quarta-feira, 1 de julho de 2020

AMÁLIA CENTENÁRIA.











Que  oferecer a  Amália ?      
                                                                                         A ela ofereci minha amizade
                                                                                          e constantemente lhe ofereço minha saudade,
                                                                                          mas isto é uma coisa só portuguesa

                                                                                        Trecho do poema: Une valse pour Marlene, do
                                                                                                livro: Luzes que não se apagam.



Saudade é a palavra. Essa palavra que dizem tão sem correspondência em outros idiomas. Mas aqui falamos e sentimos em português, e isto nos dá a certeza do termo: SAUDADE! Quem a conheceu bem sabe de sua presença... « Muito obrigada, Muito obrigada» e as mãozinhas no ar como a tocar castanholas.... Tinha sua mística. Morreu porque parou de cantar. Parou de cantar porque não tinha mais a excelência, qualquer outro se satisfaria imensamente com aquela fabulosa voz que ela ainda tinha, mas Amália não! Para Amália era pouco. E tinha tido um nível único, inigualável (e o termo não é ocasional, ou uma  forma de dizer, ou de elogiar, no caso de Amália era assim mesmo. Quando ela própria, não se conseguiu igualar, parou, e parando sua razão de viver acabou, e assim sua vida acabou, apagou-se a luz, foi isso.) Quem se pode igualar a Amália Rodrigues? O que há por aí em todo o mundo com aquela expressão, com aqueles vibratos? Não, não há, por isto a seu tempo teve o mundo a seus pés. No Japão, ninguém entendia uma palavra, e quanta gente na plateia chorou, chorou pela emoção que aquele canto passava. Única, inigualável!

Foi no milênio passado, ficou com o milênio nas coisas das memórias, não, não! Ficou e fica com as coisas do coração! Onde fica bem tanta emoção que representa. Ano que vem faz um século que nasceu, mas morreu triste. A última vez que estive com D. Amália, e a escoltei até o carro, tentei falar de coisas alegres, lembrar tempos felizes, quando a conheci no circuito das Casas de Portugal no Brasil, mas ela tinha já uma tristeza que doía, uma sombra que não anunciava nada de bom, passados uns meses, morreu.

Devo um poema a Amália, ainda não consigo fazê-lo, sempre me vem um nó, o nó da saudade e vejo que vou chorar. Penso que um dia certamente vou ultrapassar isto, mas, quando dos 15 anos, não foram suficientes para ultrapassar a dor, e, com o fato dela me ter honrado com sua amizade e agora eu saber que não posso mais ir a São Bento, a rua. Não há mais Amália... É duro.

Como estou errado! Há  Amália!  Toda esta ausência é ela, mais forte que nunca! Mais vibrante que  nunca, em nossos corações.

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