terça-feira, 9 de março de 2021

A JOGADA RESULTOU...

 

Quem visitar os jornais publicados em todo o planeta, e ler as diferentes notícias que dão conta da decisão judicial do Supremo Tribunal Federal que iliba Lula, ficará absolutamente convencido que o mundo inteiro não tem dúvida alguma que a condenação de Lula foi uma tramóia, uma jogada política, e devemos reconhecer que resultou. 

A justiça federal de Curitiba, leia-se Sérgio Moro, condenou Lula por uma só razão: EVITAR SUA REELEIÇÃO! Para permitir o acesso da extrema direita, para pôr esse ignóbil incompetente na cadeira de presidente. Posto que com Lula candidato ele não passava nem perto do fosso do Alvorada. Mas fizeram a jogada e a jogada resultou, o principal ator do logro recebeu o pagamento, sendo feito ministro da justiça - a injustiça dessa patranha é conhecida- mas o desejo de poder subiu-lhe a cabeça, se ele conseguia pôr um analfabeto no poder, como ele, Moro, medianamente alfabetizado não iria alcançá-lo para si próprio? E desta perversão todo o conflito que depois se soube.

Com a continuada ação jornalística que se seguiu tentando desvendar esta terrível jogada, tudo ficou conhecido, a traição de um juiz à Justiça, com adulteração de provas além do mais, e a de um procurador, que em conluio com o juiz, Moro de seu nome, arranjaram meios de 'prova' para incriminar um inocente. Mantive-me calado, porque enquanto a patranha não estivesse completamente desmascarada, tudo que dissesse era apenas uma argumentação de defesa, defesa que sempre fiz, portanto não valia a pena entrar no jogo. Teria de esperar e desesperar com tanta imundice e matreirice da jogada, e de suas sucessivas artimanhas; mas por fim a verdade veio ao de cima. E aí está,  pra todos verem, clara como água de nascente: LULA É INOCENTE! A condenação foi toda preparada adrede, com o artifício de que fosse julgado no Paraná, incompetente para o feito. E desse modo retiraram Lula da disputa, na qual se teria reeleito Presidente do Brasil. A única outra hipótese era matando-o, o que não ousaram, sobretudo pelo medo de terem além de um estadista, um mártir a os assombrar.

Porém o que penso, além de que Moro deva ser condenado por prevaricação, já havia expresso, é que Lula transformou-se numa ideia, a ideia de um Brasil grande e possível, com riqueza e justiça social, e não se pode matar uma ideia.  => Repito aqui o artigo: Uma ideia chamada Lula.

                                                                                      "Não me convidaram Pra esta festa pobre
                                                                                      Que os homens armaram Pra me convencer"
                                                                                                                                          Cazuza.



Sim há uma ideia chamada Lula, um misto de sonho e desejo, uma fusão de avanços e possibilidades. Há impossibilidade também. E o que significa isso? "Uma ideia misturada com a ideia de vocês." disse o próprio como que a desmaterializar-se, assumindo que não seria mais ele a representar-se a si mesmo, mas que seu legado ficava, imaterial como tudo que se sonha, e, também como lembrou para assumir-se culpado, muito material, pois promovera progresso social, chances e possibilidades, onde todos teriam melhor alimentação, estudo, emprego e poderiam sonhar com filho na universidade, boa comida na mesa e casa própria, coisas tão simples e óbvias que não deveriam ser discutidas, deveria ser um direto de todos, mas, como nós sabemos, são coisas fora do alcance de uma imensa parte da população, por simplesmente serem pobres, e não lhes ter sido dada a oportunidade para deixarem de o ser com a força de seu trabalho, essa a miséria da exclusão, por que se alguém é excluído por sua falta de vontade, porque não quis lutar e vive na flauta, nós não temos pena dele, mas se, por mais que lute, é posto de lado, porque as oportunidades que lhes são dadas só servem para não o deixar morrer de fome, nunca abrindo perspectivas para criar um futuro melhor, então mais do que nos apiedarmos, nos revoltamos, porque isso é expressão de injustiça, e a injustiça revolta-nos.

Mas, como sabemos, existe um grande número de cegos, sendo mais cego aquele que não quer ver, e não quer porque lhe é conveniente, a quem a injustiça não revolta, porque não a vê, não quer se dar conta dela, serve a seus interesses deixar as coisas pra lá, porque assim não lhe falta nada, ao se dividir muito o bolo os pedaços vão ficando menores, devo lembrar, na mesma proporção em que vão ficando mais justos, mas há muita gente que quer comer o bolo sozinha.
A ideia chamada Lula sempre existiu, e atendia pelo nome de justiça social, porém nunca fora posta em prática, nunca se soubera que é possível, com o poder sempre impondo outros interesses que, como passar do tempo, quase que convenceram toda gente que isso é assim, que não há outra hipótese, que todos deveríamos nos conformar com a correlação de forças <<pobre nasceu para ser pobre, e os demais para viver bem>> como a configuração da suprema injustiça. Porque a injustiça não está em se ser pobre ou rico, mas na falta de oportunidade de se ser o que se deseje e se esforce ser.

A ideia chamada Lula mostrou ser possível o contrário, e se todos não a largarem ela acabará por se materializar, deixando de ser ideia para ser realidade. Todas as coisas que existem começaram comedidas, começaram com possibilidades remotas. E o Brasil que se encontra agora no vórtice, no olho do furacão, à beira do abismo, a um passo do caos, mas sabemos que esse abismo existe com grande montanha junto que deve ser escalada. Ou se pode subir para um outro patamar, ou se pode lançar na queda do turbilhão, do buraco, do vazio, do retrocesso. A voragem em que vivíamos, expressão das profundezas do atraso e das injustiças sociais, estão sempre a espreita de um povo que não busque progredir sempre, elas são o contraponto insidioso. Eles retiraram Lula da possibilidade de voltar, para evitar a escalada, aquela que vimos se realizar, bastante tímida, é verdade, faltou a reforma agrária, faltou a institucionalização dos avanços sociais, todos os avanços que houve ficaram como sendo projetos, facilmente suprimíveis por outros governos, faltou muita coragem para mudar tudo definitivamente, porque era um governo democrático, avisa Lula, porque não tendo escolhido a via revolucionária, como aconteceu em Cuba, por exemplo, deveria fazer as coisas comedidamente. Não sei, para mim o voto vale mais que uma bala de fuzil, apesar que nem sempre tenha o mesmo efeito. (... mas sempre houve avanços...)

Porém seu verdadeiro legado é a ideia, a ideia de que é possível um outro Brasil, que podemos criar riqueza, distribuindo-a. Que poderemos vir a ser uma grande nação para além do grande país que o Brasil já é. Esta mudança de parâmetros, traz-nos a perspectiva de que o povo terá tomado consciência do que pode alcançar, tanto em sentido pessoal como no coletivo, tanto o indivíduo, como a nação. É esta a ideia chamada Lula. Esperemos que seja forte o bastante para se manter. Só ela pode nos afastar do precipício.

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