quarta-feira, 23 de julho de 2014

O DINHEIRO TUDO PODE.



SINTOMAS


Agora sabemos que se a China entender fazer parte da CPLP preenche todos os requisitos. Um país de língua portuguesa com certeza...Aliás CPLP quer dizer comunidade dos países de língua portuguesa, nada mais óbvio! Outra condição é defender ( talvez não aplicar) os Direitos Humanos, não haver pena de morte por exemplo....E, claro, promover o uso da língua Portuguesa, nós já estamos mesmo a ver os 1.350.000.000 de chineses todos, sem nenhuma excessão falando Português e até dançando o samba ou cantando o fado, é claro...

Brincadeiras à parte, entendo perfeitamente que qualquer coisa que se crie, acaba por ultrapassar os propósitos de sua criação. É verdade que uma determinada entidade sempre será uma plataforma de onde se poderão lançar muitos interesses, e isto é a coisa mais normal do mundo e plenamente compreensível, mesmo um país transforma-se em plataforma para os interesses mais díspares. Então porque necessita a Guiné Equatorial, que já é um país (acreditem é quase, é mesmo quase , quase.) de uma outra plataforma, uma comunidade de países. É mais ou menos assim: Se você é por exemplo ladrão e está manjado (marcado) no espaço onde atua e quer continuar roubando, o melhor a fazer é mudar do lugar onde agora rouba para outro onde não se note tanto. Melhor ainda se puder-se confundir com um grupo de pessoas, de preferência sérias, no meio das quais possa atuar sem dar muitos nas vistas, e onde possa ter acesso, acesso que sózinho não alcançaria, a muitas carteiras. É mais ou menos isto que a Guiné Equatorial pretende ao entrar para a CPLP.

Que seja inevitável, e até interessante, que uma plataforma criada se expanda e vá se transformando em outra coisa que não aquilo de quando da sua criação, é coisa perfeitamente compreensível. O Condado Portucalense e os muitos Portugais que houve ao longo do tempo, foram as muitas realidades que resultaram daquele projeto inicial. Assim a nossa Terra brasilis também passou por muitas e diferentes fases até ser o que é hoje, e certamente ainda vai ser outros Brasís para além dos muitos que já foi. O que não é inevitável é que tudo esteja à venda pelo melhor prêço. Pelo melhor prêço se vendem as coisas em arrematação pública, em leilões e hastas onde as coisas não podem permanecer sem que sejam vendidas. Como se a dignidade não pudesse permanecer com a ascensão do dinheiro, estamos em hasta.( E para que nuestros nuevos hermanos lo comprendan: Hasta quando?) Se não estamos, o fato incontornável é que poucos valores  não tem caído face a esta ascensão. Quase nada tem permanecido frente a sanha ascensional do dinheiro que impõe-se a tudo e todos como solução última, como verdade absoluta, como posibilidade única. Destruindo todos os valores que a história da humanidade havia construído ao prêço de sangue, suor e lágrimas, para usar a expressão da última oferta de dignidade que se ouviu neste planeta, e pela qual acabou-se por pagar o prêço de 60 milhões de vidas.**

Hoje por, e com, outros meios se refinam os destinos da humanidade, delimitados e afeitos aos parâmetros da realidade superviniente das finanças economicas*, malbaratando todos os outros valores que se lhe contraponham. Vivemos crendo em que? O que realmente é impossível? Qual o valor imaterial que perdurará? Qual a última dignidade intangível? Qual o critério que não se ultrapassará? Em que nos transformaremos?

Tenho medo de todas e de cada uma das possíveis respostas a estas questões. Tenho medo porque quando não mais há valores superiores segundo os quais nos nortearmos, quando tudo é possível, sendo apenas tudo uma questão de prêço (Olhem o quanto venho aqui repetindo esta palavra!) como se nada mais restasse intocável, como relíquia respeitável, como valor incorrupto ( também tenho medo desta palavra, já não lhe vejo muita utilidade) como algo que soubéssemos que está acima do Bem e do Mal, tenho medo quando parece já não haver nada mais assim, tenho muito medo quando o deus é o dinheiro.

Pois voltemos a Guiné, não será demais repetir o que todos sabem: A Guiné Equatorial é a mais antiga ditadura do mundo, corrupta, assassina, corruptora, nefanda e destruidora. Veja lá que tem um PIB per capta maior que o português por exemplo, maior que o espanhol, duas vezes o do Brasil, tendo uma população igual à encontrável em alguns bairros de São Paulo ou Rio, e veja a qualidade de vida dos guieneenses equatoriais, se a pode comparar com a de qualquer bairro de São Paulo (PIB/capta 1X2) ou muito menos com qualquer cidadão espanhol ou português (PIB/capta 1X1)? Que país é este? A Guiné Equatorial de língua espanhola é uma ditadura odienta, com um sucessor à vista, como um Bashar Al Assad, sendo o pai pior que Hafez, Teodoro Obiang é como um Idi Amin Dadá, um Saddan, um Papa Doc. E em vez de se lhe cercearem os caminhos para que não hajam mais ditaduras, ademais assassinas e corruptas como esta, abrem-se-lhes os caminhos, ofertando-lhes a bela plataforma da CPLP, vendida sabe-se lá a que prêço. Bastava um membro se opor, só um,  pensei que o Dr. Cavaco, depois de tudo o que disse, poderia ser esta figura, mas nunca enganei-me: CORAGEM NÃO É PARA QUALQUER UM. Depois a suprema, não é humilhação mas revelação, o novo Senhor membro, faz questão de, quebrando o protocolo, se apresentar como quem diz: ' Paguei, aqui estou!'  Restar-nos-á, então, chamar o Legião Urbana, com seu som metálico forte, para em altos brados fazer a trilha sonora deste filme de horror.



* Note que não disse economia, pobre senhora há muito destronada.
** Lembrei Churchill porque sei como é necessário um líder como ele,
     leia o artigo: Que falta nos faz um Churchill.

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