sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Incendeia-se outra Catedral.









Como Notre-Dame: tradição, reverência, magnificência, esplendor, maravilha, importância. Notre-Dame tem a mesma altura que a minha Catedral, por volta dos 40, atingindo os mesmos 69 metros, nas suas colunas e pináculos mais pujantes, tendo também outras colunas mais baixas, só que Notre-Dame tem centenas de colunas, a minha Catedral tem centenas de milhões. A Notre-Dame tem  pouco mais de 850 anos, minha Catedral tem dezenas de milhões.

No mais são iguais, portais, capelas, fachadas, altares, naves, torres, rosáceas, arcadas, degraus, escadas, transeptos, gárgulas, pináculos, arcobotantes, sinos, contrafortes, abóbodas, claustros, vitrais, uma arquitetura complexa, antiga, magnífica. Só que os nomes na minha catedral, para as suas capelas, altares, gárgulas, e claustros são outros. Chamam-se Sumaúmas, Héveas, Castanheiras, Seringueiras, Palmeiras, Euterpes edulis, Symphonia globulifera, ouriços como hostiários, sapopembas, os sinos antigos, lianas, os arcobuantes,  bromélias, as gárgulas, pedregulhos, encosta, degraus e escadas, embaúbas, as colunas mais baixas, os clautros, clareiras, reflexos, vitrais, rosáceas, igarapés, etc...etc.... uma arquitetura complexa, antiga, magnífica.

O mesmo ambiente calmo, a mesma sombra convidativa e fresca, os mesmos bancos, as mesmas capelas, de vez em quando cruza um sopro gélido, muitas naves e seus altares, onde rezamos orações infindas, onde o canto gregoriano ecoa, e onde sobem em nuvens até aos céus as orações dos fiéis.

Todavia há a ação dos infiéis, dos incrédulos, dos malditos, dos abjurados, dos apóstatas, que fazem por roubar a paz às Catedrais. Incêndios devastadores, fogos devoradores, a destruir obra épica, incúria e maldição para roubar a beleza, profanar o divino, matar a esperança.

Benditas Catedrais, obras de Deus, como a de Nossa Senhora em Paris, a minha, que se chama Amazônia, não merece arder, mas vivemos tempo de gente maldita, fazendo coisas malditas, desgraças que roubam a beleza do mundo. Meu Deus, até quando?       




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