sexta-feira, 12 de maio de 2023

OS INSTINTOS PRIMITIVOS.

Somos o que somos, e não podemos fugir a isso, por mais sessões de psicanálise que façamos para nos tentar convencer do contrário. Temos implantado três cérebros em nossas cabeças, cada um relativo a um animal que nos habita (*), e dos quais não conseguiremos fugir, por mais que nos esforcemos. Desde o bom e velho impiedoso assassino reptiliano, até o estratega hominídeo, passando pelos comportamentos aprendidos, característicos dos mamíferos. Somos tudo o que fomos e fomos tudo o que somos, tendo tudo isso colado à nós de maneira absoluta. Tudo o mais é como é, só porque pode ser assim. Com o advento do fogo, que nos permitiu aumentar imensamente o tamanho e as capacidades de nosso cérebro, ingerindo muito mais proteína assimilável, expansão que nos foi tornando em seres superiores, mais propriamente pela capacidade de elucubrar, muito para além da de pensar, desde os pensamentos simples, afetos a qualquer animal, como os de ir numa ou noutra direção, para os quais os nossos sentidos já nos orientavam da melhor e mais apurada forma. Impressões que, quando são bem respaldadas pelos órgãos que nos facultam as receber (impressões exteriores, refiro-me), nos permitem alcançar compreensão a vários níveis. Sendo evidente que se estes órgãos apresentarem alguma deficiência, nos incapacitarão proporcionalmente ao grau desta, por exemplo: alguém que tivesse dificuldades auditivas e não ouvisse para além dos vinte metros, estaria em pior circunstância (incapacitado parcialmente) do que quem apresentasse as mesmas dificuldades só para além dos cem metros, assim regressivamente até oo que fosse surdo. Como os cérebros dispõem, em todos os animais, só dos cinco sentidos para receberem as impressões do ambiente em que vivem, para as poderem analisar, nada os diferencia nesse âmbito, aliás os iguala, a grande diferença reside no registro das impressões acumuladas - memória e sinapses estabelecidas - que determinarão a análise, a capacidade de interpretar, a reação, e a resposta mais adequada em cada caso - etologicamente - sendo o único propósito dominante desses comportamentos: MANTER-NOS VIVOS. Assim medo, pavor, ou bravura são reações da coragem necessária em cada caso, disse bem: CORAGEM; da mesma forma que lutar ou fugir, são reações fruto de uma avaliação muito particular das possibilidades existentes em cada momento, estando estas em equilíbrio com as possibilidades em desenvolvimento do assunto que busca decisão, avaliadas em relação à esta situação particular, o que nos inclinará num ou noutro sentido, lutar ou fugir, nada tendo a ver com os mitos estabelecidos neste campo, desde os que conferem medalhas, até os que geram execuções, passando pela condenação ou glorificação públicas costumeiras, tudo por motivos fúteis. (O que não exclui as propensões, os caminhos das sinapses, ou as memórias que nos levarão a ir numa ou noutra direção.) OBJETIVO VERSUS SUBJETIVO Sob muitos aspectos sociais e sociológicos, os nossos instintos, moldados pela componente animal, são também determinados por influências exógenas, ensinamentos, perspectivas, crenças, etc..., que se chocam muita vez com nossas tendências primitivas instaladas, e numa discussão da conveniência de qual rumo seguir, então inclinar-se-ão num ou noutro sentido, atendendo ao animal ou ao espiritual, ou a uma combinação dos dois, segundo crenças e conveniências pertinentes. Nesse sentido inúmeras opiniões, e ideias absorvidas ao longo da formação do indivíduo, serão determinantes no processo de avaliação, e nessa contenda entre o animal,com suas impressões objetivas instaladas, nosso primeiro instinto de resposta, e o conceiptual, ou intelectual, ou mesmo espiritual, impressões subjetivas elaboradas, sempre numa possibilidade de resposta já num estágio fruto de entendimentos socio-culturais estabelecidos, mais elaborados portanto, que analisam outras implicações, muito para além do reativo básico, e neste campo temos desde as crenças e tradições sócio-culturais, até ao que é romantizado muitas vezes, destarte impregnando a avaliação final da resposta, com fatores de natureza religiosa, política, ambiental, familiar, cultural em lato e estricto senso, e até mesmo razões adventícias por quaisquer questões fortúitas ou alienígenas. Nunca esquecendoo que todo o processo se dá sempre num campo subjetivo, virtual ademais, nossa cabeça, na intenção de conseguir dar resposta a uma situação objetiva, real, que estivermos vivendo. Cada um desses fatores terá relevância relativa, dependendo do grau de permeabilidade do indivíduo às suas influências, bem como da força de suas implantações em cada um, o que não exclui, ao revés inclui, a valoração que represente cada uma dessas influências para cada indivíduo em particular, e a importância que este atribui a cada uma delas. Isso tudo vai se tornando cada vez mais complexo à medida que a sociedade evolui, para uma sociedade tribal serão muito menos as influências externas, do que a de uma sociedade medieval, que terá forçosamente mens influêncikas que a nossa, o que não exclui calores semelhantes enraizados. O que levará, por exemplo, pessoas muito crentes em Deus a sempre se sentirem inibidas em matar, de algum modo, as tomemos, pois, como exemplo. Já outras, mesmo crentes, no entanto, verão os preceitos religiosos como uma forma excessiva de influência em suas vidas, na vida individual de cada um, querendo determinar comportamentos e ditar valores, o que, entretanto, não limitará de todo sua crença. Como noutro exemplo, não limita o patriotismo o fato de um país ter num mau governo em dado tempo. Rejeitarão, em ambos os casos, o que lhes antagonize, sem perderem sua convicção matricial, continuando crentes e patriotas à vez. Ou seja alguém que crê em Deus e respeita os dez mandamentos(1), pode perfeitamente rejeitar os outros comportametos pregados pelas igrejas, como os aceitos em sua latitude por exemplo, sejam eles quais forem, aos quais ele não se adapte. Desse modo opiniões, não as de o uso de um lenço, mas sobre comportamentos e coisas mais profundas, como a prática da monogamia, ou da heterosexualidade, como as únicas aceitáveis, o que, da mesma forma quanto à legislação, ou às opiniões estabelecidas, em ambos os casos, podem variar com o quadrante onde estas imperem, sendo pecado, ou não, sendo crime, ou não, sendo aceitas socialmente, ou não, sendo motivo de exclusão, ou não. Vivemos num mundo muito diversificado, deveríamos aprender a sermos mais tolerantes. Desta diferença geralmente nasce o conflito, tanto o pessoal, como o comunitário, que promovem oposições e reações, tão mais conformes com nossos instintos primitivos, quanto forem mais básicos e desinformados os indivíduos susceptíveis a eles. Viu-se ao longo da história tantas vezes criarem-se ambientes de exclusão das regras que foram impostas nestas certas épocas e lugares(2), e ainda outras mais transversais, como as da avidez; de tal modo que podemos mesmo estabelecer um padrão comportamental para definir como prováveis as reações consoantes a satisfazer nossos instintos primitivos, reforçados por hábitos e ainda outros comportamentos que se foram estabelecendo em nossas vidas, desde os vícios aos prazeres, desde aos sacrifícios às penitência, desde as opções conscientes e às inconcientes que fazemos todos os dias, até as que não fazemos. Como cada um se mede é assim, dessa maneira, mas esta é também uma forma muito particular de medição, com resultados que quase nunca são tidos como fúteis, ou que não acreditamos de forma alguma que possam ser de qualquer modo. Perspectiva pessoal absoluta de auto-importância e/ou auto-presunção recorrente, que se repete infindavelmente nas nossas escolhas. Como não nos podemos nunca nos libertar de todo desta base instintiva animal primitiva, todo e qualquer rótulo, toda e qualquer determinação em desacordo com nossos instintos, primitivos que são antes de mais, e, como tal os primeiros que tivemos e temos; portanto hoje soem ser consideradas contra-naturam(3), contra o indivíduo portanto, uma vez que estão em dissenso com aquilo o que agora somos, depois que evoluímos em divergência absoluta com nossas próprias limitações originais. Apesar de detestadas por muitos que em seu puritanismo e preconceitos, vão estabelecendo valores particulares, bem como gerais, e desse modo moldando e restringindo naturezas que se não adaptam a essas restrições que reconhecendo, negando ou excluindo outros valores dividem águas de uma mesma bacia, indivizíveis que serão, criando anomalia que é dispensável. Por exemplo quanto a sexualidade, criaram barreiras que definem e propalam preconceitos, desde o fértil uso de palavras(4) preconceituosas, até a criminalização ou patologização de vertentes sexuais. Repudiando realidades que ocorrem no corpo social, bem com no indivíduo, e que já foram aceitas em outras épocas. Os egípcios procuraram interpretar isso atribuindo-nos dois tipos de alma, ba e ka. Ba e Ka, duas metades, uma só alma. O entendimento egípcio que se foi modificando com o tempo, três longos milênios, verificou sempre queexistem em nós características tão manifestas, qeu indissociáveis do indivíduo. Somos em verdade um espectro de manifestaçãoes que são de difícil classificação, uma vez que confundem-se. Direita e esquerda, positivo e negativo, supostamente certo e supostamente errado, e, evidentemente na formação destas manifestações Ba e ka, dis lados da alma, que para os egípcios eram duas. Ba era a manifestação metafísica do espiritual, não o espírito, mas a própria energia mística, divina portanto, que nos habita a cada um. E Ka é nossa energia metafísica em si mesms, logo expressão do nosso ser no mundo, que era, portanto, uma espécie de alma, mas não a alma cristã, e sim uma alma da Natureza. Desse modo os deuses tinha um só Ba, assim como nós, mas um Ba amplo, fruto do conhecimento das muitas energias, e muitos Kas, porque, como deuses, atuavam em várias esferas, impulsinados por muitos kas, que geravam os diversso trânsitos. PERSONALIDADE. Como ficou visto nossa capacidade de perceber o mundo traz em si diversas fontes de formação, desde a recolha da informação através dos sentidos, passando por vários filtros, que começam nos diferentes cérebros disponíveis, até a conjugação que estabelecem a diferentes níveis, conjurando uma interpretação, trama explicativa, que resultará naquilo que entendems como percepção - ou seja só percebemos o que somos capazes de interpretar, tudo o mais se perderá. Perder-se-á sempre, uma vez que nã existe o que não reconhecemos. Daí todas as verdades abslutas serem falsas, somos contraditórios, e toda crença em verdades absolutas, tolas. DE PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA... Como somos muito presumidos, somos facilmente enganados. Demasiadas são as ilusões e os enganos, posto que a interpretação que damos às coisas é sempre a conveniente, uma vez que resulta de nossa trama explicativa, e esta só é satisfatótia quando reune ou conjura, nossas referências, levando-nos ao que chamamos de mundo percebido, que é o único que existe para nós, foonte de tod nsso saber, e de todos nssos enganos. A Física Quântica foi um susto, porque nos mostrou que o que percebemos raramente é a realidade, e que esta raramente é perceptível. Vivemos, consequantmente, de presunção. Estimulados por inúmeros fatores: reais, alguns; hipotéticos, outros; sentimentais, endógenos, o que não excluirá influências exógenas; e ainda outros imaginários, mas todos balizados por noossa 'percepção'. ANALÍTICA E SELETIVA. É como aje a mente. Sendo tão analítica e seletiva ao ponto de ver o que que ver. Foca-se numa determinada coisa/ideia, e vai atrás dela, e em meio a infinitas coisas, encontra exatamente aquela em que se focou encontrar. Este é o princípio do Vision improvement, cujo método baseia-se nesta faculdade, de irmos ver o que esperamos encontrar, afastando sucessivamente para além de nossas capacidades visuais nas condições presentes, aquilo que inicialmente observamos de perto, focando nossa visão no que pretendemos ver, já para além de nosso campo visual restrito, limitado por alguma deficiência. Os olhos são como lunetas, como binóculo que se precisa ajustar. Desse modo a seletividade analítica de nossa mente vai buscar, faz o ajuste, e faz-nos ver o que pretendíamos. O que prova que não vemos com os olhos, mas com a mente. INFINITO AUTÔNOMO. A ganância, por outro lado, tem um fator estimulante muito particular, o de sua componente Matemática, porque sempre admite uma adição qualquer, posto que podemos sempre somar mais e mais a qualquer número, e, por outro lado, como sempre necessitamos acumular para enfrentar tempos menos favoráveis, os diversos cálculos nos permitem estabelecer prognósticos de valores para uma vida mais desejável, consoante a ambição de cada um, dependendo nesse sentido do que cada qual deseje, evidentemente. Poderá entã ser de feição a exigir muitas parcelas a somar, eis a ganancia em sua face mais perversa e pervertida - corrupção, ambição de poder, de estatuto scial, profissional, etcetera - posto que os instintos primitivos estimulados matematicamente não se contêm. Esta situação é presentemente o pior dos males da Humanidade, e não creio que vá passar facilmente, pois se exponenciou, e domina tudo, e quase todos, uma vez que se torna desmedida quase sempre, e é dissociada de nossa percepção. A subversão de valores reside primeiramente no afastamento de nossos instintos primitivos, formando um freio e um distancaiamento desses intintos primitivos uma vez que são resposta necessária para a vida em sociedade, posto que são violentos os instintos primitivos, e que dão respostas violentas quand estimulados; mas que nunca devem ser deixados de ter em consideração, posto que são parte de nossa natureza, portanto, como tal, devem, e têm de ser considerados, digo a nível consciente, para que, verificando em que medida, não para os satisfazer, ao menos integralmente, tendo-os em conta na avaliação geral, e no cômputo final de nossas opções, conscientemente, repito, porque inconscientemente sempre estarão lá, e não porque eles se venham a impor, mas porque os devemos considerar, uma vez que eles fazem parte, e são os nossos instintos primeiros, componente primitiva, antiga, rústica ademais, mas que estarã sempre a pulsar em nós, imperscrutável, indicando caminhos. (*) 'The animal within' O animal dentro, como foi percebidos por dezenas de autores em diversas formas de arte, que ampliaram emblematicamente os animais que nos 'habitam' para além desses três dos quais guardamos os cérebros. (1) Mandamentos, ou leis, ou normas, que sempre existiram em grande número; na bíblia tendo começado com estes dez do decálogo, chegaram aos 613 encontrados só no velho testamento, como foramm listados por Maimônides há oitocentos anos. (2) Para além de muitas atitudes, como acontece ainda hoje, serem criminalizadas num local e não noutro, desde tempos imemoriais, era muito comum um criminoso fugir da cidade onde cometeu o crime, para se ir pôr debaixo da proteção de uma outra cidade onde nada havia feito de mal, podendo lá viver em paz, sempr foi assim ao longo da História. Nesta paz se incluirá também a da consciência, como no caso recente de certas atitudes que no Bronx eram aceitas durante a Lei Seca, e que não eram nos outros bairros nova-iorquinos, isso há muitos poucos anos atrás. (3) Contra-naturam tembém é um conceito que 'se estabelece', é interpretativo portanto, mas o que quero dizer com a expressão, é que o que quer que genericamente seja contra a natureza dos indivíduos em geral, ou contra aquilo que sente cada um de per si, sendo aquele a excessão, deveria ser aceito pelo todo dentro de limites, modus in rebus. (4) Para apodar os homossexuais masculinos temos: larilas, panasca, bicha, viado, paneleiro, maricas, epiceno, invertido, virado, promíscuo, adamado, afeminado, efeminado,gay, rabicha, pederasta, bi, abichanado, panisgas, e também no singular, panisga, prostituto,finóquio, pinoio, puto, tia, panela, travesti, traveca, traveco, andaço, sacana, atracador, atraca dos dois lados, que corta para os dois lados, e outros que não listarei aqui por muito horríveis que são, bem como os mais os regionais, com menor amplitude de uso. São muitas dezenas, demasiada sinonímia para uma realidade que se deseja rejeitar.

A sutileza do rinoceronte a marrar.

O fator central da prática diplomática sempre foi a subtileza. Hoje, e cada vez mais, estão perdidas a diplomacia e sua subtileza, fruto da alteração da forma de se fazer política. Não sendo mais a mesa de negociação o locus diplomático, onde se poderão resolver os impasses e as divergências entre as nações? Fora da mesa de negociações só haverá o confronto, este que no extremo se traduz em guerra, a inevitável consequência da vontade de uma parte impor sua vontade sobre a outra, extinguindo toda a negociação. Hoje se acredita ser possível fazer diplomacia nas redes sociais, em declarações à imprensa, e em boletins de Estado. Quanto engano, e que cobrará um alto preço.

Ao longo da história, a Diplomacia sempre resultou de ações delicadas que buscavam atrair e envolver a parte discordante para o ponto que defendia a ex-adversa, buscando um consenso. Destas ações mansas e penetrantes destacaram-se muitos homens que desde a Antiguidade desempenharam papel nas negociações de Estado, que pela sua verve, habilidade, subtileza e boa forma em dizer, conseguiram levar adiante a sua tese, fazendo-a vencedora. Foi assim desde os negociadores do Tratado de Eannatum, até os milhares de negociadores atuais de tratados de toda a natureza , que fazem o dia-a-dia de diplomacia nos tempos que correm. Aliás os tratados são a alma do empenho diplomático, sua própria tradução, posto que o próprio nome do ofício, vem de diploma, que era o papel de se escrever o acordo, em grego antigo, e 'matos' que quer dizer objeto duplo, pois que haveriam sempre duas cópias do documento, cada uma cabendo a cada parte negociadora. Expressando maior ou menor destreza, muitos homens ficaram na História por sua capacidade de negociação, e habilidade para o feito. Assim desde os enviados da Antiguidade, passando pelos apocrisiários, pelos 'procuratores', quando a instituição diplomática começa a ganhar caráter permanente, até às Missões do Renascimento, para chegarmos aos corpos instituídos e continuamente estabelecidos modernamente, acreditados em missões permanentes, de caráter oficial, mantidas junto aos diversos países.

Com estes dispositivos instituídos, as queixas, reivindicações, os conflitos de várias ordens, as posições e ações dos governos dos diversos países, encontraram um canal permanente e revestido de muito tacto, que sempre visava estabelecer conversações frutíferas, fugindo a confrontos, retaliações, ou choques, tão comuns entre potentados, evitando por essa via as inconciliações resultantes do embate de princípios contrários. Por isso, desde muito cedo, a atividade diplomática recrutou homens com habilidade para nunca dar por finda a negociação, até que ambas as partes se encontrassem satisfeitas, ainda que precariamente ,ou em pequeno grau, em suas posições, estabelecendo acordo. Essa habilidade sempre se traduziu em subtilezas que mantêm a conversa a nível possível, não dizendo nada que impossibilitasse a continuação da conversa, nunca rompendo o processo de negociar.

Hoje em dia vemos um extremar de posições, numa miríade de conflitos resultantes de interesses muito diversos, em muitíssimas áreas, que sem a negociação soeriam descambar para outros caminhos mais severos, que normalmente nunca acabam de forma satisfatória para nenhum dos lados, ou evoluem para a beligerância, também conhecida como A Diplomacia da bala, juntando na expressão dois polos incompatíveis.

Deste extremar e desta radicalização tão pouco afeitos aos processos diplomáticos, costumam resultar irreconciliabilidades perigosas, que alimentam ódios e confrontos pouco úteis a ambas as partes, cujo único possível real propósito é sempre ver o conflito ultrapassado, que, mesmo com uma vitória no campo de batalha, não se verá dirimido, posto que, com o rescaldo remanente, poderá a qualquer momento atiçar o incêndio novamente. Só as conversações são efetivamente capazes de anular de modo terminante as divergências, com a satisfação das controvérsias, terminando, resolvendo a matéria em disputa.

Cada vez mais vamos vendo atualmente a perda dessa tão importante capacidade diplomática, com o surgimento de mediadores de toda ordem em contraponto com os defensores das partes em conflito, em ambos os lados da barricada, mediadores na sua maioria com incapacidades intrínsecas. Que vão desde não lhes reconhecerem uma neutralidade mister, passando pela falta de credibilidade, para ir culminar na absoluta falta de capacidades diplomáticas. Por outro lado os responsáveis das facções em contraposição que, ao queimarem pontes, ao esgrimirem razões com a sutileza de um rinoceronte a marrar, eliminam qualquer possibilidade da boa atuação da via diplomática, único caminho para a resolução efetiva de qualquer conflito.

Não havendo o reconhecimento do equívoco que há em trilhar essa vereda fora do diálogo, fora das negociações, strico sensu, e, por assumirem uma mudança de rumo aos esforços que deveriam estar concentrados na mesa de negociação, teremos com isso sempre respostas improdutivas, medidas inconsequentes e futuros reacendimentos da pendência não resolvida.

Com a falência dos canais tradicionais, desde, muitas vezes, os dos corpos diplomáticos dos dois lados em disputa, até à ONU, vão surgindo hodiernamente mediadores de toda a sorte, com maior ou menor legitimidade e habilidade para o serem, cheios de boa vontade, que, pisando em terreno minado, buscam outras formas de estabelecer princípios, e criar condições, sobretudo as de sinceridade, e boas intenções, que visam abrir portas ao compromisso e à confiança no processo negocial que desejam estabelecer.

Em muitas plagas hoje essa é a senda que se busca criar, para anular os rinocerontes que seguem a marrar.

O TEU PAÍS DOS OUTROS.

Sempre houve muitos políticos que fazem distinção vincada entre um seu país e sua população, dizendo que a população vai mal, mas o país vai bem. Em muitas ocasiões afirmavam que crescia o PIB, diminuía a dívida, o déficit não havia, ou era insignificante, cresciam as exportações, etcetera... etc... logo o país vai bem, não levando nunca em consideração os cidadãos que vão pessimamente. Para lá dessa ideia absurda de um país sem povo, ou de um povo sem país, excluídos ou desconsiderados os nacionais, à conta da análise pretendida, em que o que importava, e importa para esses políticos, era, é, o CRESCIMENTO ECONÔMICO, nunca tendo em consideração bons salários, preços baixos, ou seja um maior poder de compra para os seus cidadãos, com a possibilidade de obterem excelente alimentação, moradia boa, aquecida, bem conservada, a preços abaixo de um quinto dos salários tanto no que represente um aluguer, ou uma prestação de aquisição do imóvel, e também a de alimentação representar outro quinto dos ganhos. Todos esses ingredientes são os que formam uma classe média forte, que é a alma de um país rico. Não há países ricos com gente pobre, ainda que haja quem acredite que sim. Muito bem, com a ascensão imparável do dinheiro iniciada na segunda metade do XIX, verificamos que as pessoas foram ficando fora da equação, uma vez que o preço das coisas, todas elas, aumentou, e aumenta, sem que haja a devida reposição salarial, o que torna as pessoas pobres a vários níveis, uma vez que a maioría esmagadora das populações em todos os paíse vivem de seus salários. Baseados nas mais diversas razões, muitas delas verdadeiras, não aumentam os salários, por exemplo para não realimentar a inflação, ou seja o assalariado paga a expansão do dinheiro. E, desse modo, essa contínua subtração de poder aquisitivo tem progredido lenta mas insistente e continuamente, até que chegamos às impossibilidades ora consubstanciadas em realidades muitas, adversas todas elas, resultantes da perda do poder de compra que foi retirando muitas coisas do alcance das pessoas em geral. Desde certos alimentos, em Portugal o fiel amigo, passou a ser um ilustre convidado, e as centenas de receitas de bacalhau frequentes diariamente, ou quase, à mesa dos nacionais, foram dilatando os períodos de consumo, acabando por serem guardadas para dias festivos, até, noutro extremo, à possibilidade de aquisição de imóveis em muitos sítios, que deixaram de ser para os bolsos dos nacionais em geral, passando a ser só possíveis a bolsos estrangeiros capazes de responderem aos altos preços que foram sendo sucessivamente praticados. Desse modo o país vem progressivamente trocando de mãos, deixando de ser de uns para ser de outros, sendo os outros aqueles que podem pagar pelo privilégio, seja o de comer bacalhau frequentemente, ou o de morar com vista pro mar, ou mesmo morar em casa própria, ainda que estas sejam em mais de dois terços da banca, mas que pretençamente próprias, possam com o tempo, formar um pecúlio a deixar aos filhos. Resultando que o progressivo afastamento da sociedade, dos cidadãos, do poder de compra, poderá transformar a frase da última alternativa acima: 'ou mesmo morar em casa própria', noutra frase onde desapareceria o adjetivo. Por mais que não queiramos, por mais que o processo democrático idealmente deva se refletir em governos voltados para o bem estar, e bem estar é algo sempre ligado ao poder de compra, bons salários se preferirem, por mais que o Estado Social venha a colmatar as carências das populações, tendo vindo a se transformar num Estado Assistencial, assistencialista, poderá tudo isso deixar de existir, inclusive a ascensão imparável do dinheiro, se dividirmos o bolo. O bolo é a riqueza produzida num país, que é de todos, e só toca a alguns, poucoos, e, por outro lado, se não houvesse Estado Social, ou seja: saúde pública, escolas pública, habitação do Estado, transporte em empresas estatais, etcetera, e houvesse salários que permitissem às pessoas pagar por tudo isso ao preço do mercado, a equação estaría resolvida. Assim é que devera ser. Mas os sucessivos governos ao longo do tempo, foram pactuando com a concentração de riqueza, e, para diminuir as crateras que se abriram entre as possibilidades das pessoas, e o preço das coisas - voltamos a falar de poder de compra, foram criando o Estado Social, para, desse modo, dimnuir o buraco com a ação governamental. Todo o bem que advém das pessoas terem poder de compra, o que para a maioria das pessoas significa bons salários - desse modo não sendo mais necessária a interveniência estatal, tão clientelista devemos lembrar, nem mais assistência de nenhuma ordem. Quem tem condições não necessita de ajudas. E faço aqui notar que toda essa perversa situação de inversão do modo de ser, ou que deveria ser, das coisas, não é do sistema, mas resultante do sistema, e é muito mais difícil mudar uma resultante, que uma parte do sistema. Certa feita num debate acadêmico, me questionaram sobre as empresas públicas, e eu, socialista que sou, afirmei que o Estado não deveria ter empresas, que, se em determinado tempo essas foram necessárias à ação do estado, que criou uma empresa para impulsionar, ou mesmo iniciar as actividades em determinado sector, e, logo que, uma vez suprida e atendida a necessidade, essa devería passar às mãos privadas, e os recursos de sua venda serem empregados noutra empresa para impulsionar outro seector que necessitasse, para logo a seguir também ser privatizada, e assim por diante. Minha resposta, de socialista convicto que sou, assustou muito ao meu interlocutor, levando-o a afirmar, mas os socialistas não pensam assim. Ao que respondi: porque não acreditam na regulação, e preferem que o Estado faça por si mesmo as coisas que apenas deveria regular e fiscalizar seu bom funcionamento. Como assim? Questionou-me. Sabem esses socialistas que a fiscalização e a regulação são corruptas, sabem que as coisas acabam descambando para atender apenas a um lado, e que o Estado não exercendo o controle mister para que o empresário cresça, fique rico, por sua capacidade criativa, e não pela possibilidade que tenha de aumentar preços, por isso preferem que seja o Estado a empreender o negócio, para o poderem contolar diretamente, o que é um engano. Temos que quando a ideologia esbarra na lógica, esta última deve sempre prevalecer. Em países supostamente mais regulados, estabelecem-se, então, os lobbys, uma aberração democrática, também estabelecem-se organismos reguladores que mor das vezes não funcionam, criam-se ministérios para ações sectoriais, que se traduzem em verdadeiras bolsas de negócios, onde os ministros barganham, não o interesse público, o das pessoas, mas os seus, particulares. Suas anbições, sejam políticas, sejam financeiras, são as que prevalecem em detrimento do interesse público. Com salários justos, isso tudo acabaria. Ministérios como o da saúde, da educação, da economia, etcetera, perderiam sua utilidade, sua razão de existir, e apenas haveriam institutos para controlar as regras do Estado e sua aplicação consoante as leis que atenderiam ao interesse geral do país. Só isso. O verdadeiro socialismo é aquele onde as pessoas vêm atendidas suas necessidades, e vêm a riqueza distribuída de modo a que todos desfrutem dela, não é esse assistencialismo que se instalou para mitigar a miséria, que é muita, e que assim é pelos baixos salários. Numa sociedade rica, de altos salários, não há miséria, não há mendigos. Procurem um mendigo em Israel, ou um judeu mendigo em qualquer parte, por exemplo. Os governos criaram essa situação, entraram por este túnel, e não conseguem sair dele, todos os recursos do Estado acabarão por serem empregues no financiamento dos custos do Estado social, fomentando essa mentira que vem rebentando pelas costuras, e dão espaço a grupos contestatários para ascenderem num cenário mal resolvido, propício à reinvindicações, onde podem enganar à vontade. Não serão os políticos populistas, ou as atitudes extremistas, ou posições ultras, nem esse pseudo-socialismo, que trarão a solução, ou darão caminho a esses problemas velhos como a Humanidade. Este processo de inversão de valores da desejável realidade, quase como uma fala de um Trump, ou a de um Bolsonaro, onde reinam as mentiras e as narrativas paralelas, foi criando distorções que foram justificando as ações governamentais e essas enormes máquinas estatais com elevadíssimo custo ao contribuinte, quando os governos deveriam existir apenas para fiscalizar, estimular o desenvolvimento em sectores onde fossem necessários impulsos, até se estbilizarem como produtivos, e promoverem as leis e a defesa, cuidar do patrimônio comum, cultural, ambiental e histórico, e pouco mais. Então me perguntaram: Tudo o mais fica em mãos privadas? Sim, fica. Sob controle apertado dos governos, apertado porque a tendência dos homens para o erro e a desonestidade é grande, porque com bons salários, havendo leis e aplicação eficiente delas, pouco mais é necessário. Mas o que temos é o engano, o dinheiro a correr solto, criando miséria generalizada, desgoverno por todo lado, prevaricação em toda parte, peculato do enorme funcionalismo, a busca de vantagens por quem as possa conseguir, e a miséria se espalhando à conta de entendimentos que acreditam não poderem dar o justo às necessidades de cada um, pagando um salário que divida o bolo do país, calculado todos os anos, e de coonhecimento geral, é só fazer contas, no país onde se viva e trabalhe, permitindo desse modo, como sãoas coisas hoje, a manutenção da miséria geral, e que outros se apropriem da paiságem, por terem poder aquisitivo para isso, esse mesmo poder que falta aos nativos. Criando O TEU PAÍS DOS OUTROS.

Sempre houve muitos políticos que fazem distinção vincada entre um seu país e sua população, dizendo que a população vai mal, mas o país vai bem. Em muitas ocasiões afirmaram que crescia o PIB, diminuía a dívida, o déficit não havia, ou era insignificante, cresciam as exportações, etcetera… etc… logo o país vai bem, não levando nunca em consideração os cidadãos que vão pessimamente.

Para lá dessa ideia absurda de um país sem povo, ou de um povo sem país, excluídos ou desconsiderados os nacionais, à conta da análise pretendida, em que o que importava, e importa para esses políticos, era, é, o CRESCIMENTO ECONÔMICO, quase nunca tendo em consideração bons salários, preços baixos, ou seja um maior poder de compra para os seus cidadãos, com a possibilidade de obterem excelente alimentação, moradia boa, aquecida, bem conservada, a preços abaixo de um quinto dos salários, tanto no que represente um aluguer, ou uma prestação de aquisição do imóvel, e também a parte referente a alimentação representar outro quinto dos ganhos. Todos esses ingredientes são os que formam uma classe média forte, que é a alma de um país rico. Não há países ricos com gente pobre, ainda que haja quem acredite que sim.

Muito bem, com a ascensão imparável do dinheiro iniciada na segunda metade do XIX, verificamos que as pessoas foram ficando fora da equação, uma vez que o preço das coisas, todas elas, aumentou, e aumenta, sem que haja a devida reposição salarial, o que torna as pessoas pobres a vários níveis, uma vez que a maioria esmagadora das populações em todos os países vivem de seus salários. Baseados nas mais diversas razões, muitas delas verdadeiras, não aumentam os salários, por exemplo para não re-alimentar a inflação, ou seja o assalariado paga a expansão do dinheiro. E, desse modo, essa contínua subtração de poder aquisitivo tem progredido lenta mas insistente e continuamente, até que chegamos às impossibilidades ora consubstanciadas em realidades muitas, adversas todas elas, resultantes da perda do poder de compra que foi retirando muitas coisas do alcance das pessoas em geral. Desde certos alimentos, em Portugal o fiel amigo passou a ser um ilustre convidado, e as centenas de receitas de bacalhau frequentes diariamente, ou quase, à mesa dos nacionais, foram dilatando os períodos de consumo, acabando por serem guardadas para dias festivos, até, noutro extremo, à possibilidade de aquisição de imóveis em muitos sítios, que deixaram de ser para os bolsos dos nacionais em geral, passando a ser só possíveis a bolsos estrangeiros capazes de responderem aos altos preços que foram sendo sucessivamente praticados. Desse modo o país vem progressivamente trocando de mãos, deixando de ser de uns para ser de outros, sendo os outros aqueles que podem pagar pelo privilégio, seja o de comer bacalhau frequentemente, ou o de morar com vista pro mar, ou mesmo morar em casa própria, ainda que estas sejam em mais de dois terços da banca, mas que pretensamente próprias, possam, com o tempo, formar um pecúlio a deixar aos filhos. Resultando que o progressivo afastamento da sociedade, dos cidadãos, do poder de compra, poderá transformar a frase da última alternativa acima: 'ou mesmo morar em casa própria', noutra frase onde desapareceria o adjetivo.

Por mais que não queiramos, por mais que o processo democrático idealmente deva se refletir em governos voltados para o bem estar, e bem estar é algo sempre ligado ao poder de compra, bons salários se preferirem, por mais que o Estado Social venha a colmatar as carências das populações, tendo vindo mais a se transformar num Estado Assistencial, assistencialista, porém poderia tudo isso deixar de existir, inclusive a ascensão imparável do dinheiro, se dividíssemos o bolo. O bolo é a riqueza produzida num país, que é de todos, e só toca a alguns, poucos, e, por outro lado, se não houvesse Estado Social, ou seja: saúde pública, escolas pública, habitação do Estado, transporte em empresas estatais, etcetera, e houvesse salários que permitissem às pessoas pagar por tudo isso ao preço do mercado, então a equação estaria resolvida. Assim é que devera ser. Mas os sucessivos governos ao longo do tempo, foram pactuando com a concentração de riqueza, e, para diminuir as crateras que se abriram entre as possibilidades das pessoas, e o preço das coisas - voltamos a falar de poder de compra, foram criando o Estado Social, para, desse modo, diminuir o enorme buraco com ação governamental. Todo o bem que advém das pessoas terem poder de compra, o que para a maioria das pessoas significa bons salários - desse modo não sendo mais necessária a interveniência estatal, tão clientelista devemos lembrar, nem mais assistência de nenhuma ordem. Quem tem condições não necessita de ajudas. E faço aqui notar que toda essa perversa situação de inversão do modo de ser, ou que deveria ser, das coisas, não é do sistema, mas resultante do sistema, e é muito mais difícil mudar uma resultante, que uma parte do sistema.

Certa feita, num debate acadêmico, me questionaram sobre as empresas públicas, e eu, socialista que sou, afirmei que o Estado não deveria ter empresas, que, se em determinado tempo essas foram necessárias à ação do Estado, que criou uma determinada empresa para impulsionar, ou mesmo iniciar as actividades em determinado sector, e, logo que, uma vez suprida e atendida a necessidade, essa deveria passar às mãos privadas, e os recursos de sua venda serem empregados noutra empresa para impulsionar outro sector que necessitasse, para logo a seguir também ser privatizada, e assim por diante. Minha resposta, de socialista convicto que sou, assustou muito ao meu interlocutor, levando-o a afirmar, mas os socialistas não pensam assim. Ao que respondi: porque não acreditam na regulação, e preferem que o Estado faça por si mesmo as coisas que apenas deveria regular e fiscalizar seu bom funcionamento. Como assim? Questionou-me. Sabem esses socialistas que a fiscalização e a regulação são corruptas, sabem que as coisas acabam descambando para atender apenas a um lado, e que o Estado não exercendo o controle mister para que o empresário cresça, fique rico, por sua capacidade criativa, e não pela possibilidade que tenha de aumentar preços, por isso preferem que seja o Estado a empreender o negócio, para o poderem controlar diretamente, o que é um engano. Temos que quando a ideologia esbarra na lógica, esta última deve sempre prevalecer. Em países supostamente mais regulados, estabelecem-se, então, os lobbys, uma aberração democrática, também estabelecem-se organismos reguladores que mor das vezes não funcionam, criam-se ministérios para ações sectoriais, que se traduzem em verdadeiras bolsas de negócios, onde os ministros barganham, não o interesse público, o das pessoas, mas os seus, particulares. Suas ambições, sejam políticas, sejam financeiras, são as que prevalecem em detrimento do interesse público. Com salários justos, isso tudo acabaria. Ministérios como o da saúde, da educação, da economia, etcetera, perderiam sua utilidade, sua razão de existir, e apenas haveriam institutos para controlar as regras do Estado e sua aplicação consoante as leis que atenderiam ao interesse geral do país. E não haveria um sector empresarial do Estado. Só isso.

O verdadeiro socialismo é aquele onde as pessoas vêm atendidas suas necessidades, e vêm a riqueza distribuída de modo a que todos desfrutem dela, não é esse assistencialismo que se instalou para mitigar a miséria, que é muita, e que assim é pelos baixos salários. Numa sociedade rica, de altos salários, não há miséria, não há mendigos. Procurem um mendigo em Israel, ou um judeu mendigo em qualquer parte, por exemplo. Os governos criaram essa situação, entraram por este túnel, e não conseguem sair dele, todos os recursos do Estado acabarão por serem empregues no financiamento dos custos do Estado social, fomentando essa mentira que vem rebentando pelas costuras, e dão espaço a grupos contestatários para ascenderem num cenário mal resolvido, propício às reivindicações, onde podem enganar à vontade. Não serão os políticos populistas, ou as atitudes extremistas, ou posições ultras, nem esse pseudo-socialismo, que trarão a solução, ou darão caminho a esses problemas velhos como a Humanidade.

Este processo de inversão de valores da desejável realidade, são quase como a fala de um Trump, ou a de um Bolsonaro, onde reinam as mentiras e as narrativas paralelas, e foi criando distorções que foram justificando as ações governamentais e essas enormes máquinas estatais com elevadíssimo custo ao contribuinte, quando os governos deveriam existir apenas para fiscalizar, estimular o desenvolvimento em sectores onde fossem necessários impulsos, até se estabilizarem como produtivos, e promoverem as leis e a defesa, cuidarem do patrimônio comum, cultural, ambiental e histórico, e pouco mais. Então me perguntaram: Tudo o mais fica em mãos privadas? Sim, fica. Sob controle apertado dos governos, apertado porque a tendência dos homens para o erro e a desonestidade é grande, porque com bons salários, havendo leis e aplicação eficiente delas, pouco mais é necessário. Mas o que temos é o engano, o dinheiro a correr solto, criando miséria generalizada, desgoverno por todo lado, prevaricação em toda parte, peculato do enorme funcionalismo, a busca de vantagens por quem as possa conseguir, e a miséria se espalhando à conta de entendimentos que acreditam não poderem dar o justo às necessidades de cada um, pagando um salário que divida o bolo do país, calculado todos os anos, e de conhecimento geral, é só fazer contas, no país onde se viva e trabalhe, permitindo desse modo, como são as coisas hoje, a manutenção da miséria geral, e que outros se apropriem da paisagem, por terem poder aquisitivo para isso, esse mesmo poder que falta aos nativos. Criando O TEU PAÍS DOS OUTROS.

A Santa Isabel da Capela da Misericórdia de Alfaiates - Guarda, Portugal.

ESTUDO CLASSIFICATÓRIO. A capela é românica, o que significa que nos mais de setecentos anos que tem esta capela, tudo pode ter passado ou acontecido, e pouco ou nada, além das pedras restará de sua orígem. Logo por aí não vamos a lado nenhum. A devoção Santa Isabelina. Informado de que a tradição situa nos primórdios a devoção taylorense à Santa Isabel de Portugal, a Franciscana, Isabel a infanta Aragonesa (1279 - 1336), Rainha de Portugal, Promotora da paz, devoção esta que terá começado mesmo antes de sua canonização que é de 1625 por Urbano VIII, e que inspirou o magnífico quadro de Zurbarban feito dez anos após a canonização para as coleções reais espanholas, pintor que também retratou sua tia-avó para as mesmas coleções, e que se encontram no Prado, cuja imagética é suposta, assim como as das muitas talhas e pinturas que dela há, visto não se cofísiconhecer seu aspecto. Veio para Portugal com nze anos, sendo portuguesa para os portugueses. Devoção muito regional, bem entranhada em Coimbra, na tradição Clarissa, sem votos, quando ficou viuva, indo viver no convento daquela cidade, capital do centro português, como a chamo, onde Santa Isabel viveu até sua morte, podendo hoje ser vista incorrupta em seu túmulo de prata e cristal naquele mosteiro de Santa Clara, a nova. A devção da Santa portuguesa também é dedicada ao maravilhoso tesouro de seus pertences que nos deixou, e estão nas coleções do Janelas Verdes, que mereceu especial expsição nos meados do 2016(1), quando veio da Gemäldegalerie, Berlim, o magnífico quadro de Quentin Massys (1466 - 1530), o fabuloso pintor belga que a retratou, também imaginadamente. A tradição imagística. Iconografia. Atributos. Santa Isabel é sempre retratada coroada e com as rosas de seu milagre, sem nenhuma outra característica que a identifique, do mesmo modo que sua tia-avó, Isabel da Hungria (1207 - 1231 ou 17 - 41 ?) igualmente 'rainha' Duquesa da Turíngia, e igualmente santa, tendo feito milagre idêntico, com história igual e iguais termos e relatos(5). Canonizada logo após sua morte, em 1235 por Gregório IX, tem grande devoção por todos os países, sendo a padroeira da Ordem Franciscana. Somente há a diferença na palma e no livro, sendo a folha do tamareiro, palmeira fenix como a chamam, antigo símbolo de martírio, e um livro que carrega na mesma mão que significa a sagrada sabedoria, assim como um pergaminho. São esses os dois atributos de Santa Isabel da Hungria, que não são, também, de sua sobrinha-neta. Sendo a Isabel de Aragão canonizada quase três séculos após sua morte. O Ceptro. Quando do cisma protestante do princípio do XVI, os príncipes alemães questionaram Lutero sobre a sua igualdade com o Imperador - Imperador do Sacro Império Romano Germânico - ao que Lutero respondeu que haveria uma inquestionável preeminência do Imperador. E declarou que os 'Landgraves' não deveriam usar ceptro e corôa (3). Era uma época de grande convulsão, sobretudo na Igreja Católica Romana, e logo em 1534 dá-se o cisma Anglicano, de Henrique VIII, que demarcanddo-se dos outros cismas protestantes, assume a Santa Isabel da Hungria como Veneranda, quando ganha a representação com o ceptro curto dos landgraves(2) na mão esquerda preferencialmente, como também na direita. Diferentes iconografias. Muitos santos apresentam diferentes iconografias a simbolizar diversos momentos de sua vida, ou mesmo depois dela, como é o caso de S. Tiago Maior, que aparece montado a cavalo, como o Mata-Mouros da batalha de Clavijo, onde terá sido visto nesta configuração. Por isso é muito comum haver confusão na identificação hagiológica. Em Isabel de Aragão a mais comum é a de Rainha com as rosas em seu colo, com corôa, ainda que muitas vezes sem a corôa, com ou sem um livro de horas, dos anjos e do baldaquino, porém também há a com hábito de Clarissa, com ou sem a esmoleira à cinta(4) como está com, em seu túmulo jacente, túmulo que apresenta ao seu redor várias das representações iconográficas da santa, como também segurando ou não um cruxifixo na mão direita, bem levantado acima da cabeça, com ou sem as rosas em seu regaço, e ainda como peregrina, com a vieira santiaguista, ou caminhante, sem a vieira, também com ou sem o bordão(5), mais empregado nas pinturas(6), e num raro caso com uma rosa na mão direita, imagem do sáculo XVIII, que se encontra na Paróquia de Santa Luzia, em Gardenia Azul, Jacarepaguá, Rio de Janeiro; mas nunca com ceptro, que as rainhas portuguesas não usavam. CONCLUSÃO. A imagem que se encontra na capela de Alfaiates, é uma representação de Santa Isabel da Hungria, com o ceptro curto dos 'Landgraves, talhada em madeira do barroco tardio, feita no último quartel do século XVIII, belissima representação, ainda com a policromia original. (1) O tesouro da Rainha Santa - Imagem e poder. MNAA 2016. (2) Ver Quentin Skinner em "As Fundações do pensamento político." " que o rex não se converta em sacerdos" (3) "O Senhor estenderá de Sião o ceptro do teu poder * ... muito jovem foi dada em matrimónio a Luís IV, landgrave da Turín- gia, e teve três filhos." Liturgia do mês de Novembro. (4) Cultura vol 27, 2010 - página 63. (5) Ver também a Dissertação de Doutoramento que se encontramos a realizar, com bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, tem por título O Género Feminino – A representação da mulher na escultura medieval em Portugal, Leão e Castela (séculos XII a XV) e é orientada pelo Professor Doutor José Custódio Vieira da Silva (FCSH – Nova de Lisboa) e co-orientada pela Professora Doutora María Etelvina. (6) Revista Arautos do Evangelho, Julho/2007, n. 67, p. 22 à 25)

O que esconde o suave sorriso de Xi?









Xi Jinping, o ditador supremo da China, que ninguém se iluda, porque é o que ele é. No entanto, trabalha com grande habilidade para o engrandecimento da China, por isso o partido comunista chinês deu-lhe essa posição que nenhum outro antes teve, desde Mao.

Ele representa essa China que se reformou, e para tanto teve de sofrer mais que uma lavagem cerebral, que teve de sofrer uma lavagem emocional, e é capitalista, apesar de seu partido único ser comunista. E não é uma contradição nos termos, é uma chinesisse. Xi nasceu no PC, teve de acusar o pai para não morrer, levando o pai à prisão por muitos anos. Com a revolução cultural foi reformado, não só seu entendimento, mas sua sensibilidade, sua percepção, sua alma. Xi é o comunista perfeito, e nunca será outra coisa.

Com as mudanças resultantes da grande estupidez que foi a Revolução Cultural, ele começa a ascender nos meandros do partido, partido onde teve nove vezes negado seu registro, como traidor, filho de um traidor da Revolução, o antigo amigo de Mao, seu pai, tinha sido libertado entretanto.

Ele não esquece a guerra do ópio, não esquece o domínio das potencias ocidentais, esmagando a China, não viveu esse tempo, mas lhe foi inculcado tudo o que representou a opressão desse tempo, por isso ele criou a estratégia inversa, invadir o mundo economicamente, e estabelecer rotas de penetração em todo o mundo, em todos os continentes, em todos os países, onde a oportunidade se propiciasse, e assim fez, a China estendeu seus tentáculos, expansão orquestrada por Xi, com aquisição de portos e aeroportos em todo o mundo, para possuir as portas de entradas nos países ao redor do globo, depois suas infraestruturas, e empresas mais importantes, ou as dívidas dos que as não queriam vender, como os EEUU, num processo imparável, cuja meta era possuir um em cada dez de todos os portos em todo o mundo, comprando-os ou construindo onde eles eram necessários, como em África, meta logo atingida, e a próxima etapa a seguir seria o controle econômico das principais infraestruturas, para atingir tal objetivo, foi subornando aos corruptos políticos ocidentais, quando necessário, e esperando os momentos de fraqueza dos diversos países para atuar. Dentro da ideia chinesa de estratégia a longo prazo, sem pressa foi se expandindo. Porém não foi preciso esperar muito, porque com os altos e baixos do capitalismo as oportunidades surgem, nos baixos lá estava a China para comprar tudo o que quisessem vender. Querem uns recusar essa ideia. Hoje é tarde, podem não saber, mais o mundo é chinês. E é apenas o começo, o quente ainda está por vir, ao mesmo tempo que expandia o território chinês, nos mares, e por ilhas em todos os lugares, sem que ninguém ousasse enfrentar o poderio absoluto da China,alargava o protetorado em que transformou a África, que é o exemplo mais evidente de suas pretensões. (*) 

Internamente o controle absoluto dos cidadãos, as estruturas do partido comunista, a poderosa e terrível máquina estatal de domínio, e para coroar tudo isso a instituição da nota social, um sistema de total controle dos cidadãos, com pontuação pessoal, sugiro a leitura do artigo que escrevi sobre isso, intitulado: A nota social, a cidadania e a liberdade. É só pôr no motor de busca com o nome do blog: O Olho do Ogre.

Aquele sorriso calmo revela, o que se sabe, e ninguém diz: ESTAMOS ENTRANDO NA ERA CHINESA! Os EEUU, em desespero de causa lançou através do imbecil de seu presidente, uma guerra comercial com a China para tentar esconder o que todos sabem. OS EEUU ESTÃO QUEBRADOS!
Já Biden tenta usar uma estratégia mais política, e vai reforçando suas relações com os aliados, ao mesmo tempo que a rota da seda está em marcha.
O sistema económico americano esgotou sua possibilidades, QUEBROU, e ninguém deu por isso por causa de seu tamamnho, grande demais para colapsar, quebra-se, mas mantém-se, e a culpa de ter quebrado foi da ganância desmesurada de Wall Street, dos Yuppies psychos, que deram sucessivas golpadas, a última foi a do sub-prime; eles ficaram milionários, e fizeram a Federal Reserve injectar quantidades massivas de dinheiro para evitar o colapso do sistema, para não destruír o dolar, evitou, mas tornou grande parte da economia americana inviável (visitem Chicago ou Detroit), ou fraca, e barata, e lá estavam os chineses para comprar no varejo. Tudo o mais são balelas!

A China sabe que os EEUU são uma potência em muitos outros campos, e espera calmamente sua hora, a de tomar a dianteira, enquanto isso prepara esse momento, na ciência e no campo militar principalmente, e o sorriso leve de Xi, faz parte do processo. Cai aqui como uma luva a frase de Che Guevara: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."

Esconde o poder absoluto, mas absoluto a um nível que ninguém mais tem no planeta. Esconde o desembaraço de saber que sua vontade é absoluta, fruto de seu poder idem. Posto que sabe que tem milhões de almas, às centenas, sim, às centenas de milhões, para morrer por sua vontade e por sua decisão. Dia que não chegará, posto que com um sorriso conquistará tudo que tem para conquistar, todo o mundo, no sentido de poder mexer todos os cordelinhos, assim é. (*) Sugiro Tam,bém a leitura do artigo: China, uma presença absoluta em nossos dias.

domingo, 9 de abril de 2023

Não houve um.

Parece incrível. Entre as mais de duas centenas de países não houve um que acolhesse ordenadamente os migrantes. Os acolhem, aliás não resta opção posto que os têm já em solo nacional, salvo a opção húngara e trumpista de espezinhá-los, e pô-los borda fora, deportá-los. Por isso, é verdade, cristãmente os acolheram, mas foi por falta de alternativa, e, repito, não houve um país que se organizasse e se dispusesse acolher para integrar os imigrantes. Mesmo os países em inverno demográfico, que precisam deles como do pão para a boca, para manterem-se em funcionamento pleno, onde falta mão de obra em muitas áreas, que as levas de imigrantes podem suprir. Mas não, nenhum se preparou para recebê-los com o desejo de mantê-los como residentes, passando a integra-los na sociedade de forma efetiva e definitiva. Muitos destes que entram nos países por seus próprios meios, se integram por vontade própria, por ação assistencial de entidades diversas, como também por envolvimento amoroso que ocorra, criando família nos países de acolhimento, eventos que fazem o trabalho de inclusão que devera fazer o Estado. Agora que vai começar nova temporada de afogamentos no Mediterrâneo, com o Veráo chegando, e que novas e sucessivas hordas se movimentarão em direção a Europa, vimos novamente alertar para a necessidade de se estabelecer acolhimento ordeiro, pré-planejado, segundo uma lógica que vise resolver o problema. E que sejam recebidos antes de atravessarem o mar, para que haja ordem na recepção, e transporte que não os leve à morte. Refugiados. Com os refugiados, que são coisa muito diversa dos imigrantes, onde então opera uma ação estatal mais visível, sobretudo com os de guerra e os perseguidos políticos, religiosos e raciais e étnicos, e de nacionalidade ou pertencimento -os ditos sociais- com ainda outros mais específicos, diversos tipos de refugiados que têm uma mais acentuada proteção, por via de acordos internacionais que existem em vários países. Para os ucranianos foi criada a proteção temporária, com duração de um ano renovável por mais um. Agora com os refugiados ambientais, os que fogem da fome e da miséria em razão das alterações climáticas, há diferentes apreciações, algumas classificando a muitos deles como imigrantes econômicos, que são aqueles que deixam seus países em busca de melhores condições, que são ditos econômicos para não lhes chamarem miseráveis, assim retirando-lhes, deste modo, com a nova classificação, o estatuto de refugiados, e, na maioria das vezes, encontram aí forma de não os admitir ns países a que recorrem. Serão trinta milhões os refugiados neste 2023, vindos principalmnte da Síria, da África subsahariana, do Sudão e do Sudão do Sul, da Somália, da Eritréia, do Congo, do Ruanda, da República Centro Africana, do Burundi e do Afeganistão, entre outros, número que consubstancia um problema de razoável dimensão. Estando a maioria em países de acesso, em campos de concentração, a espera de acolhimento que nunca virá. Emigrantes da pobreza. O desejo de uma vida melhor está na alma de todos nós, sendo justas as pretenções de qualquer um desejar melhores condições econômicas para si e para os seus, e aqueles que vivem em ambiente de pobreza por maioría de razão. E quanto maior for a pobreza, a miséria existente nestes países, maior a força que os arrastará para fora, tornando-os emigrantes que não pretendem voltar, gente que foge da miséria, tenha ela orígem climática ou não. A falta de oportunidades, de emprego, saúde, pão, habitação, coisa que vemos mesmo em países ricos, onde os governos são pressionados para solucionarem este problemas, já em países pobres a única alternativa é fugirem, emigrarem. Imigrantes à porta. A realidade adversa, onde quer que ela aconteça, nos deve chamar a atenção para a tentarmos solucionar, mais ainda se soubermos que ela em breve nos virá bater à porta. Os primos pobres, a gente doente, os que carecem de uma refeição, a todos devemos assistir. O egoísmo e a indiferença leva-nos à cegueira do próximo, a quem não vemos porque não os queremos ver, preferindo ignorar, preferindo desconhecer. Nos muitos artigos que escrevi sobre esse assunto, afirmei que muito antes de chegarem até nós, deveríamos agir para evitar que o problema viesse acrescido do caos, das doenças, da morte, da violência, da exploração, ou da miséria aumentada ao longo da jornada. Deveríamos agir atuando para promover soluções que gerassem saídas frutíferas para toda gente. Um exemplo do que é possível é mandar-se um agente a qualquer um desses países de onde as pessas fogem, e convidá-las a formarem uma cidade num determinado ponto do país que os vá acolher. Desde uma pequena vila trasmontana, até uma grande cidade em desenvolvimento num país maior, onde quer que necessitassem de habitantes ou mão de obra, com um plano que podería ser de uma atividade agrícola que no local se poderia desenvolver, ou uma fábrica que pudesse ali se instalar, criando riqueza e ordem para os que viessem, os imigrantes, para os que lá já vivessem, veríam progredir sua região, para o país, este ficaría mais rico, com mais impostos que entrariam em seus cofres, sem vazios demográficos, com gente para produzir e prosperar. Não. Infelizmente não conseguem ultrapassar a barreira da xenofobia, do medo e da rejeição aos outros, sentimentos que moram em várias almas, por isso os partidos que defendem esses preconceitos não conseguem ver a mais valía que é essa gente com vontade de refazer suas vidas, vontade de criar coisas, e de viver bem e em paz, esses partidos alimentam e se alimentam desses preconceitos vazios. Essa gente com um pequenino impulso fariam maravilhas, criariam um mundo novo. Seguindo o exemplo da Natureza, que só cria, mesmo nos locais e condições mais adversas, cria, smpre cria. “We forget that nature itself is one vast miracle transcending the reality of night and nothingness,” - "Nos esquecemos que a própria Natureza é um vasto milagre transcendendo a realidade das trevas e do nada." como disse John Muir, posto que ela é inimiga do vazio e se seguirmos seu exemplo de criar e criar, teremos vida cheia, plena e feliz, mas há uma preferência mórbida pela destruição, essa mesma que a Natureza abomina. Fico a pensar que os que me lêem acreditarão que eu sou um sonhador, lhes responderia como John Lennon na canção "Imagine", mas prefiro levá-los à reflexão do quanto, por exemplo, ganharia a Rússia se ao invés de criar destruição e morte, usasse esse esforço que empreende em guerras matando dezenas, centenas de milhares de pessoas, para criar cidades nas enormes áreas que possui, posto que é o maior país do mundo em extensão territorial, e com uma fração do que tem gasto em armas e bombas, criaria 'um país' de progresso, acolhendo gente, e promovendo VIDA E NÃO MORTE. Se não a Rússia que é enorme, mas destrutiva, qualquer outro país que houvesse, por muito pequeno que fosse, poderia fazer muito com essa gente que quer trabalhar e produzir, os acolhendo. Mas não, não houve um.

domingo, 2 de abril de 2023

POLITICAMENTE INCORRETO.

A sua própria editora, a Harper Collins, está a alterar as obras da grande mestre do crime, alegadamente para responder às sensibilidades modernas, por exemplo quando a autora diz nativos, passa a ser 'locais', os comentários do aspecto físico das personagens, uma graça da criatividade de Agatha, são suprimidos, tudo na presunção do politicamente correto, onde referencias étnicas ou insultos não podem figurar. Ora, se os insultos foram ditos pela personagem e ouvidos pela autora…

Miss Marple com seu temperamento, Poirot com sua sagacidade, perdem sua inteireza para darem espaço à estupidez reinante, a de que com seus chistes, possam ofender sensibilidades. Ora, ora, quem não tem compreensão das características do tempo em que uma determinada obra foi escrita, não deveria lê-la, ou quem não respeite as verdades do tempo, seja ele qual for, também não; por ser tonto demais ao ser capaz de se melindrar, ou criticar o fato, por não perceber de que é a História que determina que as coisas sejam assim, e assim devem ser apreciadas, como eram e são. Agora a própria editora fazer censura prévia porque julga que a sensibilidade de seus leitores poderia ser arranhada, e, tal ocorrendo, talvez os faça perder desta condição de leitor, substituindo-a, ou negando-a, ou indo ler outro autor, e, por terem esse medo, adulteram o texto, atitude que é, em suma, a suprema estupidez!

Os diálogos das personagens tidas como, ou ditas, antipáticas, as referências étnicas, as críticas mordazes, vão ser todas suprimidas, como no livro do "Misterioso caso de Styles", onde Poirot é censurado, sendo retirados os termos Judeu, Ciganos e Orientais, referências étnicas. E no "Morte no Nilo", um clássico, as falas de Mrs Allerton são alteradas, e isso, essa despropositada tolice, já vem de décadas, uma vez que em 1977 o título do "Ten little niggers" havia sido mudado para 'And then there were none', 'Não sobrou nenhum', á conta dos negros, o termo, evidentemente. E quem determina isso? Um grupo de gente mal paga intitulada "Leitores de Sensibilidade". Pergunto eu: Sensibilidade de quem? Se Agatha Christie fosse viva, e fizessem isso com qualquer outro autor, comprariam uma briga com a grande escritora. Já o tonto do seu neto, James Prichard, que detém a Agatha Christie Limited, que rende milhões de libras todos os anos, é conivente com as mutilações, e não dá explicações. O The Guardian pediu-lhe um comentário e ele negou-se, não respondeu.

ALTERAÇÃO DO PADRÃO DE SENSIBILIDADE

É bem verdade que as sensibilidades se alteram a longo do tempo, e de que a atual será diversa da do princípio do século XX, ou mesmo até de 1976, quando terminaram de ser escritas as mais de uma centenas de obras de Agatha Christie, e o mesmo, por maioria de razão, temporal claro, se passa com as obras de Shakespeare, Camões, Vitor Hugo, etc… que com o passar do tempo, e por haver mudança na sensibilidade em seu entendimento, têm até passagens de difícil compreensão, ou que podem ser consideradas politicamente incorretas à luz da mentalidade nossa, contemporânea, assim é grande parte da Bíblia, então iremos, pois, mutilá-las, mudando-lhe trechos supostamente em desacordo com a sensibilidade atual?

"Olho por olho, dente por dente".

Poderá haver expressão mais politicamente incorreta, desde que o Cristo nos mandou perdoar? E a vamos retirar da 'nova' bíblia em razão disso?

INSENSIBILIDADE É QUE TÊM

Será que essa gente não vê que não tem o direito de alterar uma vírgula de uma obra acabada, muito menos editada e reeditada centenas de vezes? Nem o próprio autor teria esse direito após publicação, quanto mais uns quantos leitores arvorados em censores e detentores de poder discricionário, antes de mais estão sendo arbitrários, portanto devemos lhes perguntar: Fazem isso com poder atribuído por quem?

Discretionis potestatem

Todo o processo de leitura é a revelação da alma do autor, como poderá alguém crer em sua própria 'sensibilidade', não fujamos ao termo, para escolher, eleger, para suprimir ou adulterar, uma determinada passagem em qualquer obra de qualquer autor, contra a escolha manifesta do próprio, que é como ficou escrita, por este que é o senhor último de sua forma e conteúdo?

Do politicamente correto

Para quem anda nesta onda do pretenso politicamente correto, creio que deve refletir que, antes de mais, este não pode ser retroativo. Como deveriam saber, com dois dedos de testa, que ninguém tem o direito de alterar a obra de um autor, seja porque razão for. Essa busca de uma verdade (supostamente nova) dos outros, é, além de estúpida, uma irracionalidade no contesto lógico e temporal. Mais que tudo uma ação criminosa, que desfigura a inteireza das obras deixadas como foram e, portanto são, e devem ser e permanecer assim. Já foram alvos desta insânia outros autores como Ian Fleming e o magro Roald Dahl. Será que por matar ser um crime, e também um pecado, logo politicamente incorreto, não irão retirar a licença para matar do James Bond?