sábado, 30 de novembro de 2019

"O Captain! My Captain!" Foram os 200 anos de Walter.







                                                                                             Publicada originalmente no Jornal A Pátria.



ROTEIROS PARA A VIDA.

Era um livrinho preto de capa dura, penso que um pouquinho maior que A8, com 6x10 centímetros, que andava comigo pra toda parte. "Leaves of Grass," publicado um século antes de que eu nascera. "And I know that the hand of God is the promise of my own, And I Know that the spirit of God is the brother of my own, And that all the men ever born are also my brothers, and the women my sisters and lovers..." Era para aprender inglês que chegara às minhas mãos o pequeno livro preto, mas ensinou-me humanidade, esta lição de esplendor, e de eternidade para quem a aprende..." ... And that a kelson of the creation is love, And limitless are leaves stiff or drooping in the fields,..." E eu também queria cantar-me, e ouvir a "Canção de mim mesmo." Em que ritmo tocaria?  Quais as suas notas, quais seus versos, e seus compassos?

Walt, ensinou-me o imenso senso do destemor, o enorme poder do desassombro, a interminável força da comunhão, quando meu país desmoronava em sincronia com meu lar e minhas hormonas. E eu devera cantar-me? Deveria lutar contra essas forças que me esmagavam? A resposta era sim, porque Deus é meu irmão, todos os homens são meus irmãos, e todas as mulheres são minhas irmãs e minhas amantes...  e conscientizado de que "The whole theory of the universe is directed unerringly to one single individual." Não havia saída, não poderia fugir, e estava condenado a ser poeta, O Captain! My Captain! Lincoln morria, mas nós continuaríamos, e a vida é um dom por demais valioso para que titubeemos. Exult O shores, and ring O bells!
                            But I with mournful tread,
                               Walk the deck my Captain lies,
                                  Fallen cold and dead.


N'A concubina fogosa do Universo (também publicada aqui no blog), lembrei seu bicentenário com alegria e zelo, mas era necessário dizer da marca que fica do poder infinito da palavra que, quando bem convocadas, incitam maravilhas, produzem eternidade. E Walt gerou infinitos mundos de esplendor infinito. É preciso afirmá-lo.

Implantou em minha alma, com sua vara de condão, a percepção das maravilhas que vivemos, "Seeing, hearing, feeling, are miracles, and each part and tag of me is a miracle." E deu-me roteiros para a vida: "Re-examine all that you have been told... dismiss that which insults your soul." que procurei seguir, " Keep your face always toward the sunshine -and shadows will fall behind you." Deixando-me a lição que havia tentado me entranhar meu professor de  filosofia, um psicólogo arrogante, mas, a lição, na voz de Walt não tinha arrogância, e sim singeleza: "I exist as I am, that is enough."





















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