segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Francisco o herege.








                             “Santo Padre, com profunda aflição, mas movidos pela fidelidade ao Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor à Igreja e ao papado, e a devoção filial a Sua Pessoa, vemo-nos obrigados a dirigir a Sua Santidade uma correção, devido à propagação de heresias produzida pela exortação apostólica Amoris Laetitia e de outras palavras, atos e omissões de Sua Santidade.”
                                Trecho de uma carta enviada ao Papa por 40 padres e teólogos onde o            .                                 acusam de herege.



Consideram-no herege por afirmações como a que fez sobre os homossexuais, sobre as mães solteiras, sobre o divórcio, sobre o confessionário, sobre sua visão de futuro da Igreja, por sua postura comprometida com as misérias do mundo e com os que nelas estão, que, segundo estes que o criticam, afastam-no da sua condição de Papa, e remetem-no para sua condição de chefe de Estado, sendo portanto mundano, herege, que somando às suas afirmações "blasfemas" na opinião de vários membros da Cúria que reafirmam esse rótulo de herege.

Mas quais as heresias de Francisco? O que terá afirmado de tão medonho? Disse num outro artigo recente sobre a situação do Papa, onde abordava sua homilia natalina e o Urbi et Orbi do mesmo dia de Natal, o seguinte: Sim esse homem é extremamente perigoso para aqueles que não querem a revolução completa da palavra do Cristo, e assim mantêm as exclusões, as de gênero, as de padrão de conduta, as de diferentes padrões econômicos, as daqueles que estão na condição de sem pátria, sem trabalho, sem lar, sem futuro. Todos os excluídos que Jesus evoca e convida para a sua ceia. Onde alertava para o recrudescimento do conflito interno do Vaticano, para logo a seguir afirmar: E é fácil de perceber porque esse homem é mesmo muito perigoso, e ademais incômodo, porque insiste não só pelas palavras como também nos atos, na sua preferência pelos excluídos, pela justeza, pela verdade, e pela dignidade humana. Poderá haver comportamento mais perigoso? Mais em contra de interesses estabelecidos? Como se passou no Banco Vaticano, que fora transformado uma enorme lavanderia.


                               Dos homossexuais: “Se uma pessoa é gay, quem sou eu para julgá-la?”

Nessa preferência pelos excluídos encontram-se os homossexuais que não podem participar da comunhão, assim como as mães solteiras de quem disse:

                           Das mães solteiras: “Essa mulher teve a coragem de continuar a gravidez"

E dos divorciados que também excluídos do seio da Igreja são repudiados, e os que se casam novamente são considerados adúlteros. Francisco na sua revolução silenciosa, mas nem tanto, afirma que o divórcio pode ocorrer por diversas razões, até para a defesa dos filhos, e que a separação não pode ser motivo de exclusão, recomendando a inclusão dos casais onde há divorciados, pois não os quer afastar de sua fé, não se arvora esse direito, tendo afirmado sobre o divórcio, verbis:

                                           Do divórcio: “Existem casos em que a separação é inevitável”

Pois sabe que assim é, porque entende o humano e deixa essa posição de superioridade e de dedo acusador que sempre se atribuiu a Igreja Católica, numa pretensão e pretensiosidade absolutas da discricionariedade a que se arvora sobre a vida dos fiéis.

E concluía eu na certeza da revolução que Francisco representa, e no Bem que ela traz: Sim esse Papa é o centro de um perigo que representa mais que o perigo pelo perigo de suas ações, mas um perigo porque suas ações legitimam uma igualdade que ofende os privilégios, que revoga a superioridade, que rebaixa as classes superiores, e eleva as inferiores, esse Papa é um homem muito perigoso, sim. E bem sabemos para quem!

Francisco é um revolucionário, partidário da revolução final, a revolução de todas as revoluções, a interna, a da alma, a mesma que Jesus (outro homem muito perigoso) pregava, mas que a ambição, os complexos, a ganância, a ligeireza, a indiferença, a superficialidade e o desamor dos homens vem evitando que se deflagre, essa mesma condição que deu sucessivos Papas não revolucionários, logo não representativos do Cristo.

Francisco é a revolução num lugar perigoso, Francisco é o perigo da revolução, Francisco é a voz que tem de ser ouvida, que se fará ouvir como revolução que é e representa incomodamente, fortemente, absolutamente, plena revolução na palavra e nos atos, que esperamos dê frutos.

Repito largamente minhas palavras como faço com as orações por Francisco, por que desejo um mundo melhor, onde haja menos preconceitos, onde a Alegria do Amor (Amoris Laetitia) impere, e sinto que esse homem, sim o homem mais que o Papa, que estando nessa sua posição, pode e tem contribuído para construir. Tarefa difícil com tantas mentes estreitas que há no clero, mas esta é sua luta, e espero bem que a ganhe. 



                                    

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