sexta-feira, 17 de junho de 2016

UM SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO.













O Brexit será o começo do fim.  É uma afirmação, absolutamente uma afirmação, tristemente uma afirmação. Numa família quando um filho deixa a família, seja por que razão for, deixa de fazer parte,  não é mudar de casa, ou deixar o convívio temporariamente, é deixar a família, romper os laços, deixar de fazer parte. Para aquele que deixa é o fim, para a família é começo do fim, porque uma família amputada, não é mais uma família, poderá até ser outra família, mas o mais certo é ser outra coisa.

A família europeia foi composta como foi, por vontade dos que quiseram fazer parte dela, logo, quando alguém a deixa, ela deixa ser a família que era, passando a ser outra coisa qualquer como disse, talvez até uma nova família, mas nunca a mesma, e será sempre uma família amputada.

Usei este título de uma peça de Shakespeare, "A midsummer night's dream", para intitular esse artigo, pelo simples fato de que apesar das fadas que controlam certos atores serem imponderáveis, e a vontade de viver o sonho, assim como na raiz da peça, era uma vontade que se impunha, e, aquela sendo uma comédia, aqui se demonstra a mais triste tragédia, porque não se tratando de um casamento, mas de um divórcio, a Saturnália que se seguirá será tão inesperada e comprometedora como a da peça, mas absolutamente diversa. Ou seja pagaremos preço idêntico por termos sonhado uma Europa, por termos sonhado uma união, que, como a união da peça, não passa de um sonho, isso mesmo, porque as partes não querem o dia a dia doloroso que consolida todas as relações, querem só a Bacanália que  sucede o enlace e que degenera sempre em desordem.

A Europa está podre no miolo, e os ingleses com seu bom faro não querem consumir o amargo fruto. Sem um tratamento eficaz, esse é o primeiro de muitos 'exits' que se irão seguir esfacelando a família, matando uma linda ideia que só se salva como nação. Porém numa nação, assim como numa família paga-se sempre o preço da pouca saúde de alguns de seus membros menos saudáveis, paga-se sempre o preço dos seus tratamentos, o preço de serem um todo e não partes. Isso não se verifica na Europa, e o resultado será a sua morte. Além do mais uma família onde a mãe tem a culpa de ter sido a algoz de todo o mundo, e que nunca assume seu papel de mãe, por mais rica que seja, nunca haverá força para manter coesos todos os membros da família. Foram mexer num vespeiro.

Este artigo foi escrito horas antes do brutal assassinato da deputada Jo Cox do labor, tudo agora poderá mudar, mas fica a reflexão sobre o sonho. Esta picuinha preciosista da convocação do referendo de David Cameron está agora manchada de sangue, nunca deveria ter sido convocado, é o sangue inglês depois do sueco na mesma vertente, a diferença é que Jo Cox era uma libertária contra mentalidades abstrusas e retrógradas em várias áreas, suas opiniões contra a xenofobia são exemplares, fica-lhe o sangue derramado.

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