sábado, 26 de maio de 2018

1968, 50 anos depois ainda não se realizou.





                                                                                                      Antes que Maio termine. . .

Independentemente do que quer que se tenha conseguido, independentemente do que possa representar, independentemente do nível de conscientização, evolução, legislação, mudanças, ou realização de objetivos pretendidos, independentemente do que possa representar como linha divisória, como aviso, como alerta, e como obstáculo ao desenvolvimento da exploração do homem pelo homem, independentemente de tudo que representa, que, afinal, é um avanço, Maio de 68 está tão presente hoje passados 50 anos como estava naquela época.

Talvez mais presente ainda, talvez mais sem solução, porque as soluções que 68 apontava, já não servem, que os caminhos que se apresentavam como possíveis de serem trilhados, foram lenta e minuciosamente obliterados, Maio de 68 serviu bem como aviso, aviso para que se tomassem medidas preventivas, e os instrumentos do poder viram que na desmaterialização das relações a todos os níveis, a começar pela do trabalho, das finanças, da economia, quando possível, do feixe de vínculos que constroem a sociedade como inter-relação, e com mútua dependência, com o objetivo primeiro de eliminar a dependência do capital ao trabalho, volatilizando-a, transformando os meios de produção numa realidade apartada, cuja única finalidade será cada vez mais satisfazer as necessidades das grandes massas, que se tornaram por sua vez prisioneiras de suas próprias necessidades, a outra componente da equação, cada vez mais dependerá de si mesma, posta e contraposta em estruturas que só dela dependam, realimentação-se como se existisse por si mesma, sem qu participasse da equação. Por isso se formulou o mundo financeiro tão absoluto, e por isso o dinheiro ganhou uma ascensão absurda e irrealista, como se  existisse por si mesmo, como um agente auto-gerador, onde o trabalho, base de tudo que existe, fosse uma não realidade, ou uma ficção.

Alcançada a irrealidade que se antevia em 68, razão da insatisfação pressentida, mas não compreendida, sobretudo pela ignorância dos agentes dessa insatisfação, com a subversão total dos valores que formam a sociedade, com a dilaceração do 'corpore filosofico', não havendo mais regras de decência ou de razão que orientem o todo social, chegamos ao terceiro milênio.

E as inimagináveis transformações do mundo ocorridas neste meio século, com as mudanças absolutas de estruturação do meio social, e, evidentemente, de suas relações, onde a realidade, que se traduz em informação, se dispersa instantaneamente no planeta, e com a formatação das injustiças, e bloqueio definitivo dos antigos caminhos, o 'plano' dos que definem a ação do poder no seio da sociedade conseguiu seus objetivos, e verdade, sendo o mais absoluto deles o controle total das realidades, com suas imposições instantâneas, como, por exemplo, transferir dezenas de bilhões a um toque de uma tecla, ou mesmo sufragar uma alteração da realidade a milhões de almas pela mesma via, posto que com essas mesmas conquistas haja se posto, e posto consequentemente a todos nós de novo na encruzilhada de Maio de 68. Por isso afirmo que este não se realizou, posto que as mesmas insatisfações perduram, as mesmas inquietações fermentam, a mesma opressão aflige.

Não sei quantos Maios de 68 serão necessários, como a Al Queda, ou que nome venha a ter, não saberá quantos onzes de Setembro seriam necessários para atingir seu objetivo não alcançável, porém    
no processo de ação contra-natura que pretende a Al Queda, o gol é a desgraça, já no de dar cobro a insatisfação reinante, o gol é a felicidade, talvez extremos impossíveis ambos, mas que se trilharão pela obstinação humana, sendo que no caso da Al Queda, acabarão as pessoas dispostas a se imolarem pela imposição da estupidez e distorção fanática de alguns, e no caso da JUSTIÇA SOCIAL, pois é disso que se trata, sempre haverá gente disposta a lutar para que ela se imponha.

Esta é quase a história da Humanidade, a da luta contra as injustiças, e as consequentes reações do 'establishment' para manter seus privilégios financiados pelo quanto de subtração de riqueza possa promover aos demais no estabelecimento de injustiças. Porém com acredito que tudo tenha um fim, não essencial, quase sempre, mas episódico, para que toda a ciranda reinicie, tendo portanto dado margem à famosa afirmação redutora mas efetiva, que afirma que tudo deve ser mudado par que tudo permaneça como sempre foi, assim como um vulcão que regurgita uma porção de sua lava para continuar fervendo tudo que tem dentro. Porém sabemos que apesar de ser raro, apesar de ser demorado, apesar de ser ocasional, no processo fortuito do tempo, as violentas erupções acontecem.

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