quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O plagiário.





Todos os que escrevemos, compomos, desenhamos, pintamos, etcétera, sabemos que muitas vezes quando abordamos um tema que já foi muito trabalhado, sofremos grande pressão dos bons textos, melodias, desenhos, pintura, etcétera, anteriormente realizados que certamente influenciam o autor,  mas que de modo algum podem representar o caminho, o rumo, a linha percorrida pelo autor, compositor, desenhador, pintor, posto que se assim fosse, seria repetição, consequentemente inútil como manifestação artística, e, ademais desnecessária como análise, posto já existir (a outra), e resta, portanto,  apenas a prevalência da má-fé, esta situação fraudulenta, a que, nesta abordagem, designamos por plágio.

Se alguém não tem nada a acrescentar a um tema que aborde, seja por que meio for, não o deve abordar simplesmente, deve procurar outra matéria, outro assunto, em que se ocupar; entretanto quando na vida cotidiana alguém, por fé de ofício, tem de escrever um texto, ou uma canção ou uma música, ou tem de ilustrar ou desenhar uma temática, ou mesmo produzir uma pintura ou escultura para que essas tenham curso, vale dizer, produzam rendimento para o autor, muitas vezes recorre a temáticas dominantes, já bem difundidas que têm recepção garantida entre o público consumidor, o que é perfeitamente compreensível, desde que o faça de forma própria e inédita, não só para que esta valha  a pena, bem como para que não incorra no mais lamentável de todos os desvios, o do plágio.

Nada, penso, pode ser mais humilhante, minorativo, depreciativo de um artista, seja de que arte for, escrita ou visual, que o fato de uma obra sua ser semelhante a de outrem, quanto mais se o for coincidente. Pode até não representar plágio, pois poderá ter sido involuntária a ocorrência, mas é absolutamente um descrédito que envergonhará o artista, desde que esse tenha a menor vergonha na cara.

Um caso fortuito é uma triste ocorrência, uma casualidade, uma infelicidade a que todos estamos sujeitos, a repetição frequente, para alguns mesmo corriqueira dessa 'coincidência' é uma desonra, uma total falta de escrúpulos, posto que das muitas coisas que se podem roubar, e o roubo e seu autor, o ladrão, são sempre abjetos, a obra de autoria intelectual é o mais revoltante e desprezível dentre os roubos possíveis, tornando essa abjeção miserável, nojenta, revoltante; porque para além dos lucros materiais que esse furto terá proporcionado, ao mesmo tempo criou uma áurea, deu um valor, gerou um brilho imerecido, tornando indigno e vil todo aquele que se valha desse recurso ao plágio.

Enojado, com engulhos pela existência de quem possa por ventura valer-se desse expediente com a intenção de auferir lucro, ou mesmo por simples vaidade, reafirmo que dentre todos os atos mesquinhos que o homem pratica, considero o plágio entre os mais miseráveis, entre os mais torpes.



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