quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Septembereleven forevermore.

Os aeroportos tornaram-se um inferno. As secretas, que já eram muitas, multiplicaram-se. Os ódios e temores multiplicaram-se também, e as suspeitas e repulsas atingiram níveis impensáveis. O mundo ficará para sempre dividido. O Islão passou a ser sinônimo de terror, e toda cultura diferente da nossa passou a inspirar temor. Um atraso evolucional tremendo. Foi uma desgraça o malfeito da Al-Qaeda. Bin Laden será o demônio liberto da garrafa que para todo o sempre nos aterrorizará. O século XXI inaugurou-se com um conflito que perdurará muito para além de sua ação, instrumentalizando uma reação preventiva que cada vez mais se enraiza no cotidiano, criando um desassossego crescente, uma repulsa que se cristaliza, uma separação quase abosluta de culturas que deviam se aproximar, como que erguendo uma muralha intransponível entre povos de diferentes ideologias e religiões, com consequências que ainda não somos capazes de avaliar totalmente, porque seguem num crescendo. 20 anos volvidos nada melhorou, mais guerras foram travadas em seu nome, e as datas do horror se multiplicaram para além do september-eleven, hoje também temos o Marzo-once (Madrid 2004), o 7 janvier (Paris 2015), os 13 N (Paris e St. Denis 2015) e muitos mais dias de horror pelo mundo fora, criando um calendário de desgarças. Jihad, guerrilhas e guerras, por fim tendo como reação uma guerra contra o terror, que, como a guerra-fria, existe invisível na maior parte do tempo, e que se mostra espradicamente sangrenta em datas certas. E estamos encurralados neste beco, neste callejón nessa rua sem saída, nessa ruelle, neste alley, no dead-end, nesse impasse. E não nos conseguimos nos libertar para avançarmos em entendimento. Para além de toda a tristeza, para além de toda a dor, das ausências com as mortes das vítimas, temos a revoolta e o ódio, já que ficamos marcados a ferro e fogo por esse malfeito do 11/9. Quem hoje não lança uma prece quando vai a um aeroporto pedindo que nenhuma desgraça como essa suceda. Vivemos tempos duros, nada como no tempo em que uma mala esquecida num terminal criava como única preocupação encontrar seu distraído dono. Hoje chama-se logo o esquadrão anti-bombas. Eu que tantas vezes viajei pelo mundo com a doce sensação de aventura, hoje viajo com o ferrete do terror a regular meus atos, a me incomodar no embarque e no desembarque (Quem já foi a Israel terá péssimas memórias do desembarque num de seus aeroportos.) com a terrível pressão e condicionamento, que impera no controle de passageiros, de nossos movimentos e atitudes. Nunca mais haverá inocência, as cinzas do incêndio das torres gêmeas espalham-se, e seu fumo intoxica a alma de toda gente. Será onze de Setembro para sempre.

2 comentários:

  1. Nada será como dantes. A acrescentar atentados em Barcelona, Nice, Londres. Espalhou-se o terror, não só pela Europa, como no resto do mundo. Os países do médio oriente continuam em grande pressão e terror. O sofrimento é atroz. A questão é : não podemos evitar tudo isto?
    Lia Branco

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  2. Cara D. Lia,
    Acredito até que possa haver vontade de evitar essa situação, sair dela, o problema é que ninguém sabe como. Os dois lados se extremaram, e a tendência é do agravamento, ódio só gera ódio, e na verdade está generalizada a situação beligerante. Quem será o primeiro a tentar uma reconciliação? Não vejo nenhum dos dois lados desejando paz. Atentamente, Helder Paraná Do Coutto.

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