terça-feira, 19 de março de 2019

FÁTIMA DE TODAS AS MÃOS.





A filha do profeta, a Senhora na Azinheira, Cibeles com a coroa de azinheira, virgens negras, virgens brancas, senhoras da Lua, senhoras do céu, rainhas mães, a virgem mãe, a aparição portuguesa, o ciclo mariano, sínteses de uma longa história que se repete, e repete. Comecemos pela pequena localidade, pasto de gado, que hoje se chama pelo nome da Senhora.

Na freguesia da serra, Serra de Aire, da antiga Colegiada de Ourém, depois Leiria, bem a meio de Portugal, havia um nicho, um templo, onde a mão da filha do profeta guardava seus poderes curativos, há séculos cultuados.  É no mínimo curiosa a coincidência do nome da Virgem que aparece muitos séculos depois dos mouros terem deixado o território, quase meio milênio depois do tempo que os sarracenos deixaram a península, longo tempo ao longo do qual se manteve preservado o culto da mão da filha do profeta naquela Serra do maciço estremenho, no sistema Montejunto-Estrela, onde por toda a região serrana, como nos Candeeiros, há muitas grutas naturais, cisternas, caleiras, e cavidades, e falhas, locais onde se guardavam as virgens negras, ligadas a escuridão, à Lua nova. escura, como também em covas, entre estas, essa da cova da Iría, onde estava a mão poderosa de Fátima, a filha do profeta Maomé, uma virgem moura, logo escura, como Cibele tem seu culto espalhado por toda a serra. Nessa época dos árabes, em que a serra não era de principe herdeiro nenhum, aire, que isso quer dizer, e, como depois foi dado nome ao lugar, a toda serra, Serra d'áire, mas a esse tempo era Fatima que imperava sozinha naquela serra >> com o ciclo primordial da lua escura, que começa com os mistérios Eleusinos, onde Demeter e Perséfones (a Ceres e a Proserpina romanas) eram cultuadas repetidamente nos ciclos agrícolas, e que com os mouros expressa-se na filha do profeta.
Contam as lendas que um Hamsá de ouro foi encontrado na gruta maior da Cova da Iría, e não era um amuleto perdido, porque devido a seu tamanho não seria de fácil transporte. Esta mão estilizada, a mão de Fátima, símbolo maior da fé islâmica na filha do profeta, que com seu olho no centro da palma, protege contra o mau-olhado, contra as energias negativas, e que ao proteger-nos, o poderoso amuleto também nos traz, felicidade, harmonia, sorte e fortuna.
O Hamsá, originalmente significa  os cinco, numa clara referência aos dedos da mão, esse conjunto que esconde o poder mágico da senhora dona da mão, a mítica filha de Maomé, é o olho de Hórus recriado, magia eterna de um poder protetor repetidamente evocado, e evocado ao longo de tempos que se perdem na memória, ou pela falta dela. É também o lótus recriado, símbolo maior de outra fé, a budista, onde se entrelaça toda uma teia de crenças e energias convocadas ao longo de tempos, e que se renovam numa mesma evocação simbólica.

Porque? Porque essas deusas sempre foram cultuadas por diferentes sociedades que mantiveram por todos os tempos os antigos e múltiplos cultos estelares de suas muitas deusas, são centenas, por isso Fátima reúne todas as mãos, como símbolo de poderes antigos que não se extinguem, e teimam em renascer, e sempre nos mesmos lugares simbólicos e evocativos do culto.

Assim no primeiro ciclo, que durou vários milênios, tivemos dezenas de deusas cultuadas nesse local a que chamam a cova da Iria. Manifestações de energias antigas que se vão consolidando como representações de uma indicação superlativa, e como um indicativo de espera, e de acalmia, por isso a mão aberta. Eram então as deusas negras de muitas crenças, durante esse primeiro longo período da lua escura, que cumpre todo seu ciclo em múltiplas revelações. Depois irá começar o 2º ciclo, o da lua luminosa, e com ele virá uma virgem branca, mas que também se chamará Fátima como a que havia fechado o 1º ciclo.

Nunca se esqueçam que as coisas se repetem e se confundem, e, em sendo outras, são as mesmas.





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