfuncionalidade não é disfunção): 1. na percepção, 2. na memória, 3. na linguagem, 4. nas funções executivas que se referem ao raciocínio, à lógica, às estratégias, às tomadas de decisão, e às resoluções de problemas, sendo, pois, todas relativas ao planejamento e as execuções de tarefas.

Tendo as acepções em vista, só há falta de respeito em sua ocorrência, quando há um julgamento de desagrado, o que não implica que por se ter desagradado alguém se o tenha desrespeitado, linha equívoca e de difícil traçado, posto que a ignorância pode entender como desrespeito algo que é meramente designativo, sem intenção de desagradar ou ofender, como se verá.

A afirmação de que alguém revela uma desfuncionalidade cognitiva temporária significa o mesmo que dizer que alguém foi desatento, ou se esqueceu de algo, ou teve perda de memória com isso, teve mal uso da linguagem, ou respeitante as funções executivas que terá perdido temporariamente, pensou mal, cometeu um erro de interpretação, ou lógico, teve uma má estratégia, tomou uma decisão errada, ou resolveu mal um problema. NADA DISSO É OFENSIVO, ainda que seja desagradável alguém ver-se apontado por isso.

O Secretário de Estado poltrão Mourinho Félix disse hoje no parlamento português que o empertigado e tolo Deputado Leitão de Barros revelava uma disfuncionalidade cognitiva temporária, levando ao ignorante presidente da Assembléia da República Ferro Rodrigues a exigir respeito por parte do Secretário de Estado que, intimidado pela manifestação massiva das bancadas à direita nesse parlamento, viu-se como timorato, covarde que é, levado a se retratar e pedir desculpas. Se fosse desassombrado e conhecedor da língua vernácula, tranquilamente teria repetido o que disse para escândalo geral, acredito, e para seu auto-respeito, que afirmo ser o maior valor ao qual se deve ater um ser humano.

Espetáculo lamentável o da impotência, o da ignorância, o do medo e o da poltronice, que leva alguém a recuar numa afirmação correta por reunir as condições prefiguradas.

Esse episódio lembra-me outro que se passou no parlamento brasileiro no bom tempo em que esse era composto de figuras cultas e de elevado valor, deu-se envolvendo ao deputado Carlos Lacerda, que era um homem de grande tino, cultura e velocidade de raciocínio, ou seja com grandes funcionalidades e funções cognitivas operacionais em permanência, e foi assim que se passou:

Um deputado muito irritado com as contraposições renitentes interposta pelo deputado Carlos Lacerda, aponta-lhe o dedo designando-o como um incômodo, afirmando: "Vossa excelência é o purgante nacional!" ao que obtém como resposta pronta: "E Vossa excelência o efeito!"


P.S. E agora a comunicação social, respeitante ao caso português, repete a ignorância geral.

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