Agosto de 69, um sonho lindo. Paz e Amor. 'Ban the bomb.' Faça Amor, não faça a Guerra. Onde as pessoas procuravam uma saída para a corrupção dos valores sociais, e da sociedade como reflexo desta. Uma juventude inteira buscando novos valores, ideias e sentimentos. Proposta gloriosa de uma verdadeira Nova Vida, e tudo que depois se denominou comunidades alternativas. Era a contra-cultura em ação, três dias de celebração espontânea.
Ainda buscamos alternativas para o planeta que conspurcamos, e que começa a apresentar a fatura, com cara de cobrador mau, que violentamente quer ver o débito saldado, por bem ou por mal. As mudanças climáticas, a inconsistência econômica, as guerras da água, as disparidades brutais entre países ricos e pobres, o imperialismo que impõe regras turvas que permite essa distorções. São algumas das desgraças que o movimento hippie antevia, e bem, e as procurava prevenir. Baldada a ação e o alerta cheio de boas intenções do movimento, mergulhamos na plena estupidez, e hoje, meio século depois, estamos expostos a perigos que podíamos ter evitado.
Woodstock foi um marco. Viveu-se a expectativa de criar uma viabilidade, mas a guerra invisível que se estabeleceu entre esses valores que se pretendia implantar e o as coisas, com o dinheiro à cabeça, na frente liderando o combate que ganhou por imensa margem. A ascensão do dinheiro nesse meio século, é superior a toda sua ascensão nos milênios anteriores. Valorizamos coisas ignominiosas, pretendemos patamares inalcançáveis, propostos em razão das coisas, e não das pessoas. Todo aquele sentimento hippie, sua carga emocional, sia humanidade, foi malbaratado, ridicularizado, vencido, e, por fim, vencido no seio de uma geração que avançava, criando mais corrompidos valores à geração que lhe sucedeu. Tantas vezes os meios de comunicação repetiram com gozação, ou deturpação, o V do indicador e médio, símbolo de uma nova era, que o banalizaram, o corromperam. Enquanto a técnica, a medicina, a tecnologia avançava enormemente, os valores sociais, e pessoais, e de tudo aquilo a que chamamos sociedade, apodreceram mais, e perdemos o momento histórico que Woodstock ensejara.
Psicodélicos, festeiros, alegres, descomprometidos, buscando a felicidade antes da riqueza, multicoloridos, tranquilos e sentimentais, enamorados e visionários, os Hippies, buscaram outros valores para nos legar, para que fôssemos mais felizes e verdadeiros, para que destruíssemos menos o planeta, para que fossemos mais contemplativos, e menos agressivos, para que fizéssemos mais Amor e menos Guerra.
50 anos depois, tentaram re-editá-lo, esqueceram-se da espontaneidade, as coisas ou são, porque são, e acontecem, ou nada pode remediar. Além do mais, os valores de Woodstock andam em baixa.
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