terça-feira, 7 de junho de 2016

0$ P0BRE$ PAI$E$ RIC0$.







Escolhemos três exemplos de diferentes tipos dessa riqueza pobre, porque com eles teremos boa noção do que se passa em economias onde ha enorme riqueza, e, mesmo assim há uma endemia da pobreza por razões que devemos ter em conta.

O exemplo mais gritante é  o dos 700% de inflação na Venezuela, com tremendas repercussões sócio-econômicas, falta de gêneros, descontinuidade no fornecimento de energia,  ruptura social e política, um caos que  nenhum país pode atingir, salvo por uma incompetência profunda de quem governa. É claro que para além disto há sempre uma razão, uma causa para além do controle de quem governa, porque ninguém quer governar mal, nem começa crises, não sabe é muitas vezes como acabar com elas, como no caso da Venezuela, em que a queda do preço do petróleo reduziu a menos de metade as entradas de recursos no país, que sem receitas viu-se com todo o sistema econômico-financeiro em colapso, sem saber o que fazer, a situação foi piorando até o ponto em que se encontra. Venezuela é um dos maiores exportadores de petróleo, um país rico portanto, que não aprendeu ainda que a riqueza só é riqueza quando gera riqueza, quando se a gasta, ou quando ela entra  numa economia não muito estruturada ela destrói essa economia, porque dinheiro a mais é como água a mais, em vez de ser um bem, algo que nos favoreça, que mate nossa sede, nos dê um bom banho, que regue com fartura nossos campos, não ! Nos afoga e alaga tudo, destruindo o que existe.  A riqueza só é boa quando produz trabalho, gera  mais riqueza que é distribuída num processo circular onde vai e volta para poder ir de novo, como a chuva, quando vai somente, como um rio, carrega consigo tudo que está dentro dele e despeja a jusante, causando pobreza por onde passa. Este rio de petróleo que corre na Venezuela, que se transforma num rio de dinheiro, a está destruindo, porque empregado erradamente. 
                             
 O caso da Alemanha está nos antípodas venezuelanos, mas mostra claramente também a ação nociva da riqueza, que gera pobreza, que só não é mais grave de momento em território alemão porque, como ela se protege por trás do Euro, seus desequilíbrios são distribuídos por toda a Europa, criando miséria noutros países. Vejamos isto com atenção: a Alemanha está gerando superavites que distorce a sua moeda, distorção tão grande que já a teria jogado numa recessão econômica com inflação monetária, o que corroeria sua riqueza rapidamente, no entanto, como sua moeda é a mesma de mais vinte e sete países, e como os alemães têm o saudável hábito da poupança, este os defende, e assim exporta sua inflação, resultante dos superavites sucessivos, para o resto da Europa, indo eclodir em países como a Irlanda, Portugal e a Grécia, que não tendo o hábito da poupança, e tendo se endividado com a abundância de dinheiro que há no mercado, hoje pagam o preço de sua imprevidência. 

O outro caso paradigmático é o brasileiro, que é riquíssimo, poderosíssimo, com diversificada economia, que tem em boa medida um sistema circular, pois produz de tudo, desde os produtos agrícolas aos bens de produção, instrumentais, e, portanto pode ir distribuindo o bolo, desde que na mesma medida que o distribua, produza crescimento econômico satisfatório para que o processo flua continuamente, se criar distorções pagará o preço de quebrar a fonte da riqueza, roubando seu crescimento, porque o que distribui a riqueza são os impostos e esses só podem ser aplicados sobre a produção, os serviços, as finanças e o consumo, só há essa cadeia, se houver circulação de riqueza, esta para ou enfraquece quando se quebra um qualquer elo da cadeia. No Brasil somadas três partes gravemente distorcidas, criou-se um monstro que é uma forma de encilhamento mais perverso, porque é um crédito mal parado, mesmo antes de ser concedido. Os  três componentes da crise brasileira, muito fáceis de se recomporem numa economia com a força da brasileira, o que não há  é ambiente político para se aplicar o remédio necessário,  porque o povo não confiando em nenhum dos  agentes políticos que há, se revoltaria em razão das medidas que são necessárias para solucionar a crise brasileira, em que esses três componentes foram um desastre completo, e devem ser amputados ou contido à vez. O primeiro, que deve ser totalmente estirpado, é a corrupção, que cria custos, desvios, e rouba a circularidade do fluxo econômico, porque o dinheiro roubado não é nem investido nem gasto no Brasil. O segundo é o custo-Brasil, que terá de ser eliminado, que existe em virtude das comissões, não corruptas, legais, da excessiva lucratividade das grandes empresas que força a todos a quererem e fazerem, se possível, o mesmo, o que gera um alto custo do dinheiro para financiar a economia, grandes taxas, e absurdos custos de contexto, criando uma realidade incompatível com um país que precisa crescer para poder distribuir. O terceiro é exatamente a distribuição do dinheiro, o repartir do bolo, que terá que ser contido, o que é muito mal, mas absolutamente necessário em virtude do ponto a que chegou a ação nociva dos dois anteriores componentes da crise. Ou seja, vai ser preciso um governo de direita que retire os benefícios distributivos incorporados na economia, até que essa possa se recompor e vir outro Lula que os reponha, porque o povo os quererá novamente.  A classe média de algo entorno de vinte e cinco milhões que ascendeu no Brasil vindos das classes inferiores, para poder continuar a existir será necessário que não haja corrupção assim tão escandalosa pelo menos, e que o custo-Brasil caia, para permitir que a riqueza circule mais rapidamente, permitindo um maior acesso à sua produção, com mais empresas se instalando, mais comércio abrindo, mais serviços se implantando, gerando mais emprego e permitindo que o dinheiro circule. O fato que ficou evidente é que mesmo uma mina de ouro como o Brasil não foi suficiente rica para aguentar a ação combinada da roubalheira, com a ambição de lucratividade dos meios de produção, incluindo o trabalho que, justamente, quiz ser melhor remunerado e não, como sempre, pagar a fatura do enriquecimento dos outros.

Três pobres países ricos que enfrentam misérias tão diferentes que têm de ser equacionadas com sabedoria e trabalho, ainda que no caso da Alemanha, o trabalho seja o de gastar dinheiro em projetos e despesas que o empreguem, eliminando seu superavit.  O que há de bonito nessa história é que tudo neste mundo tem limite e que aqui se confirma o preceito bíblico: Comei o pão de cada dia com o suor de seu rosto. Quando nos afastamos disto, estamos corrompendo a ordem das coisas. A riqueza só existe para gerar riqueza, e, ademais, para todos.

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